“[...] e foi quando eu percebi que, na maioria das vezes, a
verdade não importa; e quando as pessoas fazem uma ideia terrível de você, é
assim que você será visto, não importa o que faça.” (QUICK, 2013, p. 55).
***
Após o sucesso retumbante de O Lado Bom da Vida e de sua
adaptação para o cinema, Matthew Quick se tornou nome comum na lista de mais
vendidos. Atraído por uma premissa bastante original, fiquei surpreso e satisfeito
em meu primeiro contato com o autor.
No dia de seu aniversário de dezoito anos, Leonard Peacock
planeja assassinar seu ex-melhor amigo e então cometer suicídio. Mas antes
disso, quer encontrar-se com as quatro pessoas mais importantes em sua vida
para ter a oportunidade de dizer adeus.
Quantas vezes por ano ouvimos falar de massacres cometidos por
adolescentes, principalmente nos Estados Unidos? Adolescentes que matam seus
colegas e professores, ou desconhecidos em uma sala de cinema, para então
cometerem suicídio. Assim, antes de prosseguir, preciso tirar o chapéu para a
ousadia e a criatividade de Matthew Quick. Afinal, quantos autores teriam coragem de
contar a estória de um homicida/suicida?
O que mais me impressionou foi a capacidade de Quick fazer
com que o leitor se importe e se preocupe com Leonard, um adolescente
perturbado e problemático, mas também absurdamente real e complexo. Seus motivos para uma
ação tão drástica vão sendo revelados aos poucos — através do contato com cada
um dos personagens de quem ele quer se despedir —, e quanto mais o leitor o
conhece, mais se solidariza.
Como era de se esperar, Perdão, Leonard Peacock é uma leitura
intensa, para dizer o mínimo, pois obriga o leitor a refletir sobre uma gama de
assuntos, que vão desde relações familiares a questões filosóficas. Apesar da
premissa parecer pesada, o tema-tabu é abordado com sensibilidade, mostrando uma realidade crua e até mesmo desagradável, que muitas vezes preferimos ignorar.
Além de contar com uma narrativa fluída e personagens
extremamente verossímeis, o texto é permeado por uma tensão sobre o que irá
acontecer que impulsiona o leitor a devorar cada capítulo. E quando digo isto
não estou exagerando, visto que li o livro em (pasmem) um dia! Minha crítica
limita-se ao uso excessivo e desnecessário de notas de rodapé, pois, além de
interromperem o fluxo narrativo, poderiam ter sido integrados ao texto.
Levando o ditado “toda ação tem uma reação” ao extremo, Quick
demonstra nas entrelinhas da obra que qualquer pessoa é a soma volátil
das inúmeras reações sofridas ao longo da vida. Perdão, Leonard Peacock é uma
lição de vida impactante, profunda e tocante. Se você não tem medo de um livro que o desafie e o faça refletir, leia assim que puder.
Autor: Matthew Quick
N. de páginas: 223
Editora: Intrínseca
13 comentários:
Adorei a resenha! Fiquei tão curiosa para ler esse livro porque adoro leituras intensas e daquelas que mesmo depois de fecharmos o livro ela faz com que fiquemos pensando durantes um bom tempo em tudo que aprendemos com ele.
Tenho o livro e será o próximo da lista de leitura. Eu simplesmente espero MUITO da história, principalmente por essa carga emocional e por tudo que nos faz pensar. Gosto demais desse estilo do Matthew e acho difícil ficar desapontada com a leitura.
bjs
Ana Paula Barreto
Oi Alê, apesar de ter assistido ao filme de O lado bom da vida e adorado, nunca li nada do autor que parece ter se tornado um novo queridinho. Esta é a segunda resenha que leio deste livro, que me parece um tanto chocante, mas muito interessante. às vezes fujo dessas leituras mais intensas que abordam temas que nem sempre queremos encarar - mas em alguns momentos é impossível deixar de notá-las.
Beijos
A capa não foi algo que me agradou mas a resenha sim. Fiquei com vontade de sentir essa tensão que você diz que o livro tem a poder devorar página por página! Nunca li nada do autor então espero ser sensacional!
Achei bem interessante a ideia do livro e estou super interessada em ler! Gosto de livros assim que não entregam os motivos do personagem logo de cara, e sim que vamos conhecendo as coisas aos poucos =)
Eu já queria ler porque gostei muito de O Lado Bom da Vida, e agora então vendo sua opinião a respeito sei que posso ler sem medo de decepção.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Como vc, tbm achei a premissa original, e estória parece ser mto interessante.
O autor já estava na minha lista com O Lado Bom da Vida, e dps da sua resenha tive que acrescentar Perdão, Leonard Peacock.
Não conhecia este livro, mas já estou super interessada dele. Um livro com um tema tão complexo desperta minha curiosidade.
Quando vi esse livro, pensei que a história era completamente diferente do que é. Achei bem interessante, e fiquei com vontade de ler, pois os assuntos abordados são bem reais e fortes ao mesmo tempo. Estou até curioso pra saber o desfecho desse livro.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Ai, como quero esse livro!
Acho que ainda não li nenhuma resenha negativa dele, por ser algo incomum e pela maneira como o autor escreve. Quando anunciaram o lançamento e li a sinopse, foi uma empatia instantânea. A realidade mostra exatamente isso e é bom ter escritores corajosos dispostos a abordar um assunto tão naturalmente difícil. Não tenho problemas com enredos reflexivos, então sei que preciso conhecer mais sobre o Matthew e o Leo através deste livro *-*
Eu não tinha me interessado muito por este livro, apesar de o escritor parecer ótimo e tal, talvez não seja um livro muito Garota de 13 anos? Sabe rsrs... Apesar de eu ler literatura jovem e etc, eu não sei, talvez pela minha mãe? Mas eu gostei muito da sua resenha, eu me assustei com essa do Leonard querer matar o ex-melhor amigo e se suicidar, mas eu aposto que deve ser realmente um bom livro... Eu curto livros que me fazem refletir, se alguém me emprestasse eu o leria, mas não sei não se vou adicioná-lo a minha wish. Mesmo assim, amei a resenha!
Beijoca
Foreverbia.blogspot.com
Gostei muito da resenha, esse livro parece ser muito bom e deu vontade de ler depois que li essa resenha. E um tema bem difícil de ser tratado.
Blog:http://momentocrivelli.blogspot.com.br/
Quick tem o dom de criar personagens difíceis, problemáticos, mas que ainda assim, torcemos por eles, que eles se acertem, se encontrem no mundo! Também não gosto muito das notas no rodapé,por elas quebrarem o ritmo de leitura! É claro que vou ler esse livro forte, denso, mas que já me conquistou pelo pouco que li sobre ele! Excelente resenha! :)
Adriana
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