sábado, 6 de outubro de 2012

RESENHA: Nove Dragões

"Durante toda a sua vida Harry Bosch acreditara que tinha uma missão. E para cumprir essa missão ele precisava ser à prova de balas. Precisava que ele próprio e sua vida fossem invulneráveis, de modo que ninguém jamais o atingisse. Tudo isso mudou no dia em que foi apresentado à filha que não sabia que tinha. Nesse momento percebeu que fora salvo e que estava perdido." (CONNELLY, 2011, p. 175).

***

Depois de ter lido O Poder e a Lei, Michael Connelly se tornou o meu autor favorito. Ou seja, nem preciso mais ler a sinopse. Basta ver seu nome na capa, e sei que o livro estará repleto de adrenalina, perseguições e mistério, somado a uma narrativa bem escrita e uma trama crível. Ou seja, tudo o que é necessário para um bom livro policial. 

Em Nove Dragões, Bosch e seu parceiro, Ignácio Ferras, investigam a morte de John Li, proprietário de uma loja de bebidas. Quando os detetives descobrem que a vítima era extorquida por uma tríade chinesa — organização criminosa semelhante a máfia —, a investigação toma um novo rumo. No meio do caso, Bosch descobre que sua filha, que reside em Hong Kong (leia-se: lar de tríades), foi seqüestrada. 

Já perdi as contas de quantas vezes comparei os livros de Connelly e a finada série 24 Horas. Desta vez não farei uma comparação propriamente dita. Porém, recuso-me a não mencionar esta gritante coincidência: a filha se mete em encrencas e o pai, no meio de um caso, sai “a la loca” para salvá-la. Para deixar claro, refiro-me tanto a Jack Bauer e Kim (1ª temporada), quanto a Harry Bosch e Madeline. Acho que Connelly quer nos dizer algo: ou ele também era fã de 24 Horas e fez sua justa homenagem, ou ele ficou sem idéias. Prefiro acreditar na primeira opção. 

De qualquer forma, agora faço a comparação de sempre. Quem assistiu a série sabe como uma pista leva a outra na caçada pelos terroristas, e assim até o fim da temporada. Prepara-se para algo muito semelhante em Nove Dragões: Bosch cruza o pacífico para iniciar uma caçada humana em Hong Kong, e cada movimento que ele faz fornece uma nova pista. 

Boa parte do livro se resume a busca pela filha do Bosch, o que significa doses altas de ação e suspense, porém, não há muito desenvolvimento da trama em si, o que me incomodou um pouco. De toda a forma, o final é realmente surpreendente e o autor fez jus ao título que atribui a ele no inicio da resenha. 

Destaque para o crescimento do protagonista, mais humano e vulnerável, guiado muito mais pelo instinto paterno do que pelo instinto policial. Como já referi em outras resenhas, Connelly sabe construir e dar vida ao protagonista como pouquíssimos escritores conseguem.

É o melhor livro de Connelly? Não. Definitivamente não. 
É um livro ruim? Longe disso.
Qual o meu problema então? Como já disse, o livro ficou muito mais ao redor do resgate de Madeline do que do caso em si. Por isso, creio que embora Connelly tenha usado todos os elementos para escrever um bom livro policial, Nove Dragões não será um livro memorável. 

Quanto ao saldo do livro? Bem escrito, eletrizante e trama concatenada perfeitamente. Se você gosta de uma perseguição repleta de ação, o livro foi escrito para você. Pode não ser o melhor de Michael Connelly, mas garanto que é melhor que boa parte dos livros do gênero. 

Título: Nove Dragões
Autor: Michael Connelly
N.º de páginas: 365
Editora: Suma de Letras

2 comentários:

Sabrina Mazzoni disse...

Adorei a capa e achei ótima a resenha.
Connely realmente é um grande autor, e seus livros são dignos de grandes elogios.
Só no Alémm da Contracapa que, eu conheço os melhores autores do gênero policial. \o/

Nardonio disse...

Esse é o grande problema quando um autor arrebenta em algumas obras, sempre esperamos que ele se supere a cada obra, e quando ele não consegue se superar, ficamos um pouco descontentes. Nunca assisti o "24 Horas", mas sei mais ou menos o enredo, pois minha prima é super fã e comentava muito sobre a série. A única coisa que posso falar é que como um bom amante de livros desse gênero, tenho que lê-lo.

Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom

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