“Sou um detetive, pensou. Talvez sempre tenha sido e, de um modo ou de outro, sempre seja. Esse é um fato da minha vida, independentemente do meu contracheque ou da minha posição na cadeia de comando. Tenho talentos que me tornam o que sou. O que importa é o exercício desses talentos, não a opinião (...) de qualquer outra pessoa.” (VERDON, pag. 139, 2013)
John Verdon me conquistou com “Eu sei o que você está pensando” e provou com “Feche bem os olhos” que sua estréia no mundo da literatura policial não fora sorte de principiante. Com seu terceiro livro, “Não Brinque com Fogo”, o autor entrou definitivamente para a lista de autores cujo nome é suficiente para me fazer ler seus livros, pois já sei de antemão que não erra nunca.
Dez anos após os ataques do serial killer que ficou conhecido como Bom Pastor, David Gurney recebe um pedido de uma jornalista que conheceu nos seus tempos de detetive para que auxilie sua filha, Kim, enquanto ela produz um documentário sobre os familiares das vítimas do criminoso que nunca chegou a ser capturado e cujo alvo eram pessoas ricas. O que deveria ser apenas uma consultoria de um dia acaba se revelando um enigma difícil de solucionar quando Gurney percebe que a teoria elaborada pelo FBI na época dos crimes era muito simplória e, talvez, exatamente aquela em que o próprio criminoso queria que eles acreditassem. Contando com poucas pessoas para lhe ajudar e sem medo de fazer alguns inimigos pelo caminho, Gurney tenta solucionar o mistério do Bom Pastor ao mesmo tempo que tenta proteger Kim de estranhas ameaças que tem a cercado e que parecem querer atingi-lo também.
Antes de mais nada, preciso reforçar o quanto John Verdon acertou na criação de seu protagonista. O fato de David Gurney ser extremamente racional, inteligente e incansável em sua busca pela resolução dos crimes faz com que os casos que investiga precisem ser igualmente inteligentes e intrigantes, cheios de peças soltas que ao final o detetive irá encaixar com perfeição para então ver a figura completa (para Gurney os casos são sempre como quebra-cabeças). Isso faz com que seja extremamente prazeroso acompanhar suas aventuras e tentar, junto com ele, elaborar teorias.
Utilizando de capítulos curtos e de uma narrativa dinâmica que jamais se atém a detalhes desnecessários o autor dá forma ao livro que, minha opinião, traz o caso mais difícil de solucionar dentre os que o detetive vivenciou até o momento e mostra que não tem medo de criar um assassino inteligente que comete pouquíssimos erros, pois quanto maior o desafio, mais seu protagonista brilha.
Outro mérito do autor é transitar com naturalidade por todos os aspectos da história, desde o relacionamento de Gurney com sua esposa Madeleine (a intimidade de um casal que está junto há décadas é palpável), ou com Jack Hardwick (o detetive que o ajuda nesta aventura), e até mesmo pelo processo lógico que o personagem adota na investigação (Gurney não usa de sorte e sim de inteligência e persistência). É muito fácil ver esses personagens como pessoas reais que são movidas por necessidades reais, e se isso já acontecia desde o primeiro livro da série, é muito bom ver que eles continuam a evoluir.
Além disso, “Não Brinque com Fogo” é o livro em que podemos ver mais do lado humano de Gurney, pois direciona seu foco também ao relacionamento com Kyle, o filho de quem nunca foi muito próximo, e dá pinceladas do relacionamento de Gurney com seu próprio pai. Também temos a oportunidade de ver um Gurney mais debilitado, de certa forma, e até atormentado por algumas incertezas. Isso me leva a outra coisa que merece destaque: o autor sabe a dose exata de contextualização que precisa dar aos personagens, usando elementos pontuais dos casos anteriores e como eles afetam o protagonista (afinal, pessoas reais são afetadas pelos eventos que vivem), mas sem com isso atrapalhar a experiência de quem não leu os livros anteriores.
“Não Brinque com Fogo” é um quebra-cabeça formado por muitas peças pequenas. Pode não ser impactante como “Feche bem os olhos”, nem dar tanta oportunidade ao leitor de desvendar o caso sozinho como “Eu sei o que você está pensando”, mas isso não o faz menos intrigante, envolvente ou inteligente. É um excelente livro policial que não decepcionará os mais exigentes amantes do gênero e que vem a fixar o nome de John Verdon entre o dos melhores autores policiais da atualidade e David Gurney como um dos melhores detetives que a literatura já viu.
Título: Não Brinque com Fogo (exemplar cedido pela Editora Arqueiro)
Autor: John Verdon
Nº de páginas: 398
Editora: Arqueiro
John Verdon me conquistou com “Eu sei o que você está pensando” e provou com “Feche bem os olhos” que sua estréia no mundo da literatura policial não fora sorte de principiante. Com seu terceiro livro, “Não Brinque com Fogo”, o autor entrou definitivamente para a lista de autores cujo nome é suficiente para me fazer ler seus livros, pois já sei de antemão que não erra nunca.
Dez anos após os ataques do serial killer que ficou conhecido como Bom Pastor, David Gurney recebe um pedido de uma jornalista que conheceu nos seus tempos de detetive para que auxilie sua filha, Kim, enquanto ela produz um documentário sobre os familiares das vítimas do criminoso que nunca chegou a ser capturado e cujo alvo eram pessoas ricas. O que deveria ser apenas uma consultoria de um dia acaba se revelando um enigma difícil de solucionar quando Gurney percebe que a teoria elaborada pelo FBI na época dos crimes era muito simplória e, talvez, exatamente aquela em que o próprio criminoso queria que eles acreditassem. Contando com poucas pessoas para lhe ajudar e sem medo de fazer alguns inimigos pelo caminho, Gurney tenta solucionar o mistério do Bom Pastor ao mesmo tempo que tenta proteger Kim de estranhas ameaças que tem a cercado e que parecem querer atingi-lo também.
Antes de mais nada, preciso reforçar o quanto John Verdon acertou na criação de seu protagonista. O fato de David Gurney ser extremamente racional, inteligente e incansável em sua busca pela resolução dos crimes faz com que os casos que investiga precisem ser igualmente inteligentes e intrigantes, cheios de peças soltas que ao final o detetive irá encaixar com perfeição para então ver a figura completa (para Gurney os casos são sempre como quebra-cabeças). Isso faz com que seja extremamente prazeroso acompanhar suas aventuras e tentar, junto com ele, elaborar teorias.
Utilizando de capítulos curtos e de uma narrativa dinâmica que jamais se atém a detalhes desnecessários o autor dá forma ao livro que, minha opinião, traz o caso mais difícil de solucionar dentre os que o detetive vivenciou até o momento e mostra que não tem medo de criar um assassino inteligente que comete pouquíssimos erros, pois quanto maior o desafio, mais seu protagonista brilha.
Outro mérito do autor é transitar com naturalidade por todos os aspectos da história, desde o relacionamento de Gurney com sua esposa Madeleine (a intimidade de um casal que está junto há décadas é palpável), ou com Jack Hardwick (o detetive que o ajuda nesta aventura), e até mesmo pelo processo lógico que o personagem adota na investigação (Gurney não usa de sorte e sim de inteligência e persistência). É muito fácil ver esses personagens como pessoas reais que são movidas por necessidades reais, e se isso já acontecia desde o primeiro livro da série, é muito bom ver que eles continuam a evoluir.
Além disso, “Não Brinque com Fogo” é o livro em que podemos ver mais do lado humano de Gurney, pois direciona seu foco também ao relacionamento com Kyle, o filho de quem nunca foi muito próximo, e dá pinceladas do relacionamento de Gurney com seu próprio pai. Também temos a oportunidade de ver um Gurney mais debilitado, de certa forma, e até atormentado por algumas incertezas. Isso me leva a outra coisa que merece destaque: o autor sabe a dose exata de contextualização que precisa dar aos personagens, usando elementos pontuais dos casos anteriores e como eles afetam o protagonista (afinal, pessoas reais são afetadas pelos eventos que vivem), mas sem com isso atrapalhar a experiência de quem não leu os livros anteriores.
“Não Brinque com Fogo” é um quebra-cabeça formado por muitas peças pequenas. Pode não ser impactante como “Feche bem os olhos”, nem dar tanta oportunidade ao leitor de desvendar o caso sozinho como “Eu sei o que você está pensando”, mas isso não o faz menos intrigante, envolvente ou inteligente. É um excelente livro policial que não decepcionará os mais exigentes amantes do gênero e que vem a fixar o nome de John Verdon entre o dos melhores autores policiais da atualidade e David Gurney como um dos melhores detetives que a literatura já viu.
Título: Não Brinque com Fogo (exemplar cedido pela Editora Arqueiro)
Autor: John Verdon
Nº de páginas: 398
Editora: Arqueiro
13 comentários:
Este é exatamente o tipo de livro que adoro! Tem investigação amarradinha, personagens humanizados e "realistas" e no meio de todo o caos, tem um pouco da vida pessoal do protagonista. Muito bacana mesmo!
Ainda não li nada do autor, mas pelo visto ele é bom.
bjs
GFC: Ana Paula Barreto
Já tinha me interessado com a sinopse, e adorei ver que é realmente empolgante. Vou procurar os outros livros do autor também. ^^
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
GFC: Gabriela Cerutti Zimmermann
Esse livro me chamou a atenção desde o início com o título e a capa. Eu sabia que tinha que ser um suspense. Fiquei um pouco surpresa ao descobrir que na verdade ele tb é um livro policial, mas fiquei feliz. Pela resenha deu pra perceber que não é um livro perfeito mas que é muito bom e vale a pena ser conferido!
GFC- Franciely
Amo livros assim, e tô muito interessada na série do John Verdon! Sou viciada na série Alex Cross do autor James Patterson, que segue a mesma linha... certamente a do John Verdon não deve me decepcionar! ^^
Faz algum tempo que estou pensando em ler algo de literatura policial, mas nenhum tinha chamado a minha atenção. Mas, depois da forma tão positiva que falou desse livro,fiquei tentada ^^
Esse é um autor que tenho vontade ler, gosto muito de livros dinâmicos, em que a historia se passa de uma forma que não é cansativa e que nos envolva completamente! Gostei de saber que Não brinque com fogo é assim, cheio de cenas de suspense! Sua empolgação a respeito do livro me contagiou e preciso dele pra ontem! Parabéns pela resenha! :)
Adriana
Você terminando a resenha com "um dos melhores detetives que a literatura já viu." é um motivo pra eu procurar ler o livro o mais rápido possível. Fora isso o enredo do livro parece ser ótimo, fiquei com muita vontade de ler.
Amei "Feche bem os olhos" e a forma que Verdon escreveu me cativou, com certeza irei ler Não Brinque com Fogo
Otima recomendação
Beijos
Thaynara
livroscombolinhos.blogspot.com
Ainda não li nada do John Verdon, mas acho que por pura falta de oportunidade mesmo, porque gosto muito desse enredo que ele cria. Capítulos curtos são bacanas porque acho que dão agilidade à história e ritmo também. Vou deixar anotada essa sugestão.
GFC: Vanilda Procopio
Comentarista: Vanilda
Realmente são poucos os autores que conseguem mandar super bem nos três primeiros livros lançados. Isso mostra que o John Verdon veio pra ficar. O que me agrada no autor é que ele tem a medida certa em tudo o que escreve, seja ela na descrição das cenas, seja ela nas personagens, nos casos, na tramas paralelas ao caso, e por aí vai. Junta-se a isso uma narrativa dinâmica e pronto, temos um ótimo livro.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Ainda não tive a oportunidade de ler um livro desse gênero, embora me interesse bastante. Pelo que já li sobre o autor, especialmente na sua resenha, acho que ele seria um ótimo ponto de partida..
GFC: Mandaa Nunes
Eu não leio muitos livros policiais, mas gosto muito de mistérios e casos.
Parece ser um livro bom! Vou tentar ler os outros antes para chegar a esse. Não quero ficar de fora, hahaha.
GFC: Rossana Batista
Como que eu gosto de aventura e ainda não li livro ?!
Quero muito conhecer o autor e os livros que ainda não li.
Espero me aventurar junto com a história!
Seguidora: Roberta Moraes
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