Quando preciso de uma leitura rápida e interessante, o Comissário Maigret costuma ser um dos meus melhores amigos porque sempre que recorro a ele para uma breve aventura, ele nunca me decepciona.
A primavera começa a dar seus primeiros indícios e Maigret gosta da mudança sutil que ela traz para as ruas de Paris. Porém, na sede da Polícia Judiciária, o Comissário recebe uma estranha correspondência anônima que anuncia que um crime provavelmente acontecerá nos próximos dias. O autor da carta não avisa quem seria a vítima ou mesmo o assassino, tampouco onde, como e porque se dará o crime, mas Maigret sente que ele não está de brincadeira e isso lhe é suficiente para iniciar uma investigação.
Quando se trata de Simenon é preciso saber que “quem matou?” nunca é tão importante quanto os porquês. Em resumo, o crime em si nunca é tão importante quanto os personagens e seus dramas. O crime não é algo elaborado por uma mente perversa e sim uma consequência da vida.
“O senhor sabe melhor do que eu que a realidade nem sempre é verossímil. Um assassinato será cometido em breve, provavelmente dentro de alguns dias. Talvez por alguém que conheço, talvez por mim mesmo. Não lhe escrevo para impedir que o drama aconteça. Ele é, de certo modo, inevitável. Mas quero, quando isso acontecer, que o senhor saiba.” (SIMENON, 2012, p.13)
Em “Maigret hesita” isso não é diferente. Um caso que ainda não aconteceu, e que nem se sabe ao certo qual será, coloca o Comissário dentro da vida de uma família que, mesmo morando todos na mesma casa, parecem viver vidas completamente isoladas. O homem de aparência frágil, mas que lida com negócios sérios, a secretária que fala sem pudores sobre ter um caso com seu chefe, a esposa que parece pouco se importar com as atividades ou qualquer coisa que diga respeito ao marido, a filha que abomina o estilo fácil de vida da família, o filho adolescente que idolatra o pai e uma série de outros empregados transitam pelos corredores sem conhecer a fundo uns aos outros.
O livro gira em torno de desvendar esses personagens e suas relações, tentando antecipar quem estaria com a vida em risco. A questão é que, da maneira como a família se revela, pode ser qualquer um.
A prova de que o crime está em segundo plano é que é apenas nas últimas páginas que ele acontece e, a partir do momento em que sabemos quem é a vítima, é muito fácil deduzir o criminoso e suas motivações.
Uma leitura para ser feita em poucas horas, sem a ânsia de encontrar respostas, mas com a certeza de se estar diante uma trama coesa e com bons dramas. “Maigret hesita” é Maigret sendo Maigret.
Autor: Georges Simenon
12 comentários:
Mari!
Sou bem fã do Maigret de Simenoc, justamente porque os livros abordam mais as questões psicológicas das personagens, suas motivações para cometerem o crime e como sempre quase todos as têm, é difícil desvendar, só no final, quando já estamos prestes a terminar, é que tudo se desvenda.
Semaninha de luz e paz!!
“Quando choramos abraçados e caminhamos lado a lado. Por favor amor me acredite, não há palavras para explicar o que eu sinto...” (Renato Russo)
cheirinhos
Rudy
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Oi, Mari.
Para a Maigret, acaba sendo uma corrida contra tempo, interceptar o assassino e acabar com seu plano.
Oi Mari,
Eu gosto desse estilo de livro investigativo e que seja de rápida leitura.
Nunca li histórias do Maigret, apesar de sempre ter visto livros pela casa quando a minha mãe lia.
Obrigada pela indicação.
Beijos
http://espiraldelivros.blogspot.com/
Oi, Mari!
Eu gosto muito de Maigret! Faz tempo que não leio um livro de Simenon. ou colocar na lista. hahaha
Amei a resenha! :)
Beijo
Canastra Literária
Preciso conhecer Maigret, Mari. Suas resenhas sempre me deixam curiosa. Ótima resenha.
Beijos!
Oi Mari, como não conheço o livro, de cara achei que fosse uma obra mais densa, sua resenha me surpreendeu. Gostei da indicação de algo mais leve e rápido!
Bjs, Mi
O que tem na nossa estante
Oi, Mari!
Ainda não conhecia o livro, mas achei bem legal o fato de que o tema principal não é o crime em si e seus motivos, e sim os personagens, uma tática diferente que pelo visto deu super certo.
xx Carol
http://caverna-literaria.blogspot.com.br
Li em algum lugar que a história tem uma ar diferente, invertendo a clássica estrutura das histórias policiais. Ao final, uma boa leitura para os amantes dos livros de detetives. Mas ainda não conheço a fundo e fiquei bem curiosa
Oi Mari!
Não li nada sobre o Maigret mas gostei bastante da sinopse deste livro, e como sou apaixonada por livros policiais pretendo ler com certeza. Gostei também do livro ser curtinho, e pode ser facilmente lido em um dia. Vou procurar pra ver mais livros do autor e experimentar um pouco da leitura.
Bjs
Oi!
Gostei muito do post, ainda não li nada da Simenon e não conhecia a autora, mas ela foi apresentada para mim de uma ótima forma, gostei muito de como o livro não foca no assassino, mas sim no assassinato, gostei muito de temos uma trama coesa e com bons dramas e assim que tiver oportunidade irei ler esse livro !!
Não conhecia o livro ainda, e achei curioso, enigmático e um pouco confuso, ao mesmo tempo. kkkkk
É bem diferente do que estou acostumada a ler, por isso acho que não lerei.
Mas é interessante, sem dúvidas.
bjs
Fiquei bem curiosa quanto a escrita da autora e espero mesmo poder ler esse livro o mais breve possível me lembrou um pouco uns livros da Agatha Christie
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