“Assim vai a vida humana: um nada basta para complicar tudo.” (ASSIS, pag. 132, 2012)
Sei que algumas pessoas fogem ao ver o nome de Machado de Assis estampado na capa de um livro - um trauma que provavelmente venha das aulas de literatura do ensino médio - e por isso deixam de conferir algumas das melhores obras da literatura nacional. Eu, que só tive boas experiências com esse autor (e, por sorte, não fui traumatizada pelo meu professor), fico feliz a cada nova oportunidade de ler seus livros.
Em “O Alienista”, Simão Bacamarte decide se dedicar ao estudo e cura da mente humana criando o primeiro hospital psiquiátrico da cidade de Itaguaí. Aos poucos o médico descobre tantos exemplos de loucura nos habitantes da cidade que trancafia a maior parte da população no sanatório, deixando apenas alguns poucos sãos soltos nas ruas.
Tenho sempre a impressão de que os textos de Machado de Assis se reciclam. É por isso quando releio alguma de suas histórias, sinto que o faço com outro par de olhos. Exemplo disso é que li “O Alienista” há anos e esta releitura me proporcionou pequenas surpresas a cada virada de página, mesmo que eu ainda pudesse lembrar dos acontecimentos em geral, e até mesmo do desfecho deste conto (classificado por alguns críticos como novela).
“O Alienista” apresenta sucintamente tudo que Machado de Assis sabe fazer de melhor. Personagens cativantes, análise psicológica, uma narrativa que esbanja ironia – e rende muitas risadas – um final inesperado e um texto impecável. Devido a isso, se me fosse pedido para recomendar um texto do autor a alguém que nunca leu nenhuma de suas obras, e acha começar por um de seus romances uma meta muito ousada, “O Alienista” seria a minha dica.
Em “Casa Velha”, um cônego - na intenção de fazer uma pesquisa que resultará em um livro - passa a conviver com uma família rica. Não demora para que ele perceba que Felix - filho da dona da casa - está apaixonado por Lalau - protegida de sua mãe – e que ela retribui seus sentimentos. O casamento, porém, encontra um empecilho em Dona Antônia, a mãe de Felix, que mesmo gostando muito da moça não aceita que o filho se case com alguém de uma classe inferior.
“Casa Velha” adota ares mais sérios e críticos que “O Alienista” e mesmo abordando um tema menos inusitado – poderia até dizer menos original – que o a história protagonizada pelo doutor Bacamarte, é conduzida pelo autor de forma que a expectativa pelo desfecho é crescente, mesmo que o narrador personagem já indique nas primeiras frases que essa não é uma história de final feliz.
Se em “O Alienista” o autor cria uma situação que aos poucos vai se tornando absurda e ainda assim fácil de compreender e na qual o grande destaque é a situação em si, em “Casa Velha” o destaque é o relacionamento dos personagens e os sentimentos que surgem ali tanto entre eles quanto do leitor para com eles, tornando o próprio leitor um aliado de suas histórias.
Esta edição conta ainda com um interessante prefácio que faz um rápido resumo do realismo – incluindo contexto histórico – uma breve biografia de Machado de Assis e ainda uma análise dos contos apresentados no livro.
“O Alienista / Casa Velha” é uma ótima dica para quem ainda não conhece Machado de Assis. Para quem já conhece, é um ótimo lembrete do porquê este é considerado, ainda hoje, o melhor escritor da literatura brasileira.
Título: O Alienista / Casa Velha (exemplar cedido pela Editora Martin Claret)
Autor: Machado de Assis
Nº de páginas: 147
Editora: Martin Claret
Sei que algumas pessoas fogem ao ver o nome de Machado de Assis estampado na capa de um livro - um trauma que provavelmente venha das aulas de literatura do ensino médio - e por isso deixam de conferir algumas das melhores obras da literatura nacional. Eu, que só tive boas experiências com esse autor (e, por sorte, não fui traumatizada pelo meu professor), fico feliz a cada nova oportunidade de ler seus livros.
Em “O Alienista”, Simão Bacamarte decide se dedicar ao estudo e cura da mente humana criando o primeiro hospital psiquiátrico da cidade de Itaguaí. Aos poucos o médico descobre tantos exemplos de loucura nos habitantes da cidade que trancafia a maior parte da população no sanatório, deixando apenas alguns poucos sãos soltos nas ruas.
Tenho sempre a impressão de que os textos de Machado de Assis se reciclam. É por isso quando releio alguma de suas histórias, sinto que o faço com outro par de olhos. Exemplo disso é que li “O Alienista” há anos e esta releitura me proporcionou pequenas surpresas a cada virada de página, mesmo que eu ainda pudesse lembrar dos acontecimentos em geral, e até mesmo do desfecho deste conto (classificado por alguns críticos como novela).
“O Alienista” apresenta sucintamente tudo que Machado de Assis sabe fazer de melhor. Personagens cativantes, análise psicológica, uma narrativa que esbanja ironia – e rende muitas risadas – um final inesperado e um texto impecável. Devido a isso, se me fosse pedido para recomendar um texto do autor a alguém que nunca leu nenhuma de suas obras, e acha começar por um de seus romances uma meta muito ousada, “O Alienista” seria a minha dica.
Em “Casa Velha”, um cônego - na intenção de fazer uma pesquisa que resultará em um livro - passa a conviver com uma família rica. Não demora para que ele perceba que Felix - filho da dona da casa - está apaixonado por Lalau - protegida de sua mãe – e que ela retribui seus sentimentos. O casamento, porém, encontra um empecilho em Dona Antônia, a mãe de Felix, que mesmo gostando muito da moça não aceita que o filho se case com alguém de uma classe inferior.
“Casa Velha” adota ares mais sérios e críticos que “O Alienista” e mesmo abordando um tema menos inusitado – poderia até dizer menos original – que o a história protagonizada pelo doutor Bacamarte, é conduzida pelo autor de forma que a expectativa pelo desfecho é crescente, mesmo que o narrador personagem já indique nas primeiras frases que essa não é uma história de final feliz.
Se em “O Alienista” o autor cria uma situação que aos poucos vai se tornando absurda e ainda assim fácil de compreender e na qual o grande destaque é a situação em si, em “Casa Velha” o destaque é o relacionamento dos personagens e os sentimentos que surgem ali tanto entre eles quanto do leitor para com eles, tornando o próprio leitor um aliado de suas histórias.
Esta edição conta ainda com um interessante prefácio que faz um rápido resumo do realismo – incluindo contexto histórico – uma breve biografia de Machado de Assis e ainda uma análise dos contos apresentados no livro.
“O Alienista / Casa Velha” é uma ótima dica para quem ainda não conhece Machado de Assis. Para quem já conhece, é um ótimo lembrete do porquê este é considerado, ainda hoje, o melhor escritor da literatura brasileira.
Título: O Alienista / Casa Velha (exemplar cedido pela Editora Martin Claret)
Autor: Machado de Assis
Nº de páginas: 147
Editora: Martin Claret
15 comentários:
O Alienista é um livro fantástico, talvez o meu favorito do Machado. E foi daqueles que temos que ler "obrigatoriamente" na escola. rs
Gosto muito da forma como ele vai conectando as coisas, por mais absurdas que sejam, e como tem seu "q" de psicologia e crítica social.
bjs
GFC: Ana Paula Barreto
Eu não fiquei traumatizada no ginásio nem no ensino médio, porque eu sempre adorei as aulas de literatura, e mesmo quando eramos obrigados a ler algum livro, sempre li com prazer! Realmente Machado de Assis é insuperável, eu também quando releio uma obra dele, sinto como se a historia sempre tivesse um novo sentido, acho que vamos amadurecendo e vendo as coisas de outra forma, adorei as resenhas e me deu uma imensa vontade de reler essas historias! :)
Não fiquei com trauma de Machado de Assis nas aulas, mas também nunca li nada dele fora do contexto escolar. :/ Mas pretendo, e esse me parece mesmo ótimo pra começar. :)
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Oi, :)
Eu fui uma das traumatizadas =* rs'
Mas, depois da sua resenha eu sinceramente daria uma nova chance a esse autor. Além de achar que a história soa interessante, talvez eu o veja com outros olhos agora depois de ter lido livros dos mais diferentes gêneros. Talvez o que tenha me faltado para ser cativada por Machado de Assis é ter me encaminhado a seus livros naturalmente =P
~> Beijusss...;*
Eu gosto do Machado, mas nunca li nenhuma dessas 2 histórias. Eu acho bem legal Memórias Póstumas de Brás Cubas. Eu nao cheguei a odiar o autor enquanto estava no ensino médio, isso aconteceu foi com o livro O Cortiço, que fui obrigada a ler e odiei. Mas já destraumatizei pq reli o livro e achei ele fantástico =) Acho que as nossas releituras sempre nos levam a novas interpretações dos livros, pois somos praticamente novas pessoas quando os relemos.
GFC- Franciely
Eu li O Alienista por causa da escola e amei! foi o primeiro contanto que eu tive com livros do Machado de Assis, acho que foi por isso que não fiquei traumatizada haha! Eu já reli ele umas três vezes, e é como você disse, cada vez percebo uma coisa nova e gosto ainda mais do conto! Todo mundo que tem trauma com ele deveria ler esse livro.
Bjos
Fui traumatizada ;*
Mas a história desse livro me chamou a atenção.
Assim que encontrar ele aqui na minha cidade
irei compra-lo...
Beijos
Thaynara
livroscombolinhos.blogspot.com
Fico feliz quando encontro alguém que também gosta de Machado de Assis e lê por prazer. Como muitos, li a maioria das obras dele enquanto estava na escola e apesar de ser obrigação, eu lia também com muito prazer. Eu tenho O Alienista/Casa Velha aqui e você bem lembrou que a cada vez que lemos, descobrimos outras facetas e outros encantos de Machado de Assis.
GFC: Vanilda Procopio
Comentarista: Vanilda
Li apenas O alienista no Ensino Médio, dois anos atrás. Foi um dos livros de literatura brasileira que mais gostei (ou menos detestei). Não foi uma leitura tão arrastada como alguns outros que já li.
Beijos,
Lucas
ondeviveafantasia.blogspot.com.br
Ótima resenha, Mari!
Confesso que tenho receio de pegar livros do Machado para ler. Mas esta resenha me deixou curiosa e na verdade eu já tinha ouvido falar de O Alienista. É uma premissa interessante!
Faço parte de um grupo que não teve uma boa experiência com os clássicos desde o Ensino Médio. O pouco que conheço do Machado, foi aquilo que foi pedido para o vestibular. Hoje em dia, tenho uma mente bem mais aberta e apta para ler suas obras. Pretendo fazer em breve, e vou começar por essas.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Eu nunca li nada de Machado de Assis, é até vergonhoso falar isso.
Quando era ensino médio o professor pedia para ler e eu nunca lia :$
Quem sabe esse eu leio!
GFC: Rossana Batista
Conheço muitas pessoas que falam bem desse livro, mas ainda assim não tive vontade de ler.
Não é o tipo de livro que costumo ler, talvez algum dia, mas não agora.
Seguidora: Roberta Moraes
Bom.. Eu sou meio traumatizada sim. E por enquanto, não sinto vontade alguma de ler. Mas gostos mudam, então quem sabe no futuro? Rsrs
GFC: Mandaa Nunes
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