“Quando Ivy se recupera — e demora um pouco para isso — está exausta e precisa tirar um cochilo. Se fosse esse meu plano, fazer Ivy dormir de tanto rir, eu seria um gênio. Mas não era esse o plano e de gênio eu não tenho nada. O momento passou, o alarme se calou e o pequeno Fisher entregou os pontos.” (JONES, 2016, p. 57).
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Fisher e Ivy se conheceram há dezenove dias e desde então não se separaram. Quando o casal decide fazer uma road trip que acaba na casa do pai de Fisher e com as constrangedoras intrusões familiares, o casal percebe que a magia dos primeiros dias do relacionamento terminou. Nos doze meses seguintes, o casal descobre que se apaixonar é fácil, mas manter uma relação exige determinação e comprometimento.
O primeiro ponto de destaque de Nós Dois é a narrativa de Andy Jones, que não é apenas leve e fluida, mas também é extremamente bem humorada e facilmente arranca risadas do leitor. Como o livro é narrado em primeira pessoa por Fisher, creio que este elemento cômico é um reflexo de sua personalidade, qualidade que logo cativa o leitor.
Mas apesar disso, o autor também consegue mesclar elementos mais dramáticos na estória, reproduzindo a dicotomia da vida: em um momento podemos estar rindo, para logo em seguida estarmos com o coração na mão.
Creio que a trama criada por Jones foi muito bem planejada. É possível notar que cada arco narrativo na estória serve a determinado propósito, sendo que a estória não se limita ao relacionamento de Fisher e Ivy. Assim, vemos temas como amizade e relações familiares ganharem um espaço significativo na estória.
Acho que também deve ser pontuado o fato de vermos um protagonista homem narrando um livro que é, eminentemente, romântico. O autor de certa forma desconstrói o clichê e inverte os papéis, mostrando que homens também são vulneráveis, longe de serem confiantes e seguros de si o tempo inteiro.
Mas o grande destaque de Nós Dois fica para a verossimilhança da obra. Geralmente tenho um pé atrás com romances justamente por haver uma desconexão com a realidade. E este certamente não é o caso. Na obra de Jones, vemos a evolução natural de um relacionamento, e não apenas um caso de amor à primeira vista que é difícil de engolir.
Porém, nem tudo são flores. Um aspecto que me incomodou ao longo da obra foi o fato de faltar uma certa dose de sinceridade entre o casal. Mesmo quando insatisfeito, Fisher nunca reclamava dos rumos do relacionamento, nunca se abria para Ivy e sempre aceitava as vontades dela. A meu ver, uma relação implica em sacrifícios de ambos os lados e não apenas de um. E embora houvessem fatores atenuantes para as atitudes de Fisher, admito que esta faceta do relacionamento dos protagonistas me desagradou.
No fim das contas, o saldo da leitura foi positivo. Andy Jones conseguiu criar um romance verossímil, mesclando humor e drama na medida certa, além de apresentar um texto bem escrito. Não espere encontrar grandes reviravoltas ou uma estória que irá lhe marcar para a vida, mas se você procura um romance envolvente e convincente, Nós Dois é uma boa pedida.
Título: Nós Dois
Autor: Andy Jones
N. de páginas: 268
Editora: Suma de Letras
Exemplar cedido pela editora
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15 comentários:
Concordo plenamente que as vezes alguns romances são difíceis de engoli, pelo fato de ter aquele envolvimento de mal se conhecerem, ou ser algo a primeira vista e se amarem loucamente, como se lhe conhecem a anos, não que eu não curta clichês, mas com certeza prefiro aqueles que são construídos no decorrer da trama, como me pareceu no caso deste livro. Realmente e ruim quando só um dos envolvidos abre mão do que gosta do relacionamento, chegando ao ponto de ter de tolerar tudo que o outro quer. Mesmo não sendo um romance inesquecível, a premissa do livro me cativou e muito.
Alê!
Sou a maior fã de romance e quando são bem escritos, ainda mais.
Ver a realidade retratada tão bem, dá gosto de ler, porque conseguimos nos identificar com as situações explanadas no enredo e se tem um tom de humor e o protagonista masculino que narra, maravilha.
“A sabedoria dos homens é proporcional não à sua experiência mas à sua capacidade de adquirir experiência.” (George Bernard Shaw)
Cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA DE MAIO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
Como também não sou grande fã de romances não esperava tanto desse livro, Alê. Gostei dessa "inversão" do clichê, creio que faz um retrato bem mais atual dos relacionamentos. E apesar de, nas suas palavras, nem tudo serem flores acho que eu leria. Ótima resenha.
Beijos!
Gostei muito da resenha do livro, não conhecia essa histórias mais achei bem legal. É parece ser um romance bem interessante principalmente por que o narrador da história ser o protagonista masculino do livro.
Bjoss
Oi Alê! Adorei a sua resenha! Quero muito ler o livro, mas falta tempo para mim - e eu estou falando isso pra todo mundo que me fala sobre um bom livro! hahahaha ♥
Abraços - http://submundosliterarios.blogspot.com.br/
Oi Alê! Narrativas românticas narradas por homens é mais difícil de encontrar, não conhecia o livro, mas gostei da premissa e do fato do saldo no final das contas ser positivo rs
Bjs, Mi
O que tem na nossa estante
Oi Alê!
Não conhecia esse livro ainda, mas gostei da sua resenha! Também fico irritada quando o casal não é sincero um com o outro, isso não dá certo.
Beijos,
Sora | Meu Jardim de Livros
Oi Alê
Não conhecia o livro, o enredo me pareceu bom, mas não me despertou interesse para lê-lo. Mas adorei saber sua opinião sobre a obra.
Beijinhos
http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br
É raro ler um livro de romance sendo narrado pelo homem. Adorei a sua resenha e de saber que o drama esta na medida certa, com certeza entra para a minha lista de desejados.
Oi.
Eu adoro quando os livros de romances são feitos pelo ponto de vista masculino ao meu ver isso torna a história mais completa e mais interessante também uma pena que você se incomodou com o fato de que ele aceita tudo dela eu realmente acho que isso também não me agradaria que é uma pena realmente mas eu adorei a preguiça e vou colocar isso na minha listinha com toda a certeza.
Bjs.
Oi, Alê!!
Gostei da sua resenha. Eu achei o livro bem interessante e acho bacana quando a história se trata do depois da paixão. Porque nunca é fácil conviver com a mesma pessoa por muito tempo, né?
Vou ficar de olho nesse título! :)
Bjs
http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br
Oi Alê, tudo bem?
Não sou grande fã de romances, mas achei esta premissa legal até. É bem difícil encontrar uma estória de romance que seja real e convincente, geralmente os personagens são quase "cegos" e não enxergam os problemas a um palmo do nariz. Gostei do livro e da resenha claro.
Beijos
Oi.
Por não ser um dos meus gêneros preferidos, provavelmente não irei ler esse livro. Mas de qualquer forma, a leitura parece ser muito boa, apesar dos pontos que você levantou, na sua ótima resenha.
A proposta é diferente, por ser narrado por um personagem masculino, o que já torna a leitura no mínimo curiosa.
Obrigada pela dica.
Beijos.
Eu não conheço esse título, mas pelo visto parece ser uma leitura interessante, especialmente por conta dos elementos que você citou. E claro, adorei poder conferir suas impressões a respeito e quem sabe tenha a oportunidade de ler também. Achei interessante também por ser um romance mais maduro, porque as vezes é bom ler algo do tipo.
Beijos, Dri
Oie! sou apaixonada com romances, então, sim, já está na lista de leituras! Devo dizer que livros de romance que mostram a narrativa partindo do homem tendem a me fazer amar ainda mais os mesmos! Principalmente porque podemos ver um lado deles que ninguém mais veria se a narrativa não fosse feita dessa forma. Está bem anotadinho aqui! Excelente resenha, pra variar haha!
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