Em O menino no alto da montanha conhecemos Pierrot, um jovem órfão que acaba sendo adotado por sua tia, Beatrix. Assim, ele abandona Paris e acaba se mudando para uma mansão na Alemanha, onde sua tia trabalha como governanta. A casa na montanha é o refúgio de Adolf Hitler e Pierrot se torna seu protegido.
Começo esta resenhando confessando que estava com um pé atrás para conferir esse livro, por achá-lo com uma premissa semelhante a de O menino do pijama listrado. Afinal, se tratam de livros juvenis, protagonizados por meninos e que têm como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial. No entanto, as semelhanças param por aí, pois Boyne tem criatividade e originalidade suficiente para abordar o mesmo tema de uma forma completamente diferente.
Creio que acima de qualquer outra coisa, O menino no alto da montanha é um livro sobre perda da inocência. Vemos como Pierrot vai deixando para trás sua personalidade, suas crenças e valores por influência de Hittler, chegando ao ponto de ficar obcecado pelo poder. Dessa forma, a obra consegue transmitir de uma forma muito palpável como o nazismo era ensinado para a Juventude Hitlerista, criando uma geração que estava completamente imersa naquela ideologia.
Impossível falar em John Boyne sem elogiar sua narrativa completamente envolvente. Nos apegamos tanto a estória e ao protagonista que chega um momento que largar o livro se torna impossível, pois desejamos saber como a trama irá se desenvolver. Tanto é assim que li a metade final de O menino no alto da montanha de uma só vez.
“— Você sabe por que as pessoas usam uniformes, Pierrot? — continuou o chofer.
O menino fez que não.
— Porque quem veste um uniforme acredita que pode fazer o que bem entender. [...]. E começa a tratar os outros de um jeito que jamais trataria se estivesse com roupas normais. Camisa, sobretudo, botas. Uniformes permitem que a gente exerça nossa crueldade sem sentir culpa.” (BOYNE, 2016, p. 82)
De todos os livros de guerra que li do Boyne, esse foi o que mais teve influência histórica. Não apenas exigiu muita pesquisa do autor, mas também habilidade em amarrar os fatos históricos a trajetória de Pierrot sem tornar o livro em uma aula maçante. E não foi surpresa nenhuma constatar que Boyne fez isso com maestria.
E falando nos outros livros de guerra do autor, O menino no alto da montanha traz um agradável surpresa para aqueles que são fãs de Boyne. Um dos episódios que testemunhos em O Pacifista produz impactos nessa estória e um dos personagens de O menino de pijama listrado aparece com certa frequência. Creio que muito mais do que easter eggs, tais conexões entre as obras conseguem mostrar outras facetas e dar uma profundidade ainda maior para as estórias e personagens. Mas saliento que as obras são independentes, não sendo necessário ler os demais livros antes.
O menino no alto da montanha é mais um livro juvenil de Boyne, mas que certamente agradará os leitores mais velho, tanto por conta de sua carga dramática, tanto por suas reflexões sobre um dos períodos mais negros da história.
Título: O menino no alto da montanha
Autor: John Boyne
N.º de páginas: 225
Editora: Seguinte
Exemplar cedido pela editora
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7 comentários:
Gosto por demais das letras do autor e desse jeito peculiar dele em sempre apresentar crianças neste período turvo da nossa história.
Ainda não tinha lido nada a respeito desta obra e dá um frio na barriga só de ler a resenha. Uma espécie de agonia em imaginar uma criança ali, pertinho do mal e de certo modo, sendo corrompida por ele.
Com certeza, quero demais poder conferir a obra!!!
Beijo
Como deve ser maravilhoso esse livro, Alê. Legal ter essas conexões com outros títulos de Boyne. Sinto que devo cada vez mais a mim outras leituras do autor. Ótima resenha.
Beijos!
Gente, nunca li o Boyne, mas tenho muita vontade.
Apesar de ser muito triste, gosto de histórias da segunda guerra mundial.
Acho que, inclusive, me interessei mais por esse do que O Menino de Pijama Listrado, que me parece ser triste ao extremo.
Muito legal todo esse pano histórico de fundo e a fato de ter easter eggs e personagens que convergem.
Anotei na minha listinha!
Beijoooos
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Oi, Alê
Ainda não li nada de Boyne, porém quero muito mudar isso o mais rápido possível.
Gosto muito de enredos que tem por cenário a segunda guerra.
A capa é maravilhosa e tenho certeza que a leitura é rápida que trás reflexões sobre como um homem conseguiu fazer isso com a humanidade e ainda dominar as pessoas para seu prazer.
Quero muito ler, beijos!
Ale!
Livros ambientados durante as guerras sempre me fascinam porque podemos aprender muito sobre uma época em que não vivenciamos. Ainda mais esse que parece ter trazido a realidade daqulea época.
É uma lição de vida.
cheirinhos
Rudy
Gosto de livros que de certa forma retratam a guerra, amplia nossa visão em relação a época. Esse livro é interessante por ser juvenil, então acho que a linguagem será bem facilitada. E sempre tem um conhecimento legal, e aprendemos um pouco mais.
Linda resenha!
Eu adoro os livros do Boyne e claro que preciso muito ler esse!
Ainda não comprei, mas assim que der, o farei!
Parece ser emocionante e lindo.
E sendo sobre a Segunda guerra mundial é sempre importante ler.
bjs
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