sexta-feira, 18 de outubro de 2013

RESENHA: Aconteceu em Paris

“ ‘Deus do céu’, pensei aflita, ‘nunca nem ouvi falar de muitas das cidades para onde esta companhia promove excursões!’ Rapidamente agradeci porque minha entrevista era para um emprego de guia em Paris. Pelo menos eu sabia onde ficava a França.” (HOPKINS, pag.35, 2013)

Quem acompanha o blog sabe que romances, especialmente chick-lits, não costumam me atrair. Por que eu decidi ler “Aconteceu em Paris” então? Simples. A promessa da contracapa (e da blogosfera) de que eu encontraria uma protagonista adorável e daria muitas risadas. Nada disso aconteceu.

Evie é uma moça de 26 anos que vive com a melhor amiga e está desempregada. Chegando a conclusão que boa parte do seu dinheiro é empregada em bebidas, comidas e viagens ela tem uma idéia: tornar-se guia turística. Afinal, o quão ótimo seria fazer todas essas coisas e ainda ser paga para isso? O problema é que Evie não tem qualificação nenhuma para o emprego - o que não a impede de mentir no currículo - mas de alguma forma acaba empregada. E é em sua primeira viagem para Paris que ela conhece Rob, o motorista do ônibus de excursão.

Gostar do protagonista é sempre meio caminho andado para se gostar do livro. Não gostar, especialmente quando o livro é narrado em primeira pessoa e precisamos conviver não apenas com as ações do personagem, mas também com cada um de seus pensamentos, é um problema. E o meu problema com “Aconteceu em Paris” começou com Evie. A contracapa do livro a descreve como sendo “destemida”, mas para mim ela não é destemida e sim completamente desajuizada. Isso não seria um problema, e poderia render algumas risadas, se tudo o que Evie fizesse não soasse tão absurdo que tanto ela quanto suas ações e as situações em que se envolve beiram o ridículo e me irritaram desde a primeira página.

Essa seria uma mulher que passa o tempo todo querendo emagrecer, mas se afoga bebendo vinho. Que ao viajar para um país estrangeiro e perceber que esqueceu em casa sua bolsa onde estão seus documentos, passaporte e dinheiro vê como maior problema a falta de maquiagem (e convenhamos, que mulher esquece a bolsa em casa?). Que arruma um emprego que exige ser responsável por outras pessoas e tornar a viagem delas mais interessante, quando não consegue nem ser responsável por si mesma, mente descaradamente sobre todos os pontos turísticos por onde passa e bebe até passar mal enquanto está trabalhando.

Não bastasse a protagonista ser caricata ao extremo, Rob – o homem com quem ela se envolve – também tem atitudes incompreensíveis. Logo no início, ele se arrisca ajudando uma mulher que não conhece (por nenhuma razão lógica), chegando até a financiar as compras dela, para poucas horas depois passar a beirar a bipolaridade, alternando entre o seu lado mandão e o sedutor a cada virada de esquina. E esse foi outro problema para mim. Mesmo que o romance de Evie e Rob fosse para ser apenas caso tórrido (o que não condiz com o final do livro) o casal não passa química nenhuma. Não senti um clima, sentimento e nem mesmo atração de verdade entre eles, parecendo algo do tipo “ame quem está próximo de você (e apenas porque está próximo de você)”.

Já vi alguns desses elementos funcionarem em outros livros (Travis Maddox de “Belo Desastre” também beira a bipolaridade e Delilah de “Qual é seu número?” também é um tanto desajuizada – e saliento aqui que esses livros também não fazem o meu gênero e ainda assim foram leituras que consegui apreciar), o que me leva a acreditar que o maior problema de “Aconteceu em Paris” seja erro de dosagem. Ao querer fazer uma personagem meio destrambelhada - uma mulher jovem sem nada a perder - a autora abusou tanto de elementos que a fariam assim que a tornou caricata. Ao querer fazer um romance arrebatador e sexy, fez um relacionamento vazio. Ao querer fazer um livro engraçado, o fez completamente absurdo (o que poderia até ser sinônimo de inusitado e divertido, mas nesse caso é apenas clichê).

Talvez esse erro de dosagem ocorra porque este é o primeiro livro da autora, ou talvez isso tudo só tenha me incomodado porque o livro não faz o meu gênero. Levando este último ponto em consideração, ressalto que vi muitas pessoas dizendo que adoraram o livro, se divertiram com ele e até se apaixonaram pela protagonista. Então se você gosta do gênero, não tenha a minha experiência como parâmetro. Mas se você gosta de histórias verossímeis, “Aconteceu em Paris” é um livro que eu não recomendo.

Título: Aconteceu em Paris (exemplar cedido pela Editora Novo Conceito)
Autora: Molly Hopkins
Nº de páginas: 474
Editora: Novo Conceito

14 comentários:

Unknown disse...

Já vi muitos comentários positivos a respeito desse livro, porém, não tenho vontade de comprá-lo. Se eu ganhasse eu ate leria....

Bjus
http://infinitoparticulardoslivros.blogspot.com.br/

Ana Paula Barreto disse...

Gosto muito do gênero, mas ainda não estou certa se vou gostar desse livro em particular. Assim como você, eu curto histórias mais verossímeis, assim como personagens "reais". A história pode até ser divertida, mas acho que não vou conseguir me apegar muito a personagem principal.
De qualquer forma, não descarto a possibilidade de leitura. Quem sabe a minha experiência com o livro seja melhor.
bjs
Ana paula Barreto

Gabriela CZ disse...

Vejo opiniões bem distintas sobre o livro, mas pelo seu relato parece que realmente não iria me agradar também.

Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

Yasmin Aristo disse...

Gostei da resenha, ouvi cometários bastante divergentes a respeito do mesmo, mas fiquei com um certa curiosidade pra le-lo

Rossana Batista disse...

Nossa... acredito que se você tenha gostado de outros livros que tem uma premissa parecida o problema não é que você não gosta de Chick-List e sim foi o livro mesmo.
Desde o lançamento eu não fiquei muito curiosa para conhecer a história, apesar de até gostar do gênero, mas algo não me atraiu e ainda não pretendo lê-lo.

Kel Araujo disse...

Adoro Chick Lits mas esse livro não me chama em nada a atenção. A começar por essa capa horrível com um photoshop tosco bem visível. Depois que eu só leio coisas negativas sobre Aconteceu em Paris. Detesto personagens caricatos demais e personagem bipolar também ninguém merece =P. Parabéns pela sua resenha, adorei

beijos
Kel
porumaboaleitura.blogspot.com.br

Luara Cardoso disse...

Oi Mari, tudo bem?
É, então, vi tantas resenhas negativas desse livro que desanimei COMPLETAMENTE. :( Sério, pelo que andei lendo, parece que esse livro não vai me agradar nada nada.
É detestável quando a gente não dá com o protagonista, ainda mais se for ele o narrador. O livro se torna mais arrastado de certa forma. Não dá nada certo.
Espero mesmo que a autora melhore em seus próximos livros. É tudo uma questão de evolução, correto?

Um beijo,
Luara - Estante Vertical

Helana Ohara disse...

Que estranho :( Pena que não gostou do livro, achei ele tão bonitinho e divertido. Evie é muito hilária.

Beijinhos
www.intheskyblog.blogspot.com.br

Roberta Moraes disse...

Não fiquei com a empolgação necessária para querer ler esse livro. Até gosto de chick-lits mas acho que teria um problema com a personagem principal e com o motorista da história.

Anônimo disse...

Estou louca para ler esse livro, adoro esses romances leves e divertidos, principalmente quando ele consegue se sustentar por tantas páginas.

Nardonio disse...

Já li resenhas positivas e negativas em relação a esse livro, mas essa foi a mais negativa que li até agora. Realmente você listou bastante coisas que te incomodaram bastante, e não é pra menos que ele não tenha te agradado. Fiquei com essa mesma impressão sua, de que a autora acabou se perdendo na dosagem das coisas. Enfim, se tiver oportunidade, lerei pra tirar minhas próprias conclusões.

Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom

Anônimo disse...

Sério? Estava crendo que esse livro seria lindo, só pelo fato de ter Paris no título rsrsrs Ok, parece chulo da minha parte dizer algo desse tipo, mas realmente queria ler porque vi o nome da cidade no título e já queria pra mim hahaha Só que pelo jeito não irei gostar da história. Gosto deste gênero em particular, mas gosto de histórias verossímeis também; então acho que detestaria ver tanto clichê sem fundamento em 474 páginas. O livro com certeza se tornaria enfadonho e maçante pra mim, e realmente odeio quando isso acontece ;/

B. Menezes disse...

Gostei bastante da resenha, mas sabe, nunca me interessei pelo livro... E tipo, quando minha amiga Polly disse que ele tem 'besteiras' nele, aí que eu nem quis ler mesmo. A única coisa que me parece ser legal é o Paris, rsrs, porque eu amo Paris - e sonho em ir para lá! Mas com a sua resenha, se eu tinha algum interesse neste livro, agora não tenho.
E só por alguns pontos que você nos mostrou da protagonista já posso dizer que não gosto dela, nem um pouquinho. Beijos (:

Foreverbia.blogspot.com

Adriana disse...

Acho que quando não gostamos de certo gênero de leitura, somos mais exigentes, talvez seja isso que aconteceu com voce. Li diversas resenhas positivas dele, estou muito empolgada em fazer essa leitura, até porque é um genero que gosto e me divirto bastante! Mas é uma pena quando não conseguimos nos empolgar com um livro né!
Adriana

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