“O mundo era cruel. Homens adultos sequestravam menininhas. Pessoas traíam a quem amavam. O que havia sido feito jamais poderia ser desfeito. Era simplesmente como as coisas funcionavam.” (GARDNER, pag. 191, 2013)
Quando li “Viva para Contar” minha conclusão foi que Lisa Gardner era uma autora que sabia criar boas tramas policiais, mas que deixava a desejar em alguns aspectos, especialmente no desfecho delas. Por isso, tinha curiosidade de ler outro de seus livros para me certificar que ela merecia mais elogios do que críticas, como eu imaginava. Com “Esconda-se” minha primeira impressão se repetiu.
Anabelle passou a infância fugindo de uma ameaça que nunca soube que rosto tinha. Tudo que sabia era que, de tempos em tempos, ela devia escolher poucos pertences, fazer as malas e seus pais a levariam para outro lugar e lhe dariam uma nova identidade.
Quando uma cova contendo o corpo de seis meninas é descoberta próxima a um hospital psiquiátrico, Anabelle descobre que as fugas de sua família podem estar relacionadas às atividades de um serial killer cujo modus operandi é semelhante ao de Richard Umbrio, o criminoso que sequestrou Catherine Gagnon quando ela tinha doze anos, mas que já estava preso quando Anabelle começou a ser assediada por alguém que lhe deixava presentes na varanda de sua casa. Além da impossibilidade de Umbrio ser o voyer que perseguia Anabelle na infância, ele também não pode ser o responsável pela cova. Outra coincidência parece ligar esses casos: Anabelle e Catherine são tão parecidas que poderiam ser irmãs.
Apesar de investir em um texto excessivamente explicativo, a autora consegue fazer com que a narrativa flua com agilidade, o que se revela o seu maior mérito. A história fisga o leitor nas primeiras páginas quando Anabelle começa a contar como foi sua infância de fugas e troca de identidades e a partir desse momento nos deparamos com um caso policial interessante e promissor. O mistério da paranóia do pai de Anabelle, a semelhança dela com Catherine, o misterioso paciente do hospital psiquiátrico e as inúmeras formas com que todos esses elementos podem se cruzar mantém o leitor interessado e alerta querendo saber o que acontecerá.
Porém, o problema que tive com Lisa Gardner em “Viva para Contar” se repete em “Esconda-se”. A autora guarda uma carta na manga durante a maior parte do livro, sem dar a chance do leitor chegar às suas próprias conclusões, e sua revelação é feita repentinamente quando, depois disso, o suspense acaba sem mal ter começado. Já sabemos a identidade de quem está por trás de tudo, só não conhecemos o seu rosto. Isso até não seria problema se bem manipulado, mas não acredito que um leitor que costume devorar livros policiais não tenha, em algum momento, desconfiado do personagem que se revela o grande vilão da história.
Isso não faz de “Esconda-se” um livro ruim, já que ele é sim um bom entretenimento. Você gosta de livros policiais e quer um título para passar o tempo, para ler do início ao fim em um domingo chuvoso, para levar com você em uma viagem? Tenha ele como opção. Mas é fato que o livro não apresenta nada de excepcional ou inédito. Eu ainda gostaria de ler outros livros da autora e lerei se tiver oportunidade, mas dizer que estou ansiosa para isso seria um exagero. É um bom livro? Com erros e acertos, é sim. Mas nem sua trama, nem seus personagens foram elaborados o suficiente para marcar alguém que é fã confessa (e devoradora) de livros policiais.
Título: Esconda-se (exemplar cedido pela Editora Novo Conceito)
Autora: Lisa Gardner
Nº de páginas: 398
Editora: Novo Conceito
Quando li “Viva para Contar” minha conclusão foi que Lisa Gardner era uma autora que sabia criar boas tramas policiais, mas que deixava a desejar em alguns aspectos, especialmente no desfecho delas. Por isso, tinha curiosidade de ler outro de seus livros para me certificar que ela merecia mais elogios do que críticas, como eu imaginava. Com “Esconda-se” minha primeira impressão se repetiu.
Anabelle passou a infância fugindo de uma ameaça que nunca soube que rosto tinha. Tudo que sabia era que, de tempos em tempos, ela devia escolher poucos pertences, fazer as malas e seus pais a levariam para outro lugar e lhe dariam uma nova identidade.
Quando uma cova contendo o corpo de seis meninas é descoberta próxima a um hospital psiquiátrico, Anabelle descobre que as fugas de sua família podem estar relacionadas às atividades de um serial killer cujo modus operandi é semelhante ao de Richard Umbrio, o criminoso que sequestrou Catherine Gagnon quando ela tinha doze anos, mas que já estava preso quando Anabelle começou a ser assediada por alguém que lhe deixava presentes na varanda de sua casa. Além da impossibilidade de Umbrio ser o voyer que perseguia Anabelle na infância, ele também não pode ser o responsável pela cova. Outra coincidência parece ligar esses casos: Anabelle e Catherine são tão parecidas que poderiam ser irmãs.
Apesar de investir em um texto excessivamente explicativo, a autora consegue fazer com que a narrativa flua com agilidade, o que se revela o seu maior mérito. A história fisga o leitor nas primeiras páginas quando Anabelle começa a contar como foi sua infância de fugas e troca de identidades e a partir desse momento nos deparamos com um caso policial interessante e promissor. O mistério da paranóia do pai de Anabelle, a semelhança dela com Catherine, o misterioso paciente do hospital psiquiátrico e as inúmeras formas com que todos esses elementos podem se cruzar mantém o leitor interessado e alerta querendo saber o que acontecerá.
Porém, o problema que tive com Lisa Gardner em “Viva para Contar” se repete em “Esconda-se”. A autora guarda uma carta na manga durante a maior parte do livro, sem dar a chance do leitor chegar às suas próprias conclusões, e sua revelação é feita repentinamente quando, depois disso, o suspense acaba sem mal ter começado. Já sabemos a identidade de quem está por trás de tudo, só não conhecemos o seu rosto. Isso até não seria problema se bem manipulado, mas não acredito que um leitor que costume devorar livros policiais não tenha, em algum momento, desconfiado do personagem que se revela o grande vilão da história.
Isso não faz de “Esconda-se” um livro ruim, já que ele é sim um bom entretenimento. Você gosta de livros policiais e quer um título para passar o tempo, para ler do início ao fim em um domingo chuvoso, para levar com você em uma viagem? Tenha ele como opção. Mas é fato que o livro não apresenta nada de excepcional ou inédito. Eu ainda gostaria de ler outros livros da autora e lerei se tiver oportunidade, mas dizer que estou ansiosa para isso seria um exagero. É um bom livro? Com erros e acertos, é sim. Mas nem sua trama, nem seus personagens foram elaborados o suficiente para marcar alguém que é fã confessa (e devoradora) de livros policiais.
Título: Esconda-se (exemplar cedido pela Editora Novo Conceito)
Autora: Lisa Gardner
Nº de páginas: 398
Editora: Novo Conceito
10 comentários:
Não sou uma das maiores fãs de policiais, acho que já devo até ter comentado isso por aqui, já que sempre tem alguma resenha do gênero. Só pego mesmo algum para ler quando elogiam muito e penso " opa, esse vale a pena conferir". Acho que esse só para distração não se encaixa nessa opção, realmente tem que ser sensacional \o
Vou esperar a resenha de outros livros da autora, quem sabe ela não surpreendee? :D
Beijinhos
http://www.interacaoliteraria.com/
Tenho uma certa vontade de ler esse livro. É ruim saber que a autora não soube amarrar muito bem o desfecho, mas como não tenho uma larga experiência com livros policiais e procuro algo pra passar o tempo ele pode se encaixar pra mim. Ótima resenha.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Sempre leio resenhas positivas em relação aos livros da Lisa Gardner. Ele, pelo jeito, tem uma narrativa extremamente ágil e fluída, uma característica muito apreciada por nós que somos amantes de livros desse gênero. Mas é uma pena que a revelação não é tão bem trabalhada assim.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Eu gostei muito desta capa mesmo que esta revele muito sobre seu gênero que é policial, mas em referencia a história em si acabei me interessando e ficando curiosa pela leitura por ser um gênero que me agrada.
Beijos
Eu terminei de ler Sangue na Neve na sexta e fiquei apaixonada por esta autora, logo eu que amo romances água com açúcar agora lendo livro policial! Se não fosse por causa do desafio que estou fazendo aparte esse livro nunca teria estado em minhas mãos então agradeço muito por ter cedido e ido contra o que eu não gostava. Não vejo a hora de ler Esconda-se e Viva para Contar. Espero realmente que a editora lance os outros livros da D.D porque essa policial é incrível!
worldbehindmywall.fanzoom.net/
Oi Mari, que pena que o livro não funcionou muito bem para você. Vi várias resenhas dizendo que o livro era incrível e surpreendente. Ainda não li nenhum livro da autora, mas tenho em casa Sangue na Neve, que me deixa bem curiosa. Pretendo ler em breve, tomara que tenha uma opinião mais animadora sobre a escrita da autora.
Beijinhos
Olá Mari,
Terminei de ler esse livro faz pouco tempo e gostei demais, minha única ressalva é para a capa, li os anteriores dela e também gostei....bom saber a sua opinião...parabéns pela resenha...abraços.
devoradordeletras.blogspot.com.br
Eu gosto muito deste gênero, e assim que vi "Viva para Contar" e "Sangue na Neve" fiquei louca para lê-los, mas infelizmente ainda não consegui adquiri-los. Só que quando vi essa capa de "Esconda-se" fiquei desanimadíssima, que capa horrível. Mas como sei que não devemos julgar um livro pela capa continuo com vontade de lê-lo também, mesmo você não tendo gostado tanto assim.
Adorei sua opinião sobre o livro. Eu não li nenhum dos dois, mas senti e entendi o que você quis passar quanto a "deficiência" da autora (fiquei horrores aqui tentando imaginar um outro termo para usar, porém, não consegui.
O livro parece ter uma história interessante, que não é bem desenvolvida. Por mais que a leitura seja fluída, não é apenas isso que um leitor fiel busca, não é mesmo?
De verdade, Mari, eu li o seu perfil e o do Alê. Fiquei super curiosa para ler o seu livro. Quando sair, me avise. Tenho certeza que será um sucesso. Embora esse de Lisa seja, sei que será diferenciado.
Você tem um senso crítico bem apurado e capta coisas que muitos não conseguem captar. Não consigo me imaginar lendo um livro policial em que já é revelado o culpado sem o mistério começar. Isso não é pra mim.
Por isso tenho Agatha como um ápice no sucesso dos mistérios. A dama dos crimes é fascinante.
Acho que já falei demais, rs.
M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso Top Comentarista
Olá Mari...Tudo bem??
Ainda não tive a oportunidade de ler dos livros da autora, e já li várias resenhas sobre este livro, mas adorei conferir sua resenha, pois que apesar do livro ser bom, não é tudo “aquilo” e quando for ler ele, não irei ler com grandes expectativas... Mas espero poder conferir pois gosto bastante de livros deste gênero!!
Beijos
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