Desde que li Guerra do Velho, me tornei fã incondicional de John Scalzi e estava extremamente curioso para conferir Encarcerados, uma promissora mescla de ficção científica e policial.
A Síndrome de Haden matou mais de 400 milhões de pessoas e os sobreviventes precisaram lidar com uma terrível sequela: o encarceramento, ou seja, suas mentes saudáveis ficaram presas em corpos incapazes de se movimentar. A situação é contornada pela tecnologia, que permite que os hadens transfiram suas consciências para corpos robóticos e assim possam viver em sociedade. É neste contexto que conhecemos o haden Cris Shane que, em seu primeiro dia de trabalho no FBI, começa a investigar o assassinato de um homem em um quarto de hotel em Washington.
Como esperado de Scalzi, a narrativa é extremamente fluída e envolvente. Em poucas páginas o leitor já está completamente fascinado por este novo mundo e suas infinitas possibilidades. Aliás, é impossível não se impressionar com a originalidade do pano de fundo criado pelo autor.
Outros dois aspectos também se destacaram. O primeiro deles é o bom humor presente na narrativa, que em diversos momentos me fez rir alto. O segundo é a quantidade de reflexões que a estória provoca, tais como identidade, evolução e os limites entre a moral e a tecnologia.
"— Estamos trabalhando em pesquisas para desencarcerar os acometidos pela Haden. [...]. Para libertar os corpos e trazê-los de volta ...
— Trazer-nos de volta de quê, exatamente? — questionou Hubbard. — De uma comunidade de 5 milhões de pessoas nos Estados Unidos e 40 milhões em todo o mundo? De uma cultura emergente que interage com o mundo físico, mas é independente dele, com preocupações, interesses e economia próprios? Você tem ciência de que um grande número de haddens não tem lembrança nenhuma do mundo físico?"(SCALZI, 2018, p. 96)
O protagonista é extremamente cativante, sendo um excelente condutor da estória. É através de seu olhar que entendemos o funcionamento deste universo, bem como acompanhamos a evolução da investigação policial e seus desdobramentos.
A estória de Scalzi é um típico “whodunit”, ou seja, o livro gira em torno de descobrir quem é o responsável pelo assassinato. Apesar da identidade do assassino não ter me surpreendido, fiquei impressionado com a forma como a trama foi construída e amarrada. Além disso, saliento que o autor preferiu manter a verossimilhança do que forçar reviravoltas na estória apenas para surpreender o leitor.
Encerro afirmando que John Scalzi partiu de um conceito interessantíssimo, mas também acertou em cheio no desenvolvimento da estória. Encarcerados é uma mistura bem sucedida de ficção científica e policial, que me prendeu do início ao fim e que provou que Scalzi é um dos autores mais criativos e originais da atualidade.
Após encerrada a leitura, obviamente fiquei com um gostinho de quero mais e para minha alegria descobri que há uma continuação (Head On, lançado este mês nos Estados Unidos). Mas fique tranquilo, pois a estória de Encarcerados tem início, meio e fim, não ficando ganchos para o segundo livro. Na verdade, creio que as estórias dos livros serão independentes entre si, apenas dividindo o mesmo contexto e protagonista.
Autor: John Scalzi
N.º de páginas: 326
Editora: Aleph
Exemplar cedido pela editora
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9 comentários:
Que interessante, Alê. Estava curiosa, mas com seus comentários realmente fiquei querendo ler. Ficção científica com policial? É pra mim! Ótima resenha.
Beijos!
Esse é um gênero que não me atrai, e confesso que nem a história me chamou atenção.
Mas parece uma ótima leitura para quem gosta do gênero.
Beijos
Que livro diferente! Amei essa distopia e realmente fiquei interessada na leitura, a história é totalmente nova e inovadora e deve ser uma aventura incrível de se ler! Ótima resenha!
http://www.leitorasvorazes.com.br/
O livro traz uma ótima premissa, gosto quando há elementos de ficção com suspense!! Fiquei curiosa quanto ao encarceramento das pessoas e sobre o assassinato que está sendo investigado!!
Oi Alê!
Ainda não li nenhum livro do autor... Mas se tem ficção científica e policial, dois gêneros que eu adoro, não pode dar errado.
Beijos,
Sora | Meu Jardim de Livros
Não acredito que não conhecia este autor ainda!
Eu adorei a premissa do livro, parece ser algo realmente inteligente e muito elaborado.
Os autores sempre me ganham quando conseguem usar de uma forma brilhante o bom humor na trama.
beijinhos
She is a Bookaholic
Alê!
Pelo visto o livro é fenomenal, tem um enredo mais que interessante e o autor foi um gênio em criar uma fantasia policial bem elaborada e uma ficção crivel, afinal, logo, logo isso poderá acontecer na vida real, não duvide...
Bom final de semana!
“Os piores estranhos são aqueles que vivem na mesma casa e fingem que se conhecem. Conversam banalidades, mas nunca o essencial.” (Augusto Cury)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA ABRIL – ANIVERSÁRIO DO BLOG: 5 livros + vários kits, 7 ganhadores, participem!
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Eu não conhecia, mas achei bem interesse e completamente diferente do que estou acostumada a ler.
Mas, como quero ler mais ficção científica esse ano, acho que esse será um ótimo livro do gênero.
Anotado aqui!
bjs
Oi Ale!
Adoro quando o autor nos prende já no inicio da história e nos deixa assim até o final, com uma leitura fluida e cativante.
Além disso bons personagens, e uma dose de reflexões com certeza são receitas para o sucesso. Acredito que é uma ótima obra.
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