“Os negros não gostam de Little Black Sambo. Queime-o. Os brancos não se sentem bem em relação à Coluna do pai Tomás. Queime-o. Alguém escreveu um livro sobre o fumo e o câncer de pulmão? As pessoas que fumam lamentam? Queimemos o livro. Serenidade, Montag, Paz, Montag. Leve sua briga lá para fora. Melhor ainda, para o incinerador. Os enterros são tristes e pagãos? Elimine-os também (...) Dez minutos depois da morte, um homem é um grão de poeira negra. Não vamos ficar entoando os in memoriam para os indivíduos. Esqueça-os. Queime tudo, queime tudo. O fogo é luminoso e o fogo é limpo.” (BRADBURY, p. 90, 2012)
“Fahrenheit 451. A temperatura na qual o papel do livro pega fogo e queima...”. Em uma sociedade onde os livros são proibidos, Montag é um bombeiro, cuja função não é apagar incêndios e sim queimar livros. Essa é sua profissão e seu destino. Seu pai foi bombeiro e antes dele, seu avô. Mas as certezas de Montag são abaladas quando, certo dia ao voltar para casa, ele se depara com Clarice, uma moça de opiniões pouco usuais, que faz com que Montag passe a ver a sociedade sobre outra perspectiva.
Na sociedade em que se passa Fahrenheit 451, a vida é vazia. As relações humanas são pobres. As pessoas não se importam umas com as outras e não há opiniões próprias. Os livros há muito foram proibidos. A razão? Simples. Livros dão idéias, geram pensamentos contraditórios, proporcionam experiências que a vida cotidiana não proporciona e perturbam. Sim, os livros podem perturbar. Podem fazer com que os leitores tenham anseios e questionamentos que talvez nunca serão respondidos. Por que deixar a solta esses instrumentos que contribuirão para deixar as pessoas inquietas? Por que ler? Por que adquirir conhecimentos filosóficos ou científicos? Se um livro incomoda alguém ou um grupo, por que mantê-lo? O correto é queimá-lo, pois assim o descontentamento vai embora e com isso só sobra a felicidade. Mas não.
É através de Montag que conhecemos essa filosofia e essa vida, onde todos tem tudo que precisam para serem felizes, mas não são. Quando conhece Clarice, alguém que fala o pensa, faz o que quer e que questiona Montag – e a si mesma – sobre coisas que ele nunca havia pensado, ele percebe que algo falta em sua vida. Quando chega em casa e se depara com sua esposa, tudo que ele vê é uma mulher apática, sem opiniões ou desejos (que até tenta cometer suicídio e no outro dia não sabe porque o fez), com quem ele não compartilha nada a não ser uma casa solitária. Não há amor, não há nada. Ela não é feliz. Ele não é feliz. E quando Montag olha em volta para tentar entender o que mudou e o que falta, ele só nota uma coisa: os livros. E a partir do momento em que ele começa a questionar essa existência, como ele poderia continuar vivendo a sua vida? Como as coisas poderiam voltar a ser as mesmas?
O livro é uma leitura incrível, daquele tipo que quando você termina, sente que não poderia ter ficado sem ler. Bradbury usa e abusa de metáforas e em alguns momentos a leitura chega a ser sufocante e em outros faz você querer ler e reler o mesmo trecho várias vezes seguidas e não são poucas as vezes em que você vai interromper a leitura para pensar sobre ela.
Ao lado de “1984” de George Orwell e “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley, “Fahrenheit 451” forma a principal tríade de distopias da literatura. Sem dúvida, uma leitura imperdível.
Título: Fahrenheit 451
Autor: Ray Bradbury
Nº de páginas: 256
Editora: Globo
“Fahrenheit 451. A temperatura na qual o papel do livro pega fogo e queima...”. Em uma sociedade onde os livros são proibidos, Montag é um bombeiro, cuja função não é apagar incêndios e sim queimar livros. Essa é sua profissão e seu destino. Seu pai foi bombeiro e antes dele, seu avô. Mas as certezas de Montag são abaladas quando, certo dia ao voltar para casa, ele se depara com Clarice, uma moça de opiniões pouco usuais, que faz com que Montag passe a ver a sociedade sobre outra perspectiva.
Na sociedade em que se passa Fahrenheit 451, a vida é vazia. As relações humanas são pobres. As pessoas não se importam umas com as outras e não há opiniões próprias. Os livros há muito foram proibidos. A razão? Simples. Livros dão idéias, geram pensamentos contraditórios, proporcionam experiências que a vida cotidiana não proporciona e perturbam. Sim, os livros podem perturbar. Podem fazer com que os leitores tenham anseios e questionamentos que talvez nunca serão respondidos. Por que deixar a solta esses instrumentos que contribuirão para deixar as pessoas inquietas? Por que ler? Por que adquirir conhecimentos filosóficos ou científicos? Se um livro incomoda alguém ou um grupo, por que mantê-lo? O correto é queimá-lo, pois assim o descontentamento vai embora e com isso só sobra a felicidade. Mas não.
É através de Montag que conhecemos essa filosofia e essa vida, onde todos tem tudo que precisam para serem felizes, mas não são. Quando conhece Clarice, alguém que fala o pensa, faz o que quer e que questiona Montag – e a si mesma – sobre coisas que ele nunca havia pensado, ele percebe que algo falta em sua vida. Quando chega em casa e se depara com sua esposa, tudo que ele vê é uma mulher apática, sem opiniões ou desejos (que até tenta cometer suicídio e no outro dia não sabe porque o fez), com quem ele não compartilha nada a não ser uma casa solitária. Não há amor, não há nada. Ela não é feliz. Ele não é feliz. E quando Montag olha em volta para tentar entender o que mudou e o que falta, ele só nota uma coisa: os livros. E a partir do momento em que ele começa a questionar essa existência, como ele poderia continuar vivendo a sua vida? Como as coisas poderiam voltar a ser as mesmas?
O livro é uma leitura incrível, daquele tipo que quando você termina, sente que não poderia ter ficado sem ler. Bradbury usa e abusa de metáforas e em alguns momentos a leitura chega a ser sufocante e em outros faz você querer ler e reler o mesmo trecho várias vezes seguidas e não são poucas as vezes em que você vai interromper a leitura para pensar sobre ela.
Ao lado de “1984” de George Orwell e “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley, “Fahrenheit 451” forma a principal tríade de distopias da literatura. Sem dúvida, uma leitura imperdível.
Título: Fahrenheit 451
Autor: Ray Bradbury
Nº de páginas: 256
Editora: Globo
11 comentários:
Oi Mari!
Sou doida pra ler a tríade, afinal, são os "pais" dos distópicos, não é?
Acho a premissa do livro interessantíssima e completamente aplicável no sistema educacional do Brasil. Eu realmente acredito que a falta de investimento nessa área seja em função do exercimento do controle na população.
Enfim, leitura, sem dúvida, obrigatória!
Beijos!
Ai que horror! Queimar livros? Meu Deus, acho que nem leria de medo só de pensar nisso! xD
Legal esse livro, até gostei da história e acho que leria sim (com um nó no coração, queimar livros, fala isso não!). É bem feito pelo visto e adoro ler livros desse gênero.
cristiane dornelas
Esse é um dos livros que se eu fosse me atentar apenas pela capa não leria..rss mais a história dele pelo que percebi nos prende...
Eu estava/estou numa fase romance..rsrs mais é bom fugir também da zona de conforto então me encantei por esse livro.
GFC: Manuela Cerqueira
Eu detestei 1984 acredita?
Um mundo sem livros deve ser horrivel de mais, livros são valiosos!
cath´s_m
Caramba, eu adorei a resenha e a premissa do livro! Na verdade, eu adoro qualquer coisa (bem feita) que tenha um fundinho de "mito da caverna". Olhos abertos para uma realidade até então desconhecida.. como viver outra coisa senão ela?
É muito bacana mesmo. Pretendo ler o livro, já foi para a lista!
bjs
Esqueci o GFC (de novo): Ana Paula Barreto
Essa tríade é super interessante.
É a primeira resenha que leio desse livro e fiquei bem interessada.
"As pessoas não se importam umas com as outras e não há opiniões próprias" não é muito diferente do que vivemos em nossa sociedade, infelizmente...
GFC: Gladys.
Gostei muito do livro, ainda não li nada do autor. Porém depois desta resenha vou procurar saber mais, achei a escrita dele bem interessante.
Gostei bastante da resenha e leria o livro, com certeza!
Parece ser um daqueles livros de leitura "obrigatória". ;)
GFC: Andreza Galvão
Não conhecia essa 'tríade', estava por fora... apesar de já ter me interessado por Aldous Huxley, não imaginava o que estava perdendo! Amei! Gosto de livros que me façam pensar, ter senso crítico e perceber coisas novas, que estavam alheias pra mim. Perfeito!
GFC: Manu Hitz
Falou em distopias, falou comigo. Adoro esse gênero, e seja qual for a trama, eu leio. Já tinha ouvido falar em "984" e "Admirável Mundo Novo", mas confesso que desse, nunca tinha ouvida falar. Achei as reflexões bem interessantes, e agora me sinto na obrigação de ler essa tríade.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Postar um comentário