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sexta-feira, 9 de junho de 2017

RESENHA: Rastros de Sangue

“ - Que estejamos há muito tempo no céu antes que o diabo perceba que a gente já foi embora.” (McDERMID, 2017, p.140)

Há anos, em uma época em que eu devorava quase todas as tramas policiais que surgiam na minha frente, li um livro de Val McDermid e gostei, embora não tenha sido marcante a ponto de eu me tornar fã. Tanto que apenas agora tive minha segunda aventura com a autora.

O psicólogo forense Tony Hill está criando uma nova força tarefa especializada em traçar perfis psicológicos dos criminosos, mas terá um grande desafio pela frente já que muitos policiais não levam a sério o seu trabalho. Em meio aos exercícios de treinamento, uma jovem policial encontra um elemento comum entre desaparecimentos de adolescentes nunca relacionados antes: todas as meninas estiveram próximas a Jacko Vance, um famoso apresentador de televisão, dedicado a causas sociais. Quando essa policial aparece morta, a equipe percebe que a teoria absurda que ela havia elaborado talvez não fosse tão absurda assim. Para resolver o caso, Tony irá contar com a ajuda de Carol, a detetive com quem trabalhou em um caso anterior e de quem tem tentado se manter afastado.  

“Rastros de Sangue” é o segundo livro da série protagonizada pelo psicólogo forense Tony Hill e a detetive Carol Jordan. Há algumas menções ao caso anterior, em especial ao trauma sofrido por Tony, mas nada que interfira nesta trama ou mesmo dê spoilers da que a antecede. Outra coisa que podemos perceber é que paira um romance entre os dois protagonistas.

A trama se constrói em duas linhas de investigação, a principal sendo a formação da equipe especializada em perfis psicológicos, que levará à descoberta do caso das meninas desaparecidas que, por sua vez, levará à caçada de Jacko Vance. A secundária, encabeçada por Carol, é a investigação de uma série de incêndios criminosos. Devo dizer que essa segunda trama me pareceu desnecessária, apenas para justificar que Carol e Tony não estivessem trabalhando juntos no começo.

McDermid adota uma opção arriscada: sabemos desde o primeiro capítulo que Vance é o assassino das meninas (na verdade, estamos na frente da polícia que, até então, nem sabe que tal assassino existe). Dessa forma, a expectativa do leitor não é descobrir respostas e sim ver se a polícia vai conseguir encontrar as respostas que ele mesmo já tem e se conseguirá pegar o criminoso. É um livro que se faz totalmente pela jornada. Ao mesmo tempo em que acompanhamos a polícia, acompanhamos também Vance e, aos poucos, temos vislumbres de seu passado e de sua mente doentia (sempre através da narrativa em terceira pessoa).

Mas, apesar de perverso, Jacko Vance está longe de ser um vilão memorável, assim como Tony e Carol estão ali para conduzir a trama policial, não para serem as estrelas dela. É o tipo de história em que os personagens servem à trama, não o contrário (como acontece com os livros da série Harry Hole, por exemplo), o que não é uma falha, mas faz com que, com base em apenas um livro, o leitor não se sinta cativado pelos personagens, embora simpatize com eles.

“Rastros de Sangue” é um livro correto. Não cria expectativas exageradas, nem reviravoltas de tirar o folego. Não decepciona, mas também não entrega mais do que promete. Conta com personagens construídos na medida que a trama necessita deles, se mantém com um bom ritmo do início ao fim e mantém o interesse do leitor durante a jornada. O desfecho deixa um gostinho agridoce, de certa forma ousado por parte da autora ou talvez até promissor para livros futuros. Não é uma obra extraordinária, mas se você gosta do gênero não tem porque não gostar da leitura.

É uma pena que a edição conte com vários erros de revisão.

O livro, lançado em 1997, originou uma série de TV britânica ("Wire in the Blood") que teve 6 temporadas exibidas entre 2002 e 2008.

Título: Rastros de Sangue
Autora: Val McDermid
N° de páginas: 433
Editora: Bertrand
Exemplar cedido pela editora

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

RESENHA: Domínio Sombrio


“Não era preciso ser um detetive para concluir que alguma coisa dera terrivelmente errado. Mas para quem? E, talvez, o mais importante: por quê?” (McDERMID, p. 223, 2010) 

Fazia tempo que eu tinha vontade de ler algum livro de Val McDermid e quando eu digo algum eu quero dizer qualquer um. Todos os cinco livros da autora publicados no Brasil pela editora Bertrand tem sinopses extremamente interessantes e capas incríveis, de forma que não fazia diferença para mim qual seria a minha primeira leitura (e algo me dizia de antemão que a primeira não seria a última). Comecei por “Domínio Sombrio” e não me decepcionei.

A detetive Karen Pirie, especialista em casos arquivados, se depara com um caso diferente: o desaparecimento de Mick Prentice - um mineiro que há mais de vinte anos abandonou a família, aparentemente, se juntando aos fura-greves que sempre abominou. Enquanto tenta descobrir o que aconteceu com Mick, Karen é solicitada para outro caso: após um sequestro e uma operação de resgate de consequências trágicas, a filha de um milionário é morta a tiros e seu filho, ainda bebê, desaparece sem que ninguém mais tenha notícias dele. O caso estava arquivado até que uma jornalista descobre por acidente uma pista que pode finalmente lançar luz ao enigma. A principio, o que os dois casos tem em comum é apenas a coincidência de terem ocorrido no mesmo ano. Mas talvez isso não seja tão coincidência assim.

É difícil apontar uma única coisa que não funcione bem em “Domínio Sombrio”. A história criada por McDermid é ambiciosa e executada com maestria. O leitor é apresentado aos dois casos e se sente fisgado por ambos rapidamente, mal percebendo o momento em que tudo começa a se fundir em uma única trama.

Composto por capítulos curtos que sempre terminam em cliffhangers adequados (e por adequados eu quero dizer, que funcionam ao deixar o leitor curioso, mas sem forçar a sua importância) o livro é lido rapidamente com aquela deliciosa sensação de “só mais um capítulo” constantemente. Alternando a narrativa no presente e no passado, a autora utiliza dessa técnica para aproximar o leitor de todos os acontecimentos, de forma que ele descubra tudo vivenciando os momentos junto com os personagens – seja agora, ou seja há vinte anos – e nunca através de um mero relato de um personagem para outro. Eu, particularmente, adoro livros que centram sua trama em casos antigos, que permitem observar as consequências daqueles acontecimentos ao longo da vida dos envolvidos e ver o quanto o passado influencia o presente.

Karen, a detetive à frente das investigações, é uma mulher inteligente, racional e extremamente dedicada à carreira. Uma personagem com consistência, assim como a história que está sendo contada e o estilo da autora que escreve.

“Domínio Sombrio” é um daqueles livros que você não quer largar e ao mesmo tempo quer ler aos pouquinhos porque tem medo de saber como vai terminar. Enquanto ama e odeia os personagens, você teme se decepcionar com alguém ou constatar que o destino de um deles foi mais trágico do que você imaginava.

Mostrando que o simples é mais complexo do que parece, mas que também o complexo pode ser absurdamente simples, Val McDermid cria em “Domínio Sombrio” um suspense impecável.

Título: Domínio Sombrio
Autora: Val McDermid
Nº de páginas: 362
Editora: Bertrand Brasil
 

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