domingo, 23 de agosto de 2015

RESENHA: Quase Uma Rockstar

“— O que é que você sabe da vida, menina? — pergunta Joan das Antigas. — ‘A vida sempre fica mais difícil perto do auge. O frio aumenta, assim como as responsabilidades.’ Isso também é Nietzsche. Você ainda nem começou a sentir dor, minha jovem, mas vai sentir. Vai sentir dor. A vida é um inferno, e a sua acabou de começar.” (QUICK, 2015, p. 91). 

***

Após ter lido Perdão, Leonard Peacock, sabia que precisava conferir as demais obras de Matthew Quick e quando Quase Uma Rockstar foi lançado, acrescentei-o imediatamente na lista de desejados sem sequer ler a sinopse, tamanha era minha confiança na habilidade do autor. 

Amber e sua mãe ficam desabrigadas quando o namorado desta as expulsa de casa, razão pela qual elas acabam morando em um ônibus. Apesar das situações adversas, Amber não perde a esperança e faz de tudo para ajudar seus amigos, os idosos da Casa de Repouso Metodista, um soldado veterano da Guerra do Vietnã, as mulheres coreanas da igreja que frequenta. Porém, quando uma tragédia acontece em sua vida, a esperança de Amber será posta à prova. 

O meu problema com Quase Uma Rockstar foi sua protagonista, que não me convenceu, nem me cativou. Amber Appleton, a princesa da esperança, é uma adolescente otimista, que apesar das circunstâncias difíceis da vida sempre tenta fazer e ser o melhor que pode. O problema é que esse otimismo exacerbado me pareceu muito mais uma forma de fuga e de negação da realidade do que um otimismo genuíno. 

Além disso, Amber é absolutamente sem sal e não convence no papel de adolescente. O autor não soube encarnar na personagem e retratar os verdadeiros anseios de alguém com aquela idade, o que se torna particularmente complicado quando o livro é narrado em primeira pessoa. A meu ver, a voz de Amber, seus pensamentos e atitudes eram juvenis demais para alguém com dezessete anos. 

Felizmente, a qualidade do livro aumenta no momento em que a vida de Amber é virada do avesso e conhecemos seu lado dark. Foi apenas então que senti que a protagonista poderia ser uma pessoa de verdade, enfrentando dramas reais e agindo de forma condizente com os eventos que aconteceram. 

Dos personagens coadjuvantes, ganha destaque Joan das Antigas, uma senhora de idade que mora no asilo que Amber visita e é seu completo oposto: amarga, triste e desesperançosa. A antítese da protagonista conseguiu me transmitir muitos mais veracidade e verossimilhança, sendo que foram as suas ideias e pensamentos ao longo do livro que me fizeram refletir. 

Um aspecto que pode desagradar alguns leitores é o fator religião inserido na trama. A protagonista é católica e constantemente faz menções a Jesus Cristo, a fé e a outros elementos relacionados a religião. Embora a fé de Amber tenha sido importante para a sua evolução ao longo da estória, creio que aqueles que professam outra religião ou são ateus podem não concordar com todos os pontos de vista expressados pelo autor. 

Estaria mentindo se não reconhecesse que esperava mais do livro. Mas, ainda assim, Quase Uma Rockstar é um livro emocionante e que nos faz refletir sobre esperança, sofrimento e o significado da vida. 

Título: Quase Uma Rockstar (exemplar cedido pela editora)
Autor: Matthew Quick
N.º de páginas: 254
Editora: Intrínseca

23 comentários:

Unknown disse...

Queria muito ler este livro quando li a sinopse, mas bastante gente me disse que não curtiu muito e acabei desanimando, mas quero muito ler "Perdão, Leonard Leacock"!
Beijinhos,
Alice
www.wonderbooksdaalice.com

Ana Clara Magalhães disse...

Oi Alê!

O único livro que li do Matthew Quick foi O Lado Bom da Vida e confesso que não tive uma experiência tão boa. Preferi 100000x o filme ao livro e são raras as vezes em que isso acontece comigo. Se tem uma coisa que eu costumo detestar em qualquer tipo de livro é quando o pensamento do personagem não condiz com a idade dele. Uma coisa é a pessoa ser madura para a idade, outra coisa é inserir uma personalidade que não tem nada a ver com a idade. Isso me fez ficar muito desanimada com esse livro...

Beijo!
http://www.roendolivros.com/

Gabriela CZ disse...

Estou em falta com Matthew Quick, Alê. Li O Lado Bom da Vida e tive a mesma sensação a respeito do autor que você com Perdão, Leonard Peacock, que já adquiri mas ainda não li. O que você disse da Amber lembrou muito o Pat de O Lado Bom da Vida, embora tenha a impressão de que este tenha motivos mais críveis para agir de tal forma. Mas parece que a leitura compensa numa visão geral. Ótima resenha.

Abraços!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

Rebecca disse...

Oi Alê,
Confesso que fiquei um pouquinho desanimada para ler agora! Eu odeio personagens (ainda mais os principais) que não tem muito efeitos sobre nós e que parece que são meio falsos ou exagerados de mais.
Eu tinha este livro na minha listinha (somente pela capa, que é linda *_*). Nunca fui muito fã do autor, das obras dele eu só li O lado bom da vida mas nem gostei muito.
É realmente muiito ruim quando um livro não é tudo aquilo que esperávamos né?
Beijos!!
umlugarparaleresonhar.blogspot.com

Diane disse...

Olá ...
Sou muito fã de Matthew Quick !Já li "O lado bom da vida" e "Perdão , Leonard Peacock" , ambos me conquistaram de cara ! Simplesmente amei :)
Ainda não li o livro resenhado , mas pretendo ler o mais rápido possível , ainda mais que o autor está de lançamento novo :)
Beijos

http://coisasdediane.blogspot.com.br/

Anônimo disse...

Desde que o livro foi lançado eu senti vontade de ler. A capa e o título me chamaram a atenção por parecer ser uma história infanto juvenil. E eu estava errada?
Realmente, o trabalho do autor é bem complicado, pois ele precisa não só VIVER aquele personagem, mas SER. Pelo menos nos momentos em que o livro está sendo escrito.
Contudo, ainda assim quero ler "Quase uma Rockstar" e enxergar tudo o que foi dito pela minha leitura.

Bjs

RUDYNALVA disse...

Alê!
Não me importo com a religiosidade em um livro, desde que não seja para 'fazer a cabeça' do leitor, mas entendo que muitos podem não gostar, por não fazer parte daquela determinada religião.
Quanto a uma protagonista insossa em um livro que basicamente protagoniza o rock, é de incomodar mesmo, ainda bem que ela muda depois...
Desejo uma ótima semana, cheia de luz e paz!
“A alegria evita mil males e prolonga a vida.”(William Shakespeare)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Ju disse...

Oi Alê, eu não tive esse problema com a protagonista. Também acho que é praticamente impossível alguém tão otimista assim, mas conheço pessoas tão alienadas do mundo que as rodeia que imaginei - por que não? - se não poderiam ser como Amber. Mergulhei no mundo meio fantasioso dela e curti a leitura. Também não me incomodei com as referências religiosas, achei importante para caracterizar a personagem.

Beijos

Luis Carlos disse...

Ainda não li nenhum livro do Matthew Quick, mas já vi vários comentários positivos sobre ele. O que eu gostei nesse livro foi o fato dele fazer com que o leitor reflita sobre determinados temas. Porém, fiquei com um pé atrás sobre a personagem. Isso não quer dizer que eu não vou ler o livro!

Soraya Abuchaim disse...

Oi, Alê!! Não sou muito de YA, e do Quick conheço só o filme... Não sei se eu leria esse livro não.. Até porque temos gostos parecidos e você disse que esperava mais rsrsrs

Beijos

Meu Meio Devaneio

Estante Diagonal disse...

Oiii, não vou mentir eu adoro livros que apresentam esta reviravolta com os personagens, então acho que aproveitaria muito a leitura. Seria uma boa oportunidade de ter o livro que é lindo e de conhecer a escrita do autora, já que não li Perdão...!

Beijos,
Joi Cardoso
Estante Diagonal

Penny disse...

Oi, Alê.
Nunca li nenhum livro desse autor, mas já sei por qual não começar. Também me incomodo muito quando o comportamento do personagem não condiz com sua idade - mas há muitos autores que cometem esse erro com personagens adolescentes.
Quanto à religião, isso definitivamente não me incomoda em personagens - na verdade me agrada, porque adoro visões diversas sobre crenças e fés, mesmo que não sejam a minha.
Beijos!
www.blogsemserifa.com

Mariele Antonello disse...

Esse livro tem na biblioteca da escola que eu estudava e já estou a algum tempo pensando em pegá-lo e depois de saber que o autor é muito bom, fiquei mais interessada ainda.
Adorei sua resenha e pretendo ler.

Sil disse...

Oi, Alê.
Eu amei O lado bom da vida e quero ler outros livros do autor. Que pena que nesse ele não foi tão brilhante. O protagonista é o que segura a história e quando não conseguimos gostar deles, fica difícil. E também não gosto de livros com forte apelo religioso. Então não sei se leria esse livro. Pelo menos não no momento.

Blog Prefácio

Ana I. J. Mercury disse...

Sinceramente não me conquistou!
Li O lado bom da vida e detestei aquele final, achei muito triste para o personagem que sofreu tanto, ter que passar por tudo aquele e não ter um final bem legal.
O do Leonard ainda estou na dúvida de ler, agora esse Quase uma rockstar não me ganhou em nada. Achei chatinho, pelo que li nas resenhas.
bjos

Anônimo disse...

Oi, Alê!

Ainda não li os livros do Matthew, mas tenho um pouco de curiosidade.
Todas as resenhas dizem o mesmo sobre este livro: que a protagonista não convence. Isso atrapalha bastante a leitura, mas fico contente em saber que, apesar disso, o livro é bom e vale a pena ser lido por suas reflexões.
Ótima resenha!

Beijocas.
http://artesaliteraria.blogspot.com.br

Cemei disse...

Ai Alê, vc esceve tão bem, por favor pare de escrever a palavra estória :(
Estória não existe.
Sou muito chato mesmo (sei que está pensando isso)

Patrini Viero disse...

Tenho muita curiosidade em conhecer a escrita do autor, visto que sempre leio muitos comentários positivos sobre ela. Confesso que, a princípio, esse título não me chamou tanta atenção, e acho que a protagonista acabaria me irritando em vários momentos. Mesmo assim, pelos assuntos que o livro aborda, e as mensagens que estão em suas entrelinhas, acredito que a leitura valha a pena!

Mandy disse...

Sempre adorei a capa desse livro mas não tinha ideia do que se tratava, achei bem legal mas odeio quando a protagonista tem uns pensamentos que não tem nada a ver com a idade/mentalidade, também não gosto de personagens muito otimistas HSAUHSU Mas fiquei curiosa para ler,
Beijoos,
Sétima Onda Literária

Unknown disse...

Olá, Alê. Não conhecia nenhuma obra deste autor, porém fiquei bem curioso com sua capa, que por sinal é lindíssima. Lendo a resenha, percebi que há tanto pontos positivos quanto os pontos negativos. Mas, minha conclusão final foi que lerei o livro devido à seu caráter reflexivo.

Unknown disse...

Oi!
O livro parece bom e com uma ótima historia, mas não me interessei, não gosto muito quando temos historias onde os personagens sofrem demais e acaba que não me interessa mas pra quem gosta parece uma ótima historia !!!

Unknown disse...

oi
Acho linda a capa desse livro mas até agora não consegui tirar ele da estante,acho que por ser um tema que não costumo ler muito.E personagens que não nos envolvem são terríveis,espero que não aconteça o mesmo comigo.E eu gostei de alguns conceitos religiosos serem inseridos no livro.

Anônimo disse...

Eu acho bem chato quando encontro uma personagem que não age conforme a idade. Não me convence e, para mim, pode até estragar a leitura. No entanto você disse que a qualidade aumenta conforme a história avança, então ainda estou aqui com a minha curiosidade despertada. O livro não está no topo da minha lista, mas definitivamente figura nela. =D

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