quinta-feira, 11 de julho de 2019

RESENHA: A caixa-preta

Por muito tempo considerei Michael Connelly um dos nomes de destaque da literatura policial, especialmente em virtude de livros como O Poeta e O Poder e a Lei. Porém, minhas últimas experiências com o autor foram um pouco decepcionantes, de modo que estava mantendo uma certa distância de suas obras. Mas, como recebi este livro por engano, decidi dar uma nova chance ao autor. 

Em 1992, Harry Bosch investiga de forma superficial o assassinato de Anneke, uma jornalista holandesa, durante uma onda de protestos, caos e violência que tomaram conta de Los Angeles. Vinte anos depois, o caso retorna às mãos de Bosch, que fará de tudo para solucionar o mistério. 

O livro é narrado em terceira pessoa, mas acompanhamos o detetive Bosch de perto, de modo que sentimos estar ao seu lado, seguindo pistas, interrogando suspeitos e tentando encaixar as peças. Como sempre, Connelly consegue nos fazer mergulhar de cabeça na estória, nos envolvendo completamente com o caso. 

Outro fator que merece destaque é a originalidade e a criatividade do autor. O caso tem início com com poucas pistas e fiquei surpreso com o fato de Harry conseguir aprofundar a investigação partindo de uma base tão superficial. Além disso, a estória por trás da morte de Anneke também me surpreendeu e evidencia o talento do autor em criar boas estórias policiais. 

"Ele acreditava que todo caso tinha sua caixa-preta. Alguma evidência, alguém, algum encaixe dos fatos capaz de lançar um pouco de luz e ajudar a explicar o que acontecera e por quê. Com Annake Jespersen, no entanto, não havia caixa-preta. Apenas um par de caixas de papelão emboloradas tiradas dos arquivos, que lhe renderam pouca orientação ou esperança." (CONNELLY, 2017, p. 28)

A investigação segue um ritmo ágil, o que torna a leitura extremamente fluída. Todavia, alguns momentos da estória dedicados a outros aspectos da vida de Bosch me pareceram um pouco maçantes. Já o final conta com um ritmo mais intenso, repleto de adrenalina e tensão. Connelly sabe dosar todos os ingredientes com precisão, de forma a deixar o leitor com o coração na mão e completamente absorto na estória.  

No entanto, continuo achando Bosch um personagem desagradável. Creio que desde que li A Queda, a conduta arrogante e de superioridade do detetive em relação às normas me desagradou. Desta vez, tal característica mais uma vez se sobressaí. Minha impressão é de que o autor exagera tentando mostrar um detetive durão, que não liga para as burocracias, pois está ocupando demais combatendo o crime. Porém, em seu afã de combater o crime, pratica diversas irregularidades.  

Apesar de ter sido uma boa experiência de leitura, A caixa-preta não é o tipo de livro que impressiona ou empolga. A meu ver, faltou aquele algo a mais, que transforma uma estória mediana em memorável. Assim, A caixa-preta é um bom livro policial, com todos os elementos esperados do gênero, mas não é bom o suficiente a ponto de se destacar. 

Título: A Caixa-preta
Autor: Michael Connelly
N.º de páginas: 303
Editora: Suma de Letras
Exemplar cedido pela editora

10 comentários:

Rubro Rosa disse...

Então..eu só conheço as letras do autor pelo livro A Queda. E particularmente não foi um dos livros que mais tenha gostado no mundo.
Realmente Bosch é insuportável e ficar visualizando aquele jeito arrogante e sonso dele acaba é deixando uma irritação no ar.
A única coisa boa é isso de com poucas pistas ou rumos, ele conseguir dar um jeito na situação. Mas...
Ainda não conhecia este livro do autor e por amar o gênero, o enredo tem tudo para ser bom e mesmo com algumas falhas, quero sim, poder ler a obra!!
Acho engraçado isso sempre dos títulos estarem relacionados com aviões.rs
Beijo

Alison Teixeira disse...

Olá Alexandre!
Acredito que a obra deve agradar quem ainda não teve muito contato com gênero, porém para os leitores mais exigentes A Caixa Preta não impressiona tanto assim. A escrita do autor, bem como a construção do crime, não deixam a desejar, sendo que a leitura parece fluir sem dificuldades. Por outro lado, Bosch parece ser um personagem bem irritante, o que exige um pouco de paciência por parte de quem está lendo.
Beijos.

Rayssa Bonai disse...

Olá! O que mais chamou minha atenção acerca desse livro é o fato do detetive conseguir aprofundar a investigação, mesmo contando com poucas pistas. De fato, isso é bem criativo e interessante.
Tenho um sério problema com personagens arrogantes, essa é uma coisa que me incomoda muito. Provavelmente não morrerei de amores por Bosch kkkk. Achei bem chato ele se achar no direito de cometer tantas irregularidades.
Gosto do gênero, mas pelo que percebi, esse livro não impressiona comparado aos outros que compõe esse gênero também.
Talvez eu dê uma chance para A Caixa-preta e tire minhas próprias conclusões da obra.
Beijos!:♡

Nil Macedo disse...

Eu nunca li nada do Michael Connelly mas andei dando uma olhada e vi que esse livro é o décimo sexto da enorme série Harry Bosch. Isso já me desanimou porque, se fosse para eu ler, iria querer ler na ordem. Como esse livro nem é tão empolgante ou memorável, acho que vou deixar passar. Vou procurar algum livro do autor fora de série, ou que pertença a uma série menor ou que esteja começando. kkkkkkk

Rayane B. de Sá disse...

Oiii ❤ Gostei bastante da trama desse livro, ultimamente estou muito interessada em livros de investigação, tenho ficado impressionada com eles.
Gostei que com apenas algumas pistas, a investigação consegue se desenvolver. Acho isso um ponto muito positivo.
Fico feliz que a leitura é fluída, tenho fugido de leituras maçantes e monótonas.
Acho que Bosch não vai me agradar nem um pouco, não gosto de personagens arrogantes que se acham superiores e, por isso, se acham no direito de quebrar regras.
É uma pena que esse livro tenha sido mediano. Isso de ler livros que faltam algo pra serem incríveis tem acontecido bastante comigo.
Talvez eu faça essa leitura algum dia.
Beijos ❤

Naiara Fidelis da Silva disse...

Eu não conhecia o livro e nem o autor, mas eu interessei pela história, pois se trata de investigação criminal, um dos temas que eu mais gosto.
Apesar de você não ter gostado tanto eu gostaria de dar uma chance.

Evandro Atraentemente disse...

Ainda não li nada do autor e nem conhecia o livro, mas, com certeza, eu embarcaria nessa leitura. Mesmo que o livro seja mediano e não traga nada que faça o enredo realmente se destacar, algumas características da escrita do autor são bastante interessantes, como criar uma boa linha de investigação. Fiquei curioso.

Luana Martins disse...

Oi, Alê
Minha única experiência com o autor foi com o livro O Quarto em Chamas. É um bom livro, com crimes e boas investigações, sem muitas surpresas e Bosch é um pouco chato, mas não em exagero.
Gostei do enredo desse livro, espero ler mais livros do autor.
Beijos

Ana I. J. Mercury disse...

Conheço o autor só de nome e pela sua resenha me pareceu ser um livro bom, com uma trama bem escrita e bem bolada.
Fiquei com vontade de ler. Não sou muito de romances policiais, mas quero ler mais esse ano.
Bjs

Gabriela CZ disse...

Sempre tive dúvidas sobre ler algo do Connelly, Alê. E pelo visto não leria esse. Ótima resenha.

Beijos!

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