segunda-feira, 31 de agosto de 2015

RESENHA: Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently

“Por meio de uma engenhosa série de negações estratégicas das coisas mais empolgantes e exóticas, pôde criar o mito de que era paranormal, místico, telepata, predestinado, vidente e morcego vampiresco psicosássico.
O que significava ‘psicosássico’?
Era apenas uma palavra inventada por ele, que negava com veemência que ela tivesse algum sentido.” (ADAMS, p. 41, 2015)

Douglas Adams coleciona milhares de fãs e elogios, mas foi só quando li a sinopse de “Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently” que fiquei realmente com vontade de conferir um de seus livros.

Richard MacDuff pisou na bola mais uma vez com a namorada. Para se redimir, ele deixa um recado na secretária eletrônica, mas logo se arrepende das palavras e decide roubar a fita para que ela nunca escute a mensagem. Fazer isso é simples: basta escalar o prédio onde ela mora no meio da noite. Ao fazer isso, ele é avistado por Dirk Gently, um detetive peculiar que foi seu conhecido nos tempos de faculdade. Logo Richard e Dirk vão descobrir que o chefe de Richard foi assassinado, que ele é suspeito do crime e que solucionar o caso não será tão simples, porque será preciso encontrar sentido em muitas coisas sem sentido (entre elas um Monge Eletrônico – cuja função é acreditar em tudo – e sua égua que apareceu sozinha em um banheiro).

O grande mérito de “Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently“ é o texto carregado de humor. Muita ironia e comentários inusitados fizeram de alguns momentos dessa leitura uma das mais divertidas que tive em muito tempo.

É claro que nem só de um texto divertido se faz um livro e Adams apresenta uma galeria de bons personagens, a começar pelo detetive Dirk Gently (um cara que acredita que tudo está interligado, que observa a vizinhança com binóculos para saber se tem alguma coisa estranha acontecendo, que dá cheques e os cancela no mesmo dia para evitar que caiam nas mãos erradas – e pouco importa se o cheque é o salário da sua secretária – que se especializou em encontrar gatos desaparecidos e come uma pizza sempre que pode) e Richard (um cara normal, que tem uma namorada normal e um sofá misteriosamente emperrado no corredor). Mas quem realmente me conquistou foi Gordon Way, o chefe assassinado de Richard, ou melhor dizendo, o fantasma de Gordon Way. Sim, porque “Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently” é também uma história de fantasmas e não é todo livro que nos permite acompanhar um homem recém morto “vivendo” seus primeiros momentos pós-vida.

Mas “Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently” também tem aspectos falhos e o primeiro deles é o ritmo. Embora o texto seja temperado de humor, os acontecimentos se arrastam e a sensação é a de se ler páginas e páginas sem que nada de importante aconteça (uma prova disso é que o personagem que está no título do livro faz sua primeira aparição depois da página 80). Ainda assim, devo dizer que isso demorou a me incomodar de tão envolvida que eu estava com a narrativa. Me senti como em uma longa viagem de carro: muitas horas me separavam do meu destino, mas o percurso era bonito. Eu ainda não estava onde queria estar, mas estava apreciando a vista.

O que realmente me incomodou foi que, findada a leitura, não senti que vi a história acontecer. Foi como se o autor tivesse me enrolado o tempo todo para então, de repente, me dar as respostas e terminar o livro. Como se pulasse da introdução para a conclusão deixando um buraco no meio. Foi impossível não ficar com uma sensação desagradável de “então era isso?”. Mesmo tendo conseguido unir satisfatoriamente os elementos de uma história completamente sem pé nem cabeça (e não digo isso no sentido negativo, mas sim no de que se permite todas as liberdades da fantasia) o desfecho não me deu a sensação de conclusão, pois para mim nada antes dele foi explorado como poderia.

No geral, “Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently” não foi tudo o que eu esperava, mas serviu para me fazer sentir um gostinho do que é a obra de Douglas Adams e me deixou com vontade de conferir mais.

Título: Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently (exemplar cedido pela editora)
Autor: Douglas Adams
N° de páginas: 240
Editora: Arqueiro

22 comentários:

RUDYNALVA disse...

Mari!
Já li toda série do Mochileiro da Galáxia e o que mais gosto no autor é o humor cáustico que ele tem e me parece que aqui ele também soube dosar esse humor.
Acho que é mais um livro para entretenimento mesmo, onde podemos desopilar com as maluquices que o livro tem.
“A dúvida é o principio da sabedoria.”(Aristóteles)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Unknown disse...

Adorei sua resenha. Não conhecia o livro e parece muito divertido. hahaha

Beijos!
http://postandotrechos.blogspot.com.br/

Unknown disse...

To querendo muito ler esse livro. Curti muito o Guia e queria matar a saudade da escrita de Adams com algo novo. Talvez esse final brusco se dê ao livro ser pequeno também, não sei. Espero conseguir esse livro em breve!

Zona de Conspiração | Fanpage | Canal

Ana Clara Magalhães disse...

Oi Mari!

Douglas Adams é rei! Já li a série O Guia do Mochileiro das Galáxias e pode ter certeza que esse humor ácido e irônico está presente nesses livros também (que também possuem histórias sem pé nem cabeça, mas num sentido positivo). Morro de vontade de ler esse livro também e fiquei super curiosa para conferir o personagem Gordon Way, espero que ele me conquiste também!

Beijo!
http://www.roendolivros.com

Ana I. J. Mercury disse...

Nunca li nada do autor, mas amei as resenhas desse livro que li!
Achei bem diferente e divertido, com uma temática que não estou acostumada.
Assim que der lerei, até pra conhecer o autor também!
bjos

Patrini Viero disse...

Sempre ouço falar muito bem sobre a escrita do autor, mas confesso que ainda não tive a curiosidade necessário para procurar um dos livros e conhecer as histórias. Esse livro, porém, despertou aquela vontade há muito adormecida. Acredito que as pitadas de ironias, além de tornar a história mais dinâmica, proporcionam momentos de descontração ao leitor durante a leitura, e eu considero isso sempre um ponto positivo num livro. Além disso, os elementos fantásticos e surreais que o autor colocou no livro me deixaram bastante curiosa para ver como eles serão trabalhados.

Unknown disse...

Fiquei curioso com a leitura do livro para tirar a minha desconfiança em relação ao Douglas Adams após não gostar de O Mochileiro das Galáxias. O título me chamou bastante a atenção por envolver investigação. Creio que irei gostar.

Sil disse...

Tá valendo pro top comentarista ainda? Se não estiver não tem problema hehe.
Fiquei na duvida se quero ler o livro ou não. Gosto de quando puxa para o tom da comédia, mas não gosto quando fica paginas e paginas e nada acontece. Então não sei se leria.

Blog Prefácio

Gabriela CZ disse...

Quero muito ler esse livro, Mari. Desde que li a série O Guia do Mochileiro das Galáxias tenho vontade de ler outras obras de Douglas Adams e fiquei muito feliz quando soube que a Arqueiro finalmente iria traduzir essa série. E seus comentários me deixaram ainda mais curiosa, mesmo com o fato dos acontecimentos demorarem a se desenrolar. Ótima resenha.

Abraços!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

Unknown disse...

Oie
Eu nunca li nada do Adams mas acho essa história meio maluca,não sei se conseguiria ler sem ficar perdida mas eu tenho curiosidade sobre a escrita do autor.E que pena que o livro não fui tudo que tu esperava,pelo menos não te deixou totalmente desapontada a ponto de não ler mais livros dele.
bjos

Soraya Abuchaim disse...

Oi, Mari!
Não conheço nada do autor, e essa questão dele enrolar a história e terminar de forma estranha não me agrada. A premissa também não sei se faz meu estilo.
resumindo: não é um livro que eu leria rs

Beijos
Meu Meio Devaneio

Luis Carlos disse...

Eu nunca li nada do Douglas Adams, mas sei que ele é bastante reconhecido pela forma como ele descreve os livros. O que me chamou mais atenção nesse livro foi os personagens, por conta deles terem um ótimo humor!

Unknown disse...

Oi!
Tenho um amigo que é fã da serie do Douglas Adams O Guia do Mochileiro das Galáxias mais ainda não li nada dele, mas gostei bastante desse livro parece que por ele vou ter uma boa ideia da escrito do Adams e adorei saber desse humor e da ironia que o livro trás e achei a historia bem legal !!

R. Elza disse...

Olá!

Eu adoro O Guia do Mochileiro das Galáxias e esse livro está na minha lista de leitura (mais para pilha crescente de leitura) já faz um tempinho. Fiquei agradavelmente surpresa em ver que ele era a resenha mais recente. A propósito, adorei o seu blog! A última meia dúzia de resenhas são livros que ou já li ou pretendo ler - o que é um fato inédito, já que o meu gosto é meio... sei lá, mutante?

Os livros do Douglas Adams têm mesmo isso de enrolar com cenas bizarras (no bom sentido) e os acontecimentos relevantes acabarem demorando a aparecer. Fico feliz que o saldo tenha sido positivo. Vou conferir com certeza.

Abraços
http://grumpyreaders.blogspot.com/

Rebecca disse...

OI Mari!
Entendo perfeitamente o que você quis dizer com pular direto pro final, parece que não tem emoção alguma e depois você fica assim: Sério?
Eu não sabia que o livro também trazia uma pegada de humor, eu de fato não me interessei pela história, não é bem o tipo de livro que gosto.
Beijos!
umlugarparaleresonhar.blogspot.com

Daniele Costa disse...

Oii Mari!
Tenho procurado mais livros de mistérios e nem preciso dizer que essa resenha me chamou a atenção e não pelo mistério, mas pelas excentricidades Dirk Gently. Adoro personagens desse tipo (Jackaby que o diga) e, apesar de detestar leituras arrastadas e é bem capaz de parar no meio do livro, ainda fiquei interessada em ler Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently, ele me ganhou no momento em que você disse que cancela os cheques dos seus empregados por medo de cair em mão erradas. Tem coisa mais charmosa do que um personagem esquisito?
Estante de uma Fangirl

DESBRAVADORES DE LIVROS disse...

Olá, Mari.
Como adoro os livros do Adams, quero muito ler essa obra. Aliás, já estou com ela em casa.
A premissa é muito boa e acredito que seja um bom livro, apesar dos pontos negativos. Em relação ao ritmo mais lento, já tinha lido sobre em outro blog. Então, imagino que essa falha realmente exista. Quanto a segunda, não tinha visto ninguém reclamar ainda.
Lerei a obra, com certeza, mas a farei com menos expectativas. Assim não me decepciono.

Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de setembro. Serão dois vencedores.

Diane disse...

Oi ...
Infelizmente esse livro não me atraiu ...
Não curto muito livros desse genero ,mas vou indicar para um amigo meu que gosta de livros assim .

http://coisasdediane.blogspot.com.br/

Anônimo disse...

Oi, Mari!

Tive a mesma sensação que você, o que me prendeu foram as sacadas cômicas e a confusão de elementos - que tinham coerência na história louca que ele criou. Porém, a narrativa ficou muito arrastada e maçante, sem contar o desfecho corrido.
Gostei da experiência, mas confesso que não tenho pressa em ler outro livro do autor.

Beijocas.
http://artesaliteraria.blogspot.com.br

LP disse...

Parece ser um livro bem engraçado, do tipo divertido para matar o tempo numa tarde em que nada acontece, mas o final me pareceu episódios que eu já sofri em outras mídias, onde alguns fatos são criados e desenvolvidos e acabam por tomar mais espaço do que deveriam na historia, então a trama termina por se resolver muito rápido. Como eu tenho trauma disso eu tento evitar essas leituras, mas sua resenha foi muito boa
quatroselos.blogspot.com

Caverna Literária disse...

Pela capa (tirando logicamente o nome do autor) eu não daria muito pelo livro, mas só pelo começo da resenha já adorei e vi que seria uma leitura divertida. Pena que acaba se arrastando, isso desanima muito na hora de ler mesmo :(

xx Carol
http://caverna-literaria.blogspot.com.br/
Tem resenha nova no blog de "Máscara", vem conferir!

Mariele Antonello disse...

Ainda não li nada deste autor, sua resenha está muito boa.
Não conhecia esse livro, mas não fiquei muito empolgada com a história, então no momento eu não pretendo ler, quem sabe futuramente eu resolva ler.

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