segunda-feira, 29 de julho de 2013

RESENHA: Bel Canto

“Cada um deles — um por um — morreria. É óbvio que sempre souberam disso, mas agora a morte vinha e se sentava em seus peitos toda noite, fria e faminta, perscrutando seus olhos. O mundo era um lugar perigoso; as noções de segurança pessoal eram histórias para as crianças na hora de dormir. Bastava virar a esquina errada e tudo estaria terminado.” (PATCHETT, 2013, p. 146).

***

Se você me disser a palavra “terrorista”, no segundo seguinte estarei pensando em Jack Bauer, o protagonista da finada (e em breve ressurreta) série 24 Horas. Ao ler a sinopse de Bel Canto, minha expectativa era encontrar um romance com doses de ação e aventura. Embora meu palpite tenha passado longe, devo dizer que me surpreendi com a obra.

Em um país da América Latina é preparada uma festa de aniversário para o dono de uma grande empresa japonesa. Ele, porém, não tem intenção de comparecer a festa, até que lhe prometem trazer uma importante cantora de ópera, da qual é fã.  Durante a comemoração, um grupo terrorista invade a casa a fim de sequestrar o presidente do país anfitrião, porém, surpreendem-se ao descobrir que o mesmo faltou ao evento. Na ausência do presidente, os terroristas fazem os convidados de refém, e demandam que suas exigências sejam cumpridas sob pena de matarem os encarcerados.

Esclareço desde já que embora a premissa do livro seja o cárcere dos convidados em uma mansão, o real cerne da estória é o relacionamento entre os mais diferentes personagens. Pessoas de todas as partes do mundo são obrigadas a conviver em uma situação extrema e, paulatinamente, desenvolvem laços inusitados.

O que mais se destaca na obra é narrativa de Patchett. Sua sensibilidade para transmitir sentimentos e emoções em uma realidade tão severa é impressionante. Mesmo sendo uma narrativa fluída e gostosa de ler, sua essência constitui uma verdadeira obra de arte, que deve ser apreciada em sua profundidade.

O único ponto negativo do livro é o número exacerbado de personagens. Embora compreensível sua existência, fiquei com a impressão de que a autora insistiu em contar um pouco da estória de cada um deles, porém, sem ter como aprofundar-se devidamente.

Bel Canto é uma obra que se tornará universal, pois comprova que valores como amor, amizade, afeto e companheirismo transcendem fronteiras e não dependem de um idioma para serem expressados. Isso mesmo. Em meio a cacofonia de idiomas, vemos que um olhar, um toque ou uma canção podem ser a melhor forma para se comunicar.  

Título: Bel Canto (exemplar cedido pela Editora Intrínseca)
Autora: Ann Patchett
N.º de páginas: 288
Editora: Intrínseca

12 comentários:

Ana Paula Barreto disse...

Não conhecia o livro, mas achei a proposta fantástica. Não imagino o que eu faria numa situação destas!
O mais interessante é esta abordagem mais aprofundada no interior dos personagens (além do conflito aparente, claro). Gosto muito quando o autor aborda sentimentos e emoções.
obs: Realmente, quanto mais personagens, menos aprofundados eles são. Isto é um ponto negativo mesmo, mas aparentemente não tira o brilho da história.
bjs
GFC: Ana Paula Barreto

Unknown disse...

Não conhecia esse livro.
Gostei da premissa.
Muitos personagens confundem um pouco a leitura, mas às vezes se faz necessários tê-los.

GFC: Gladys.

Gabriela CZ disse...

Vi esse livro no sorteio de cortesia do Skoob, mas não ganhei. :/ Alê, o que você escreveu me deixou com uma enorme vontade de ler Bel Canto. Preciso dele!

Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

GFC: Gabriela Cerutti Zimmermann

Naty disse...

Não conhecia esse livro, mas gostei da premissa. Uma pena que a autora não conseguiu optou por contar a estória de tantos personagens, acho que se focar em alguns e desenvolve-los mais teria sido melhor mesmo.

Gabriella Alvim disse...

Não conhecia nada parecido com o livro e achei o enredo bastante interessante. Realmente se focar em somente alguns personagens seria melhor. Enfim, só lendo pra saber.
Procurarei por esse livro, que promete ser ótimo ;)

Nardonio disse...

Se tivesse visto apenas a capa, também não iria imaginar que a história era essa. Gosto de ler obras em que a narrativa se destaca positivamente. Às vezes a trama não é tão legal, mas a narrativa é tão interessante que o livro se torna muito legal. Nesse caso, acho que tudo se encaixa direitinho. Fiquei bem curioso.

Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom

Unknown disse...

Nunca tinha ouvido falar nesse livro, porem parece ser emocionante. Nao consigo me colocar no lugar da personagem. Fiquei curiosa com ele espero lelo em breve.

Alessandra disse...

Ta aí mais um livro que eu não conhecia, e fiquei bem feliz por ter sido apresentada a ele por aqui hehehe

A capa não chamou muito minha atenção, mas a resenha despertou minha curiosidade.
Vou procura-lo para colocar no Kobo :D

Seg: Lê

Unknown disse...

Esse livro não me interessou muito....
A resenha está otima, mas eu não me interessei muito....
GFC: Thaynara Ribeiro

Paloma Viricio disse...

Não conhecia esse livro, mas gostei de ler sua opinião. Querooo ler, parece ser um livro maravilhoso. Também odeio quando a autora (o) coloca vários personagens e não desenvolve bem a história deles.
Beijocas!
Paloma Viricio.

P.s.: Tem duas super promoções no blog...dá uma olhadinha e participa!

Pam disse...

Oiie
Assim que olhei a capa e o nome do livro, nao dei muito pelo livro nao.. sinceramente!
mas adorei sua resenha...
e o livro realmente despertou meu interesse!!
Parece ser um livro bom e envolvente!
Gostei bastante da resenha!

bjinhos

Ju disse...

Imagino que deve surgir todo tipo de laço inusitado mesmo... que situação mais louca, acho que nunca vi nada do tipo e fiquei bem interessada. Eu normalmente não me importo com um grande número de personagens, mas se der um efeito de raso além do limite do aceitável aí isso acaba se tornando um problema pra mim. Gosto de livros que propagam valores legais, e gostaria muito de ler esse.

GFC: Ju

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