“Os russos haviam cometido um erro. Bem pequeno, mas era tudo de que Ellis dispunha, e ele estava disposto a tirar o máximo de proveito. O erro fora algemar suas mãos na frente, e não nas costas.” (FOLLET, 2010, p. 401)
Histórias de espionagem tendem a misturar diversos elementos que deixam o leitor entusiasmado do início ao fim. Os principais deles são as intrigas, a ação, o mistério e o romance. “Na Toca do Leão” apresenta um pouco de tudo isso, mas a meu ver, poderia ter dosado melhor seus ingredientes.
Em Paris, Jane se apaixona por Ellis e vive com ele uma intensa história de amor. O que ela não sabe é que Ellis é um agente da CIA a procura de terroristas. O que ela também não sabe é que, terminada sua missão, ele pretende revelar tudo a ela e pedi-la em casamento. Antes que possa fazê-lo, Jane descobre a verdadeira profissão do namorado e o abandona, indo para o Afeganistão com Jean-Pierre, um médico bonitão, com quem acaba se casando. Mas existem mais coisas que Jane desconhece, entre elas o fato de que Jean-Pierre é um espião para os russos e sua ida ao Afeganistão é uma missão. Um ano e meio depois, conectando alguns acontecimentos curiosos, a mulher descobre a verdade sobre o marido. E é nessa época que Ellis surge no Afeganistão em uma importante missão que, para ele, é dupla: fazer um tratado com os líderes do lugar e reencontrar Jane.
Uma leitura prazerosa e rápida, “Na Toca do Leão” é narrado em terceira pessoa e apresenta três pontos de vista: o de Jane, o de Ellis, e o de Jean-Pierre. Essa é uma estratégia que me agrada, pois permite conhecer mais de cada um dos personagens principais, mas por se tratar de um livro de espionagem me causou certo estranhamento. Não é a primeira vez que leio um livro de Follet e vejo que o autor faz questão de mostrar o ponto de vista do vilão da história, o que seria ótimo caso o vilão fosse um Hannibal Lecter da vida, mas não no caso de Jean-Pierre. No caso dele, conhecer seus pensamentos e motivações só faz com que seja difícil vê-lo como vilão que é o que, a meu ver, diminui o impacto da história.
Mesmo tendo gostado do livro, duas coisas me incomodaram: a primeira delas foi Jane. Eu não consegui entender essa mulher. Em um momento ela ama profundamente o marido, logo depois, ama profundamente Ellis. Sente raiva de Ellis para em seguida pensar que o ama muito; se sente feliz com ele e teme perde-lo, para em instantes sentir raiva novamente. Sendo mulher, eu sei que nós temos uma capacidade incrível de nos irritarmos facilmente com os homens que amamos, mas Jane quase beira a bipolaridade. Nem irei mencionar como ela lida com Jean-Pierre.
A outra coisa que me incomodou foi a fuga de Ellis e Jane dos russos. O casal e seu guia andam e andam sem chegar a lugar algum – mais ou menos como o livro nessa parte da narrativa – o que é compreensível, mas não precisava ter sido descrito com tantos detalhes. Em compensação, a parte que poderia realmente ter sido emocionante – a captura dos dois – é rápida, o que me leva à questão do erro de dosagem.
Pelas coisas que chamei atenção nesta resenha, parece que não gostei do livro, o que não é verdade. É um bom livro, só não vai virar a sua cabeça. Como disse no início, é uma leitura prazerosa. A narrativa não é lenta, nem frenética, e a história apresentada é boa, mas faltou um equilibro entre alguns elementos. Sobrou romance, faltou ação.
Autor: Ken Follet
Nº de páginas: 416
Editora: Best Bolso
6 comentários:
Eu nunca li nada do autor e embora não tenha ficado AI MEU DEUS QUE LEGAL! Eu acho que ainda arriscarei comprar. Adoro a Vira-vira Saraiva com a Bestbolso. Uma das melhores parcerias já feitas com variedades e custo baixo.
liliescreve.blogspot.com
Mais uma resenha que tem o poder de me deixar curioso pra ler um livro. Rsrsrs
A história realmente me parece bem legal. A pena foi esse errinho de dosagem, mas mesmo assim, não deve tirar o brilho do livro. Vou tentar dar uma olhadinha nele.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Mari, eu gosto bastante da narrativa do Follet. Só li um único livro do autor até hoje, é verdade, mas não me arrependi... muito pelo contrário. Quero dar continuidade com enredos bons e extremamente instigantes. Uma pena que em sua percepção tenha faltado algo em Na Toca do Leão, mas se foi prazeroso lê-lo, então acho que valeu a pena. ;)
Adorei a resenha!
Um abraço!
http://universoliterario.blogspot.com.br/
Mari, eu amei a sua resenha, e cheguei a dar risada em algumas partes, sério. hahahaa
Um pouco mirabolante a história mas ainda assim interessante. Essa mulher tem imã para homens complicados e disfarçados heim.
Eu também gosto dos pontos de vista alternados, mas nesse caso realmente talvez não seja o ideal. Achei interessante o que você disse sobre a visão do leitor em relação ao vilão. Quando a gente conhece as fraquezas e a motivações realmente fica mais fácil criar uma empatia.
A Jane me pareceu complicada - nem com TPM conseguimos mudar tanto assim da água pro vinho - coitados desses homens.
Adorei a forma como você finalizou a resenha, tive a mesma impressão a partir do que você disse, a trama é boa, porém mal dosada.
Beijos!
Eu concordo com você sobre essa parte da Jane,uma hora odiar outra hora os dois,tbm não gostei muito disso. Fora isto eu gostei muito desse livro.Não é o melhor livro dele mas é muito legal.
Mari amei na toca do leao, só achei que nos últimos capítulos ele resumiu demais a trama! Pra mim o melhor livro de follet! Tô lendo noite sobre as aguas !
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