“Kell sempre se pegava falando com a magia. Não comandando, mas simplesmente conversando. A magia era algo vivo, isso todos sabiam. Mas ele sentia algo mais, como se ela fosse uma amiga, alguém da família. Afinal, era parte dele (muito mais do que da maioria das pessoas), e Kell não conseguia evitar a sensação de que a magia sabia o que ele estava dizendo, o que estava sentindo. E não apenas quando a invocava, mas o tempo inteiro, em todas as batidas de seu coração e a cada respiração.” (SCHWAB, 2016, p.34)
Desde o surto ocorrido na Londres Preta, e que levou ao isolamento desta, Kell é um dos últimos Antari, magos com a capacidade de viajar entre as Londres fazendo a troca de correspondências entre as realezas de cada uma. A sua é a Londres Vermelha, onde a magia corre pelas ruas, mas há também a Londres Cinza, sem magia, e a Londres Branca, governada por dois irmãos ambiciosos onde nem sempre a magia é usada para o bem. Nas horas vagas, Kell também é um contrabandista que consegue mercadorias para colecionadores e entusiastas de mundos mágicos que eles nunca poderão conhecer. Em uma dessas transações, um artefato perigoso vem parar nas mãos de Kell: uma pedra que carrega o tipo de poder típico da Londres Preta. Um tipo de magia que se fez de tudo para que fosse destruída. Para evitar que a pedra faça mal a alguém ou caia em mãos erradas, Kell decide que o melhor a fazer é levar o artefato de volta ao seu lugar de origem, mesmo que isso seja uma missão praticamente impossível. No caminho, ele encontrará Lila, uma ladra da Londres Cinza que fará de tudo para viver uma grande aventura.
A magia presente no mundo de “Um tom mais escuro de magia” se aplica também as suas páginas. De que outra forma é possível explicar que o livro cative imediatamente nas primeiras linhas antes mesmo de a história começar? São os seus personagens que ainda nem conhecemos? São os seus quatro mundos paralelos que ainda nem entendemos? É a narrativa fluida que ainda mal tivemos oportunidade de experimentar? Se a resposta não for magia, então é a deliciosa combinação de todos esses elementos.
É verdade que a história em si demora um pouco a começar (eu diria que isso acontece mesmo por volta da página 300), mas é perfeitamente compreensível visto que a autora precisa de tempo para apresentar a mitologia deste mundo. É preciso tempo para entendermos as peculiaridades de cada Londres, entendermos a relação que cada uma delas tem com a magia (na Londres Preta, a magia se tornou mais forte que as pessoas; na Branca, magia é sinônimo de poder e domínio; na Vermelha, a magia é uma coisa maravilhosa; e na Cinza a magia é um sonho, algo que se imagina como é, mas não se tem como saber ao certo).
É verdade que a história em si demora um pouco a começar (eu diria que isso acontece mesmo por volta da página 300), mas é perfeitamente compreensível visto que a autora precisa de tempo para apresentar a mitologia deste mundo. É preciso tempo para entendermos as peculiaridades de cada Londres, entendermos a relação que cada uma delas tem com a magia (na Londres Preta, a magia se tornou mais forte que as pessoas; na Branca, magia é sinônimo de poder e domínio; na Vermelha, a magia é uma coisa maravilhosa; e na Cinza a magia é um sonho, algo que se imagina como é, mas não se tem como saber ao certo).
Também é preciso tempo para que sejamos apresentados aos nossos protagonistas e como é bom conhecer personagens promissores como Kell e Lila. Kell tem sua lealdade definida, mas ao mesmo tempo é um solitário. Ele é um dos únicos que pode estar em todos os lugares, mas sente que não pertence a lugar nenhum. A sua é a Londres Vermelha, onde ele é respeitado e reverenciado, mas mesmo lá ele se sente um forasteiro já que, quando criança (quando foi descoberto que era um Antari), ele foi levado a viver com a família real que o criou como a um filho, mas ele nunca se sentiu de fato parte da família, apesar de todos fazerem o possível para isso. Neste núcleo surge também outro personagem carismático: Rhy, o príncipe que tem Kell como um irmão, que é amado pela população e que dedica boa parte do seu tempo a curtir a vida e encontrar novas (e novos) envolvimentos amorosos.
Lila é ainda mais promissora. Pouco sabemos sobre o seu passado e, neste primeiro livro, fica no ar a sensação de que há muito mais para se descobrir do que a própria personagem sabe sobre si mesma. Além disso, Lila é aquele tipo de personagem cheia de vida. Audaciosa, corajosa, atrevida e irônica são alguns dos adjetivos que podem ser aplicados a ela.
Ainda sobre os personagens, outra coisa que me agradou foi a autora não forçar um romance entre os protagonistas, embora deixe no ar que isso possivelmente irá acontecer nos próximos livros. Aqui não temos paixões fulminantes que surgem do nada e roubam desmerecidamente o espaço que deveria ser dedicado à aventura e à fantasia. Aqui temos uma relação que está nascendo em meio a uma situação perigosa e que poderá, ou não, tomar rumos românticos, mas que se manterá em segundo plano diante da missão que os dois personagens tomaram para si. Ao menos é o que parece e é o que eu espero.
Mas talvez o aspecto mais interessante seja a maneira como a autora aborda o poder da magia. Não se trata apenas do poder para realizar feitiços e encantamentos, mas sim do poder que a própria magia tem. Nessas Londres, a magia tem vontade própria e se não for bem controlada pelos humanos poderá assumir o comando e controlá-los.
Na Bienal do Livro do Rio de Janeiro deste ano, a editora Record fará o lançamento do segundo livro da trilogia, contando com a participação da autora. Eu estou bastante curiosa para ver os rumos que a história irá tomar, já que vejo este livro (como quase todo o primeiro livro de uma trilogia) mais como uma introdução a este mundo e não exatamente como o desenvolvimento de uma trama. Também fico extremamente curiosa para finalmente sentir um gostinho da Londres Preta (confesso que esse isolamento me trouxe lembranças do Distrito 13 de “Jogos Vorazes”) e para ver quais serão os desafios dos protagonistas agora que três maravilhosos vilões foram postos fora da jogada (foram mesmo?). “Um tom mais escuro de magia” é, certamente, uma saga promissora.
Autora: V.E. Schwab
N° de páginas: 418
Editora: Record
Exemplar cedido pela editora
Compre: Amazon
Gostou da resenha? Então compre o livro pelo link acima. Assim você ajuda o Além da Contracapa com uma pequena comissão.
20 comentários:
Oi Mari! Tudo bem?
Adorei a resenha amiga, li algumas por ai e gostei muito do que li e a sua não fica para trás.
A capa foi o que mais me chamou atenção nos quesitos da obra.
Grande abraço,
www.cafeidilico.com
Oi, Mari!
Fico feliz que tenha gostado do livro.
Quando conheci a série, ela ainda não tinha saído aqui. Agora estou super feliz por ver que ela está tendo o reconhecimento merecido.
Beijos
Balaio de Babados
Concorra ao livro Depois do Fim autografado
Quero muito ler este livro, não li nenhum livro desta autora ainda, mas aproveitei umas promoções para comprar. Todavia, este ainda continua na minha lista de desejados.
A história parece ser incrível e tenho certeza que vou adorar.
Oie Mari
Achei interessante o enredo do livro, bem diferente do que eu costumo ler e acho que por isso não me despertou tanto interesse, mas ando vendo muitos comentários dele e isso me deixa curiosa.
Beijinhos
https://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/
Olá Mari,
Estou muuuito curiosa por este livro, desde que li uma resenha sobre ele.
A premissa me atraiu bastante, apesar que no começo da leitura imagino que a historia demore um pouco e eu ainda ficar meia perdida entre as londres mas tenho certeza que irei me apaixonar pela história!
Adorei a resenha.
beijinhos
Que livro, Mari! Lembro de tê-lo visto em algum lugar mas não lembrava sobre o que se trata, e fiquei super interessada agora. Seus comentários me instigaram e me deixaram curiosa para conhecer essas quatro Londres e esses personagens fantásticos. Vou ler! Ótima resenha.
Beijos!
Oiii mari
Essa é uma saga que demorei pra querer começar justamente porque não sentia confiança em se a editora publicaria logo a continuação. Saber que já haverá a segunda parte disponível me anima mais pois a Schwab é uma autora que sei que tudo o que escreve é bom e vou gostar demais desta trilogia.
Beijos
aliceandthebooks.blogspot.com
Olá!
Estou ansiosa para ler esse livro. Ganhei um exemplar em um sorteio,porém ainda não recebi. Mas estou muito animada.
Adorei a resenha e por tudo que você comentou, será uma leitura que cativa! Espero que os demais livros da trilogia sejam tão bom ou melhores que esse!
Beijos.
Eu bem sei que nós não devemos julgar o livro pela capa, mas eu não consigo seguir bem essa prática e a capa por si só, já me encantou.
Daí junta a a capa e a sua resenha, fico ainda mais empolgado em começar a ler. Aliás, adoro magia, hah!
E tô começando um novo projeto, tem pouco mais de um mês, se puder deixar a sua visitinha! Abraços
http://www.bananices.com/
Oi, Mari!
Que estória mas legal, e gosto muito dessa ideia da autora de colocar várias Londres no livro. E espero sinceramente que o segundo livro seja melhor do que o primeiro.
Bjoss
Oi, Mari!
Já ouvi comentários positivos a respeito dessa autora, mas esse livro não me interessou muito :( acho que pelo fato de a história demorar demais para começar. Mas que bom que não te decepcionou!
Beijos,
Isa
https://viciadas-em-livros.blogspot.com.br/
Oi mari, tudo bem? Eu gostei muito desse livro, Kell virou um crush literário heheheheheh achei o universo criado pela autora muito bom, espero ansiosamente pelo segundo <3
Bjs, Mi
O que tem na nossa estante
Oi! Adorei o ponto que você falou que não existe esse lance de romance forçado. Nossa, como eu odeio quando os autores inventam de enfiar romance onde não tinha que ter! O melhor mesmo é curtir a história, rs. Acho que vou aguardar mais livros da série pra decidir se leio ou não! Beijos!
Já tinha visto esse livro por aí, mas ele nunca despertou meu interesse, gosto muito de livros que envolvam magia, por esse livro não se tratar apenas de magia de feitiços, acho que seria bem interessante lê-lo, também fiquei super curiosa para descobrir mais sobre essas Londres e como o protagonista irá conseguir resolver esse problemão que ele arranjou, só acho que vou esperar lançar toda a trilogia para começar a ler, pois odeio estar super ansiosa para ler uma continuação e ter que esperar por ela.
Beijos!
Oi mana, esse livro foi o escolhido pro clube do livro mas infelizmente ele não foi bem falado aqui não KKK Eu particularmente achei o enredo super interessante na verdade mas a forma como a escritora prosseguiu a leitura era muita arrastada e acabou que eu deixou o livro de errado. Talvez se o volume dois for bom eu me arrisque a ler o primeiro KKK obrigada pela resenha.
Mari!
Gosto do livro com portais, magia, artefatos e mistério.
O Kel agora vai ter de se livrar o tal artefato para que não morra ou não prejudique o equilíbrio das Londres e ainda consegue uma aliada ladra, talvez não dessem certo, porém pelo visto, vamos acompanhar uma grande jordana desses dois juntos.
Adorei a ideia de poder apresentar todas as Londres antes mesmo de virem as personagens, assim o entedimento fica melhor.
Boa semana!
"...Aceite com sabedoria o fato de que o caminho está cheio de contradições. Há momentos de alegria e desespero, confiança e falta de fé, mas vale a pena seguir adiante..."(Paulo Coelho)
Cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA DE AGOSTO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
nunca li nada dessa autora e confesso que nem tenho muita vontade, mas sabe quando o livro nao para de surgir na sua frente o tempo todo? é assim que estou com os livros dela haha
achei bem interessante esse conceito de varias Londres, me deixou um pouquinho curiosa. Tbm me deixou curiosa o fato de voce comentar que lembra o Distrito 13 de Jogos Vorazes!!
Ainda bem que a continuação já tem data para ser lançada e assim pode-se ter a certeza se a qualidade se manterá ou irá cair um pouco, espero que aconteça a primeira opção.
Realmente depois de vários livros abordando magia, conseguir dar uma roupagem nova e ainda interessante não é algo fácil, dividir uma cidade em quatro distintas mais complicado ainda, pode-se perder o foco e acabar não saindo algo bom, ainda bem que a autora conseguiu fazer um excelente trabalho e o romance até agora está só nos planos, realmente torço para que não seja uma dessas sagas que começam muito bem e acabam perdendo a essência para focar em um relacionamento dos personagens, se isso não acontecer será uma das maiores surpresas dos últimos anos e a autora com certeza já é um nome para ficar de olho.
Eu ainda não conhecia, mas adorei sua resenha!
Adoro essa série com muita magia, fantasia e perseguições, etc.
Esse parece ótimo!!!
Já quero.
bjs
Olá Mari ;)
Não conhecia a autora ou o livro ainda, mas sempre gosto de ler um bom livro de fantasia, então adorei sua resenha e me interessei demais em ler!
Fiquei super curiosa quando a essa mitologia que a autora criou, e gostei que você disse que ela não apressou um romance entre os personagens... acho que isso faz o leitor ficar curioso e querer ler os próximos livros.
Enfim, adorei sua indicação, muito obrigada ;)
Bjos
Postar um comentário