RESENHA: Em Chamas

Antes de começar, advirto: esta resenha contém spoilers de Jogos Vorazes! Se você não leu o primeiro volume da série, aconselho que não leia a resenha de Em Chamas. Pelo mesmo motivo, também lhe aconselho a não ler a sinopse do livro da edição brasileira.

Minha estória com a saga Jogos Vorazes pode ser definida como "peculiar". A premissa nunca me chamou a atenção, mas inúmeros elogios despertaram levemente minha curiosidade. Mas, por outro lado, esta quantidade de comentários positivos também me deixou com um pé atrás, e fiquei um tanto desconfiado com a série. Foi neste estado de espírito que li Jogos Vorazes e devo dizer que achei o livro "bonzinho" e nada além disto.

Apenas li Em Chamas porque queria ler um livro em inglês, mas que fosse de fácil compreensão, e assim já aproveitava para saber se valia a pena continuar a ler a série. E eis que Suzanne Collins me surpreendeu.

Contra todas as probabilidades, Katniss Everdeen e Peeta Mellark sobreviveram a 74ª edição dos Jogos Vorazes, porém, quando desafiaram as regras e obrigaram os Idealizadores dos Jogos a manterem ambos vivos, não tinham noção das conseqüências desta ação. Agora, a única defesa que eles têm para continuarem vivos é manter a máscara de casal apaixonado e fazer o impossível para que toda Panem acredite nesta estória.

Sinto-me obrigado a admitir que a personalidade forte de Katniss somada aos seus hormônios de adolescente me irritam bastante (e sua inconstância amorosa  também), mas, mesmo sem morrer de amores pela protagonista, a narrativa em primeira pessoa funciona muito bem. Além disso, a evolução de todos os personagens é palpável e não soa forçada em momento algum.

Uma das minhas maiores queixas quanto a Jogos Vorazes foi sua previsibilidade. Nada, absolutamente nada, me surpreendeu. Mesmo os trechos visivelmente escritos para surpreender o leitor e fazê-lo continuar a leitura não funcionaram comigo. Todavia, Em Chamas teve um salto de qualidade gigantesco neste quesito, sendo que vários capítulos me deixaram sem ar e me obrigavam a ler o capítulo seguinte. Por sua vez, os últimos capítulos reúnem uma carga absurda de suspense e adrenalina, que culminam em um final inesperado.

Desse modo, conclui que o primeiro volume da saga constitui uma introdução ao mundo criado por Collins, sendo que apenas no segundo livro é que a estória da série é desenvolvida de fato. A premissa, que no primeiro livro parecia ser tão simplória, cresce em complexidade e ganha novos contornos.

E foi assim que Suzanne Collins ganhou meu respeito. Encerrei a leitura de Jogos Vorazes sem boas impressões, sendo que ao terminar de ler Em Chamas pensei: “Céus! Vou ter que comprar o terceiro livro amanhã.”

Dados da edição brasileira

Título: Em Chamas

Autora: Suzanne Collins

N.º de páginas: 416

Editora: Rocco