sexta-feira, 22 de março de 2013

RESENHA: O Espantalho

“Eu escrevera pelo menos mil histórias de assassinato no meu tempo. Agora escreveria mais uma. Uma história que ficaria como a lápide da minha carreira. Uma história que faria com que não se esquecessem de mim depois da minha saída.” (CONNELLY, p. 30, 2011)

Depois de protagonizar “O Poeta” e fazer uma participação em “O Veredicto de Chumbo”, Jack McEvoy está de volta em “O Espantalho” e em seu caminho está um assassino tão terrível quanto ao que ele conheceu há 12 anos.

Os tempos mudaram. Os jornais já não são o que eram e as equipes precisam ser reduzidas. É por isso que o jornalista Jack McEvoy e seu alto salário são mandados embora do LA Times, mas não sem antes cumprir a incumbência de treinar sua substituta. Mas Jack não quer fazer só isso. Ele quer se despedir do Times com uma grande reportagem e a chance surge com a história de Alonzo Winslow, um menino de dezesseis anos que foi preso pelo assassinato de uma stripper. Mas ao dar início às investigações, Jack percebe não apenas que a suposta confissão responsável pela prisão de Alonzo é falsa, como também que há um terrível assassino a solta. E se Jack está no seu rastro, o assassino também está no dele.

Jack McEvoy não é um personagem significativo na obra de Michael Connelly como o detetive Harry Bosch ou o advogado Mick Haller, protagonistas de duas séries, mas é de longe o meu favorito. As histórias de McEvoy são sempre narradas em primeira pessoa, por ele, e sempre tem algo de pessoal para o jornalista. Em “O Espantalho”, sua demissão é o pontapé inicial para uma reportagem que vai trazer de volta fantasmas do seu passado que vão desde recordações desagradáveis do caso O Poeta até o reencontro de um antigo amor, a agente do FBI Rachel Welling. Entre descobrir a verdade, proteger a sua vida, retomar um relacionamento amoroso e descobrir o que o futuro reserva para ele, Jack McEvoy nos leva a uma jornada cheia de ação no encalço de um assassino inteligente e cruel.

Uma abordagem interessante de “O Espantalho” é permitir que o leitor saiba mais sobre o que está acontecendo do que os protagonistas. Não se engane, nem espere grandes surpresas: você saberá desde o início quem é o assassino, mas nem por isso perderá o interesse, pelo contrario. Ao conhecer a mente perversa do assassino você só torcerá mais por Jack e devorará as páginas ferozmente, porque este não é um daqueles livros policiais tradicionais em que a grande revelação é guardada para o final. O final é apenas o desfecho. As revelações vem aos poucos em cada página. Um grande mérito do autor.

E por falar em mérito e nas táticas do autor, me chama atenção como Connelly sempre demonstra domínio sobre as situações que escreve, sejam elas quais forem. Se em “O Poder e a Lei”, fica claro a pesquisa realizada e o aconselhamento recebido sobre o mundo jurídico, em “O Espantalho” o autor se vale de sua própria experiência como repórter policial e a empresta para o repórter Jack McEvoy dando vida ao dia a dia do personagem.

O “Espantalho” é mais que um ótimo livro policial. É um dos melhores livros que li de Michael Connelly. Uma história que apresenta as melhores características do autor: é ágil, verossímil e mesmo sem apresentar reviravoltas mirabolantes, prende o leitor do inicio ao fim.


Título: O Espantalho
Autor: Michael Connelly
Nº de páginas: 379
Editora: Suma de Letras

14 comentários:

Ana Paula Barreto disse...

Acho que o mérito do autor é ainda maior quando ele fornece "informações" ao leitor, antes do personagem saber. Até porque a narrativa precisa ser muito mais envolvente, as pontas não podem estar soltas e contradições no "roteiro" não podem existir. Afinal, nós já sabemos.
O que não sabemos são os motivos, não conhecemos as personalidades, etc. E isto é o que dá brilho à obra.
Gostei e quero ler.
bjs
GFC: Ana Paula Barreto

Lucas Kammer Orsi disse...

Olá,
Não conhecia esse autor... Mas confesso que me interessei bastante. Primeiro pelo título (O espantalho). Achei diferente, e um tanto instigante. Lendo a sinopse, fiquei ainda mais com vontade de lê-lo. Pelo que eu li na resenha, gostei bastante da parte em que já conhecemos o assassino, e de certa forma adentramos sua mente para conhece-la melhor.
Com certeza está na lista de desejados!
Beijos
Lucas
ondeviveafantasia.blogspot.com.br

Cristiane Dornelas disse...

Não conhecia esse livro mas depois da resenha posso dizer que me interessou bastante. Adoro livros desse gênero e esse parece ser bem bom.


cristiane dornelas

Aione Simões disse...

Oi Mari!
Sempre que vejo uma resenha sua ou do Alê sobre algum livro de Michael Connelly, fico com vontade de correr para comprar algum!
Confesso que esse não despertou tanto a minha curiosidade quanto outros que vocês já mencionaram por aqui, mas eu achei interessante isso de já conhecer desde o início a identidade do assassino.
Talvez "O Poder e a Lei" tenha me chamado mais a atenção por causa da abordagem jurídica que acho interessante (e também pelo Alê ter falado dele com tanta ênfase), mas também acho legal a visão de repórter policial, principalmente pelo autor ter sua experiência na área.
Beijão!

Enfim disse...

Nossa é ótimo esse domínio do autor sobre a estória, assim ele consegue através de seu talento passar a ideia principal do filme.

http://enfimshakespeare.blogspot.com.br/

Unknown disse...

Sua resenha demonstra bem a sua satisfação com a leitura.
Qualquer pessoa que lê ficará interessada, ;)

GFC: Gladys.

Anônimo disse...

Não conhecia esse autor, mas o título do livro não me é tão estranho assim.
Gosto das reviravoltas mirabolantes e de acompanhar os mistérios junto com os personagens, portanto sei que esse não faz o meu tipo. Ainda mais se tratando de livro policial, não é para mim MESMO :s

Gislaine,
http://jeito-inedito.blogspot.com

Manuela Cerqueira disse...

Oie!
Primeira vez que li sobre este livro e sobre este autor.
Gosto do estilo de livro policial, apesar de não ler muitos livros com este tema, mas gostei desta história e me interessei.

GFC: Manuela Cerqueira

Manuh H. disse...

Achei ótima a proposta do autor em apresentar os fatos ao leitor e deixar que acompanhemos o desenrolar da história, torcendo pelo protagonista e mantendo a tensão caso saibamos que ele corre perigo... quero ler, achei bem criativo e diferente.

GFC: Manu Hitz

cath´s m. disse...

Não conhecia o livro, mas me interessei, não vou dizer que vai para meu topo da lista, mas se ver ele na livraria vai me chama atenção para comprar.
Nunca li nada do autor.

cath´s_m

Unknown disse...

Bem o livro e o autor são novos pra mim, porem eu nao me encantei muito pelo livro nao, apesar de ser um policial (*0*) acho que eu travaria na hora da leitura.

Unknown disse...

Adorei sua resenha, achei o livro bem interessante e espero ter a oportunidade de lê-lo. Que capa sinistra hein!

Andreza Galvão disse...

Bom, apesar de ser fã do gênero, não sei se leria esse livro. Sei lá, não consegui me interessar muito por ele! Pode ser só uma primeira impressão! hehe

GFC: Andreza Galvão

Nardonio disse...

Se fosse me guiar pelo nome e pela capa do livro, iria me enganar completamente. Iria imaginar que se tratava de um terror/horror (que adoro), mas posso dizer que não fiquei desapontado em saber que é um policial, e que foi escrito por Michael Connelly. Narrativa ágil e trama interessante, precisa de mais alguma coisa?!?! Claro que não!!!!

Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom

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