“E foi então que, subitamente, ficou tenso, todos os sentidos alertas. Ouvira passos no terraço lá fora. O silêncio voltou a reinar, mas um instante depois soou o barulho de algo raspando no vidro. O barulho logo cessou e a janela se abriu. Um homem entrou na sala.” (CHRISTIE, pag. 190, 2008)
Antes de começar essa resenha, me permitam contar uma historinha. Eu comecei a ler Agatha Christie quando tinha 12 anos. De lá para cá, 14 se passaram e foram muitos os livros da Dama do Crime que li (tantos que perdi a conta). Por sorte, ela deixou uma obra extensa e muitos ainda são inéditos para mim. Mas isso tudo é para contextualizar a seguinte informação: durante todo esse tempo, apenas três livros da Agatha não me agradaram. A quem interessar possa, foram eles: “A Maldição do Espelho”, “O Misterioso Sr. Quinn” e “Os Relógios”. Eis que depois de muito tempo eu preciso acrescentar um novo título a esta lista: “O Segredo de Chimneys”.
Tudo começa quando Anthony Cade recebe de um velho conhecido uma proposta: executar em seu lugar duas tarefas. A primeira delas é entregar a uma editora as memórias de um velho conde falecido. A segunda, localizar uma mulher chantageada e devolver-lhe cartas comprometedoras. Mesmo prometendo alguma emoção, a jornada reserva para Anthony muito mais surpresas e mistérios do que ele poderia imaginar e ele se vê em Chimneys, uma propriedade histórica da Inglaterra, cercado por um curioso grupo de pessoas, dentre as quais está o superintendente Battle, da Scotland Yard.
Quando eu disse que “O Segredo de Chimneys” não me agradou eu não quis dizer que o livro é ruim ou que Agatha perdeu o jeito. Oh não. Eu simplesmente acho que dessa vez ela quis dar um passo maior que a perna.
As características inconfundíveis da autora estão presentes no livro: a narrativa rápida, a abundancia de diálogos e os muitos personagens que podem – ou não – ser suspeitos. Temos ainda um antigo mistério (um episódio abafado pelas autoridades), um caso mal explicado de chantagem (onde as coisas não são o que parecem ser), uma organização criminosa, assassinatos, sequestros, troca de identidades e um lendário ladrão. E foi nisso que eu acho que Agatha pecou: a história de “O Segredo de Chimneys” abrange tantas coisas que acabou soando forçada a meu ver. São muitas pontas e muitas coincidências. Foi isso que me desagradou. A trama não despertou em mim aquela curiosidade e ansiedade típica dos livros de Agatha Christie, porque eram tantas coisas misturadas, acontecendo ao mesmo tempo, que eu simplesmente fui lendo e esperando para ver onde tudo ia dar. E também não gostei muito de onde deu. As surpresas que a Dama do Crime costuma fazer tão bem dessa vez deixaram a desejar.
Vale um destaque para o superintendente Battle, um personagem um pouco menos conhecido de Agatha Christie, mas que figura em cinco de seus livros, sendo “O Segredo de Chimneys” o primeiro deles. Battle é o tipo de homem que guarda seus pensamentos para si. É inteligente de um jeito mais “normal” que Hercule Poirot, por exemplo, e costuma ser indecifrável, pode-se até dizer enigmático, pois pouco deixa transparecer em suas expressões faciais.
Outra coisa que acho digna de comentário é a falta de uma revisão mais detalhada por parte da editora. São vários os erros que surgem no texto, desde trocas de gênero, “e” ao invés de “é”, e até palavras separadas. Uma pena quando essas coisas acontecem.
Mas ninguém é perfeito. Ainda assim, quando se trata de autores de livros policiais, Agatha Christie está bem próxima disso. Por essa razão, e por tantas maravilhosas experiências que ela já me proporcionou, não irei condená-la por esse pequeno deslize, até porque “O Segredo de Chimneys” não é ruim. Ele simplesmente não está à altura do que a Dama do Crime sabe fazer.
Título: O Segredo de Chimneys
Autora: Agatha Christie
Nº de Páginas: 307
Editora: Best Bolso
Antes de começar essa resenha, me permitam contar uma historinha. Eu comecei a ler Agatha Christie quando tinha 12 anos. De lá para cá, 14 se passaram e foram muitos os livros da Dama do Crime que li (tantos que perdi a conta). Por sorte, ela deixou uma obra extensa e muitos ainda são inéditos para mim. Mas isso tudo é para contextualizar a seguinte informação: durante todo esse tempo, apenas três livros da Agatha não me agradaram. A quem interessar possa, foram eles: “A Maldição do Espelho”, “O Misterioso Sr. Quinn” e “Os Relógios”. Eis que depois de muito tempo eu preciso acrescentar um novo título a esta lista: “O Segredo de Chimneys”.
Tudo começa quando Anthony Cade recebe de um velho conhecido uma proposta: executar em seu lugar duas tarefas. A primeira delas é entregar a uma editora as memórias de um velho conde falecido. A segunda, localizar uma mulher chantageada e devolver-lhe cartas comprometedoras. Mesmo prometendo alguma emoção, a jornada reserva para Anthony muito mais surpresas e mistérios do que ele poderia imaginar e ele se vê em Chimneys, uma propriedade histórica da Inglaterra, cercado por um curioso grupo de pessoas, dentre as quais está o superintendente Battle, da Scotland Yard.
Quando eu disse que “O Segredo de Chimneys” não me agradou eu não quis dizer que o livro é ruim ou que Agatha perdeu o jeito. Oh não. Eu simplesmente acho que dessa vez ela quis dar um passo maior que a perna.
As características inconfundíveis da autora estão presentes no livro: a narrativa rápida, a abundancia de diálogos e os muitos personagens que podem – ou não – ser suspeitos. Temos ainda um antigo mistério (um episódio abafado pelas autoridades), um caso mal explicado de chantagem (onde as coisas não são o que parecem ser), uma organização criminosa, assassinatos, sequestros, troca de identidades e um lendário ladrão. E foi nisso que eu acho que Agatha pecou: a história de “O Segredo de Chimneys” abrange tantas coisas que acabou soando forçada a meu ver. São muitas pontas e muitas coincidências. Foi isso que me desagradou. A trama não despertou em mim aquela curiosidade e ansiedade típica dos livros de Agatha Christie, porque eram tantas coisas misturadas, acontecendo ao mesmo tempo, que eu simplesmente fui lendo e esperando para ver onde tudo ia dar. E também não gostei muito de onde deu. As surpresas que a Dama do Crime costuma fazer tão bem dessa vez deixaram a desejar.
Vale um destaque para o superintendente Battle, um personagem um pouco menos conhecido de Agatha Christie, mas que figura em cinco de seus livros, sendo “O Segredo de Chimneys” o primeiro deles. Battle é o tipo de homem que guarda seus pensamentos para si. É inteligente de um jeito mais “normal” que Hercule Poirot, por exemplo, e costuma ser indecifrável, pode-se até dizer enigmático, pois pouco deixa transparecer em suas expressões faciais.
Outra coisa que acho digna de comentário é a falta de uma revisão mais detalhada por parte da editora. São vários os erros que surgem no texto, desde trocas de gênero, “e” ao invés de “é”, e até palavras separadas. Uma pena quando essas coisas acontecem.
Mas ninguém é perfeito. Ainda assim, quando se trata de autores de livros policiais, Agatha Christie está bem próxima disso. Por essa razão, e por tantas maravilhosas experiências que ela já me proporcionou, não irei condená-la por esse pequeno deslize, até porque “O Segredo de Chimneys” não é ruim. Ele simplesmente não está à altura do que a Dama do Crime sabe fazer.
Título: O Segredo de Chimneys
Autora: Agatha Christie
Nº de Páginas: 307
Editora: Best Bolso
13 comentários:
Nossa, me surpreendi com a resenha. Eu li O Segredo de Chimneys há muito muito tempo e tinha gostado dele na época, mas não me lembrava de muita coisa além do nome do personagem principal Anthony.
Ótima resenha!
Minha avó já era fã da Agatha Christie há muitos anos e eu sou uma curiosa, porém preguiçosa! Ainda não li nada dela, mas morro de vontade.
Agora, concordo que quando o autor exagera na quantidade de informação, acaba deixando a obra carregada e não tão brilhante quanto poderia.
De qualquer forma, pretendo ler alguns livros dela.
bjs
Tenho vontade de ler o máximo de livros da Agatha. O primeiro que li foi O Misterioso Caso de Styles e gostei muito, ;)
GFC: Gladys.
Oi Mari!
Que pena que o livro te desagradou!
Engraçado que vi, recentemente, alguém que leu o mesmo livro e não gostou, mas era o primeiro da Agatha que lia e achei que o estilo poderia não ter agradado.
Bom, com tantos livros dela para ler, colocarei os que te desagradaram pro final da fila e darei prioridade aos outros.
Essa sensação de não acreditar em algo no enredo por ele parecer fantasioso demais realmente interfere na leitura nos agradar.
Beijão!
Olá! Nunca li nada da Agatha, mas estou com uns livros aqui para devorar...quero muito ler. Aii esses erros deixam a leitura chata ás vezes.
Beijos!
Paloma Viricio- Jornalismo na Alma
Achei sua resenha bem interessante, porém o tema não me agrada. Só li poucos temas policiais e prefiro romances.
Serio nuca li nehum livro dessa autora, porem sempre que lio uma resenha dela nao vejo nada negativo a respeito dela, fiquei com vontade de ler o livro!
Apesar de ser um dos fãs incondicionais da Agatha, já imaginava que sua obra não tinha 100% de perfeição. É impossível que um acervo tão grande quanto o dela, não tivesse algumas tramas que não funcionassem. E eis que leio a primeira resenha apontando uma dessas tramas. Mesmo assim, quero tentar ler todo o acervo dela. Mesmo que leve décadas pra conseguir.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Tb comecei a ler Agatha cedo, como vc. E sempre me surpreendi com os desfechos e nunca encontrei o assassino, rsrs. Ela é magistral nesse gênero!
Agora, fiquei indignada com as falhas na revisão do livro, acho imperdoável!
Seguidora: Manu Hitz
Eu até acho os livros dela bem legais e adoro esse gênero de leitura, mas não leio livros dela. Não consigo pegar os livros dessa autora e ler. Uma professora minha me deixou com trauma dessa mulher, foi ela falar sobre a autora e eu nunca mais dei uma chance pros livros dela. Fico só com resenhas mesmo, ler não leio =/
cristiane dornelas
Nunca li nenhum livro da Agatha Christie e gostei bastante da historia desse!
Adorei a capa do livro.
Postar um comentário