sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

RESENHA: Filme Noturno

“Quanto mais perto você chega dele, a velocidade da luz diminui, a informação fica confusa, mentes racionais se tornam ilógicas, histéricas. É um espaço-tempo torto, como a massa de um sol gigantesco curvando a região que o cerca. Você se estica para pegar algo perto e descobre que nunca esteve ali.” (PESSL, 2014, p.336)

Ashley Cordova é encontrada morta aos 24 anos de aparente suicídio e sua morte desperta o interesse do jornalista investigativo Scott McGrath. McGrath tem um histórico com a família de Ashley já que o misterioso cineasta Stanislas Cordova, pai da moça, foi o alvo de uma investigação prévia que acabou custando o emprego e a família do jornalista há alguns anos. Para investigar Ashley, McGrath precisará adentrar mais uma vez o bizarro e aterrorizante mundo criado por Cordova em seus filmes e para isso contará com a ajuda de Hopper e Nora que tiveram contato com a moça pouco antes da sua morte.

O primeiro destaque de “Filme Noturno” é sua narrativa incomum, recheada de fotos, trechos de jornais, revistas e sites e diversos tipos de relatos e anotações. Além de deixar a edição linda, de alguma forma essa estratégia faz com que a história pareça ainda mais real, pois é como se a autora colocasse a investigação nas mãos do leitor tanto quanto a deixa na dos personagens, dizendo: “Você está em posse das mesmas evidências. Vá fundo e descubra por conta própria”. Outro fator que contribui para acreditarmos que tudo é real é contextualização dos filmes do Cordova. Conhecemos os roteiros de seus filmes, algumas histórias de bastidores e vemos o tempo inteiro menções a filmes que de fato existem. Assim, é fácil acreditar que a obra do diretor é real e, a partir do momento em que se acredita nisso, se acredita em todo o resto, o que faz de “Filme Noturno” uma experiência que absorve o leitor para dentro de suas páginas e não o deixa sair até o final.

O ritmo é envolvente desde as primeiras páginas e mesmo não contando com reviravoltas de tirar o fôlego a trama não decepciona, pelo contrário. Ao invés de guardar surpresas para o final, o que Marisha faz é espalhar informações ao longo do livro e juntá-las aos poucos, até que no final tudo faz sentido. Ainda assim, a autora brinca com o leitor e o surpreende, mostrando a engenhosidade de sua trama. A verdade é que “Filme Noturno” conta uma história que poderia ter dado muito errado, mas Marisha Pessl acerta em cheio na execução. Tudo soa tão real que eu acabei aceitando algo que jamais aceitaria em outros livros. Isso porque não parece que o desfecho é algo que alguém escolheu para uma história e sim o que de fato aconteceu aos personagens. Na verdade, é de maneira geral Marisha se revela hábil em fazer o leitor acreditar que o que está lendo não é apenas uma história inventada para um livro.

Os personagens são poucos, mas todos bem construídos. Quanto ao trio protagonista, Hopper (o que mais se destacou para mim) é o mais misterioso a princípio devido ao seu passado e seu relacionamento com Ashley; Nora é a menina que vai para Nova York tentar a vida como atriz e aos poucos mostra o seu valor e cativa ambos os personagens; McGrath é aquele que decide descobrir a verdade e irá até o fim para encontrá-la. Sendo o protagonista e narrador, achei curioso que fosse o menos interessante dentre os três, mas isso possivelmente se dá porque, acompanhando a história por seu ponto de vista, qualquer mistério sobre ele se perde, já que temos acesso à sua consciência, enquanto a dos outros é revelada aos poucos.

Mas a essência da história está mesmo em Ashley e Cordova (esse último o responsável por me deixar mais curiosa a cada página, na expectativa de conhecê-lo ou, pelo menos, entendê-lo melhor). Cordova é o mistério a ser revelado. A história é misteriosa porque ele é.

O que torna o livro interessante desde o começo é que as duas histórias (da morte de Ashley e do universo criado por Cordova, tanto em seus filmes quanto ao seu redor) se entrelaçam e é difícil dizer sobre qual se trata o livro já que uma se sobrepõe a outra o tempo todo. Eu diria que a história é sobre o diretor e que Ashley é a desculpa para ela nos ser contada. Recluso, intenso, a favor de experiências que tirem as pessoas de suas zonas de conforto, as deixando perturbadas sem jamais poderem voltar a serem as mesmas. Esse é Stanislas Cordova. Esse é o mundo que cria em seus filmes, que cerca os que têm contato com sua obra, que McGrath, Nora e Hopper se propõem a adentrar e que Marisha Pessl tenta trazer para o leitor. Mas não entenda com isso que o livro é assustador. Mesmo se valendo de temas como o sobrenatural, ocultismo e rituais e girando em torno do bizarro, o livro está longe de ser classificado como terror, sendo apenas um bom suspense.

Enigmático e envolvente. Esse é “Filme Noturno”.

Título: Filme Noturno (exemplar cedido pela editora)
Autora: Marisha Pessl
Nº de páginas: 624
Editora: Intrínseca

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Lista de Releituras # 11

Lista de Releituras é a coluna mensal em que falamos sobre os livros que já lemos e temos muita vontade de ler novamente, mas que, por diversas razões, não chegaram a ser resenhados no blog

Título: Quando Nietzsche Chorou 
Autor: Irvin D. Yalon
Sinopse: "Este livro tem como pano de fundo o fermento intelectual da Viena do século XIX às vésperas do nascimento da psicanálise. Friedrich Nietzsche, o maior filósofo da Europa... Josef Breuer, um dos pais da psicanálise... um pacto secreto... um jovem médico interno de hospital chamado Sigmund Freud - esses elementos se combinam para criar a saga de um relacionamento imaginário entre um extraordinário paciente e um terapeuta talentoso. Na abertura deste romance, a inatingível Lou Salomé roga a Breuer que ajude a tratar o desespero suicida de Nietzsche mediante sua experimental terapia através da conversa. Ao aceitar relutante a tarefa, o eminente médico realiza uma grande descoberta - somente encarando seus próprios demônios internos poderá começar a ajudar seu paciente. Assim, dois homens brilhantes e enigmáticos mergulham nas profundezas de suas próprias obsessões românticas e descobrem o poder redentor da amizade." (sinopse retirada do Skoob)

Ocasião da primeira leitura: 2007

Por que está na lista de releitura: Li Quando Nietzsche Chorou quando estava no Ensino Médio, e me envolvi tanto com a leitura e com os conceitos relativos à psicologia, que cogitei seriamente em cursar tal faculdade. Embora tenha optado por outro futuro profissional, ainda lembro com nostalgia da estória, e tenho certeza de que não absorvi tudo o que poderia com a leitura, justamente por conta da minha idade. 

Comentários: A primeira observação a ser feita é que Irvin Yalon teve uma ideia absurdamente genial: o que aconteceria se duas grandes personalidades de áreas distintas do saber se encontrassem? Este é o tipo de livro que apresenta uma premissa muito interessante, mas que também passa a sensação de que pode cair na monotonia facilmente, mas Yalon não peca na execução da obra.

É claro que por conter conceitos tanto da psicologia, quando da filosofia, Quando Nietzche Chorou é uma obra densa, que demanda tempo para ser lida, e maturidade para ser apreciada, mas que ao mesmo tempo consegue despertar no leitor o interesse por ambas as ciências. E este é o grande triunfo do autor: transformar temas complexos, que o grande público geralmente vê como maçantes, em algo mais acessível. 

Embora seja uma estória ficcional construída com base em personagens reais, Yalon transmite seu profundo conhecimento sobre os assuntos abordados nas entrelinhas, dando um caráter extremamente verossímil a estória. Aliás, duvido que aqueles que tenham lido a obra não tenham encerrado a leitura pensando: "Puxa, esses encontros de fato poderiam ter acontecido". 

domingo, 22 de fevereiro de 2015

RESENHA: A Cabeça de Um Homem

“Ia até lá sem objetivo preciso, ou antes, com a esperança de que o acaso o fizesse descobrir um detalhe que lhe houvesse escapado, ou que a atmosfera provocasse uma inspiração.” (SIMENON, 2014, p. 89). 

***

Depois de ouvir minha cara colega de blog tanto elogiar Georges Simenon — por ela considerado um dos autores que compõe a trinca de ouro da literatura policial, ao lado de Agatha Christie e Raymond Chandler —, percebi que estava na hora de criar vergonha na cara e conhecer o Comissário Maigret. 

Joseph Heurtin foi condenado a morte pelo brutal assassinato da Sra. Henderson e de sua criada. Mas antes de sua execução, Maigret percebe que aquele homem talvez não seja o culpado. Com esta ideia fixa em sua mente, o comissário fará tudo o que estiver a seu alcance para descobrir a verdade e impedir uma injustiça. 

A narrativa de Simenon é fluída e o leitor rapidamente emerge na trama para investigar o crime ao lado de Maigret. Entretanto, me chamou a atenção que o livro possui uma estrutura bastante linear e não conta com as reviravoltas e o suspense que o leitor está acostumado a encontrar em livros policiais. 

Se julgasse Maigret com base apenas neste livro, diria que ele é um tanto presunçoso, que acha que o distintivo lhe dá direito de fazer o que bem entender, que se vê melhor que seus parceiros e outros funcionários do sistema judiciário. Porém, me dei conta que afirmações semelhantes poderiam ser feitas sobre Hercule Poirot, detetive de Agatha Christie, que a primeira vista parece ser a personificação da arrogância. Poirot é tão seguro de si que já largou pérolas como “sou o mais verdadeiro dos detetives de verdade” e “Eu sou melhor do que a polícia”, que poderiam facilmente ser má interpretadas pelo leitor que não conhece o personagem a fundo. Para aqueles que já estão mais familiarizados com o detetive belga, tais frases arrancam gargalhadas, pois entendem a excentricidade do personagem e sabem que isso não é arrogância. 

Da mesma forma, fica claro que o primeiro contato não é o suficiente para conhecer devidamente o protagonista e entender sua personalidade, manias e métodos de investigação. Ao findar da leitura, me pareceu que todas as suas ações, na verdade, buscavam assegurar o cumprimento da justiça, e se agia de uma forma que me desagradava, era por que a cabeça de um homem estava em jogo. 

Mas o que realmente brilhou foi o antagonista da estória, tão genial, manipulador e maquiavélico, que trouxe um novo fôlego para o desfecho da trama, que traz o embate entre ele e Maigret, em um interessante jogo de gato e rato. 

Embora não tenha me empolgado tanto quanto gostaria, o final impecável certamente me fez desejar ler outros livros de Simenon para descobrir o que mais o autor é capaz de fazer. 

Título: A Cabeça de Um Homem (exemplar cedido pela editora)
Autor: Geroges Simenon
N.º de páginas: 145
Editora: Companhia das Letras

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

RESENHA: O Sol Desvelado

“Estava preso em Solaria pelas necessidades de sua missão. Estava preso pelo perigo que espreitava a Terra, preso em um ambiente que mal podia suportar, preso por uma responsabilidade da qual não podia fugir. E, além de tudo isso, estava preso, de certo modo, no meio de um conflito Sideral cuja natureza não entendia.” (ASIMOV, 2014, p. 67)

Isaac Asmiv foi meu primeiro contato com a ficção cientifica. Quando descobri “O Sol Desvelado”, a ideia de ficção científica unida a uma trama policial me deixou ansiosa para conferir outro livro assinado pelo autor.

Elijah Baley é um detetive terráqueo enviado para Solária – um planeta Sideral de 20 mil habitantes e 10 mil robôs por habitante – para solucionar um assassinato, o primeiro do planeta em dois séculos. Sua primeira dificuldade é enfrentar o medo de espaços abertos. A segunda, o crime em si. Se a vítima vivia isolada e acesso a ela só era concedido a sua esposa, então seria ela a responsável pelo golpe fatal como todos insistem em acreditar mesmo sem provas? Ou teria o robô encontrado na cena transgredido a primeira lei da robótica e ferido um ser humano? Para solucionar o mistério, Baley conta com a ajuda de seu parceiro, o robô R. Daneel Olivaw.

Asimov acerta em apresentar o ambiente de ficção cientifica e dar tempo para que o leitor se habitue a ele antes de iniciar a trama policial. Ainda assim, durante as cem primeiras páginas, receei que “O Sol Desvelado” se tornasse uma decepção já que experimentei certa dificuldade em me conectar com a narrativa. Aos poucos isso se perdeu e quando percebi estava completamente envolvida com a leitura.

Entre Solaria e a Terra, o autor mostra duas realidades opostas. Na primeira (onde se passa a história), as pessoas vivem isoladas, cada uma em sua mansão, com um exército de robôs particulares. Na segunda (de onde parte o protagonista), se vive “no lugar menos formidável da galáxia” dividindo as ruas com multidões, beirando a superpopulação. Em Solaria, o contato entre humanos é quase todo virtual já que contatos presenciais são uma espécie de tabu, algo típico de animais (afinal, quem precisa de pessoas quando os robôs dão conta de tudo?). Na Terra, o que não existe é contato com o ar livre, assim, sol, dia e noite, não têm interferência na vida dos habitantes. Esse choque de realidades é uma das coisas interessantes do livro.

Algo que me encanta são os desdobramentos das Três Leis da Robótica, com as quais já havia tido contato em “Eu, Robô”. Aparentemente as leis são simples, mas Asimov consegue esmiuçá-las de maneiras que sempre me surpreendem, recheando a trama de detalhes. Robôs jamais poderiam fazer cirurgias, já que cortar um ser humano, mesmo para salvá-lo, é feri-lo. Robôs não são capazes de disciplinar crianças, afinal, elas podem dar ordens que eles serão obrigados a cumprir devido à segunda lei. As Três Leis são a base sobre a qual essa história – e outras de Asimov – se constrói já que a sociedade organizou sua vida com base nas habilidades dos robôs e em sua confiança neles, até que é chegado um ponto que se torna impossível viver sem eles. É a partir das Três Leis que se estabelece a função e a importância dos robôs e delas que se estabelece o modo de vida.

Em “O Sol Desvelado” temos uma trama essencialmente policial cercada por contornos de ficção cientifica. Assim, o livro é sobre a investigação de um assassinato que se torna misterioso devido ao isolamento em que a vítima vivia. Asimov não é o primeiro a usar o tema. Phillip K.Dick e Ray Bradbury são alguns dos que também já desenharam cenários em que o mundo virtual substitui as relações de carne e osso, fazendo do isolamento do homem e da substituição do contato humano por máquinas um dos temas mais frequentes da ficção científica. Esses autores escreveram suas obras há 50, 60 anos. Hoje, vivemos em mundo em que um prato apetitoso é servido em um restaurante e a primeira coisa que se faz é tirar uma foto e postar no Instagram, porque, por vezes, nossas vidas parecem acontecer mais nas telas do que ao nosso redor. Além da perda de contato, o autor questiona também o ócio a que os humanos se dispõem a partir do momento em que há uma máquina para fazer tudo que precisam.

Os personagens são desenvolvidos para cumprir sua função dentro da trama e exemplificar comportamentos. O protagonista representa o terráqueo que parte rumo ao desconhecido com uma missão. Seu parceiro, um robô que engana como humano, é um elo entre ele e os seres mais desenvolvidos. A vítima, um homem rígido da ciência, um “bom solariano”; e sua esposa, a mulher que não se encaixa a sociedade. Não considero nenhum deles cativantes por suas personalidades, mas em um livro como esse a simpatia fica mesmo em segundo plano. Acredito que o mais importante seja o conjunto que se forma a partir do que cada personagem representa. É através deles e plantando pequenas pistas e conceitos ao longo do livro, que Asimov encerra juntando todos os elementos em um desfecho nada menos que genial que satisfaz tanto no quesito história policial, como no história de ficção científica e ainda leva o leitor à refletir.

“O Sol Desvelado” é o segundo livro da “Série dos Robôs”, precedido por “Cavernas de Aço”. Apesar de fazerem parte de uma série, as histórias não parecem ser interdependentes. Sua relação está no mundo em que se situam e na dupla protagonista, Baley e Daneel.

Título: O Sol Desvelado (exemplar cedido pela editora)
Autor: Isaac Asimov
Nº de páginas: 286
Editora: Aleph

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

RESENHA: Perdido em Marte

“Ainda mais precioso é o meu adubo. É fundamental para a plantação de batatas e sou a única fonte em Marte. Felizmente, quando se passa muito tempo no espaço, aprende-se a defecar em um saco. E, se você acha que a situação é ruim depois de abrir a caixa de xixi, imagine o cheiro depois de eu largar o barro.” (WEIR, 2014, p. 92)

***

Perdido em Marte foi mais um livro que não me chamou atenção quando de seu lançamento no Brasil, mas quando o vi na lista de 100 Melhores Livros de 2014 na Amazon americana, passei a olhá-lo com outros olhos. Se estava indeciso, tudo o que foi preciso foi ver os inúmeros elogios a obra, tanto do público, quanto da crítica. 

Mark Watney foi o décimo sétimo homem a pisar em Marte. Quando a tripulação da missão Ares 3 é surpreendida por uma forte tempestade de areia, eles decidem rapidamente deixar para trás o planeta vermelho. Porém, no momento em que se dirigiam para a nave, Mark é atingido por uma parabólica de comunicação, e todos imaginam que ele morreu, Dessa forma, Mark se torna o primeiro homem a ser abandonado em Marte.

Desde a primeira vez que li a sinopse de Perdido em Marte, fiquei com a impressão de que a ideia era promissora, mas que tinha muito potencial para não funcionar. Felizmente, Andy Weir não teve apenas uma ideia fantástica, mas soube executá-la com maestria. 

Vamos combinar que alguém abandonado em Marte e com poucas chances de sobrevivência tem tudo para ser amargurado. Porém, Mark é um protagonista carismático e bem-humorado, que não fica se lamentando quando as coisas dão errado, e que faz de tudo para sobreviver. A verdade é que teria sido impossível acompanhar até o final um personagem que não tivesse a personalidade e a visão de mundo de Mark. 

Perdido em Marte em muito me lembrou o clássico (e excelente) filme Apollo 13 – Do Desastre ao Triunfo, estrelado por Tom Hanks. Assim como no filme, Mark luta pela sobrevivência em um ambiente inóspito, improvisando soluções a cada novo problema, e mostrando a engenhosidade do ser humano quando a vida está em jogo. 

A estrutura do livro não poderia ser melhor. Ao mesmo tempo em que acompanhamos o diário de bordo, no qual Mark relata suas aventuras em Marte, conquistando rapidamente a empatia do leitor, também assistimos de perto tudo o que está sendo feito pela NASA para salvar o astronauta deixado para trás. A mescla entre primeira e terceira pessoa, além de ser justificável, funcionou perfeitamente. 

Minha única crítica é o nível de detalhes científicos/matemáticos que o autor faz questão de fornecer sobre cada situação adversa que Mark enfrentava, desde pressão, níveis de oxigênio e CO2, aquecimento, reaproveitamento de água, entre outros assuntos mais complicados. Fica claro que o autor fez uma pesquisa extensa e sabe do que está falando — tanto é que Chris Hadfield, comandante da Estação Espacial Internacional, elogiou o trabalho de Weir por sua verossimilhança —, mas para o leitor comum, a quantidade de explicações pode ser um pouco entediante. Confesso que não devo ter absorvido nem metade desses detalhes técnicos.

O desfecho do livro é literalmente de tirar o fôlego, pois exala tensão e adrenalina, sendo impossível interromper a leitura. Embora o encerramento seja um tanto abrupto, e poderia tranquilamente contar com um epílogo para satisfazer os leitores mais curiosos, não é suficiente para tirar o brilho da obra. 

Fazendo uma mistura um tanto excêntrica de ficção científica, aventura e suspense, regado com doses generosas de humor, Perdido em Marte é um livro que surpreende da primeira à última página, e que certamente marca o nome de Andy Weir na literatura contemporânea. 

Perdido em Marte ganhará uma adaptação cinematográfica, dirigida por Ridley Scott e estrelada por Matt Damon. 

Título: Perdido em Marte (exemplar cedido pela editora)
Autor: Andy Weir
N.º de páginas: 335
Editora: Arqueiro

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Conversa de Contracapa #15

Há algumas semanas a editora Galera Record divulgou a capa de “Dois Garotos se Beijando”, próximo lançamento de David Levithan no Brasil e um dos maiores sucessos do autor. Bastou a imagem ser divulgada para que uma polêmica tivesse início: muitos alegavam que a editora quis amenizar o tema abordado substituindo a capa original em uma atitude preconceituosa. Eu, particularmente, achei a polêmica toda exagerada. É claro que uma foto de dois garotos se beijando é mais explícita do que uma imagem na qual palavras formam dois garotos se beijando, mas não consigo ver o porquê de reações tão ofendidas quando o título do livro se manteve e deixa bem claro qual o tema do livro. Além disso, gostei do conceito da capa proposta pela Galera, muito mais do que da capa original (de modo geral, não gosto de capas que são meras fotos pois acredito que são as menos criativas que há – talvez por isso não gosto quando as edições ganham capas de suas adaptações cinematográficas). Mas antes que deixemos o caso “Dois Garotos se Beijando” de lado, afinal este não é o tema desta conversa, no dia seguinte à polêmica a editora lançou um comunicado explicando que a opção da capa visava manter a identidade visual das obras de Levithan no Brasil (o que acho correto).

Essa não é a primeira capa a gerar polêmica, mas dessa vez fiquei pensando sobre a importância que damos às capas dos livros e como normalmente ouvimos que não devemos julgar um livro pela capa. Então cheguei à conclusão que isto está equivocado. Deveríamos sim poder julgar um livro pela capa. Isso porque a função da capa deveria ser dar uma imagem ao conteúdo do livro, ou seja, a capa deveria expressar visualmente o que o livro expressa em palavras e não apenas envolve-lo com algo bonito (embora, de preferência, devesse fazer isso também).

Uma capa bem bolada nos mostra o tipo de livro que temos em mãos antes de lermos a sinopse. E repare que não digo “bonita” e sim “bem bolada” porque o mais importante é que a capa seja adequada ao livro, que diga alguma coisa, que nos permita um gostinho das sensações que a leitura nos trará, mesmo que não seja necessariamente bonita. É claro que queremos belos livros em nossas estantes, mas isso não deveria ser tão importante.

A capa é o pacote, o livro é o presente. No final o que importa é o conteúdo e não como ele veio embrulhado, mas as duas coisas andam de mãos dadas.

É claro que o conceito de beleza é relativo, mas me permitam exemplificar e acredito que vocês entenderão o que eu quero dizer.

Existem livros com belas capas e que são perfeitas para ilustrar suas histórias. “Misery”, “A Maldição do Tigre” e “Sob a Redoma” são alguns exemplos. “O Mistério dos Sete Relógios” é uma das minhas favoritas da coleção Agatha Christie cujas capas são todas desenhadas pelo mesmo artista, que além de manter a unidade de coleção procura contar um pouquinho da história e não se limita a desenhar o título. “Sexta-feira 13 – Arquivos de Crystal Lake” e “Ele está de volta” são exemplos de capas lindas, e simples que não poderiam ser mais criativas e adequadas.



E por falar em criatividade, casais se beijando em capas de livros de romance e morcegos voando em capas de livros com vampiros não passa de falta de criatividade. A prova disso é que inúmeras vezes nos deparamos com o mesmo casal ilustrando a capa de mais de um romance. Isso é a prova do quanto uma capa assim é genérica. A história é genérica? Não. Então a capa não pode ser. Caso o contrário, tudo que ela me diz é que aquele livro é apenas mais uma história sobre mais um casal que em nada se diferencia das muitas histórias de casais que já foram escritas antes dela.

Também existem casos de capas que não são necessariamente bonitas, mas que se encaixam com perfeição à história. “As Virgens Suicidas” consegue apresentar o tema pesado do livro de maneira delicada (o detalhe do sapato, da grama), mostrando a mesma sensibilidade que o autor mostra ao contar a história. Outro exemplo é “Objetos Cortantes” que mantém a identidade visual das obras de Gillian Flynn e transmite uma sensação de desconforto, afronta, de algo invasivo. “Escuridão Total, Sem Estrelas” mostra exatamente isso: escuridão total. O conceito é perfeito para o livro, mesmo que não seja das capas mais bonitas. O mesmo vale para as capas minimalistas da trilogia “Jogos Vorazes” lançadas no Reino Unido (quem leu, sabe porque o tordo se abre um pouco mais a cada livro).

Acho preferível um desses casos ao seu oposto: uma capa bonita que nada tem a ver com o livro em questão. Por exemplo, as capas dos livros juvenis de Carlos Ruiz Zafón. Mesmo sendo lindas e mantendo a unidade da coleção, todas me incomodam já que mostram crianças de idades incompatíveis com as dos personagens da história. Lembro que quando li “Marina” demorei a me acostumar com o fato de que a personagem-título tinha 15 anos e não 8 como a menina da capa aparentava. A capa é linda, mas de quê adianta se ela engana o leitor?





Essa é outra situação que acontece com frequência. Já vi thrillers psicológicos que parecem chick-lits, livros de fantasia que se parecem romances eróticos. A meu ver, tudo que essas capas conseguem fazer é espantar os leitores, afinal, se estou procurando por um thriller psicológico, não vou pegar na mão um livro que tem cara de chick-lit. Da mesma forma, se gosto de chick-lit e a capa me atrai, largo o livro no instante em que leio a sinopse e vejo que ele não é nada do que eu estava pensando. Não funciona para ninguém. Se você se depara com um livro desconhecido de um autor igualmente desconhecido e, portanto, não tem noção do que se trata, em que circunstância esse livro chama a sua atenção? Quando a capa se destaca e ela não pode transmitir a mensagem errada. Livros deveriam nos chamar a atenção pela capa com mais frequência. Comigo, isso aconteceu quando descobri “A Verdade sobre o caso Harry Quebert” (minha melhor leitura do ano passado) graças a sua reprodução do quadro de Edward Hopper. É a capa mais bonita da minha estante? Não. Mas não me enganou quanto à história e foi uma escolha adequada para um livro que mistura tantos gêneros e que por isso pedia uma capa que servisse a todos, sem excluir nenhum.

E ainda existem capas que, além de serem feias, não fazem o menor sentido. A primeira edição brasileira de “Quem é você, Alasca?” (cuja personagem título é descrita no livro como uma menina linda) se encaixa nessa categoria, assim como “Morto Até o Amanhecer” (que faz parecer que a história de Charlaine Harris envolve vampiros adolescentes ao invés de uma pitada mais hot como a capa inglesa mostra. Até o morceguinho voando na outra edição era melhor do que essa). “Dom Casmurro” mostra uma Capitu medonha que em nada tem a ver com a mulher de “olhos de cigana oblíqua e dissimulada” do livro.






Eu disse que, em geral, não gosto de capas com fotos, mas é evidente que para biografias elas são a opção ideal. Ainda assim, é preciso saber escolher a foto. Em “Marilyn” não temos uma imagem sensual da atriz, ou uma foto icônica de um de seus filmes. Temos ela vestindo uma jaqueta jeans, sem o glamour que normalmente a cerca, e os cabelos na frente do rosto, bagunçados com o vento. Claro que ela está linda e sensual, mas a foto escolhida mostra que nesse livro veremos Marilyn Monroe como ser humano e não apenas como ícone.



Os exemplos são muitos e servem para ilustrar meu argumento: escolher a capa de um livro é adiantar um pouquinho de sua história para o leitor. Deve ser feito com sensibilidade. Deve ser uma extensão do pensamento do autor.

Quanto a “Dois garotos se beijando”, leiam a sinopse do livro:

"Baseado em fatos reais e em parte narrado por uma geração que morreu em decorrência da Aids, o livro segue os passos de Harry e Craig, dois jovens de 17 anos que estão prestes a participar de um desafio: 32 horas se beijando para figurar no Livro dos Recordes. Enquanto tentam cumprir sua meta — e quebrar alguns tabus —, os dois chamam a atenção de outros jovens que também precisam lidar com questões universais como amor, identidade e a sensação de pertencer." 

Me parece que o livro não fala apenas sobre dois garotos se beijando, mas sobre anseios e sentimentos, sobre tudo que cerca esse beijo e as reflexões despertadas por ele. Agora olhem a capa original e olhem a capa proposta pela Galera Record. Interpretem ambas e me digam: qual delas é mais fiel à essência do livro?



sábado, 14 de fevereiro de 2015

PROMOÇÃO: Por Lugares Incríveis



"Por Lugares Incríveis" é um Young Adult comovente e apaixonante que se revela uma verdadeira montanha-russa de sentimentos. Para proporcionar essa experiência para mais leitores, o Além da Contracapa em parceria com a Editora Seguinte sorteia um exemplar do livro de Jennifer Niven.


Regulamento:

A promoção terá início no dia 14 de fevereiro e término no dia 07 de março

Para participar, basta preencher o formulário abaixo, usando sua conta do Facebook ou seu e-mail. É obrigatório curtir a página do blog e da editora no Facebook e ter um endereço de entrega no Brasil.

Para as entradas relacionadas ao Facebook, não basta visitar as páginas, sendo necessário curti-las

As demais entradas são opcionais

Para a entrada "Tweet about the Giveaway" ser válida, é obrigatório seguir o blog e a editora no twitter. 

O resultado será divulgado no blog e nas redes sociais até três dias após o encerramento da promoção, sendo que o sorteado será contatado por e-mail, tendo o prazo de 48 horas para fornecer seus dados e o blog se responsabiliza por confirmar o recebimento das informações. 

Decorrido o prazo sem manifestação do vencedor, novo sorteio será realizado.

O vencedor ganhará um exemplar de "Por Lugares Incríveis", de Jennifer Niven

O livro será enviado pela Editora Seguinte. 

A Equipe do Além da Contracapa se reserva ao direito de dirimir questões não previstas neste regulamento.


a Rafflecopter giveaway

UPDATE: Parabéns Ana Clara Magalhães. Por favor, responda nosso email no prazo de 48h.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

RESENHA: Veronica Mars - The Thousand Dollar Tan Line

"Aquele sempre havia sido o seu modus operandi – uma piada, uma alfinetada. Uma maneira de se esquivar do que ela realmente estava sentindo. Uma maneira de manter a dor ininterrupta que sentir a falta dele era longe de se tornar dolorosa demais para sobreviver. E sinceramente, o que ela poderia dizer que chegaria perto do que ela sentia?” (THOMAS; GRAHAM, 2014, p. 13) Tradução livre.

Antes de dar início a essa resenha uma introdução (um pouco longa, eu sei) se faz necessária: Veronica Mars foi uma série de TV que ao longo de três temporadas apresentou uma personagem cativante cercada de outros personagens igualmente carismáticos. Com características noir inseridas em uma produção contemporânea, teoricamente voltada para o público adolescente, (mas muito mais inteligente que a maioria dessas produções) que aliava drama, comédia, investigações detetivescas e diálogos afiadíssimos, Veronica Mars criou uma base fiel de fãs que ficou desolada ao ver a série ser cancelada prematuramente e sem final. Durante anos os fãs, os atores e o criador da série clamaram por um filme que encerrasse a saga de Veronica. Em 2014, sete anos após o final da série, o filme se tornou realidade graças a mais bem sucedida campanha da história do Kickstarter que através de doações dos fãs arrecadou quase três vezes o valor necessário para a produção do filme (em menos de dez horas já haviam sido arrecadados os 2 milhões de dólares que eram a meta). Depois disso uma coisa ficou clara: os fãs queriam mais de Veronica Mars e após levar esses personagens da TV para o cinema, Rob Thomas deu início a uma série de livros que se passa depois dos eventos vistos no filme (que, por sua vez, se passam dez anos depois dos eventos da série). Eu (que tenho em Veronica Mars uma das minhas personagens femininas mais queridas das séries de TV – só não ganha de Sidney Bristow, mas empata) adorei a chance de conferir o livro.

Veronica está de volta a Neptune – a cidade onde não existe classe média, terra do sol, areia, crime e corrupção – e agora ela tem uma licença de detetive particular. A época é a “Semana do Saco Cheio” e as festas estão rolando soltas. Todos querem ir a Neptune, até que duas meninas desaparecem de uma festa oferecida por um anfitrião misterioso e Veronica é contratada para localizá-las. Adotando o escritório de seu pai e contando com a ajuda de sua amiga Mac, Veronica irá adentrar no mundo do cartel e precisar enfrentar fantasmas do seu passado.

“The Thousand Dollar Tan Line” (em tradução livre algo como “A Marquinha de um Milhão de Dólares”) é um livro feito para os fãs. Isso não quer dizer que quem nunca assistiu a um único episódio da série não entenderia o livro, apenas que não se sentira tão envolvido com ele. Isso porque é muito fácil enxergar nas páginas o mundo com o qual estávamos familiarizados, além de ser quase impossível não ouvir as vozes dos personagens em cada diálogo de tão fiéis que são a sua essência televisiva. Esse, para mim, é o grande mérito do livro e é preciso reconhecer que não deve ser uma tarefa fácil transpor o clima (tanto da história quanto dos relacionamentos) da televisão para os livros. Rob Thomas faz isso muito bem, conseguindo inserir na trama cenários e até mesmo personagens coadjuvantes para levar o leitor de volta ao lugar que ele, como expectador, aprendeu a amar. Fazem sua participação Dick Casablancas, Weevil Navarro, Cliff McCormack, além de Wallace Fennel, Mac, o novo xerife Lamb e, claro, Logan Echolls e Keith Mars.

Além de difícil, suponho que essa transposição também seja uma tarefa delicada já que é preciso levar em consideração que os personagens têm uma bagagem de 64 episódios mais um filme (cujos principais eventos são sucintamente contextualizados no livro), de forma que é preciso equilíbrio para não deixar os novos leitores perdidos, mas também não perder a graça para aqueles que já estão familiarizados com esse histórico. Eu, particularmente, acredito que um leitor iniciante no mundo de Veronica Mars não seria capaz de captar, apenas pelo livro, a riqueza daqueles personagens. Coisas fundamentais como o invejável relacionamento de Veronica e seu pai, Keith, e a complexidade do seu (apaixonante) relacionamento com o uma vez bad boy Logan estão ali, mas não estão expressas em toda a sua força para quem não conhece o histórico. Assim, acredito que a transposição para o livro também é delicada para o fã que precisa se acostumar a ver seus velhos conhecidos em outra plataforma.

E por falar em Veronica e Logan, me agrada muito o rumo do relacionamento do casal. Por anos os fãs desejaram vê-los novamente juntos, mas isso não significa um final feliz de contos de fada e sim uma continuidade condizente com as dificuldades que cada um enfrenta diante de um relacionamento amoroso. Longe de ter um relacionamento perfeito, eles ainda assim são perfeitos um para o outro.

Quanto à narrativa, arrisco dizer que se eu não tivesse lido em inglês é possível que a achasse excessivamente descritiva. Porém, como parte da minha intenção era aprimorar minha leitura no idioma, isso não chegou a incomodar sendo até bastante útil.

Com dois crimes, aparentemente interligados, reviravoltas e suspeitos perigosos, a trama funciona bem como suspense policial e não decepciona. Ao encontrar um equilíbrio, torna muito fácil imaginar que esse poderia ter sido o roteiro de um episódio da série, mas é igualmente plausível que fosse o cerne de um eficiente livro detetivesco.

Esse é um produto de um criador que tem total domínio sob sua criação. Rob Thomas concebeu Veronica, Keith, Logan, Mac, Wallace, Weevil, Dick e tantos outros personagens para a televisão, mas foi igualmente bem sucedido ao transpô-los para o cinema e agora para a literatura. Isso prova que não eram os personagens que serviam à série e sim a série que servia aos personagens. “Veronica Mars – The thousand dollar tan line” não é o melhor livro de mistério já escrito, nem a narrativa mais interessante já apresentada pelo gênero, mas apresenta uma boa história que consegue divertir o leitor. Acima de tudo, é aventura válida para os eternos marshmallows, sempre ávidos por novos casos protagonizados por Veronica Mars (agora Detetive Particular. Cuidem-se criminosos de Neptune!).

Título: Veronica Mars – The Thousand Dollar Tan Line
Autores: Rob Thomas e Jennifer Graham
Nº de páginas: 224
Editora: Vintage

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

RESENHA: 1984

Dia a dia e quase minuto a minuto o passado era atualizado. Desse modo era possível comprovar com evidências documentais que todas as previsões feitas pelo Partido haviam sido acertadas; sendo que simultaneamente, todo vestígio de notícia ou manifestação de opinião conflitante com as necessidades do momento eram eliminados. A história não passava de um palimpsesto, raspado e reescrito tantas vezes quantas fosse necessário.” (ORWELL, 2009, p. 54). 

***

Em 1984, a nação conhecida como Oceânia é governada pelo Grande Irmão e pelo Partido. Tendo como princípios Guerra é Paz, Liberdade é Escravidão e Ignorância é Força, o Partido visa controlar cada aspecto da vida de seus “cidadãos”, ao mesmo tempo em que cria toda uma ideologia para manter-se no poder a qualquer custo. Nesse cenário, conhecemos Winston, membro do Partido que trabalha no Ministério da Verdade, que não consegue deixar de questionar as ações e ensinamentos do Partido. 

Antes que você se pergunte, a palavra cidadãos está entre aspas por que, na verdade, não existe cidadania, no seu conceito mais amplo, na Oceânia. Afinal, cidadania não está apenas relacionado ao local de residência de um indivíduo, mas também a carga de direito e deveres que a ele é atribuída. Entretanto, esta população não detém nem mesmo os direitos mais básicos, como a igualdade ou a liberdade de pensamento e manifestação.

Acima de tudo, 1984 é um livro que faz o leitor refletir. Ser introduzido neste mundo totalitarista e opressivo, em que praticamente todos os aspectos da vida do indivíduo são controlados pelo governo é assustador. Porém, ainda mais assustador é perceber a quantidade de previsões que Orwell acertou em cheio. 

Acho que um dos fatores mais marcantes da obra é mostrar como o passado pode ser mutável. O Partido e o Grande Irmão nunca podem estar errados e suas metas sempre devem ser cumpridas. E se não forem, temos um exército, do qual Wiston faz parte, para corrigir qualquer “engano” em todos os documentos, jornais, revistas, livros, etc. 

1984 é um livro eminentemente ideológico, sendo que as próprias ideias do Orwell parecem ser mais importantes que a estória em si. Winston é apenas o ponto de contato entre o leitor e este mundo tenebroso, mas não é a estória dele que o autor realmente quer apresentar. Por isso mesmo, a narrativa não é muito fluída, visto que o texto é repleto de conceitos que demandam uma leitura mais vagarosa para que possam ser completamente assimilados. 

Além disso, fiquei com a impressão que o livro não possui “alma”. Sendo o conteúdo ideológico mais importante que a estória, todos os personagens e a trama são desenvolvidos em função daquele elemento. Em outras palavras: toda a jornada de Winston foi apenas a embalagem para que Orwell apresentasse esse mundo, mas a verdade é que poderia ter sido qualquer outro personagem, e a estória seria a mesma. 

Sei que serei polêmico e muitos podem não concordar comigo, mas achei impossível ler 1984 sem lembrar do partido que perpetua-se no poder há mais de doze anos em nosso país e que assalta os cofres públicos para lá se manter, ou do governo que utiliza a “contabilidade criativa” para ocultar o fracasso das contas públicas e que ao fim do ano precisa comprar o Congresso Nacional por mais de quatrocentos milhões de reais, para transformar déficit em superávit, rasgando a Lei de Responsabilidade Fiscal. 

Apesar de contar com um texto mais denso e que falha em desenvolver uma conexão mais profunda com o leitor, 1984 ainda é absurdamente genial e acima de tudo uma ode a democracia. Direitos como liberdade e igualdade são tão intrínsecos ao ser humano e as sociedades democráticas, que nunca imaginamos como seria um mundo sem eles. Por isso mesmo, afirmo que 1984 é um daqueles raros livros que deveriam ser considerados leitura obrigatória. Não pela estória que contém, mas por mostrar o perigo que advém da inércia de uma população apolítica, que não questiona seu governo, seja ele quem for.

“Estatísticas fabulosas continuavam brotando da teletela. Em comparação com o ano anterior, havia mais comida, mais roupas, mais casas, mais móveis, mais panelas, mais combustíveis, mais navios, mais helicópteros, mais livros, mais bebês — mais tudo, exceto enfermidade, crime e loucura.” (ORWELL, 2009, p. 76).

Título: 1984 (exemplar cedido pela editora)
Autor: George Orwell
N.º de páginas: 414
Editora: Companhia das Letras

domingo, 8 de fevereiro de 2015

RESENHA: O Cavalo Amarelo

“Só existem duas coisas que as pessoas querem desesperadamente, a ponto de correrem o risco de serem condenadas. A poção do amor e o cálice de veneno.” (CHRISTIE, 2013, p.79)

Uma mulher doente chama um padre para se confessar dizendo que precisa revelar algo terrível antes de morrer. Da confissão, o padre sai com uma lista de nomes, mas antes que possa fazer qualquer coisa com ela é assassinado. Tão misteriosa quanto a morte de um padre bem quisto por todos na comunidade, são as inúmeras pessoas que têm adoecido sem explicação e morrido de uma hora para a outra. Todos esses eventos podem estar relacionados às três mulheres que vivem na antiga hospedaria Cavalo Amarelo e que dizem ter poderes paranormais.

“O Cavalo Amarelo” é um livro que não conta com a participação de nenhum dos personagens mais conhecidos dos leitores de Agatha Christie (apenas rápidas aparições da escritora Ariadne Oliver). Ao invés de Hercule Poirot, Miss Marple ou Tommy e Tupance, quem protagoniza e narra a maior parte desta história é Mark Easterbrook, um escritor que não tem se sentido muito inspirado a trabalhar em seu livro e se envolve na investigação das mortes da lista.

Algo que diferencia este da maioria dos livros de Agatha Christie é a tentativa da autora de flertar com o sobrenatural. Tendo sido escrito em 1961, quando Agatha já tinha 71 anos e mais de 60 livros no currículo, é de se compreender que a autora quisesse tentar algo novo (tendo a certeza de que, mesmo se desse errado, não seria isso que mancharia seu legado). Assim, Agatha pega elementos como feitiçaria e credulidade e usa à la Agatha Christie. Com isso, não entrega para o leitor o seu melhor livro, mas ainda assim uma aventura divertida.

Essa não é a história de um assassinato intricado, com vários suspeitos e pistas camufladas, perfeita para que o leitor brinque de detetive e tente desvendar o mistério antes que a Dama do Crime o revele para ele. Talvez seja justamente por não ser um tradicional romance de Agatha Christie que esse livro não tenha me empolgado como os livros da autora costumam empolgar. Mas, de qualquer forma, é um livro que mostra que se tem alguém que sabe adaptar qualquer pano de fundo para se adequar às suas características, esse alguém é Agatha Christie. Eventualmente, a autora deixa claro que o sobrenatural nada mais é do que um disfarce das ações humanas, um desvio de atenção. Pensando bem, talvez todo livro da autora tenha um quê sobrenatural. Afinal, não é exatamente isso que ela faz com os seus leitores? Manipular os elementos a fim de desviar a atenção de suas ações como contadora de histórias?

Título: O Cavalo Amarelo
Autora: Agatha Christie
Nº de páginas: 250
Editora: L&PM

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

TAG: Liebster Award




Fomos indicados para a TAG Liebster Award pelos blogs Vida de Leitor e Um Minuto, Um Livro.

Regras: 
Escrever 11 fatos sobre você.
Responder as perguntas de quem te indicou a TAG. 
Indicar de 11 a 20 blogs. 
Fazer 11 perguntas pra quem você indicar. 
Inserir no post uma imagem com o selo Liebster Award. 
Linkar de volta quem te indicou.

Considerando que somos dois blogueiros e que responder 11 fatos sobre cada um de nós tornaria esse post muito extenso, optamos por deixar de fora essa parte. Como fomos indicados por dois blogs, e responder a todas as perguntas implicaria um total de 44 respostas, decidimos sortear 11 perguntas e são elas que respondemos a seguir:

PERGUNTAS:

1. Já pensou em desistir do blog? 
Alê e MariNunca. Manter um blog (especialmente no ritmo que mantemos o Além da Contracapa, com postagens dia sim-dia não e com todo o conteúdo sendo produzido por nós dois) é cansativo em alguns momentos, mas também é muito prazeroso, em especial porque o blog surgiu como uma extensão de um hábito que temos desde que nos conhecemos que é discutir as nossas leituras. Pode parecer clichê, mas hoje seria muito estranho terminar de ler um livro e não escrever a resenha para postar aqui.

2. Qual sua série de livros favorita?
Alê: Apesar de Harry Potter ter um valor sentimental, visto que foi a saga que me despertou o gosto pela leitura, hoje escolheria As Crônicas de Gelo e Fogo. George Martin criou uma saga épica e audaciosa tendo como premissa os jogos de poder pelo controle do reino. Com personagens bem construídos, reviravoltas de tirar o fôlego, batalhas empolgantes, traições e alianças inusitadas, seria injusto de minha parte escolher qualquer outra saga.

Mari: Não leio muitas séries, mas sem dúvida uma das que mais me marcou foi “O Tempo e o Vento”, do Érico Veríssimo. São duzentos anos de história contados em sete romances protagonizados pelos Terra – Cambará  e sua saga de batalhas e amores. 

3. Se pudesse escolher um mundo fictício para viver, qual seria? Justifique.
Alê: Não apenas considero a Inglaterra como minha segunda casa, mas também vejo o mundo de Harry Potter envolto por uma aura de nostalgia, então minha escolha é bastante óbvia. Acho que todo bookaholic de hoje que começou a ler por causa dessa série, teria o desejo de ter suas próprias aventuras em Hogwarts, Hogsmead e no Beco Diagonal. Infelizmente, nunca recebi minha carta.

MariOs mundos fictícios mais interessantes que conheço são realidades horríveis de se viver. Como exemplos, posso citar os mundos de “Admirável Mundo Novo”, “Fahrenheit 451” e “Jogos Vorazes”. Então a única realidade fictícia agradável que me ocorre é a de Harry Potter.

4. Qual o pior livro que já leu? Justifique (infelizmente, já lemos tantos livros ruins que optamos por escolher o pior livro lido no ano passado)
Alê: Austenlândia. Embora o livro tenha feito bastante sucesso, tanto que ganhou uma continuação, achei a estória muito superficial e previsível, sendo que a protagonista é extremamente irritante. Ganha o troféu de pior livro do ano simplesmente por que adoro Jane Austen, e tenho certeza que autora deve estar se contorcendo no caixão com tanta bobagem sendo escrita utilizando-se do seu nome.

Mari: “Os Manuscritos do Mar Morto”. Esse livro simplesmente não funciona sob nenhum aspecto. A premissa soa como algo reaproveitado dos livros do Dan Brown, os personagens são caricatos (e, consequentemente, nada carismáticos), a narrativa não é cativante e a trama em si não se sustenta.

5. Se pudesse ter escrito um livro, qual seria?  
Alê: Grandes Esperanças. Além de uma narrativa maravilhosa, Dickens sabe abordar temas universais e criar personagens profundos e carismáticos. Poucos autores são capazes de escrever uma obra que continue relevante e emociante mesmo passados mais de cento e cinquenta anos de sua publicação original.

Mari: A saga Harry Potter. Personagens  cativantes ao extremo, narrativa instigante, história cheia de camadas e de uma criatividade encantadora. Não bastasse tudo isso, muitos leitores se tornaram leitores graças a Harry Potter, a saga deu um novo fôlego para o gênero fantasia e fez com que a literatura juvenil passasse a ser vista com outros olhos. Enfim, o impacto que a criação de JK Rowling teve desde o seu lançamento é o que me faz escolhe-la como resposta.

6. Como você imagina que seu blog estará daqui alguns anos? 
Alê e MariSe tivessem nos perguntado isso há três anos, poucos meses depois de termos criado o Além da Contracapa, provavelmente teríamos descrito o cenário que temos hoje: que pudéssemos estar mantendo o blog atualizado, sendo 100% fiel ao nosso DNA; que nossos posts nos permitissem interação com leitores e blogueiros e que tivéssemos a confiança das editoras com quem mais nos identificamos. É muito bom perceber que conseguimos isso, então o que esperar para os próximos anos? Acho que o objetivo máximo seria nos tornarmos um portal de referência sobre literatura. 

7. Você já deixou alguma leitura pela metade? Se sim, qual?
Alê: Apenas um livro me vem a mente: Um Farol no Pampa, de Letícia Wierchowski. Gostei muito de A Casa das Sete Mulheres e estava com a expectativa em alta para a continuação, porém, os únicos acontecimentos de Um Farol no Pampa são casamentos e funerais. Fui até a metade e não aguentei mais.

Mari: Reluto muito antes de abandonar um livro, pois já tive experiências com obras que se tornaram boas nas últimas páginas e compensaram todo o resto, mas já abandonei algumas. “Um Estranho no Ninho”, do Ken Kesey (que inspirou o filme com Jack Nicholson) foi um deles. Apesar da premissa interessante, foi uma leitura que se arrastou por dias (e, em geral, não tenho paciência para demorar muito tempo com um mesmo livro) e que culminou na minha mãe me dando um spoiler sobre o final. Aí já não fazia sentido nenhum continuar.

8 - Que gênero você não gosta de ler?
Alê: Hot.

Mari: Em geral, romances, porque histórias de amor dificilmente me atraem. Mas tudo depende do que cerca essa história. A prova disso é que um dos meus livros favoritos de todos os tempos (“O Morro dos Ventos Uivantes”) é uma trágica história de amor 

9 - Você prefere livro físico ou ebook? Por quê?
Alê: De regra, prefiro o físico, mas para viagens opto pela praticidade do e-book. Também opto pelo e-book quando desejo ler livros em outros idiomas.

Mari: Livro físico. Não consigo sentir a mesma conexão com a história quando leio em ebook. É como se não conseguisse me concentrar adequadamente. 

10 - Você tem algum livro que você não cansa de ler? Qual?
Alê: Me lembro de apenas dois livros que li mais de uma vez: Eu, Robô, de Isaac Asimov, que já li três vezes; e Revolução dos Bichos, de George Orwell, que li duas vezes. Curiosamente, desejo reler ambos futuramente.

Mari: Embora tenha muitos livros na minha lista de releituras, ainda não reli tantos. O que cheguei mais próximo a “não cansar de ler” foi Dom Casmurro que já li três vezes e ainda pretendo ler de novo. 

11 - Qual escritor você acha que seus leitores não podem deixar de ler?
Alê: Joel Dicker. 
Mari:Vou roubar nessa porque não vai dar para escolher só um: Raymond Chandler e George Simenon (e reforço a resposta do Alê: Joel Dicker)


NOSSAS PERGUNTAS:
1. Como surgiu o hábito da leitura?
2. Qual o primeiro livro que você lembra de ter lido por vontade própria?
3. Gosta de adaptações cinematográficas ou prefere deixar por conta da imaginação?
4. Que livro mais marcou sua vida?
5. Se você pudesse mudar o final de um livro, qual seria?
6. Qual livro você se sente um ET por ter gostado (ou não ter gostado)?
7. Qual seria sua maior conquista enquanto blogueiro?
8. Sua rotina mudou desde a criação do blog? Como?
9. De qual autor você leria até lista de supermercado?
10. Qual personagem ou autor você convidaria para jantar?
11. Você se considera viciado em livros? Por quê?


BLOGS INDICADOS:
Livros & Fuxicos
Criticando Por Aí
Por Uma Boa Leitura

Update: Depois que o post foi ao ar, vimos que o blog In The Sky também havia nos indicado para a TAG. Uma pena que não vimos a tempo de responder as perguntas da Helana também. 

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Top Comentarista Fevereiro



O vencedor do Top Comentarista de fevereiro poderá escolher o livro que quer ganhar entre as quatro opções: "O Grande Ivan", "Eve & Adam", "Perdendo-me" e "A Mulher de Preto".

Confira o regulamento:

1. Para participar, basta preencher o formulário abaixo, usando sua conta do Facebook ou seu e-mail. É obrigatório seguir o blog no Google Friend Connectcomentar em todas as postagens de fevereiro e ter um endereço de entrega no Brasil.

2. Para simplificar, optamos por utilizar o Rafflecopter. A primeira entrada confirma sua participação no Top Comentarista, enquanto as demais constituem chances extras, sendo opcionais. Atenção: depois de feito o sorteio será conferido se o sorteado comentou em todas as postagens do mês. Caso essa regra não seja cumprida, o mesmo será desclassificado, e um novo sorteio será realizado.

3. Para a entrada "Tweet about the Giveaway" ser válida, é obrigatório seguir o blog no twitter. Para a entrada "Visit Além da Contracapa on Facebook" ser válida, não basta visitar a página, sendo necessário curti-la

4. Lembrando que somente serão válidos comentários significativos. Ou seja, comentários do gênero “interessante”, “legal” ou “ótima resenha” não serão computados. O participante poderá comentar apenas uma vez em cada post.

5. O sorteado poderá escolher o livro que quer ganhar dentre as quatro opções disponíveis:

O Grande Ivan, de Katherine Applegate
Eve & Adam, de Michael Grant e Katherine Applegate
A Mulher de Preto, de Susan Hill
Perdendo-me, de Cora Carmack

6. O resultado do Top Comentarista será divulgado no blog até o dia 05 de março.

7. O sorteado será contatado por email, tendo o prazo de 48h para fornecer seus dados e o blog se responsabiliza por confirmar o recebimento das informações. Decorrido o prazo sem manifestação do vencedor, novo sorteio será realizado.

8. O prêmio será enviados pelo blog no prazo de trinta dias úteis.

9. A Equipe do Além da Contracapa se reserva ao direito de dirimir questões não previstas neste regulamento.


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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Editora Parceira



É com muito orgulho que a Equipe Além da Contracapa anuncia a parceria entre o blog e a Editora Suma de Letras. 

Essa conquista nos deixa muito felizes, em especial porque é no catálogo da Suma de Letras que encontramos alguns de nossos autores favoritos, como Stephen King, Carlos Ruiz Zafón e Michael Connelly, já resenhados inúmeras vezes aqui no blog. 

Para nós será uma honra estar ao lado da editora na divulgação de lançamentos tão aguardados como "Sobre a Escrita", "Escuridão Total, Sem Estrelas", "Operação Perfeito", "The Black Box".

Agradecemos a Suma de Letras pela confiança depositada no Além da Contracapa e, como sempre, aos nossos leitores que acompanham o nosso trabalho diariamente e complementam o nosso conteúdo com seus comentários. 

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Promoção de Aniversário Livros e Citações

ganhadores 

Em comemoração ao aniversário de três anos do blog Livros e Citações, o Além da Contracapa e outros blogs parceiros se unem para sortear 83 livros para NOVE leitores sortudos.

Além disso, durante todo o mês de fevereiro o blog aniversariante realizará gincanas diárias e outros sorteios valendo ótimos prêmios. Não deixe de conferir.

 

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Regras Gerais:

1. Ter endereço de entrega em território nacional;
2. A promoção começa em 01/02/2015 e será finalizada em 28/02/2015;
3. Responder o e-mail de contato no período de 48 horas após o sorteio. Caso não haja resposta, o kit será sorteado novamente;

Sobre o envio:

1. Os prêmios serão enviados de forma separada, com cada blogueiro responsável pelo livro que cedeu. Os blogs terão um prazo de até 30 dias corridos para ENVIAR o livro ao ganhador, começando a contar a partir do dia 05/03;
2. Nenhum blog se responsabilizará por eventuais extravios, roubos ou perdas da transportadora;
3. Caso algum dos ganhadores forneça dados errados e o livro retorne ao remetente, não será feito um segundo envio;
4. O ganhador que descumprir alguma das regras, ou for sorteado com uma entrada não obrigatória que não tenha sido cumprida, será desclassificado.

ATENÇÃO: perfis fakes ou utilizados apenas para participar de promoções serão desqualificados