Há muito tempo eu não me aventurava em uma boa fantasia. Quando li “Um tom mais escuro de magia” acreditei ter em mãos uma saga promissora, com bons personagens e um mundo cheio de conflitos interessantes. Cabia a “Um encontro de sombras” desenvolver o que havia sido apresentado no primeiro livro.
Há quatro meses, Kell escolheu unir sua vida a do seu irmão, Rhy, a fim de salvá-lo, mas desde lá o clima não está muito bom entre a família real na Londres Vermelha. Na mesma noite, Delilah Bard se afastou do Antari para continuar suas aventuras e descobrir a sua relação com a magia. Agora, com a aproximação de um torneio de magia - Os Jogos Elementais – os perigos podem se intensificar e os caminhos se cruzar novamente. Enquanto isso, na Londres Branca, um novo rei surge disposto a tudo para reconstruir o reino.
Quando terminei “Um tom mais escuro de magia”, eu não tinha a menor ideia do que esperar do segundo livro, principalmente porque os três grandes vilões estavam mortos. Isso só aumentou as minhas expectativas. Afinal, se o autor tem coragem de matar grandes personagens no início é porque ele sabe que sua história sobrevive sem eles e que há muito mais para ser explorado. O mundo criado por V.E Schwab sem dúvida é promissor a esse ponto. As quatro Londres e suas relações com a magia, o relacionamento dos irmãos Kell e Rhy, a misteriosa (e cheia de atitude) Lila e seus poderes adormecidos eram ingredientes que a autora poderia manipular como o melhor dos Antari e construir uma grande saga. Mas infelizmente, seu segundo livro se mostrou preguiçoso.
Durante as primeiras trezentas páginas (que correspondem a mais da metade do livro), a autora move as peças a fim de dar início aos Jogos, criando expectativa para a importância destes. Isso não só começa a se tornar cansativo a partir de certo ponto, como se mostra uma total decepção quando vemos que os jogos nada mais são do que algumas batalhas que não têm consequência nenhuma para a história. O único aspecto relevante dos jogos é mostrar a evolução da relação de Lila com a magia (que de fato é algo importante e o mais interessante desde segundo livro), mas isso é algo que poderia ser feito de inúmeras outras formas, enquanto o torneio pareceu uma solução preguiçosa em uma história que, sem ter praticamente trama, tenta usar de cenas de batalhas para empolgar seu leitor.
“Todos estamos aqui por uma razão, Bard. Apenas acontece que algumas razões são maiores do que outras. Então acho que eu não tenho medo de quem você é ou mesmo do que você é. Estou com medo da razão por que você está aqui.” (SCHWAB, 2017, p. 237)
Aliás, essa demora em engrenar a trama foi algo que também comentei sobre o primeiro livro, mas lá era totalmente justificado, já que a autora precisava de tempo para apresentar esse mundo para o leitor, algo que não se aplica ao segundo livro.
E o que aconteceu com o mistério que cerca Lila? Sim, neste livro ela começa a explorar a magia, mas não é o fato de a personagem ter poderes que é interessante e sim o seu histórico e as consequências de ela desenvolver esse poder em um mundo que respira magia (sendo que outros mundos foram consumidos por ela).
Quanto a Kell, o Antari também me decepcionou. Sim, ele continua uma alma atormentada, mas neste livro seus conflitos deixaram de ser seus e passaram a estar ligados apenas a Rhy. Tanto o personagem foi engolido que inclusive a sua função como Antari e mesmo as suas atividades ilícitas foram totalmente eliminadas para dar lugar ao torneio.
Mas o que mais me incomodou é que tudo que acontece em “Um encontro de sombras” poderia acontecer em qualquer mundo (afinal, a trama desde livro se resume a uma série de batalhas e um vilão se aliando a alguém para destruir o mocinho), enquanto o que é específico das quatro Londres criadas por Schwab é desperdiçado pela autora. O renascimento da Londres Branca é, sem dúvida, um aspecto interessante que não ganha espaço nenhum a não ser pelas últimas 30 páginas para as quais a autora reserva um cliffhanger previsível.
“Um encontro de sombras” usa dos personagens que nos conquistaram no livro anterior, mas sem saber o que fazer com eles, entregando uma história quase vazia que se estende por muito mais páginas do que o necessário. A típica Maldição do Segundo Livro.
Autora: V.E Schwab
N° de páginas: 558Editora: Record
Exemplar cedido pela editora
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17 comentários:
Oi Mari, tudo bem?
Que pena que o livro tenha desapontado. Eu tinha expectativas que ele fosse melhor do que o primeiro, que todo mundo parece amar mas só eu que me decepcionei. Sei lá, acho que ela podia ter usado muito mais a ideia das 4 Londres e desses universos paralelos, mas do jeito que ela fez pareciam mais reinos vizinhos do que a mesma cidade... Juro que queria sentir o appeal que todo mundo tem por essa série, porque pra mim ela é bem meh.
p.s.: já estou seguindo o blog, se quiser passar no meu e seguir tbm eu agradeço
Att,
Eduarda Henker
Queria Estar Lendo
Mari!
Essa é a primeira resenha que leio dessa continuação e bem como falou, como não li o anterior, fiquei um tanto confusa, mas deu para entender que toda a ambientação em Londres ou as várias Londres, é um ponto importante do livro e que o casal protagonista, agora separado, tenta tocar sua vida para frente como pode...
“Celebrar o Natal é crer na força do amor, é isto que transforma o homem e o mundo. Feliz Natal!” (Desconhecido)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA dezembro 3 livros + 2 Kits papelaria, 4 ganhadores, participem!
Oi Mari! Uma pena você não ter gostado tanto do segundo volume, eu gostei muito do primeiro, fiquei encantada com o universo que a autora criou! Mas ao ler este vou alinhar melhor minhas expectativas.
Bjs, Mi
O que tem na nossa estante
Olá, Mari!
À medida que fui lendo a resenha pensei: "esse caiu na maldição", e achei engraçado ler seu comentário no final (rs.).
Eu li o primeiro livro e estou esperando para ler esse segundo, embora a vontade não seja mesma, né.
Esse mesmo problema de enrolar demais para só depois acontecer acontece muito nas séries. Assim aconteceu comigo e o terceiro livro de "A Rainha Vermelha", por isso tenho esse pé atrás. Não sei se quero continuar lendo.
Bj
Diego, Blog Vida & Letras
www.blogvidaeletras.blogspot.com
Gostei da resenha Mari. Uma pena que a história tenha caído na maldição do segundo livro. Beijo!
www.newsnessa.com
Sempre vejo muitos elogios a respeito deste livro, tanto quanto do primeiro. O que mais me incentivou a querer ler esta obra, e a construção da trama, que me pareceu ter um desenvolvimento que prende o leitor no decorrer da obra. Até pelo fato de que nesta continuação vemos que no começo a trama não demora a se desenvolver, muito pelo contrário, já nas primeiras páginas somos fisgados.
É uma pena né? Acho que este é um daqueles casos que o autor podia parar a história no primeiro livro kk
Eu não gosto muito deste tipo de livro, e você falando que ele é lento e etc, certeza que não vou ler.
Eu não sou muito de ler fantasia, mas por questão de prioridade do que de gosto, e com esses pontos negativos que ressaltou posso dizer que é uma leitura que não me agradaria.
E é uma pena quem em 500 páginas e a história não foi bem desenvolvida a ponto de conquistar.
Beijos
Olá, Mari.
Que pena que esse segundo livro sofreu a temível maldição que assolam algumas séries. E eu vi tanto elogios ao primeiro livro que fiquei doida para ler. Que pena que a autora não soube aproveitar a ótima história que tinha em mãos. mas ainda assim eu tenho vontade de conferir a história.
Prefácio
Já tentei começar a ler esse livro mas sempre acaba adianta leitura vai ser a minha próxima leitura de 2018
Olá!
Vejo comentários muito bons a respeito do primeiro livro e fiquei bem interessada para lê-lo, mas confesso que agora dei uma desanimada por causa do segundo volume. É uma pena quando a série cai nessa maldição (adorei, hehehe), ainda mais quando tem uma trama bem interessante :/ Bem, vamos ver se dou uma chance ainda.
Amei a sinceridade.
Beijos!
our-constellations.blogspot.com.br
Olá,
Poxa que pena que a sequencia não foi tão boa quanto você esperava. A história sempre me chamou atenção, mas não gosto de leituras cansativas, então fico com um pé atrás para ler.
Bjs
http://diarioelivros.blogspot.com.br/
Não conhecia a série, mas que pena que este te desiludiu, normalmente os segundos volumes de uma série são sempre mais fracos, mas serem vazios de conteúdo é muito mau.
MRS. MARGOT
Li recentemente um livro desta autora e adorei.
Porém, de todos os livros dela o que mais me chama a atenção é esta serie, só que não tive oportunidade de comprar ainda.
Oi, Mari!!
Que pena que esse livro não atendeu as expectativas!! E caiu na Maldição do Segundo Livro!! A estória parece bem legal mas talvez não fosse necessária uma continuação.
Bjoss
Não pareceu ser bom mesmo, parece que a autora se perdeu um pouco.
Mas tenho muita vontade de ler o primeiro.
O duro que quando o segundo cai, a gente desanima né?
Vou tentar o primeiro, daí só se eu terminar, vou pensar se continuo a série.
bjss
Tinha ficado tão empolgada com sua resenha do primeiro livro que fiquei até chocada agora, Mari. É triste quando a sequência não empolga... Tomara que o próximo compense. Ótima resenha.
Beijos!
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