“Muitas vezes os instrumentos das trevas nos dizem parte da verdade com o intuito de atrair-nos para levar-nos à nossa própria destruição. Conquistam-nos a confiança ao nos revelar a verdade sobre insignificâncias, para depois trair-nos quando sofreremos as piores consequências.” (SHAKESPEARE, p.25, 2014)
Macbeth é um valente general que após sair vitorioso de uma batalha e receber honrarias do rei, recebe também a profecia de três sinistras feiticeiras: um dia ele se tornará rei. Movido pela ambição e incentivado por sua esposa, Macbeth mata o atual monarca a fim de se apossar do trono. Não demora, porém, para que a culpa venha cobrar o seu preço.
Sempre que leio Shakespeare me admiro em ver como suas obras teriam tudo para cansar o leitor, mas nunca o fazem. A linguagem rebuscada, a falta de narrações (afinal, tratam-se de peças teatrais, de forma que o texto todo é composto por falas) e o próprio fato de conhecermos o desfecho de diversas dessas histórias poderiam prejudicar a leitura, mas não o fazem porque Shakespeare transborda emoção.
Em “A Tragédia de Macbeth” (conhecido também simplesmente como “Macbeth”), acompanhamos a transformação do personagem principal, de general corajoso e honrado a assassino e rei tirano, movido pelo medo de ser descoberto, que aos poucos vai enlouquecendo de culpa. Diferente de outras tragédias do autor, nesta quem acompanhamos de perto é o vilão da história e seu tormento é o que assistimos de camarote. O conflito que se apresenta é maravilhoso. Apesar de vermos o seu sofrimento, não nos atrevemos a sentir pena de Macbeth porque sabemos o que ele fez para merecer isso. Além disso, as ações do personagem provocam um efeito bola de neve em que, para esconder o que fez, ele precisa continuar a fazer mais e pior, de forma que o homem que ele era se perde totalmente no caminho.
Mas para mim o grande destaque da obra é Lady Macbeth, a esposa, uma das personagens femininas mais fascinantes de Shakespeare (arrisco até a elege-la a mais fascinante). Em uma época em que não cabia à mulher postos de destaque, Lady Macbeth incentiva o marido a alcançar o posto mais alto do reino para assim receber a honraria que lhe cabe por extensão. Em uma época em que as mulheres não tinham voz e eram submissas aos seus maridos, Lady Macbeth é quem o convence a cometer o crime. Ele tinha o desejo dentro dele? Provavelmente, tanto que não demora a ser convencido e que traz o assunto à discussão, mas mesmo que a ambição estivesse adormecida, quem a transforma em ação é a influência da esposa.
E assim como o crime é cometido pelo casal, o preço também é pago pelos dois. Apesar de não titubear diante do assassinato, Lady Macbeth também é atingida pela culpa e pelo remorso, diante de uma carga maior do que ela previra. Ela sabe o que eles fizeram, precisa impedir que sejam descobertos e teme que o marido não será capaz de protege-los adequadamente. Novamente ela está nos bastidores e é ao marido que cabe a ação. Aos poucos a personagem também é tomada pela loucura.
Apesar de serem trágicas, outras obras de Shakespeare contam com momentos mais amenos (“Romeu e Julieta”, por exemplo, tem muitas cenas românticas), mas em "Macbeth" o que vemos é sangue e destruição do início ao fim, visto que a trama já começa com uma batalha sangrenta envolta em traição, depois um assassinato é planejado e cometido, o que só leva a mais mortes. Uma jornada intensa.
Esta edição conta com um breve prefácio, assinado pela tradutora Alda Porto, que faz um rápido contexto histórico da peça juntamente com uma biografia do autor e ainda com um complemento de leitura que lista as diversas adaptações de “Macbeth” para o cinema, teatro, televisão e até mesmo música. Dentre as várias versões, merece destaque o filme dirigido e protagonizado por Orson Welles em 1948. Em 2015, “Macbeth” chega novamente ao cinema com Michael Fassbender e Marion Cotillard como protagonistas.
Título: A Tragédia de Macbeth (exemplar cedido pela editora)
Autor: William Shakespeare
N° de páginas: 135
Editora: Martin Claret
Macbeth é um valente general que após sair vitorioso de uma batalha e receber honrarias do rei, recebe também a profecia de três sinistras feiticeiras: um dia ele se tornará rei. Movido pela ambição e incentivado por sua esposa, Macbeth mata o atual monarca a fim de se apossar do trono. Não demora, porém, para que a culpa venha cobrar o seu preço.
Sempre que leio Shakespeare me admiro em ver como suas obras teriam tudo para cansar o leitor, mas nunca o fazem. A linguagem rebuscada, a falta de narrações (afinal, tratam-se de peças teatrais, de forma que o texto todo é composto por falas) e o próprio fato de conhecermos o desfecho de diversas dessas histórias poderiam prejudicar a leitura, mas não o fazem porque Shakespeare transborda emoção.
Em “A Tragédia de Macbeth” (conhecido também simplesmente como “Macbeth”), acompanhamos a transformação do personagem principal, de general corajoso e honrado a assassino e rei tirano, movido pelo medo de ser descoberto, que aos poucos vai enlouquecendo de culpa. Diferente de outras tragédias do autor, nesta quem acompanhamos de perto é o vilão da história e seu tormento é o que assistimos de camarote. O conflito que se apresenta é maravilhoso. Apesar de vermos o seu sofrimento, não nos atrevemos a sentir pena de Macbeth porque sabemos o que ele fez para merecer isso. Além disso, as ações do personagem provocam um efeito bola de neve em que, para esconder o que fez, ele precisa continuar a fazer mais e pior, de forma que o homem que ele era se perde totalmente no caminho.
Mas para mim o grande destaque da obra é Lady Macbeth, a esposa, uma das personagens femininas mais fascinantes de Shakespeare (arrisco até a elege-la a mais fascinante). Em uma época em que não cabia à mulher postos de destaque, Lady Macbeth incentiva o marido a alcançar o posto mais alto do reino para assim receber a honraria que lhe cabe por extensão. Em uma época em que as mulheres não tinham voz e eram submissas aos seus maridos, Lady Macbeth é quem o convence a cometer o crime. Ele tinha o desejo dentro dele? Provavelmente, tanto que não demora a ser convencido e que traz o assunto à discussão, mas mesmo que a ambição estivesse adormecida, quem a transforma em ação é a influência da esposa.
E assim como o crime é cometido pelo casal, o preço também é pago pelos dois. Apesar de não titubear diante do assassinato, Lady Macbeth também é atingida pela culpa e pelo remorso, diante de uma carga maior do que ela previra. Ela sabe o que eles fizeram, precisa impedir que sejam descobertos e teme que o marido não será capaz de protege-los adequadamente. Novamente ela está nos bastidores e é ao marido que cabe a ação. Aos poucos a personagem também é tomada pela loucura.
Apesar de serem trágicas, outras obras de Shakespeare contam com momentos mais amenos (“Romeu e Julieta”, por exemplo, tem muitas cenas românticas), mas em "Macbeth" o que vemos é sangue e destruição do início ao fim, visto que a trama já começa com uma batalha sangrenta envolta em traição, depois um assassinato é planejado e cometido, o que só leva a mais mortes. Uma jornada intensa.
Esta edição conta com um breve prefácio, assinado pela tradutora Alda Porto, que faz um rápido contexto histórico da peça juntamente com uma biografia do autor e ainda com um complemento de leitura que lista as diversas adaptações de “Macbeth” para o cinema, teatro, televisão e até mesmo música. Dentre as várias versões, merece destaque o filme dirigido e protagonizado por Orson Welles em 1948. Em 2015, “Macbeth” chega novamente ao cinema com Michael Fassbender e Marion Cotillard como protagonistas.
Título: A Tragédia de Macbeth (exemplar cedido pela editora)
Autor: William Shakespeare
N° de páginas: 135
Editora: Martin Claret
16 comentários:
Oi Mari!
Nunca tive interesse em ler nada do Shakespeare, me sinto extremamente excluída. rs
Mas enfim, gostei da história de Macbeth unicamente pelo papel da mulher na história. Sim, eu adoro quando elas tomam a frente nas coisas e não são submissas (mesmo quando vão matar alguém).
Beijo!
roendolivros.com
Fiquei bastante interessada no livro !
Já li um livro do autor e adorei ... É uma experiência bem bacana .
Super recomendo .
Beijos
Shakespeare é um dos autores que ainda preciso ler e Macbeth é uma das prioridades, Mari. Acho que o que fato de ser a obra mais sangrenta é o que mais me atrai. [rs] Mas também isso de trazer um vilão como protagonista e explorar sua índole. Só não sabia sobre Lady Macbeth ser uma mulher tão forte, gostei. Ótima resenha.
Abraços!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Nunca li nd de Shakespeare, mas adoro ele ['-'] e morro de vontade ler algo dele, como Macbeth e Hamlet e, talvez, Romeu e Julieta. Adorei a resenha, fiquei bem curioso a respeito do livro ;)
www.cidadedosleitores.blogspot.com
Mari!
Não tem como deixar de se encantar com as obras teatrais trágicas ou cheias de romance de Shakespeare.
é sempre um fascínio ler suas ideias romantizadas e de escrita rebuscada.
Macabeth é trágico e fabuloso.
“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.”(Vinicius de Moraes)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
Participem do nosso Top Comentarista, serão 3 ganhadores!
Oi
Não conhecia esse livro, acredita que ainda não li nada do Shakespeare
e até estava falando essa semana que queria ler dois, mais achei interessante
parece ser um livro um pouco violente, mais as vezes é bom ler livro assim para sair da
zona de conforto
http://momentocrivelli.blogspot.com.br/
Hey Mari,
Nunca parei muito para ler algo do Shakespeare, principalmente porque tudo que eu sabia sobre ele, era que havia escrito "Romeu e Julieta", então nunca fiquei entusiasmada pelas suas peças rsrs... Mas por essa do "Macbeth" me deixou curiosa. Amoo o gênero sangrento rsrs
Adorei sua resenha!
Bjs
livrosemarshmallows.blogspot.com.br
Oi Mari,
De Shakespeare só li Romeu e Julieta, e pelo que você disse esse é bem mais sangrento.
Não conhecia a obra, mas gostei do enredo.
Acho que não leria nesse momento, mas futuramente pretendo ler!
Bjs
http://diarioelivros.blogspot.com.br/
Mari,
tudo bem??
Eu só conheço Shakespeare dos filmes. kkkk
Preciso providenciar a leitura de alguma obra dele. rsrs
Beijos, Fernanda D.
NovoRomance.com.br
Oi, Mari!!
Eu gosto muito de Shakespeare também, mas confesso que até hoje só li as peças mais leves, como Romeu e Julieta e Sonhos de uma noite de verão.
Tenho um Hamlet aqui em casa, mas ainda não peguei nenhum Macbeth.
Já conhecia a história de sangue por conta do teatro, mas ainda não li o original. Imagino que deva ser incrível também. E concordo com você, dentro do meu parco conhecimento, sobre a lady Macbeth. A cena dela enlouquecendo é incrível e um marco para todos eu acredito, mas antes disso é ela quem comanda todas as ações do marido como você mesma disse e isso, para aquela época, é algo que eu acho sensacional.
Vou procurar ainda um exemplar desse para eu ler.
Bjs
http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br/
Oi Mari,
Tenho muita vontade de ler esse livro, mas ele praticamente "pinga sangue" dai sempre deixo para lá, sou mole demais.
Adorei a resenha!
Beijos!
Cintia
http://www.theniceage.blogspot.com.br/
Oii Mari!
Já peguei várias obras de Shakespeare, mas nunca consigo terminar tanto por causa da escrita que é muito rebuscada quanto por causa de muitras histórias serem conhecidas e sem falar que quase todas são tragédias (gosto de finais felizes ♥), mas vendo você falar tão bem de Macbeth deu até vontade de ler também. Outro ponto positivo que vi nisso é que nunca ouvi falar de Macbeth, melhor ainda! :D
Estante de uma Fangirl
Ooi, tudo bom??
Já li alguns livros do Shakespeare e olha, eles me cansaram SHAUSH Não consigo gostar da linguagem lenta e dos finais trágicos :/
Beijoos,
Sétima Onda Literária
OI Flor
Preciso dizer que estou desmaiada com esta Resenha, Fantástica eu como fã dos vilões não posso deixar de ler este Livro!ainda escrito por Shakespeare, não acredito que não conhecia este livro, estou encantada, na visão de um vilão? o que mais posso querer?me conquistou profundamente!
parabéns pela Resenha
não vou perde tempo para procurar!
super beijo flor
http://resenhaatual.blogspot.com.br/
Oi, Mari. Eu não conhecia esse livro do Shakespeare. Confesso que li muitas verdades na sinopse de A Tragédia de Macbeth. A ditadora da verdade, a conquista da confiança da Senhora Morte e, por fim, uma apunhalada fatal. Me encantei com essa estória transformadora do William Shakespeare, principalmente desta radical mudança do personagem honesto para um assassino. Incrível!
Eu não sabia que teremos mais um filme?!?1?! Ai que tudo!!!
Amei a resenha!!
Adoro essas edições da Martin Claret. São tão completas!!
Amei tudo!
Bjksss
Lelê - http://topensandoemler.blogspot.com.br/
Postar um comentário