domingo, 22 de fevereiro de 2015

RESENHA: A Cabeça de Um Homem

“Ia até lá sem objetivo preciso, ou antes, com a esperança de que o acaso o fizesse descobrir um detalhe que lhe houvesse escapado, ou que a atmosfera provocasse uma inspiração.” (SIMENON, 2014, p. 89). 

***

Depois de ouvir minha cara colega de blog tanto elogiar Georges Simenon — por ela considerado um dos autores que compõe a trinca de ouro da literatura policial, ao lado de Agatha Christie e Raymond Chandler —, percebi que estava na hora de criar vergonha na cara e conhecer o Comissário Maigret. 

Joseph Heurtin foi condenado a morte pelo brutal assassinato da Sra. Henderson e de sua criada. Mas antes de sua execução, Maigret percebe que aquele homem talvez não seja o culpado. Com esta ideia fixa em sua mente, o comissário fará tudo o que estiver a seu alcance para descobrir a verdade e impedir uma injustiça. 

A narrativa de Simenon é fluída e o leitor rapidamente emerge na trama para investigar o crime ao lado de Maigret. Entretanto, me chamou a atenção que o livro possui uma estrutura bastante linear e não conta com as reviravoltas e o suspense que o leitor está acostumado a encontrar em livros policiais. 

Se julgasse Maigret com base apenas neste livro, diria que ele é um tanto presunçoso, que acha que o distintivo lhe dá direito de fazer o que bem entender, que se vê melhor que seus parceiros e outros funcionários do sistema judiciário. Porém, me dei conta que afirmações semelhantes poderiam ser feitas sobre Hercule Poirot, detetive de Agatha Christie, que a primeira vista parece ser a personificação da arrogância. Poirot é tão seguro de si que já largou pérolas como “sou o mais verdadeiro dos detetives de verdade” e “Eu sou melhor do que a polícia”, que poderiam facilmente ser má interpretadas pelo leitor que não conhece o personagem a fundo. Para aqueles que já estão mais familiarizados com o detetive belga, tais frases arrancam gargalhadas, pois entendem a excentricidade do personagem e sabem que isso não é arrogância. 

Da mesma forma, fica claro que o primeiro contato não é o suficiente para conhecer devidamente o protagonista e entender sua personalidade, manias e métodos de investigação. Ao findar da leitura, me pareceu que todas as suas ações, na verdade, buscavam assegurar o cumprimento da justiça, e se agia de uma forma que me desagradava, era por que a cabeça de um homem estava em jogo. 

Mas o que realmente brilhou foi o antagonista da estória, tão genial, manipulador e maquiavélico, que trouxe um novo fôlego para o desfecho da trama, que traz o embate entre ele e Maigret, em um interessante jogo de gato e rato. 

Embora não tenha me empolgado tanto quanto gostaria, o final impecável certamente me fez desejar ler outros livros de Simenon para descobrir o que mais o autor é capaz de fazer. 

Título: A Cabeça de Um Homem (exemplar cedido pela editora)
Autor: Geroges Simenon
N.º de páginas: 145
Editora: Companhia das Letras

27 comentários:

  1. Nunca li nada do autor, nem tive curiosidade. Mas de acordo com sua resenha, tenho o mesmo sentimento em relação aos livros da Agatha Christie. Não são todos que eu amo de paixão: é tipo oito ou oitenta. Tem livros que tenho vontade de jogar longe; outros eu adoro. Acredito que com Simenon talvez seja a mesma coisa. Vale a pena dar mais uma chance. Talvez não tenha sido o certo.

    Abraço,
    Lucas
    ondeviveafantasia.blogspot.com.br

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  2. Oi Ale, como vai?!

    Puts, curti a premissa do livro, embora eu não seja muito chegada neste gênero literário. Acho que arriscaria a leitura sim! Aliás, obrigada pela dica! rs

    Beijos,
    Caroline, do criticandoporai.com.br

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  3. Olá, Alê. Tudo bem?
    Eu já li apenas um livro do autor; eu gostei, mas confesso que não fui cativado por completo.
    Quanto ao investigador, eu gostei desse gênio um tanto forte dele. Foi uma das coisas que me agradou na obra.
    Certamente darei mais chances a escrita do autor.

    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de fevereiro. Você escolhe o livro que quer ganhar!

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  4. Olá,
    Às vezes um livro nos decepciona no enredo, mas se garante no final. Eu sempre fico em dúvida se insisto no autor ou desisto de vez, mas fico feliz que tenha decidido persistir e fico no aguardo de novas opiniões sobre os livros dele.
    Beijos.
    Memorias de Leitura - memorias-de-leitura.blogspot.com

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  5. Olá!

    Não conhecia o livro, mas achei interessante a premissa. Vou anotar na minha wishlist para poder ler.

    resenhaeoutrascoisas.blogspot.com

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  6. Acho demais quando um vilão brilha na história, e nos conquista, ainda mesmo sendo mau. Eu nunca ouvi falar do autor e talvez precise, eu mesma, ler pra tirar minhas conclusões.

    Beijos. Tudo Tem Refrão

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  7. Devo dizer que os comentários da Mari sobre a escrita de Sinemon também me deixaram bastante curiosa, Alê. Mas quando descobri que o autor escreveu mais de 500 livros complicou, pois sei que ficarei me martirizando com o fato de que nunca conseguirei ler todos. Mas seus comentários sobre a excentricidade do investigador também me deixaram curiosa. Talvez alguma hora consiga deixar essa neura e simplesmente ler. Ótima resenha.

    Abraço!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

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  8. não será que o problema foi a sua expectativa?
    tipo se eu fosse ler baseado na ideia da "trinca de ouro da literatura policial" o livro teria que ser praticamente perfeito para agradar e as vezes por causa da expectativa perto do céu o livro é bom mas não chega lá e por isso decepciona um pouco
    no caso se eu ler algo do autor vai ser para dá uma chance a ele, pq apesar da história não ter sido tão boa o final compensou tudo....
    bom, quero voltar a ler livros policiais, e acho que esse vai ficar na lista, ou vcs tem alguém melhor? não vale indicar a Agatha Christie pq eu já li um monte dela...

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  9. Oi Alê, nunca ouvi falar do livro e do autor, mas fiquei muito curiosa para conhecer mais da história e da escrita dele, pois sou louca por romance policial, esse parece muito bom :D

    Beijos

    http://www.oteoremadaleitura.com

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  10. Eu vejo falarem taaanto sobre este autor por aí e também nunca li nada dele, acredito que já passou da hora de eu também criar vergonha na cara, hiuahiua. Adoro o gênero policial e também adoro vilões que se destacam!!!

    Beijo, Vanessa Meiser
    http://balaiodelivros.blogspot.com.br/

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  11. Oi Alê, tudo bem?
    Sinceramente, acho que detetives precisam ter essa confiança que é confundida com arrogância. Se ela não existe, não tem como dar credibilidade. Eu não conhecia esse livro e gostei de mais, pois gosto de literatura policial. Dica mais do que anotada.
    Abraços,
    Amanda Almeida
    http://amanda-almeida.com.br

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  12. Oie Alê =)

    Sempre leio várias resenhas dos livros do autor, mas ainda não tive oportunidade de ler nada dele.
    Policial não é muito o meu estilo de literatura, mas as vezes acho bacana sair da zona de conforto e ler coisas diferentes.

    Beijos;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary

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  13. Oi!
    Eu não conhecia o livro e o autor, mas pareceram-me interessantes, deu vontade de correr atras e comprar, mas minha lista de livros está gigante!
    Beijos, Tabatha
    http://aproveiteolivro.blogspot.com.br/

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  14. Oi Alê!
    Parece ser um livro muito interessante, não o conhecia.
    Nem o autor, para ser sincera. Gostei bastante.
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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  15. Eu também estou super com vontade de ler algo do autor e conhecer esse detetive pra lá de excêntrico. Só acho um pouco estranho que livros desse gênero não ter reviravoltas ou um ritmo mais acelerado, ao qual estou mais acostumado. Mas enfim, desde que o autor consiga prender o leitor de alguma maneira está valendo.

    Seguidor: DomDom Almeida
    @_Dom_Dom

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  16. Oi Alê!
    Tenho certa curiosidade em conferir os livros desse autor, mesmo esse não sendo o gênero que estou habituada a ler. Já anotei a dica e assim que der com certeza irei lê-lo.

    Bjs!
    Books and Movies
    www.booksandmovies.com.br/

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  17. É engraçado como precisamos ler várias histórias pra enfim entender um único personagem, né? Entender sua essência, seu modo de ser, o que há pelas entrelinhas. Não conhecia ainda essa obra, mas como adoro temas policiais, sem sombra de dúvida assim que possível lerei esse também :)

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br
    Tem resenha nova no blog de "Um mais um", vem conferir!

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  18. Oi Ale!
    Parece um romance que mexe com nosso intelecto ne? Vilões que conquistam mais que mocinhos. Isso sempre acontece. Confesso que a obra não me chamou atenção em particular, pq essa pegada meio policial, meio thriller passa longe do que eu gosto de ler, mas fiquei curioso com o vilao, e talvez desse uma chance a historia por ele.

    Abraços
    David Andrade
    http://www.olimpicoliterario.com/

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  19. Mas os antagonistas são quase sempre geniais!!

    Amei a resenha. Tô doida pra conhecer esse autor!!

    Perfeito!!!!

    Bjks

    Lelê - http://topensandoemler.blogspot.com.br/

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  20. Olá!
    Sabe que não conhecia o autor? :x Fiquei curiosa para ler algo dele, principalmente esse livro. E ele é tão curtinho, né? Vai para os desejados!
    beijos
    www.apenasumvicio.com

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  21. Eita, Alê. Olha a vontade de ler Simenon de novo surgindo aqui nesse ser. :D Mais uma resenha daquelas ♥

    Vim avisar que respondi a tag do Liebster, demorei, mas postei hahaha (desculpa, tá fogo com a faculdade). - TAG

    Beijos,

    Amy - Macchiato

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  22. Ainda não li nada do autor, mas fiquei animada com essa comparação envolvendo a Agatha, melhor autora de todos os tempos na minha opinião. Vou ver se acho algum livro do autor para ler, pois, nunca tinha visto nada dele até agora.

    Blog Prefácio

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  23. Olá Alê, tudo bem??
    Não conhecia o autor e sua obra, acho que é pelo fato de não me interessar tanto assim pelo gênero. Mas a sua resenha foi maravilhosa, parece ser um livro bem envolvente. Talvez mais para frente, quem sabe, eu dê uma chance a ele!
    Beijos,

    http://our-constellations.blogspot.com.br/

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  24. Posso confessar uma coisa?
    Eu adoro antagonistas.
    Como não amar esses malucos?
    Eu amo livros policiais e não conhecia esse autor. Shame on me! Mas vou dar uma chance, mesmo sem grandes reviravoltas na história.
    Se o livro é parte de uma série, dificilmente conhecemos a fundo o protagonista numa obra só, né?

    Beijooos

    www.casosacasoselivros.com

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  25. Alê!
    O livro em pauta ainda não li, embora já tenha lido outros tantos do Simenon.
    E devo concordar que A figura do Maigret a priori passa realmente um que de superioridade e espero que leia outros livros que tenham ele como protagonista, assim poderá conhecê-lo mais e fundo e fazer um parecer mais concreto.
    O que mais gosto são as descrições feitas pelo o autor e talvez por isso o livro seja mais linear, porém, não menos magnífico.
    Cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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  26. Oi Alê

    Estou entrando na fase dos "suspenses" agora, e claro que fiquei curiosa pelo livro. Engraçado, me pareceu que o protagonista era um tanto transparente, principalmente por fazer tudo o que que bem entendia. Acredito que o antagonista tenha deixado realmente tudo mais interessante.

    Beijos.
    Passeando com os livros

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  27. Eu nunca li nada da Agatha Christie, nem do Raymond Chandler e nem do Georges Simenon para usar de comparação, mas sua descrição do Magret como "um tanto presunçoso" me lembrou um pouco o Sherlock Holmes. Que bom que as ações do protagonista tiveram um bom respaldo no final, entretanto. O livro é bem curtinho, então acho que não dava para esperar uma trama muito mirabolante, né? Adicionei na lista de leituras~

    The Fat Unicorn

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