sábado, 6 de maio de 2017

RESENHA: Abominação

Abominação Gary Whitta
Em Abominação, somos levados para o reino de Wessex, o único da Inglaterra que não sofreu com as invasões vikings, pois seu rei, Alfredo, negociou um acordo de paz com os nórdicos. Porém, com medo de que eles rompessem o pacto, Alfredo autoriza o arcebispo da Cantuária a experimentar feitiços que encontrou em velhos pergaminhos e que podem criar um exército invencível. Mas quando tudo sai de controle, o rei convoca o único cavalheiro em quem confia, Wulfric, para executar o plano de contingência.

A primeira observação que preciso fazer diz respeito a própria sinopse, que apresenta apenas a premissa da primeira parte da estória, que correspondem a cerca de cem páginas. Não é possível falar mais sem correr o risco de dar spoilers. Entretanto, acrescento que é a partir do desenvolvimento destes elementos que Whitta chega ao verdadeiro cerne da estória. 

A narrativa de Whitta é envolvente, e logo emergimos no mundo de Abominação. E como prometido, de fato há muito sangue na estória: são batalhas e perseguições de tirar o fôlego e que fazem o coração bater mais rápido. Whitta é um roteirista premiado e isso fica claro em seu texto, que é extremamente visual e poderia ser facilmente adaptado para as telonas.

“Foi então que percebeu. A garota lhe parecia tão estranha, tão perturbadora porque falava uma língua que quase havia esquecido. Da empatia. Da tolerância. Da compaixão. Esteve em território inexplorado por tanto tempo que se sentia deslocado, ainda que a compulsão pela redescoberta fosse um anseio ancestral, arraigado, algo mais poderoso que o instinto que lhe dizia para fugir.” (WHITTA, 2017, p. 238). 

Porém, um aspecto do texto me desagradou e não sei se atribuo a responsabilidade ao autor ou ao tradutor. Ao longo da obra, há diversas palavras que destoam da narrativa por serem rebuscadas demais, tais como “carbúnculo”, “bazófia”, “rubicundas” e “cambaia”. O problema é que estas palavras causavam tanto estranhamento que interrompiam a fluidez do texto. 

Para quem é fã do seriado Vikings e espera encontrar sacrifícios, menções a Odin e Thor e quem sabe uma águia de sangue, sinto desapontá-los. A verdade é que Abominação se passa no mesmo período histórico das invasões nórdicas, as quais servem de pano de fundo à estória, mas não representam um elemento significativo para o desenvolvimento da trama. 

Quanto à magia, ela basicamente se limita aos feitiços descoberto pelo arcebispo, os quais são utilizadas como pontapé inicial da estória. Ao longo da obra há algumas menções à magia, mas não a vemos em prática com muita frequência. Apesar de entender a opção do autor, e até mesmo concordar com ele, confesso que gostaria de ter visto um cenário um pouco mais desenvolvido. 

Apesar de ser previsível em alguns momentos, Whitta me surpreendeu com a parte principal da estória. Mesmo que tenha resvalado em alguns clichês, o autor conseguiu desenvolver seus personagens, indo muito além da dicotomia “mocinhos” versus “vilões”. Aliás, é através de seus personagens que o autor consegue provocar diversas reflexões acerca da natureza e do caráter do ser humano. 

Abominação é uma obra original e, principalmente, repleta de ação. Embora não tenha chegado ao patamar de uma obra memorável, certamente é um prato cheio para quem gosta de fantasia

Título: Abominação
Autor: Gary Whitta
N.º de páginas: 313
Editora: DarkSide Books
Exemplar cedido pela editora.

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18 comentários:

Gabriela CZ disse...

Já queria ler esse livro, Alê, e se a premissa só diz respeito à primeira parte fico imaginando o que vem depois. Admito que como fã da série Vikings me frustrou saber que não há tanto disso no livro, mas nem sempre podemos ter o que queremos. E seus comentários me empolgaram mais a fazer essa leitura. Ótima resenha.

Beijos!

Unknown disse...

Adorei a resenha não tinha lido nada sobre a estória então achei magnífica é claro que não posso deixar de conferir.
Abraços!!!

Luiza Helena Vieira disse...

Oi, Alê!
Eu achei horrível essa capa, não vou mentir.
Eu até curto fantasias, mas essa não me despertou o interesse. Com a sinopse, pensei que teria mais magia e tals..
Beijos
Balaio de Babados

Na Nossa Estante disse...

Oi Alê!! Eu achei a sinopse bem interessante mesmo não sendo mega fã de fantasia, mas carbúnculo”, “bazófia”, “rubicundas” e “cambaia”, jesus, não entendi nada!! rsrsrsrs Acho que preciso de um dicionários rsrsr

Bjs, Mi

O que tem na nossa estante

RUDYNALVA disse...

Alê!
Confesso que esperava mais da obra, ainda assim, por falar um pouco de magia e ter muita ação, gostaria de ler, mesmo com as palavras tão rebuscadas.
Bom domingo!
“Conhecer os outros é sabedoria. Conhecer-se a si próprio é sabedoria superior.” (Lao-Tsé)
cheirinhos
Rudy

Adriana Holanda Tavares disse...

Olá, tudo bem?

Já tinha visto essse livro em alguns posts da caveirinha e confesso que o mesmo não havia despertado minha curiosidade ainda. Depois de ler a sua resenha, fiquei com aquela sensação de que preciso ler a obra. O livro mistura algumas coisas que sempre me encantam (batalhas e sangue), e parece que o autor soube ministrar ambas as coisas na dose certa. Vai entrar para a minha listinha!

Unknown disse...

Oi Alê, tudo bem?
Eu gosto muuito de fantasia, mas acho que prefiro histórias que partes mais para o lado da magia do que para a ação em si. Achei aquelas palavras muito bizarras e confesso que se eu lesse este livro eu teria que parar para procurá-las no dicionário, porque não faço ideia do que significam hahaha
Adorei a resenha!
Beijos

Lana Silva disse...

Me surpreendi com esse livro, pelo fato de que se eu fosse julgar apenas pela capa nunca iria dar uma chance para esse livro. E mesmo que a estória não tenha sido aquelas, das quais nunca esquecemos, ainda sim consegue surpreender o leitor, e ir além dos clichês, mocinhos contra vilões.

Nessa disse...

Oi Alê
O enredo me parece bom, interessante, mas não faz muito o meu estilo de leitura, mas gostei de saber sua opinião.

Beijinhos
http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/

Ketellyn Amorim disse...

Uma pena, pelo que vi na sua resenha não é nada do que eu estava imaginando. Não pretendo ler, mas gostei da capa.

Carolina Garcia disse...

Oi, Alê!!

Esse livro não tinha chamado muito minha atenção, mas gostei da sua resenha. Fantasia é um gênero que sempre me deixa querendo mais! Hahahaha

Vou anotar a dica e ficar de olho nas futuras promoções! :)

Bjs

http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

Gustavo Gouveia disse...

Não gostei muito do que se trata, não sou muito fã dessas coisas e, por enquanto, quero ficar longe de fantasias. Mas de todo um modo, gostei da capa e achei que combinou com esse negócio de Vikings.

Alec Costa disse...

terminei o livro esses dias e adorei! como disse na minha resenha, Whitta escreve muito bem e me prendeu do início ao fim! eu podia jurar que respingou sangua na minha cara, enquanto eu lia! /aqls KKKKKKKK

adorei a resenha! :D

amei o post! abraços! <3
Alex, do blog Um Bookaholic.
umbookaholic.com | Canal | @umbookaholic: instagram/twitter

Márcia Saltão disse...

Olá.
Adorei a capa. Se é DarkSide, quero na coleção!
Gostei da premissa do livro. O gênero fantasia quase sempre me conquista e se tem ação e personagens bem construídos, vou querer ler com certeza.
A resenha está perfeita, parabéns.
Beijos.

Priscila Tavares disse...

Oi Alê!
Uma amor chamado Vikings <3 Quando comecei a ler fui ficando mega empolgada, mas como você disse que as coisas que estamos acostumados a ver nas séries, não serão o foco no livro, quando for ler a obra, vou tentar não ir com certas semelhanças na cabeça.
Beijokas
Quanto Mais Livros Melhor

Maah disse...

Oi.
Eu entendo o que quis dizer sobre algumas palavras elas realmente em determinados momentos pode ttirara fluidez do texto, eu sou apaixonada por fantasia e sim eu amo o seriado vikings essa capa incrível Darkside como sempre arrasando enfim estou ansiosa demais para ver só espero ter coragem para fazer isso.
Bjs.

Marta Izabel disse...

Oi, Alê!!
Gostei muito da resenha, nunca li nada falando sobre os vikings, mas a história parece ser bem interessante. Essa edição da darkside esta linda!! Só não entendi a necessidade de usar palavras tão complicadas no decorrer da leitura.
Bjoss

Hemely disse...

Oie! Em geral não tenho o costume de ler os livros desse gênero publicados pela DarkSide por motivos de não gostar mesmo do estilo dos livros. Esse livro em si me chamou atenção exatamente pelos pontos que você disse não estarem presentes no livro, fiquei bem frustrada, devo admitir :/ Provável que eu não leia, mas a resenha ficou ótima!

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