“Levemente encorpado, ele tinha o rosto de qualquer cidadão. De feições agradáveis e delicadas, cabelo curto e escuro, ele era a própria imagem da normalidade. A única indicação do mal que se encontrava nele encontrava-se nos olhos. Castanho-escuros e profundos, eles possuíam um vazio que Bosch reconhecia dos outros assassinos com quem sentara frente a frente no decorrer dos anos. Não havia nada lá. Apenas uma vacuidade que nunca poderia ser preenchida, não importando quantas vidas ele roubasse.” (CONNELLY, 2010, p. 149)
Como havia comentado em outro post, estava com muita vontade de ler a obra mais famosa de Michael Connelly, e sem sombra de dúvidas, este foi um dos melhores — senão o melhor — livro que li neste ano.
O ano é 1993 e o detetive Harry Bosch e seu parceiro investigam o misterioso desaparecimento de Marie Gesto. Seguem algumas pistas e averiguam alguns candidatos a suspeitos, mas a investigação não passa disso. Finalmente, o caso é arquivado. Mas não para Bosch.
Treze anos depois, o detetive ainda não descobriu a verdade, tampouco desistiu de descobri-la. De tempos em tempos, voltava ao caso, analisava-o sobre outros ângulos e investigava pessoas. Mas pouco, ou nenhum, progresso era feito.
Contudo, após mais uma de suas investidas no caso, Bosch é contatado pelo promotor de justiça, que alega que Marie foi assassinada por um serial killer, sendo que ela não foi nem a primeira, nem a última de suas vítimas. E agora, o criminoso propõe um acordo. Um acordo com repercussões maiores do que qualquer um poderia imaginar.
A trama é densa e possui diversas facetas, as quais são progressivamente desvendadas pelo detetive, sua parceira e por uma agente federal, sendo que a cada resposta encontrada, outra pergunta surge. E ao chegarmos no final, percebemos como todas as peças se encaixam perfeitamente.
Além disso, o autor não deixa escapar a oportunidade e aproveita para fazer uma crítica mordaz acerca das proporções que a influência política tem assumido, e como ela pode afetar, até mesmo, uma investigação policial.
Ponto negativo: ausência de descrições. Veja bem, não estou pedido que ele seja como o Nicolas Sparks, que descreve absolutamente tudo, de forma exagerada e cansativa. Mas citar, pelo menos, as características físicas dos personagens não deve ser tão difícil assim, convenhamos.
Em suma: trata-se de um livro inteligente e instigante, de leitura dinâmica e com muita ação. A trama foi bem explorada, os personagens construídos com esmero e as reviravoltas são de tirar o fôlego. E friso que não foi nada muito mirabolante, tudo fez sentido, as pontas da trama não ficaram soltas, e o final foi satisfatório (embora não perfeito).
Leitura obrigatória para os fãs do gênero policial.
Título: Echo Park
Autor: Michael Connelly
N.º de páginas: 467
Editora: Ponto de Leitura
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