“Todo mundo nesta maldita casa teve meios e oportunidade. O que eu quero é motivação” (CHRISTIE, 2011, p. 60)
Há muito tempo que eu estava extremamente curiosa para ler “A Casa Torta”, não só por se tratar de mais um livro de Agatha Christie (de quem, como eu já disse anteriormente, sou fã confessa e incondicional), mas por esse ser considerado pela própria autora um de seus melhores livros. Imagine você leitor, qual não era a minha expectativa após essa descoberta. Confesso que tinha até certo receio, afinal, quando a expectativa é grande a decepção pode ser também. Mas quando se trata de Agatha Christie uma coisa é certa: não importa quão alta seja a sua expectativa, a Dama do Crime sempre consegue corresponder e ainda surpreender.
A trama de “A Casa Torta” não seria das mais originais, podendo ser considerada desgastada e até mesmo clichê caso não fosse escrita por alguém do porte e gabarito de Agatha Christie. É a história da família Leonides, cujo milionário patriarca é assassinado por envenenamento quando sua tradicional dose de insulina é trocada por uma dose de eserina. As suspeitas a princípio recaem sobre a jovem viúva, mas a verdade é que ninguém acredita realmente que seja ela a assassina. Essa seria apenas uma resposta mais conveniente ao mistério, já que todos na casa poderiam ter cometido o crime.
O inusitado em “A Casa Torta” é que ao invés de ser uma daquelas histórias em que todos na família teriam motivos para querer o velho morto, o caso é justamente o contrário. Ninguém, aparentemente, teria motivos para isso. É claro que todos ganhariam uma herança considerável no caso da morte, mas a verdade é que ninguém precisava do dinheiro, até porque o patriarca não se negaria a dar o dinheiro a qualquer um dos seus familiares que necessitasse.
O livro é narrado em primeira pessoa por Charles que está prestes a se tornar noivo de Sophia, neta do velho. Por sua conexão pessoal com a família Leonides e sendo seu pai um dos policiais responsáveis pelo caso, ele ajuda a Scotland Yard a resolver esse mistério.
A autora apresenta pouco a pouco os personagens que formam essa curiosa família e devo dizer que é bastante difícil desconfiar de um e eliminar os outros. Todos podem ser culpados, mas nenhum parece ser. Eu tive as minhas desconfianças, mas em nenhum momento fui capaz de dizer com certeza “Eu sei o que está acontecendo. Sei quem é o assassino” e se tivesse dito, teria errado feio.
O livro conta com um prefácio da própria Agatha Christie, dizendo o quão deleitosa foi a experiência de escrever “A Casa Torta” e também revela um questionamento da autora a respeito de algo que jamais havia me ocorrido: se os livros transparecem para o leitor quando o processo de criação e escrita foi prazeroso e quando foi sofrido para o escritor. Agatha confessa neste prefácio que este livro foi “puro prazer” e isso de fato fica claro nas páginas de “A Casa Torta”. Todos os livros da autora são leituras agradáveis, independente da trama, pois são ágeis mesmo sendo ricos em detalhes, mas esse livro em específico é daqueles que podem ser lidos de uma vez só. Me recordo de ter lido as primeiras 80 páginas em um piscar de olhos e ter pensado: “Nossa! Já estou na página 80?”. Engraçado é que o livro me transmitiu exatamente a mesma sensação em termos de concepção: parece que a autora sentou e escreveu o livro em uma tarde, tamanha a facilidade de compreensão desses personagens tão diferentes uns dos outros que, cada um com as suas excentricidades, vivem juntos em uma mesma casa onde o velho Leonides costumava reinar.
Eu não quero entrar em detalhes para não correr o risco de entregar algo sobre a trama, basta ressaltar que Agatha é genial e ousada neste livro. Como eu sempre digo a respeito da autora: “A velhinha sabe o que faz” e em “A Casa Torta” ela fez muito bem.
Título: A Casa Torta
Autora: Agatha Christie
Nº de páginas: 230
Editora: L&PM
Há muito tempo que eu estava extremamente curiosa para ler “A Casa Torta”, não só por se tratar de mais um livro de Agatha Christie (de quem, como eu já disse anteriormente, sou fã confessa e incondicional), mas por esse ser considerado pela própria autora um de seus melhores livros. Imagine você leitor, qual não era a minha expectativa após essa descoberta. Confesso que tinha até certo receio, afinal, quando a expectativa é grande a decepção pode ser também. Mas quando se trata de Agatha Christie uma coisa é certa: não importa quão alta seja a sua expectativa, a Dama do Crime sempre consegue corresponder e ainda surpreender.
A trama de “A Casa Torta” não seria das mais originais, podendo ser considerada desgastada e até mesmo clichê caso não fosse escrita por alguém do porte e gabarito de Agatha Christie. É a história da família Leonides, cujo milionário patriarca é assassinado por envenenamento quando sua tradicional dose de insulina é trocada por uma dose de eserina. As suspeitas a princípio recaem sobre a jovem viúva, mas a verdade é que ninguém acredita realmente que seja ela a assassina. Essa seria apenas uma resposta mais conveniente ao mistério, já que todos na casa poderiam ter cometido o crime.
O inusitado em “A Casa Torta” é que ao invés de ser uma daquelas histórias em que todos na família teriam motivos para querer o velho morto, o caso é justamente o contrário. Ninguém, aparentemente, teria motivos para isso. É claro que todos ganhariam uma herança considerável no caso da morte, mas a verdade é que ninguém precisava do dinheiro, até porque o patriarca não se negaria a dar o dinheiro a qualquer um dos seus familiares que necessitasse.
O livro é narrado em primeira pessoa por Charles que está prestes a se tornar noivo de Sophia, neta do velho. Por sua conexão pessoal com a família Leonides e sendo seu pai um dos policiais responsáveis pelo caso, ele ajuda a Scotland Yard a resolver esse mistério.
A autora apresenta pouco a pouco os personagens que formam essa curiosa família e devo dizer que é bastante difícil desconfiar de um e eliminar os outros. Todos podem ser culpados, mas nenhum parece ser. Eu tive as minhas desconfianças, mas em nenhum momento fui capaz de dizer com certeza “Eu sei o que está acontecendo. Sei quem é o assassino” e se tivesse dito, teria errado feio.
O livro conta com um prefácio da própria Agatha Christie, dizendo o quão deleitosa foi a experiência de escrever “A Casa Torta” e também revela um questionamento da autora a respeito de algo que jamais havia me ocorrido: se os livros transparecem para o leitor quando o processo de criação e escrita foi prazeroso e quando foi sofrido para o escritor. Agatha confessa neste prefácio que este livro foi “puro prazer” e isso de fato fica claro nas páginas de “A Casa Torta”. Todos os livros da autora são leituras agradáveis, independente da trama, pois são ágeis mesmo sendo ricos em detalhes, mas esse livro em específico é daqueles que podem ser lidos de uma vez só. Me recordo de ter lido as primeiras 80 páginas em um piscar de olhos e ter pensado: “Nossa! Já estou na página 80?”. Engraçado é que o livro me transmitiu exatamente a mesma sensação em termos de concepção: parece que a autora sentou e escreveu o livro em uma tarde, tamanha a facilidade de compreensão desses personagens tão diferentes uns dos outros que, cada um com as suas excentricidades, vivem juntos em uma mesma casa onde o velho Leonides costumava reinar.
Eu não quero entrar em detalhes para não correr o risco de entregar algo sobre a trama, basta ressaltar que Agatha é genial e ousada neste livro. Como eu sempre digo a respeito da autora: “A velhinha sabe o que faz” e em “A Casa Torta” ela fez muito bem.
Título: A Casa Torta
Autora: Agatha Christie
Nº de páginas: 230
Editora: L&PM
5 comentários:
Mari, você me deixou louca pra ler esse livro!
Acho que realmente faça toda a diferença quando um autor curte seu próprio trabalho, e isso se comprova nesse livro, como você mesma disse!
Fiquei curiosíssima pela leitura e espero poder fazê-la em breve!!
Beijão!
Tenho esse livro aqui em casa. Comprei na facu por ser da Christie e pq gostei do título. Sua resenha me fez ter certeza d q vou gostar do livro...
Beijoss
Sem dúvidas um belo livro pra ler, e o interessante de tudo é que vários personagens são mortos de envenenamento, é genial a ideia que a Agatha Christie teve em produzir esses belos livros! Sem dúvidas "A Casa Torta" é uma bela opção de livro.
Com certeza, devo concordar com Agatha. Um de seus melhores livros.
Marí, fez uma bela resenha e sem contar as novidades ocultas nas páginas. Excelente trabalho e, em se tratando de Ágatha Christie, sempre é boa a leitura. Bj e ab
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