“Enquanto percorria túneis e túneis de livros na penumbra, não pude evitar que me invadisse uma sensação de tristeza e desânimo. Não podia evitar pensar que se eu, por puro acaso, tinha descoberto todo um universo num só livro desconhecido na infinidade daquela necrópole, dezenas de milhares de outros livros ficariam inexplorados, esquecidos para sempre. Senti-me rodeado por milhares de páginas abandonadas, de universos e almas sem dono, que se fundiam em um oceano de escuridão enquanto o mundo que palpitava do lado de fora daquelas paredes perdia a memória sem perceber, dia após dia, sentindo-se mais sábio quanto mais esquecia.” (ZAFÓN, 2007, p.64)
Por anos, vi muitos comentários sobre “A Sombra do Vento” de Carlos Ruiz Zafón. Em resenhas ou indicações de pessoas conhecidas os elogios eram muitos. O livro era amado por todos os que o liam. Mas muita propaganda gera muita expectativa e isso muitas vezes resulta em decepção e esse era o meu medo quando iniciei a leitura, pois a minha expectativa era altíssima. Ainda assim posso dizer que minha satisfação ao terminar a leitura foi maior ainda.
Eu já havia me apaixonado pela narrativa de Zafón ao ler “Marina”, mas em “A Sombra do Vento” a narrativa se torna uma história a parte, tão fascinante quanto a história que o autor se propõe a contar. História essa que é absolutamente fascinante.
Daniel Sempere tinha 11 anos quando seu pai o levou ao Cemitério dos Livros Esquecidos e o instigou a escolher um daqueles velhos exemplares para cuidar por toda a vida. É assim que o menino descobre “A Sombra do Vento” e seu autor Julián Carax. Fascinado, lê o livro em uma única noite e ao tentar encontrar mais títulos do autor, descobre que alguém está queimando todos os exemplares de todas as suas obras. É assim que Daniel inicia sua investigação a respeito da vida do enigmático autor, vida essa que se mescla a sua própria. Enquanto personagens como Clara Barceló, Fermín Romero de Torres e Bea Aguilar surgem em seu caminho e fazem parte de sua jornada em busca da verdade, ele se depara com as enigmáticas figuras do passado de Carax, como Penélope Aldaya, Nuria Monfort, Miquel Moliner e oterrível inspetor Fumero.
Com um mistério surgindo após o outro, é impossível não se envolver com esses personagens. A ansiedade de encontrar respostas e descobrir o que aconteceu a eles se contradiz com a vontade de deixar o mistério perdurar porque uma coisa é certa: no íntimo, o leitor sabe que aqueles personagens não tiveram finais felizes e ele não quer se deparar com essa realidade – eu não queria. E as contradições não param por aí: eu queria ler devagar para poder apreciar cada detalhe, mas ao mesmo tempo era impossível largar o livro. A verdade é que por mais intrigada que eu estivesse com a história, não tinha pressa de descobrir as respostas porque queria aproveitar ao máximo a leitura e o universo criado por Zafón.
Com riqueza de detalhes, doses intensas de sentimento, um quê de poético e até de mágico, o autor escreve tão maravilhosamente que arrisco dizer que mesmo que a história não fosse completamente cativante, como é o caso, ele conseguiria escrever um bom livro.
“A Sombra do Vento” é uma preciosidade da literatura. Uma história de “livros malditos, do homem que os escreveu, de um personagem que fugiu das páginas de um romance para queimá-lo, de uma traição e de uma amizade perdida. É uma história de amor, de ódio e dos sonhos que moram na sombra do vento” (pag,147). A mescla perfeita entre romance, aventura e mistério. Um livro como poucos, inesquecível, e que deve ser lido por fãs de todos os gêneros.
Título: A Sombra do Vento
Autor: Carlos Ruiz Zafón
Nº de páginas: 399
Editora: Suma de Letras
Autor: Carlos Ruiz Zafón
Nº de páginas: 399
Editora: Suma de Letras
6 comentários:
Oi!
Li no ano passado, e gostei MUITO! Anotei um monte de frases e li em pouquíssimo tempo!
Beijos!
http://qualquerlink.blogspot.com
Mari,
esse autor é realmente bastante aclamado pelos apaixonados por literatura! Adorei sua resenha! Nunca tinha sentido vontade de ler esse livro, mas agora eu realmente fiquei curiosa! :D
:*
Mi
Inteiramente Diva
*--* Eu PRECISO desse livro, JÁ!
Já havia ouvido falar sobre ele, e tava louca pra lê-lo, mas onde eu moro é bem difícil de encontrar livros desse tipo.
Ó-T-I-M-A resenha, Mari! :D
Mariana do Céu! Endoidei para ler o Zafón agora!! risos Quem me falou muito bem sobre ele foi a Duda, do BookAddict. Um entusiasmo contagiante sobre a obra dele, ela! :)) Impressionante a sua resenha, agora fiquei fã dele sem nem ler nada! Fico louca com essas coisas de livros antigos, queimados, e etc. Por isso tb amo o Markus Zusak, só por causa da Liesel, que resgatou livros da fogueira. Beijos, continue escrevendo estas resenhas maravilhosas!
Sem duvida Zafon é um dos melhores escritores e a Sombra do Vento é um dos livros da minha vida. Depois desse não parei mais de ler, quero minha coleção das obras desse mestre.
Esse livro me surpreendeu e muito, o romance me extasiou nas últimas páginas, personagens muito caracteristicos da época e país onde circunda todo o mistério, um autor espanhol que entrou na minha lista de favoritos:)
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