sexta-feira, 24 de agosto de 2012

RESENHA: Dias de Chuva e Tempestade

“Jody não sabia ao certo por quem estava chorando: pela avó, pelos pais mortos, por si mesma ou por todas as pessoas cujas vidas haviam mudado na violenta noite de setembro de 1986.” (PICKARD, 2012, p. 174)

Uma boa surpresa. Foi isso que “Dias de chuva e tempestade” se revelou. Um livro do qual, confesso, eu não esperava muita coisa. A sinopse não me pareceu tão atrativa e algo me dizia que a trama tinha tudo para virar um drama mexicano. Mas eu estava errada. Nancy Pickard foi mais do que competente em contar a história da família Linder e fazer com que nos sintamos envolvidos pelos seus dramas e o mistério da tragédia que a abala.

E a tragédia é a seguinte: há 23 anos, o filho mais velho dos Linder - Hugh-Jay - foi assassinado e sua esposa – Laurie - desapareceu, levando todos a crer que seu destino foi semelhante ao do marido. Billy Crosby, rapaz encrenqueiro e detestado por todos na cidade, foi preso pelos crimes. Anos depois, seu filho, agora um advogado, consegue libertá-lo da prisão e dúvidas sobre o crime começam a surgir.

O livro começa com Jody, a filha de Hugh-Jay e Laurie, descobrindo que o suposto assassino de seus pais será libertado. Então, a autora interrompe a narrativa e nos leva a 1986 para conhecer os dias que antecederam a tragédia, gerando uma série de desconfianças sobre o que de fato aconteceu, antes de nos trazer de volta ao presente. Achei interessante observar como a autora, mesmo interrompendo a narrativa, faz isso em momentos estratégicos, sem fazer aquele ping-pong que funciona muito bem com alguns autores, mas que com outros soa extremamente forçado e desnecessário. Pickard opta por voltar completamente a 1896 e só retornar ao presente depois de contar todos os acontecimentos que levaram ao assassinato – claro, interrompendo antes da grande revelação. Dessa forma, a história tem tempo de se desenvolver e somos envolvidos por aqueles personagens surpreendentemente verossímeis. Seus dramas não soam forçados como eu temia, pelo contrário. Todas as relações e as mudanças que esses personagens sofrem são perfeitamente compreensíveis e por isso nos deixamos envolver por eles. O corte que traz o leitor de volta ao presente é feito pontualmente e a história continua se desenvolvendo de forma igualmente interessante, antes de voltar ao passado e revelar o que de fato aconteceu. Confesso que para mim a resposta foi uma grande surpresa. Eu tinha certeza que sabia quase desde o inicio como o crime havia ocorrido, mas a autora conseguiu me surpreender, o que nem sempre acontece mesmo em livros que giram em torno de revelar ao leitor uma grande surpresa – como livros policiais e de suspense.

Alias, aproveito para ressaltar que “Dias de noite e tempestade” não é exatamente um livro de suspense ou mesmo um drama ou um romance. É um pouco de tudo. É um livro sobre pessoas, sobre uma família marcada por uma tragédia e como isso os afetou. É por isso que funciona. Provavelmente se o livro fizesse questão de ser uma coisa ou outra seria péssimo. Seria fraco como suspense e seria forçado como drama. Por isso digo que ele é dosado na medida.

A narrativa da autora é bastante fluida e a voz dos personagens soa muito natural (inclusive a das crianças). Minha opinião é que mesmo com uma história que não é das mais atrativas inicialmente a autora conseguiu tirar o máximo dela e fez de “Dias de chuva e tempestade” um livro agradável de ser lido e que, além de apresentar personagens nos quais é fácil de acreditar, ainda surpreende em seu desfecho. Pensando bem, não é isso que se quer em um livro?

Título: Dias de Chuva e Tempestade
Autora: Nancy Pickard
Nº de páginas: 228
Editora: Arqueiro

6 comentários:

Aione Simões disse...

Oi Mari!
Eu tinha ficado curiosa pelo livro, mas ele não tinha sido muito bem definido pra mim, se como suspense, drama ou romance. Bom ver que é um pouco de tudo!
É extremamente importante que a narrativa não pareça artificial e que o autor saiba como dosar essas pausas e retrocessos, bom ver que isso aconteceu nesse livro.
Não é uma leitura que estou desesperada para fazer, mas espero ler em algum momento!
Beijos!

Nardonio disse...

A história até que me parece legal. Às vezes é até interessante que não se generalize um livro, pois acaba "fugindo" um pouco do gênero atribuído à ele. Se tiver oportunidade, lerei sim!

Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom

Lú Miranda disse...

É uma verdadeira salada de gêneros, adorei!
Adoro histórias que se misturam e que por isso acabam prendendo a atenção do início ao fim, é o tipo de livro que dá pra ler bem rápido porque ão deixa a gente dormir só pra ficar, ou terminar, de ler ele.
Eu queeeeeero! *-*

Débora disse...

Adorei a capa desse livro!
Bom saber que o autor não forçou a história! Gosto da naturalidade de histórias desse tipo!

Ahh, convidamos vocês para participar de uma tag que tá lá no blog ;)

Bjos
Débora
Introducing you a Book

Unknown disse...

Depois desta resenha o que eu posso fazer é colocar o livro como desejado no skoob !!! kkkk

Unknown disse...

Li e adorei o livro! Realmente surpreendente e nos faz pensar em várias coisas da vida. Através dos questionamentos de Jody, podemos também transpor para nossos dias e perceber que muitas vezes somos enganados pelo que achamos, pelo mais viável, pelas aparências sociais e morais... Recomendo.

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