"Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito, nem feio. Era o que chamamos de uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar.” (ASSIS, 2012, p.5)
Eu me apaixonei por Machado de Assis na primeira vez que li Dom Casmurro. Impossível ter reação diferente aos seus personagens tão reais, tão cheios de defeitos e contradições que vem a conhecimento do público através de uma narrativa tão impecável como a do autor. Isso é apresentado em seus romances, que vem a ser alguns dos melhores exemplares da nossa literatura, e também em seus contos de forma mais concisa, mas igualmente beirando a perfeição.
Fazia anos que eu não lia nada de Machado de Assis, mas não por falta de interesse. Pelo contrário. Por isso, quando a coleção 64 páginas da L&PM chegou aqui em casa o primeiro livro que agarrei foi a coletânea de seis contos deste que é o maior escritor brasileiro.
O livro apresenta os contos “Missa do Galo”, “O Espelho”, “A Cartomante”, “O Caso da Vara”, “Pai contra mãe” e “Capítulo dos chapéus”. Destes, eu já havia lido “A Missa do Galo” e “A Cartomante”, que continua sendo um dos favoritos, diga-se de passagem. Dos que me foram inéditos, meu preferido é “O Espelho” e sua história das duas almas.
É incrível observar, em qualquer um dos seis contos, como o autor consegue fazer com que os personagens soem tão reais e que conheçamos tão bem seus pensamentos, suas dúvidas e seus desejos em apenas 10 páginas. Eu poderia citar todos os contos, e sem dúvida teria algo para falar sobre cada um deles, mas isso tornaria essa resenha absurdamente longa, assim opto por citar apenas “A Cartomante” como exemplo. Nesse conto, conhecemos Camilo e Rita - os amantes - e Vilela - o marido de Rita e melhor amigo de Camilo. Ficamos sabendo tudo que aconteceu entre esses personagens, desde a amizade de longa data entre Camilo e Vilela até o início do relacionamento dos dois amantes. Vemos o cético Camilo debochar ao descobrir que Rita visitou uma cartomante e vemos também ele passar por cima de seu próprio ceticismo graças à ansiedade e ao desespero, culminando no impactante, irônico, e extremamente racional, desfecho do conto. Tudo isso em nove páginas. Detalhado e conciso ao mesmo tempo.
Não é preciso dizer que esse é um livro que deve ser lido por todos. Por aqueles que gostam de Machado de Assis e ainda não leram esses seis contos. Por aqueles que gostam do autor e já leram os contos (até porque essas pessoas sabem que ler Machado de Assis nunca é demais – eu li “Dom Casmurro” três vezes e pretendo ler outras ainda e “Memórias Póstumas de Brás Cubas” está na minha lista de releituras há tempos) e, claro, por aqueles que nunca leram nada do autor. Se você é daqueles que tem trauma das aulas de literatura do ensino médio (não é o meu caso, mas como é o de vários ex-colegas acredito possa ser o de muitas pessoas) esqueça as leituras obrigatórias e enfadonhas. Quando se trata de Machado de Assis, saiba que seus personagens, suas tramas e sua escrita são inesquecíveis e deixam sempre um gostinho de quero mais. Só lendo para entender porque esse é um dos maiores escritores de todos os tempos.
Título: "Missa do Galo", seguido dos contos “O Espelho”, “A Cartomante”, “O Caso da Vara”, “Pai contra mãe” e “Capítulo dos chapéus”
Autor: Machado de Assis
Nº de páginas: 64
Editora: L&PM
Eu me apaixonei por Machado de Assis na primeira vez que li Dom Casmurro. Impossível ter reação diferente aos seus personagens tão reais, tão cheios de defeitos e contradições que vem a conhecimento do público através de uma narrativa tão impecável como a do autor. Isso é apresentado em seus romances, que vem a ser alguns dos melhores exemplares da nossa literatura, e também em seus contos de forma mais concisa, mas igualmente beirando a perfeição.
Fazia anos que eu não lia nada de Machado de Assis, mas não por falta de interesse. Pelo contrário. Por isso, quando a coleção 64 páginas da L&PM chegou aqui em casa o primeiro livro que agarrei foi a coletânea de seis contos deste que é o maior escritor brasileiro.
O livro apresenta os contos “Missa do Galo”, “O Espelho”, “A Cartomante”, “O Caso da Vara”, “Pai contra mãe” e “Capítulo dos chapéus”. Destes, eu já havia lido “A Missa do Galo” e “A Cartomante”, que continua sendo um dos favoritos, diga-se de passagem. Dos que me foram inéditos, meu preferido é “O Espelho” e sua história das duas almas.
É incrível observar, em qualquer um dos seis contos, como o autor consegue fazer com que os personagens soem tão reais e que conheçamos tão bem seus pensamentos, suas dúvidas e seus desejos em apenas 10 páginas. Eu poderia citar todos os contos, e sem dúvida teria algo para falar sobre cada um deles, mas isso tornaria essa resenha absurdamente longa, assim opto por citar apenas “A Cartomante” como exemplo. Nesse conto, conhecemos Camilo e Rita - os amantes - e Vilela - o marido de Rita e melhor amigo de Camilo. Ficamos sabendo tudo que aconteceu entre esses personagens, desde a amizade de longa data entre Camilo e Vilela até o início do relacionamento dos dois amantes. Vemos o cético Camilo debochar ao descobrir que Rita visitou uma cartomante e vemos também ele passar por cima de seu próprio ceticismo graças à ansiedade e ao desespero, culminando no impactante, irônico, e extremamente racional, desfecho do conto. Tudo isso em nove páginas. Detalhado e conciso ao mesmo tempo.
Não é preciso dizer que esse é um livro que deve ser lido por todos. Por aqueles que gostam de Machado de Assis e ainda não leram esses seis contos. Por aqueles que gostam do autor e já leram os contos (até porque essas pessoas sabem que ler Machado de Assis nunca é demais – eu li “Dom Casmurro” três vezes e pretendo ler outras ainda e “Memórias Póstumas de Brás Cubas” está na minha lista de releituras há tempos) e, claro, por aqueles que nunca leram nada do autor. Se você é daqueles que tem trauma das aulas de literatura do ensino médio (não é o meu caso, mas como é o de vários ex-colegas acredito possa ser o de muitas pessoas) esqueça as leituras obrigatórias e enfadonhas. Quando se trata de Machado de Assis, saiba que seus personagens, suas tramas e sua escrita são inesquecíveis e deixam sempre um gostinho de quero mais. Só lendo para entender porque esse é um dos maiores escritores de todos os tempos.
Título: "Missa do Galo", seguido dos contos “O Espelho”, “A Cartomante”, “O Caso da Vara”, “Pai contra mãe” e “Capítulo dos chapéus”
Autor: Machado de Assis
Nº de páginas: 64
Editora: L&PM
7 comentários:
Machado de Assis sempre será uma leitura recomendada. Já li A cartomante, pois quem gosta de Machado deve ler..rsrs. Devo concordar que em apenas 10 páginas o autor consegue fazer com que os personagens sejam tão reais.
Elis Elger
Nossa faz tempo que li esse livro,
e me recordo dele facilmente... em algumas horas tinha lido,adoro
o Machado de assis,li algumas de suas obras que são fasinantes...
Seguidora: vanessa
Eu gosto muito do machado de Assis mas confesso que apenas concluí a leitura de Dom Casmurro, que foi dificílima. Leria sem problemas os contos dele, mas antes acho que preciso de um preparo psicológico pois não acho tão simples entrar de cabeça num livro clássico.
Gislaine Alves,
jeito-inedito.blogspot.com
Antes de surgir o comentário já estava pensando: "trauma das aulas de literatura"
Naquela época leitura era muito chata. As antigas escritas do livros, me deixavam com um nó na cabeça.
Não sei ao certo, mas hoje tem uma diversidade de livros que, já me peguei pensando: Porque ler algo tão antigo, se hoje estamos cheios de bons livros do século XXI? Preconceito, né?
Mas, um livro que me chamou a atenção pela simples frase foi: "Não se deliberam sentimentos; ama-se ou aborrece-se, conforme o coração quer."
Em "Helena"
Já li Machado de Assis na época do Ensino Médio.
E tenho que falar que nao gostei muito...li porque tinha ler. Achava cansativo.
Talvez fosse interessante dar uma chance novamente neh...afinal e o Machado de Assis.
Abraços ,
@deh_koenig
Débora Koenig
Olá, Mari!
Confesso não ter essa paixonite aguda por Machado de Assis, mas aprecio muito o seu trabalho, sua escrita e os enredos produzidos por ele. O auror é uma referência viva e singular, e isso não há como negar. Embora eu prefira enredos um pouco mais longos, com uma narrativa por vezes extensa que dê tempo para apreciar a história de fato como ela é, fiquei interessada na leitura dos contos explanados em sua resenha. Impossível não se sentir intigado diante de comentários tão bem elaborados. Adorei!
Um abraço!
http://universoliterario.blogspot.com.br/
É meio difícil eu gostar dos livros de Assis, não sei porque.
É um grande autor, claro, tenho livro dele, mas não é aquela coisa de ... NOSSA PRECISO COMPRAR AGORA!, sei lá =[
Seguidora - Anne Gregory - Kazake
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