quinta-feira, 17 de outubro de 2019

RESENHA: A Corrente

O que mais me motivou a ler A Corrente não foi a sinopse do livro, mas sim os elogios feitos por grandes autores, como Stephen King e Dennis Lehanne. Para minha surpresa, não precisei chegar ao fim do livro para perceber que todos os elogios eram exagerados e indevidos. 

Rachel está se recuperando do câncer e retomando sua vida, porém, tudo muda quando sua filha é sequestrada. E além do resgate, Rachel terá que sequestrar outra criança e exigir de seus pais o resgate. É assim que a organização denominada de A Corrente montou um esquema contínuo de sequestros e resgates, transformando as vítimas em criminosos e sem precisar sujar as mãos. 

A premissa do livro é interessante e bastante original. No entanto, McKinty peca na execução do livro, pois logo nas primeiras páginas minha impressão era de ter em mãos uma obra escrita por um autor amador e que não contou com o feedback de um editor. Em primeiro lugar, o ritmo do livro é instável. No início, os problemas se acumulam e não sabemos como a protagonista irá resolvê-los. No entanto, em determinado momento o autor decide correr com a estória e resolve todos os problemas com muita facilidade. 

Além disso, os personagens não convencem. O livro poderia mostrar uma jornada sombria da protagonista se tornando uma criminosa, fazendo coisas terríveis para libertar sua filha. Porém, o autor foca mais na mulher fragilizada, que depende da ajuda de outros, mas que em momentos súbitos e pontuais se mostra o completo oposto.

Os personagens parecem se limitar a nomes, profissões e aos papeis a serem desenvolvidos na estória. Ou seja, eles não parecem ter vida e as atuações não são orgânicas, dando a impressão de que  não passam de meros robôs, programados para agirem dessa ou daquela forma. E, sendo assim, se torna muito difícil se envolver e até mesmo se importar com a estória quando tudo parece tão artificial. 

“Qualquer coisa que decida fazer é uma escolha ruim. Agir é ruim. Deixar de agir é ruim. É o clássico se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. É como saltar de paraquedas num campo minado e não ter para onde correr.” (MCKINTY, 2019, p. 260)

A narrativa é feita em terceira pessoa, mostrando diversos pontos de vista, mas não me pareceu uma decisão acertada. A meu ver, um dos grandes potenciais da estória era a jornada de Rachel, o que sugeriria o uso da primeira pessoa, a fim de mostrar de perto o pesadelo que ela vive. Porém, preso a uma narrativa dispersa em diversos personagens e focada na ação, McKinty não consegue mostrar a evolução da protagonista. 

Outro aspecto que me incomodou foi que as maldades que Rachel se vê obrigada a fazer sequer são tão desprezíveis assim, no entanto, ela reage como se fosse a pior pessoa do mundo.Creio que McKinty poderia ter tornado a experiência de Rachel como vítima e criminosa muito mais perturbadora e diabólica, criando outras facetas para a protagonista. 

Apesar da ideia promissora, é preciso reconhecer que A Corrente é inverossímil e mal desenvolvido. McKinty tentou criar um thriller ágil, instigante e perverso, mas não conseguiu acertar o alvo que pretendia.

Título: A Corrente
Autor: Adrian McKinty
N.º de páginas: 377
Editora: Record
Exemplar cedido pela editora

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12 comentários:

Rubro Rosa disse...

Puxa, admito que é a primeira resenha não tão positiva que li até o momento. Acredito que como você, eu leria este livro apenas pelo montão de comentários positivos que a obra recebeu até o momento, isso de famosos e de leitores!
Mas pelo que li acima, há falhas e sim, isso parte muito de quem lê. Afinal, gosto é gosto! Mas mesmo assim, vou ficar com os pés atrás de agora em diante, pois quero demais ler esta obra o quanto antes!rs
Beijo

Rubro Rosa/ Ex O Vazio na flor(só para avisar que troquei o nome de Seguidor no Blog)

Gabriela CZ disse...

Não conhecia o livro e a premissa é realmente boa, Alê. Mas é só. Como o autor foi capaz de fazer isso? Não leria, mas ótima resenha.

Beijos!

Ludyanne Carvalho disse...

A premissa é original e desconfortável; é um dilema que eu não conseguiria nem responder.
Imagino que seja intenso se colocar no lugar dessa personagem.
Uma pena que não tenha sido tão bom quanto King achou.

Beijos

RUDYNALVA disse...

Alê!
Nossa! Uma verdadeira corrente de crimes mesmo, hein? Credo!
Interessante a narrativa em terceira pessoa, mas no presente, um tantinho diferente.
Bem angustiante mesmo, cheio de tensão e intenso, hein?
Uma pena não ter sido tão bem desenvolvido, nem ter dado voz a protagonista.
Infelizmente achamos que nossos ídolos são uma indicação segura, mas acho que depende de cada leitor, não é?
cheirinhos
Rudy

Rayssa Bonai disse...

Olá! ♡ Também achei a premissa bem original e chamativa. É uma pena que o livro não te agradou como você esperava.
Acho muito chato quando os autores enrolam no começo da história e quando a mesma já está se encaminhando para o final, eles começam a correr com a mesma. Isso me incomoda muito, pois quando isso acontece, geralmente nos deparamos com um final pouco crível e com problemas de desenvolvimento.
Uma pena que a autora pecou na questão da evolução da personagem, algo que era essencial visto tudo pelo que ela passou.
Enfim, o livro tem pontos que me incomodaram, mas ainda assim vou dar uma chance ao mesmo e tirar minhas próprias conclusões da obra.
Beijos! ♡

Ivy Montiel disse...

Oiii Alê


A premissa desse livro que me chamou a atenção e confesso que esperava mais dele, pelo que vc contou não é tudo isso que pintava, uma pena, o potencial era pra ser melhor, mas essas falhas no ritmo e nos personagens frustram muito qualquer leitor do gênero. Eu não gosto de narrativa na 3 pessoa pra esse tipo de livro (suspense) no geral, acho que é um gênero que "pede" para que o leitor conheça a fundo a mente do protagonista, quem sabe se o autor tivesse optado por esse tipo de narrativa as coisas fluissem melhor.

Beijos

www.derepentenoultimolivro.com

Rayane B. de Sá disse...

Oiii ❤ Que trama original! Estou curiosa para saber com mais detalhes sobre como funciona a corrente e o que Rachel fará para salvar a filha, já que ter que sequestrar uma criança, é algo cruel, mesmo nesse caso.
Não costumo ler thrillers, mas esse me deixou muito intrigada para saber como tudo isso acaba, mesmo com os problemas que a obra parece apresentar.
Também acho que o uso da primeira pessoa teria sido melhor, já que daria para ver melhor o desespero da personagem, como toda aquela situação era para ela.
É uma pena que os personagens não parecem tão bem desenvolvidos quanto deveriam.
Mas, ainda assim, gostaria de fazer essa leitura, já que fiquei bem curiosa.
Beijos ❤

Giovanna Talamini disse...

Oi!
Poxa, que pena que não gostou.
Eu li algumas resenhas sobre "A Corrente" e em geral, todos me despertaram vontade de ler. Ele ainda está na minha lista de desejados pela trama, que me atraiu bastante.

Fabiolla Devenz disse...

Uma pena que o livro com uma trama bem original como essa pecou em não desenvolver a história muito bem, já que tinha tudo para ser um livros daqueles.
A trama em si me deixou curiosa, por todo esse suspense e essa corrente de sequestros.
Mas realmente uma pena que o autor não acertou muito bem no desenrolar e no crescimento da personagem.

Luana Martins disse...

Oi, Alê
Li algumas resenhas foi livro e fiquei curiosa porque a maneira dos crises é original como fazer os pais sequestrar outra criança para salvar seu filho.
Uma pena que você não gostou do livro.
Obrigada pela resenha sincera, agora não vou criar tantas expectativas a respeito do livro.
Quero muito ler, beijos.

Ana I. J. Mercury disse...

Oi, Alê
Também achei essa premissa muito interessante!
Muito louca também rsrs
Que pena que os personagens são tão mecânicos assim! Pensei que terei mais emoção, bem eletrizante.
É horrível quando isso acontece e algo que me faz ficar receosa em ler mesmo.
Acho que darei uma chance para ele mais pra frente.
Bjs

Marta Izabel disse...

Oi, Alê!!
Puxa só vi elogios a esse livro e fiquei muito empolgada para fazer a leitura de A Corrente, mas agora lendo a sua resenha fiquei um pouco decepcionada com a história. Mas se tiver oportunidade darei uma chance.
Bjs

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