“Homens da lei e criminosos não são tão diferentes assim. A habilidade e as técnicas são muito parecidas, só o que muda é o foco. Mas é isso que faz toda a diferença, não é?” (BALDACCI, pag. 38, 2013)
Luther Whitney é um ladrão idoso que planeja assaltar a casa de um milionário quando toda a família deveria estar de férias. Mas em meio ao assalto, aquele que deveria ser o grande golpe da sua vida se torna um grande risco, pois a esposa do milionário aparece com seu amante, ninguém mais, ninguém menos, que o presidente dos Estados Unidos. Sem escolha, Luther assiste escondido aos acontecimentos e vê o romance se transformar em uma briga séria que culmina na morte da mulher por dois agentes do Serviço Secreto. Fugindo com a única prova da culpa do presidente, Luther coloca todos em risco, desde os mais altos funcionários da Casa Branca até ele mesmo e sua filha.
Livro para mim precisa ser entretenimento. É maravilhoso ler um livro composto de frases impecavelmente construídas e personagens profundos, mas, a meu ver, de nada adianta isso se a história não for boa. É por isso que, de vez em quando, eu me aventuro a ler autores como David Baldacci, que não alcançam o seu sucesso pelo que podemos chamar de méritos literários, mas com histórias despretensiosas, porém intrigantes e envolventes - o que, para mim, muitas vezes basta. “Poder Absoluto” tinha tudo para ser uma dessas histórias, mas os caminhos que o autor optou por trilhar ao contá-la não permitiram que chegasse a isso.
Meu principal problema com “Poder Absoluto” é que já sabemos tudo o que está acontecendo nas primeiras páginas, pois vemos acontecer. Sabemos como ocorreu o assassinato e o que cada personagem fez e pretende, de forma que não há nada para descobrir, resta apenas assistir que os fatos se desenrolem. Já mencionei e dei exemplos aqui de livros em que isso funciona, mas não foi o caso do livro de Baldacci, pois tudo é muito previsível. É evidente o que acontecerá com o noivado do advogado e da moça rica que ele, obviamente, não ama, assim como é evidente que ele reencontrará a sua ex-namorada e o que acontecerá quando esse reencontro ocorrer; é evidente o que acontecerá quando o presidente for desmascarado; é evidente que o plano da chefe de gabinete seria um tiro que sairia pela culatra. Assim, “Poder Absoluto” acaba sendo uma história sem surpresas. O autor entrega as relações de bandeja e com isso desperdiça tudo de atrativo que poderia vir das chantagens, casos extra-conjugais, intrigas políticas, amores desencontrados e situações perigosas (todos ótimos elementos). Além disso, com essas opções, o autor faz com que a investigação do crime se perca, pois por mais que seja aceitável que uma investigação vá para o lado errado em alguns momentos, é entediante acompanhar uma que sabemos estar neste caminho e que, enquanto isso, não nos traz nada de interessante.
Baldacci usa um artifício bastante comum aos best-sellers americanos e divide os capítulos em trechos curtos, mostrando para o leitor a visão de todos os personagens, através de narrativa em terceira pessoa. Isso também não contribui para o envolvimento do leitor, já que com tantos cortes que apenas mostram outro ângulo do mesmo fato a história demora a avançar - apesar do uso de um artificio normalmente associado à agilidade - além de obrigarem o autor a preencher os capítulos com informações que não levam ao desenvolvimento da trama ou dos personagens.
“Poder Absoluto” é o primeiro livro de David Baldacci e foi adaptado para o cinema por Clint Eastwood, que também estrela o filme homônimo no papel do assaltante Luther. Curiosamente, um dos personagens principais do livro - o advogado Jack Graham - não aparece na adaptação, o que, a meu ver, reforça o quanto a história de Baldacci era promissora, mas se perdeu em meio a todos os elementos que o autor quis abordar. É possível que se tivesse se atido a apenas um ou dois aspectos ao invés de tentar abordar todos simultâneamente, o autor fosse capaz de extrair dos arcos escolhidos uma ótima trama (na minha opinião, principalmente se explorasse as consequências na Casa Branca e os jogos de poder). Mas funcionários do governo sem saber como agir diante da ameaça de um único homem, a perseguição do assaltante que se torna suspeito do crime, uma investigação que não descobre nada que o leitor já não saiba, o reencontro de pai e filha, o reencontro de ex-namorados, um relacionamento amoroso em crise, um advogado em ascensão com crise na consciência, sedução por interesse e desconfianças no Serviço Secreto, a meu ver, são histórias paralelas em excesso que acabam por ofuscar uma a outra.
Título: Poder Absoluto (exemplar cedido pela Editora)
Livro para mim precisa ser entretenimento. É maravilhoso ler um livro composto de frases impecavelmente construídas e personagens profundos, mas, a meu ver, de nada adianta isso se a história não for boa. É por isso que, de vez em quando, eu me aventuro a ler autores como David Baldacci, que não alcançam o seu sucesso pelo que podemos chamar de méritos literários, mas com histórias despretensiosas, porém intrigantes e envolventes - o que, para mim, muitas vezes basta. “Poder Absoluto” tinha tudo para ser uma dessas histórias, mas os caminhos que o autor optou por trilhar ao contá-la não permitiram que chegasse a isso.
Meu principal problema com “Poder Absoluto” é que já sabemos tudo o que está acontecendo nas primeiras páginas, pois vemos acontecer. Sabemos como ocorreu o assassinato e o que cada personagem fez e pretende, de forma que não há nada para descobrir, resta apenas assistir que os fatos se desenrolem. Já mencionei e dei exemplos aqui de livros em que isso funciona, mas não foi o caso do livro de Baldacci, pois tudo é muito previsível. É evidente o que acontecerá com o noivado do advogado e da moça rica que ele, obviamente, não ama, assim como é evidente que ele reencontrará a sua ex-namorada e o que acontecerá quando esse reencontro ocorrer; é evidente o que acontecerá quando o presidente for desmascarado; é evidente que o plano da chefe de gabinete seria um tiro que sairia pela culatra. Assim, “Poder Absoluto” acaba sendo uma história sem surpresas. O autor entrega as relações de bandeja e com isso desperdiça tudo de atrativo que poderia vir das chantagens, casos extra-conjugais, intrigas políticas, amores desencontrados e situações perigosas (todos ótimos elementos). Além disso, com essas opções, o autor faz com que a investigação do crime se perca, pois por mais que seja aceitável que uma investigação vá para o lado errado em alguns momentos, é entediante acompanhar uma que sabemos estar neste caminho e que, enquanto isso, não nos traz nada de interessante.
Baldacci usa um artifício bastante comum aos best-sellers americanos e divide os capítulos em trechos curtos, mostrando para o leitor a visão de todos os personagens, através de narrativa em terceira pessoa. Isso também não contribui para o envolvimento do leitor, já que com tantos cortes que apenas mostram outro ângulo do mesmo fato a história demora a avançar - apesar do uso de um artificio normalmente associado à agilidade - além de obrigarem o autor a preencher os capítulos com informações que não levam ao desenvolvimento da trama ou dos personagens.
“Poder Absoluto” é o primeiro livro de David Baldacci e foi adaptado para o cinema por Clint Eastwood, que também estrela o filme homônimo no papel do assaltante Luther. Curiosamente, um dos personagens principais do livro - o advogado Jack Graham - não aparece na adaptação, o que, a meu ver, reforça o quanto a história de Baldacci era promissora, mas se perdeu em meio a todos os elementos que o autor quis abordar. É possível que se tivesse se atido a apenas um ou dois aspectos ao invés de tentar abordar todos simultâneamente, o autor fosse capaz de extrair dos arcos escolhidos uma ótima trama (na minha opinião, principalmente se explorasse as consequências na Casa Branca e os jogos de poder). Mas funcionários do governo sem saber como agir diante da ameaça de um único homem, a perseguição do assaltante que se torna suspeito do crime, uma investigação que não descobre nada que o leitor já não saiba, o reencontro de pai e filha, o reencontro de ex-namorados, um relacionamento amoroso em crise, um advogado em ascensão com crise na consciência, sedução por interesse e desconfianças no Serviço Secreto, a meu ver, são histórias paralelas em excesso que acabam por ofuscar uma a outra.
Título: Poder Absoluto (exemplar cedido pela Editora)
Autor: David Baldacci
Nº de páginas: 379
Nº de páginas: 379
Editora: Arqueiro
11 comentários:
Pensei que esse livro fosse bom, mas acho que perdeu metade da graça ao se revelar toda a situação logo de cara.
Na minha opinião, uma das coisas mais legais em livros policiais é desvendar o mistério junto com os personagens.
Uma pena.
bjs
Não é meu estilo preferido de leitura, confesso que só leio uns 4 ou 5 livros do gênero por ano, então não sinto muita vontade de ler este em questão... :x
Quem sabe um dia.
Bjs,
Kel
www.itcultura.com.br
Logo no início da resenha me animei com a estória, pensando que seria um bom livro, mas em seguida me desanimei ao ver as críticas sobre ele.
Acho que o tema em si é bom, e se eu visse numa livraria me chamaria a atenção. Mas pelo que eu pude perceber é como se a estória não tivesse suspense nem nada imprevisível que faça com que prenda a atenção do leitor. Uma pena :/
Eu particularmente gosto de livros com os capítulos divididos em trechos pequenos, como os do Dan Brown, por exemplo, já que geralmente esses trechos terminam no ápice e me deixam ainda mais curiosa pra continuar a leitura e descobrir o que acontece em seguida.
Acho que o livro tinha tudo para ser bom, mas não foi bem construído e desenvolvido.
Bjos.
Acho que, por ser o primeiro livro do autor, ele acabou se perdendo em meio ao farto material que tinha em mãos. Se ele fosse escrever esse livro hoje, creio que ele teria percorrido outros caminhos, e a história teria rendido muito mais.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
A premissa tinha me interessado, pena ser tão previsível e mal elaborado. Obrigada pelo aviso.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Eita, quanta coisa o autor quis colocar no livro! Acredito que tenha ficado bem confuso... mas até que a premissa me agradou [antes de ler a resenha]. Talvez pelo fato de ser o primeiro livro do autor né? ele ficou afoito e jogou tudo o que tinha em mente hahaha
O ponto de partida do livro realmente é bom, e é uma pena que o autor não tenha conseguido aproveitar a história. Normalmente gosto muito de ler livros que envolvem investigações policiais, mas nesses casos o melhor é você não saber o que aconteceu desde o começo e tentar juntar os pedaços.
pelo nome o livro parece tao incrivel.. é uma pena que seja previsivel como voce falou! eu geralmente nao leio livros de açao/suspense, mas qndo leio esse estilo gosto que me prendam e me deixem curiosa para decifrar os misterios :/ mas ja sendo tudo narrado no começo eu nao sinto vontade de le-lo nao .-.
beijos
tudo bem q tem esses pontos negativos sobre o desenrolar da historia e o fato de ser td "entregue" logo no começo do livro... mas o autor deve ter tido um motivo de faze-lo assim...
vou ler, assim que der... pareceu interessante, de um certo pto de vista.
Sinceramente nao me sinto atraída por nenhuma historia do autor, nao tem conexao com ele, quem sabe futuramente né.
xx
O Livro parece ser muito bom, mas ele não me atraiu agora, por enquanto não pretendo ler, ainda não li nenhum livro do autor, mas tenho interesse parece que as obras dele são ótimas.
Beijos!!!
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