quinta-feira, 28 de junho de 2018

RESENHA: A Sede

A Sede / Jo Nesbø / Harry Hole
No décimo primeiro livro da série Harry Hole, o lendário detetive está de volta em mais um acerto de Jo Nesbø.

Um assassino que mata suas vítimas com mordidas de uma dentadura de ferro e bebe seu sangue, dando um novo sentido a expressão "sede de sangue". Um criminoso tão sem precedentes que obriga a polícia de Oslo a chamar Harry Hole para ajudar nas investigações, colocando de novo em seu caminho o único criminoso que escapou de suas mãos há anos.

Já falei muito aqui sobre como gosto de Harry Hole. Tendo lido todos os livros da série, com exceção do segundo, acompanhei a jornada do inspetor em seus tempos mais sombrios e também mais leves (aspas generosas em “leves”) e há alguns livros acredito que esta jornada esteja se aproximando do fim. Isso não tem a ver com a qualidade das tramas e sim com a história do próprio personagem que sempre foi um protagonista para a série mais do que apenas um investigador de casos policiais.

Neste livro vemos um Harry casado com a mulher que ama, sendo um pai para o menino que ele viu crescer e que hoje, homem adulto, escolhe seguir seus passos na polícia. Vemos Harry direcionar seus talentos para o ensino, se tornando professor da academia de polícia, ao invés de portar seu distintivo. Mas também vemos Harry continuar sendo Harry, atormentado por seus demônios que sempre estarão ali, não importa o que aconteça. Ainda assim, como é bom vê-lo tendo um porto seguro para voltar ao final do dia. Como é bom poder ve-lo encontrar com Rakel uma forma de serem felizes, nem que seja entre brechas de escuridão.

“É claro que perdemos todas as pessoas a quem tentamos nos agarrar, o destino faz pouco-caso de nós, nos torna pequenos, patéticos. Quando choramos pelas pessoas que perdemos não é por compaixão, porque é claro que sabemos que elas finalmente estão livres da dor. Mas ainda assim choramos. Choramos porque estamos sozinhos outra vez. Choramos por sentirmos pena de nós mesmos.” (NESBØ, 2018, p. 370)

Outra coisa que gosto na série é que, aos poucos, alguns personagens se despedem e outros surgem para ocupar lugares de destaque. É o caso, por exemplo de Trulls Berntsen (e seu eterno complexo de inferioridade e paixão impossível por Ulla Bellman), da inspetora Katrine (que agora lidera a equipe de investigação) e de Michael Bellman (o ambicioso e desprezível chefe de polícia contra quem qualquer leitor vai gostar de torcer). Todos rendem subtramas envolventes e isso acorre porque, ao criar um personagem consistente como Harry Hole, Nesbø fez dele um terreno fértil para que outros pudessem se desenvolver ao seu redor.

Quanto ao caso em si, confesso que o autor soube me conduzir direitinho, de forma que não previ a surpresa que ele guardava para o final. Os crimes, como sempre, são grotescos e Nesbø não tem medo de criar imagens fortes na mente do leitor. A condução da trama acelera o ritmo com o avançar dos capítulos, enredando cada vez mais os personagens, até colocá-los todos em um mesmo lugar para um desfecho doentio.

Três anos após os eventos de “Polícia, a trama de “A Sede” usa o cliffhager deixado pelo livro anterior para trazer de volta o vilão Valentin Gjertsen, algo que Nesbø parece planejar fazer novamente com Svein Finne, “o noivo”. Apesar disso, as tramas dos livros são independentes e podem ser lidas fora de ordem.

“A Sede” é a décima primeira trama de uma série que não mostra sinais de cansaço. Mais uma vez, Jo Nesbø entrega uma trama bem amarrada, inteligente e capaz de surpreender o leitor.

Título: A Sede
Autor: Jo Nesbø
N° de páginas: 531
Editora: Record
Exemplar cedido pela editora

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17 comentários:

Daiane Araújo disse...

Oi, Mari.

O mistério em si, é um pouco tenebroso, por imaginarmos o que levou uma pessoa a cometer tal ato cruel.

Tornando-se assim, um enredo muito envolvente.

Nunca li nenhum livro desse autor, mas tenho muita vontade!

Vitória Pantielly disse...

Olá Mari,
Estou doida para ler os livros da série, primeiro para poder acompanhar a vida do personagem Harry Hole, é como disse, ele em si já é o protagonista, mas também adoro a forma como o autor conduz os casos, deixa o leitor curioso e é sempre chocante!
Beijos

Denise Flaibam disse...

Oi, Mari! Tudo bom?
Eu só li O Boneco de Neve do Nesbø, mas curti muito a narrativa e a maneira com que ele desenvolve as investigações. Apesar de ser uma série extensa, é bom que os livros são quase individuais nas tramas paralelas, aí dá pra ler livremente.
Ótima resenha!

Beijos,
Denise Flaibam.
www.queriaestarlendo.com.br

Luana Martins disse...

Olá, Mari
Ainda não tive oportunidade de conhecer a escrita de Jo Nesbø, mas quero muito ler os livros. Vejo muitos comentários positivos sobre seus livros.
Adoro tramas que envolve crimes, investigações.
Beijos

Miriã Mikaely disse...

Oi, Mari
Eu não leio suspense, mistério e afins porque tenho grande dificuldade de me conectar aos personagens e a trama, mas muita gente fala super bem do autor e das suas obras. Boneco de neve entretanto é um livro que quero ler.
Beijos
http://www.suddenlythings.com/

Tamires Marins disse...

Oi, Mari

Eu ainda não li nada do autor, apesar de ter dois livros dele. O que mais me atrai em suas histórias é o fato de sempre mencionarem o quanto sua narrativa é gráfica, e eu gosto muito disso. Tomara que a série não perca mesmo o folego e que o autor continue surpreendendo!

Beijos
- Tami
https://www.meuepilogo.com

Ludyanne Carvalho disse...

Você já deve saber que séries policiais não são do meu agrado haha mas tiro o chapéu para esse autor que mantém um personagem por tantos livros e sem perder a qualidade, é o que me parece.
Também acho interessante quando usam da criatividade para criar a forma de matar.

Beijos

Gabriela CZ disse...

Fico cada vez mais intrigada com seus comentários sobre Harry Hole, Mari. Mas quero ler os livros na ordem. Ótima resenha.

Beijos!

Luiza Helena Vieira disse...

Oi, Mari!
Gente, décimo sétimo livro??? E eu jurando que era o quinto, sei lá hahahahah Apesar do grande número, um dia pretendo me aventurar pelas histórias do Jo Nesbo.
Beijos
Balaio de Babados

RUDYNALVA disse...

Mari!
Tenho acompanhado suas resenhas da série e a cada nova fico impressionada em como o autor soube desenvolver cada enredo e nesse ainda mais, porque nem dá para desconfiar quem é o culpado e ainda tem um pouco mais sobre a família do detetive.
Bom final de semana!
“Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. “ (Clarice Lispector)
cheirinhos
Rudy

Helena Carvalho disse...

Oi, Mari!

Cada vez que vejo algo sobre essa série (inclusive nas outras resenhas que já vi por aqui) sinto mais vontade de começar a lê-la, e apesar de ser possível ler fora de ordem quero seguir a ordem certinho. Preciso começar logo. Pra mim a melhor coisa nesse tipo de livro é exatamente isso que você disse que aconteceu, se surpreender no final; é muito triste quando acontece algo meio que previsível, como não é o caso, certamente eu vou curtir.

Alessandra Salvia disse...

Oi Mari,
Parece um livro bem envolvente e inteligente, mas não faz meu estilo... Acho que sou uma eterna romântica! HAHAHAHAHA
beijos
https://estante-da-ale.blogspot.com

Sil disse...

Olá, Mari.
Nunca li nada do autor, mas essa série me interessa muito. Eu tenho pavor de ler essas séries policiais fora de ordem, e isso é grande parte culpa das editoras que insistem em publicar fora da ordem. Mesmo os caso sendo independentes, é tão prazeroso acompanhar a história do detetive. Por isso não lerei esse tão já hehe.

Prefácio

Ana I. J. Mercury disse...

Oi Mari,
gostei muito da sua resenha, deu pra ver que o livro é bem escrito e bem ambientado.
Não é bem gênero preferido, mas quero muito ler algo do Jo Nesbo.
Preciso seguir a ordem certinha da série ou posso ler aleatório?
bjsss

Marta Izabel disse...

Oi, Mari!!
Gostei muito de conhecer mais esse livro da série Harry Hole do Jo Nesbo. Ainda não li nada do autor, mas adoro livros que tenham muito mistério e investigação policial.
Bjos

Carolina Santos disse...

O Jo Nesbo tem algo de Tenebroso incrível nos livros dele eu li o livro baratas e também o livro o boneco de neve e foram simplesmente leituras que me prenderam atenção e tiraram meu fôlego a cada página o que mais chama atenção mesmo livro é o quão bem escrito ele é

Espiral de Livros disse...

Oi Mari,

Nossa, deve ser uma história de tirar o sono.
Não costumo ler esse estilo de livros, sou facilmente impressionável e fico chocada com algumas coisas, mas parece interessante.

Beijos
http://espiraldelivros.blogspot.com/

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