“ - Você andou bebendo – ele disse, lentamente.
- Apenas um pouco de Chanel nº 5, beijos, o brilho pálido de adoráveis pernas e o convite maroto em profundos olhos azuis. Coisas inocentes desse tipo.” (CHANDLER, pag. 149, 2009)
Mais uma intrincada e ardilosa aventura de Phillip Marlowe. Dessa vez, o detetive é contratado pela aparentemente inocente Orfamay Quest, para localizar seu irmão Orrin que há tempos está desaparecido. Ao dar início a busca, cujo resultado Marlowe já imagina ser o cadáver de Orrin, o detetive se depara com muitos corpos pelo caminho, gângsters, atrizes de cinema, policiais desagradáveis, chantagistas armados com fotos comprometedoras e picadores de gelo e muitas mulheres fatais que o colocarão em maus lençóis.
Há quem diga que a literatura policial visa somente o entretenimento e que as histórias ganham vida em textos ágeis sem compromisso com a qualidade. Essas pessoas, evidentemente, nunca leram Raymond Chandler.
Em “A Irmãzinha” encontramos mais um exemplar do talento do autor e tendo lido quase todos os seus romances (vários deles resenhados no blog) me sinto em condições de afirmar que a obra de Raymond Chandler é consistente. Os elementos que definem o autor e o universo do cativante (e dono de um lugar de honra no meu coração) Phillip Marlowe estão presentes em todos os livros em tramas igualmente complexas e interessantes. Jamais encontrei um livro de Raymond Chandler cuja história não fosse boa ou em que seu texto não estivesse afiadíssimo.
Porém, dos muitos elogios que eu poderia empregar para falar dos livros do autor, ágil não é um deles. A narrativa de Chandler é lenta, recheada de detalhes que precisam ser lidos com atenção. Muita atenção. É muito fácil se perder nas curvas do caminho de Marlowe e nas falhas de caráter dos personagens com quem ele se depara. “A Irmãzinha” é um exemplo perfeito disso. Ainda assim, ao fazer de seu personagem o narrador da história, o autor nos atira dentro da ação e da atmosfera suja - luxuosa e barata, ao mesmo tempo - daquela Los Angeles já nas primeiras páginas.
O mais interessante nessa aventura em específico é que o incorruptível detetive se vê diante de situações em que o mais importante é preservar suas clientes e por isso acaba fazendo coisas que poderão colocá-lo em uma posição comprometedora. Mas é de Marlowe que estamos falando e há um limite até onde o detetive está disposto a ir e linhas - que nós que temos o deleite de conhecê-lo sabemos - que ele jamais cruzará.
Todos os personagens, desde Orfamay a atriz de cinema Mavis Weld, passando pelo aparentemente respeitável Dr. Lagardie têm algo a esconder e revelam apenas o que lhes é interessante (e não comprometedor) que seja revelado. Essa é uma das razões que fazem com que seja impossível adivinhar o que irá acontecer.
Não existe texto policial mais perfeito que o de Raymond Chandler. Não existem diálogos mais ágeis, espertos e brilhantes do que os escritos pelo autor. Não existem personagens mais complexos, dúbios e misteriosos do que aqueles com os quais o detetive Phillip Marlowe se depara. “A Irmãzinha” é um belo exemplar dessas características e se você é fã de literatura policial precisa conferir, se não esse, qualquer outro livro do autor. Porque quando se é mestre, tudo que se faz é revestido de maestria.
Título: A Irmãzinha
Autor: Raymond Chandler
Nº de páginas: 260
Editora: L&PM
- Apenas um pouco de Chanel nº 5, beijos, o brilho pálido de adoráveis pernas e o convite maroto em profundos olhos azuis. Coisas inocentes desse tipo.” (CHANDLER, pag. 149, 2009)
Mais uma intrincada e ardilosa aventura de Phillip Marlowe. Dessa vez, o detetive é contratado pela aparentemente inocente Orfamay Quest, para localizar seu irmão Orrin que há tempos está desaparecido. Ao dar início a busca, cujo resultado Marlowe já imagina ser o cadáver de Orrin, o detetive se depara com muitos corpos pelo caminho, gângsters, atrizes de cinema, policiais desagradáveis, chantagistas armados com fotos comprometedoras e picadores de gelo e muitas mulheres fatais que o colocarão em maus lençóis.
Há quem diga que a literatura policial visa somente o entretenimento e que as histórias ganham vida em textos ágeis sem compromisso com a qualidade. Essas pessoas, evidentemente, nunca leram Raymond Chandler.
Em “A Irmãzinha” encontramos mais um exemplar do talento do autor e tendo lido quase todos os seus romances (vários deles resenhados no blog) me sinto em condições de afirmar que a obra de Raymond Chandler é consistente. Os elementos que definem o autor e o universo do cativante (e dono de um lugar de honra no meu coração) Phillip Marlowe estão presentes em todos os livros em tramas igualmente complexas e interessantes. Jamais encontrei um livro de Raymond Chandler cuja história não fosse boa ou em que seu texto não estivesse afiadíssimo.
Porém, dos muitos elogios que eu poderia empregar para falar dos livros do autor, ágil não é um deles. A narrativa de Chandler é lenta, recheada de detalhes que precisam ser lidos com atenção. Muita atenção. É muito fácil se perder nas curvas do caminho de Marlowe e nas falhas de caráter dos personagens com quem ele se depara. “A Irmãzinha” é um exemplo perfeito disso. Ainda assim, ao fazer de seu personagem o narrador da história, o autor nos atira dentro da ação e da atmosfera suja - luxuosa e barata, ao mesmo tempo - daquela Los Angeles já nas primeiras páginas.
O mais interessante nessa aventura em específico é que o incorruptível detetive se vê diante de situações em que o mais importante é preservar suas clientes e por isso acaba fazendo coisas que poderão colocá-lo em uma posição comprometedora. Mas é de Marlowe que estamos falando e há um limite até onde o detetive está disposto a ir e linhas - que nós que temos o deleite de conhecê-lo sabemos - que ele jamais cruzará.
Todos os personagens, desde Orfamay a atriz de cinema Mavis Weld, passando pelo aparentemente respeitável Dr. Lagardie têm algo a esconder e revelam apenas o que lhes é interessante (e não comprometedor) que seja revelado. Essa é uma das razões que fazem com que seja impossível adivinhar o que irá acontecer.
Não existe texto policial mais perfeito que o de Raymond Chandler. Não existem diálogos mais ágeis, espertos e brilhantes do que os escritos pelo autor. Não existem personagens mais complexos, dúbios e misteriosos do que aqueles com os quais o detetive Phillip Marlowe se depara. “A Irmãzinha” é um belo exemplar dessas características e se você é fã de literatura policial precisa conferir, se não esse, qualquer outro livro do autor. Porque quando se é mestre, tudo que se faz é revestido de maestria.
Título: A Irmãzinha
Autor: Raymond Chandler
Nº de páginas: 260
Editora: L&PM
8 comentários:
O título nem a capa do livro infelizmente não me atraem nem um pouco e nunca li nada desse autor. Apesar disso, sou fã de romances policiais e aprecio narrativas bem detalhadas - claro que de um jeito que não seja cansativo. Mas espero que valha a pena para quando eu for ler.
O interessante do Raymond Chandler é que seus livros fogem completamente das características dos romances policiais: A narrativa é um pouco mais lenta, mas super envolvente. Sem falar nas personagens dúbias que tanto gosto. Enfim, mais um belo exemplar do autor que lerei.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Nossa fiquei super animada com esta tua resenha, pois não li nenhum livro do autor e realmente não conhecia este livro, mas já anotei o nome e com certeza vou procurar por outras obras do autor!!
Mais uma série policial pra eu ler. Impossível não se empolgar com essa resenha.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Fiquei animadíssima com você falando que não existe policial igual! :O
Adoro livros na temática e eu estou super empolgada agora. <3
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Ah, ainda não conferi nenhum trabalho deste escritor, e eu gosto de romance policial! Mas um dia vou lê-lo, porque não posso deixar de ler um autor tão elogiado assim.
Ótimo blog.
Não conheço o escritor, livros policiais ou de suspense não são meus preferidos. A maioria sempre deixa pontas soltas ou o enredo não me prende. Não me interessei pelo livro.
Não me lembro de ter lido nada desse autor, mas vou pesquisar porque sinceramente gostei muito da resenha, gosto de leituras que temos que precisamos nos concentar, ler com cuidado pra não nos perder, pois histórias assim, ficam muito mais tempo em nossa memória, adorei sua resenha e já coloquei o livro na lista de desejados! :)
Adriana
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