RESENHA: Sr. e Sra. Smith

"John deixou a garrafa escorregar da mão.

Num gesto rápido, estiquei o braço e peguei a garrafa em pleno vôo. Uma manobra brilhante. Reflexo excelente.

Reflexos incomuns para uma dona-de-casa.

Que estupidez, a minha.

John lentamente abriu um sorriso.

Nosso olhar se cruzou outra vez.

Ele sabia. E sabia que eu sabia. E agora eu sabia que ele sabia que eu sabia.

Isso mesmo. De repente nos transformamos num casal que sabia demais.

Deixei a garrafa cair." (Jane Smith, p. 112)

Livros de suspense policial são, e sempre foram, a minha paixão em termos literários e formam a maior parte da minha modesta coleção de livros. Mas nem só de mistério pode viver um leitor e é também muito bom fazer uma leitura leve. O difícil é encontrar algo que consiga, sem ser clichê, ser divertido e interessante ao mesmo tempo. Foi com esse espírito que eu li “Sr. e Sra. Smith”

Pode causar surpresa para muitos, mas o sucesso do cinema estrelado por Brad Pitt e Angelina Jolie tem uma versão em papel e trata-se de um livro que é o exato correspondente do filme: sexy, repleto de humor e ação.

Para quem não conhece o filme, os Smiths são um casal aparentemente igual a qualquer outro, mas que esconde um segredo: ambos são assassinos profissionais e nenhum dos dois sabe isso sobre o outro. Após cinco (digo, seis) anos de casamento e com o relacionamento desgastado, o casal decide fazer terapia e, a partir de uma sugestão do terapeuta, cada um passa a escrever em um diário todos os aspectos de seu relacionamento, desde o momento em que se conheceram até o momento da crise. É assim que conhecemos a história de John e Jane Smith (inclusive, é devido a isso que os créditos da autoria do livro são dados ao casal). Intercalando o relato de um e de outro, podemos acompanhar os questionamentos e os peculiares pontos de vista de cada um, afinal, um diário é a ferramenta perfeita para expressarem cada um de seus pensamentos, sem medo e sem disfarces.

Até esse momento, nada de surpresas. Porém tudo muda quando John e Jane são enviados, por seus respectivos chefes, para cumprir uma mesma missão, ou seja, assassinar um mesmo alvo. Nessa ocasião ambos acabam descobrindo que o segredo que escondiam do parceiro era, ao mesmo tempo, escondido deles. A partir disso a vida do casal se torna uma luta por sobrevivência, pois agora é uma questão de matar ou ser morto.

Para aqueles que assistiram ao filme o livro não irá apresentar novas facetas dos personagens. Tanto John como Jane são exatamente o que vimos nas telas e em alguns momentos somos, inclusive, capazes de rever mentalmente as cenas do filme. Entre algumas risadas, a narrativa corre descompromissada e nos permite passar mais tempo com esse casal único.

“Sr. e Sra. Smith” pode não trazer novidades e estar muito longe de ser uma obra-prima literária, mas cumpre exatamente o seu propósito: é uma leitura leve e divertida que não tem razão nenhuma para não agradar.

"O barulho vinha de algum lugar no meu paletó, mas de onde? E em que momento ela tinha colocado ali?

(...)

O ruído parecia vir de todos os lados. Foda-se! Tirei o paletó o mais rápido que pude e joguei-o para o ...

Buuum!

Pedacinhos do paletó caíram do alto como confetes ao vento.

O sujeito que me havia alertado tremia debaixo de uma caixa de coleta dos correios.

Agora eu estava realmente puto.

Eu adorava aquele paletó." (John Smith, p. 164/165)

Título: Sr. e Sra. Smith
Autores: John Smith e Jane Smith
Nº de páginas: 239
Editora: Nova Fronteira