“Não sabemos o que aconteceu lá fora desde que nos colocaram aqui nem quantas gerações viveram e morreram desde então. Talvez sejamos os últimos sobreviventes da terra.” (ROTH, 2014, pag. 52)
ATENÇÃO: Contém spoilers de “Divergente” e “Insurgente”
E chega ao fim a trilogia que em “Divergente” nos apresentou à Audácia, Abnegação, Erudição, Franqueza e Amizade e em “Insurgente” nos levou a um conflito que terminou com a revelação de um grande segredo. Mas até que ponto essa foi uma jornada que valeu a pena?
Depois de ajudar a revelar um segredo guardado há muitos anos, dotado do poder de mudar a visão que as pessoas têm da sociedade onde vivem, Tris tem a chance de descobrir o que há além dos limites que conhece. É o momento perfeito para isso já que o sistema de facções ruiu e o futuro é incerto. Mas ao adentrar neste que, para ela, é um mundo novo, Tris irá perceber que as descobertas que antes pareciam tão alarmantes não são nada comparadas as que lhe esperam e que as escolhas difíceis estão apenas começando.
Quando li “Divergente”, minha sensação foi de que o primeiro livro era apenas uma introdução para a história que Veronica Roth tinha para contar. Mas em “Insurgente” me surpreendi ao perceber que, ao invés de tomar fôlego, a autora parecia ter se perdido deixando muita responsabilidade sobre “Convergente” para encerrar sua saga de maneira que não fosse apenas satisfatória, mas sim impactante (o que, a meu ver, todo fim de jornada deve ser).
Lamentei não ver a autora atingir o nível que eu esperava e confesso que, ao terminar “Convergente” achei a mitologia por trás da trilogia fraca para compor uma saga de três livros. Para mim, dois bastariam para contar a história de Tris e sua Chicago futurista, já que o segundo livro funciona mais como uma transição entre um ponto e outro e as respostas que dá poderiam muito bem se unir às respostas do seu sucessor.
Já havia me incomodado em “Insurgente” a falha da autora em transmitir a essência de Tris através de sua narrativa em primeira pessoa, mas em “Convergente” isso ficou ainda mais em evidencia já que a narrativa se divide entre o ponto de vista de Tris e de Tobias, ambos nesta modalidade. O fato é que esta narrativa intercalada não contribui positivamente para nada, pois a única coisa que faz é levar o leitor a conhecer uma parte da história pelos olhos de um personagem e a parte seguinte pelos do outro. Arrisco dizer que o recurso até prejudicou a história, pois ao não injetar a personalidade dos personagens nas suas respectivas narrativas, ambos soaram muito parecidos e não foram poucas vezes em que em julgava estar lendo a visão de Tris quando na verdade era Tobias quem eu acompanhava. Com isso, não só a individualidade dos personagens se perdeu, mas também a sua evolução ficou comprometida.
Mesmo sabendo que distopias são uma vertente da ficção cientifica, “Convergente” me fez ver a saga que encerra mais como uma história do gênero do que de sua vertente, já que as regras que regem a sociedade em que se passa se aplicam apenas a ela devido ao seu isolamento, enquanto o resto do mundo não parece divergir muito do que conhecemos, apenas estar mais avançado.
Depositando muitas de suas fichas no desfecho da trilogia (que a mim foi previsível desde as primeiras páginas deste último livro) Veronica Roth peca por forçar um final impactante que não se justifica. Eu não tenho problema algum com desfechos chocantes, pelo contrário, em geral eles tendem a me agradar (mesmo que me façam lamentar por eles, como algumas das mortes em “Harry Potter e as Relíquias da Morte” – em especial de Severo Snape – “O Tempo e o Vento”, “Garota Exemplar”, “Síndrome E”, apenas para citar alguns exemplos), mas isso apenas se justifica se o impacto que causam contribui para a história que precisa ser contada, não quando são inseridos nela apenas para causar impacto, o que, infelizmente é o que acontece em “Convergente”.
Não há como negar a minha decepção com o final da trilogia “Divergente”. O que mais lamento é ver uma história com potencial ter sido esticada de forma não condizente com o que tinha para contar e tentar usar recursos e estratégias que funcionaram em outras histórias ao invés de identificar os que melhor contariam a sua.
Título: Convergente (exemplar cedido pela Editora)
Autora: Veronica Roth
Tradutor: Lucas Peterson
Nº de páginas: 526
Editora: Rocco
ATENÇÃO: Contém spoilers de “Divergente” e “Insurgente”
E chega ao fim a trilogia que em “Divergente” nos apresentou à Audácia, Abnegação, Erudição, Franqueza e Amizade e em “Insurgente” nos levou a um conflito que terminou com a revelação de um grande segredo. Mas até que ponto essa foi uma jornada que valeu a pena?
Depois de ajudar a revelar um segredo guardado há muitos anos, dotado do poder de mudar a visão que as pessoas têm da sociedade onde vivem, Tris tem a chance de descobrir o que há além dos limites que conhece. É o momento perfeito para isso já que o sistema de facções ruiu e o futuro é incerto. Mas ao adentrar neste que, para ela, é um mundo novo, Tris irá perceber que as descobertas que antes pareciam tão alarmantes não são nada comparadas as que lhe esperam e que as escolhas difíceis estão apenas começando.
Quando li “Divergente”, minha sensação foi de que o primeiro livro era apenas uma introdução para a história que Veronica Roth tinha para contar. Mas em “Insurgente” me surpreendi ao perceber que, ao invés de tomar fôlego, a autora parecia ter se perdido deixando muita responsabilidade sobre “Convergente” para encerrar sua saga de maneira que não fosse apenas satisfatória, mas sim impactante (o que, a meu ver, todo fim de jornada deve ser).
Lamentei não ver a autora atingir o nível que eu esperava e confesso que, ao terminar “Convergente” achei a mitologia por trás da trilogia fraca para compor uma saga de três livros. Para mim, dois bastariam para contar a história de Tris e sua Chicago futurista, já que o segundo livro funciona mais como uma transição entre um ponto e outro e as respostas que dá poderiam muito bem se unir às respostas do seu sucessor.
Já havia me incomodado em “Insurgente” a falha da autora em transmitir a essência de Tris através de sua narrativa em primeira pessoa, mas em “Convergente” isso ficou ainda mais em evidencia já que a narrativa se divide entre o ponto de vista de Tris e de Tobias, ambos nesta modalidade. O fato é que esta narrativa intercalada não contribui positivamente para nada, pois a única coisa que faz é levar o leitor a conhecer uma parte da história pelos olhos de um personagem e a parte seguinte pelos do outro. Arrisco dizer que o recurso até prejudicou a história, pois ao não injetar a personalidade dos personagens nas suas respectivas narrativas, ambos soaram muito parecidos e não foram poucas vezes em que em julgava estar lendo a visão de Tris quando na verdade era Tobias quem eu acompanhava. Com isso, não só a individualidade dos personagens se perdeu, mas também a sua evolução ficou comprometida.
Mesmo sabendo que distopias são uma vertente da ficção cientifica, “Convergente” me fez ver a saga que encerra mais como uma história do gênero do que de sua vertente, já que as regras que regem a sociedade em que se passa se aplicam apenas a ela devido ao seu isolamento, enquanto o resto do mundo não parece divergir muito do que conhecemos, apenas estar mais avançado.
Depositando muitas de suas fichas no desfecho da trilogia (que a mim foi previsível desde as primeiras páginas deste último livro) Veronica Roth peca por forçar um final impactante que não se justifica. Eu não tenho problema algum com desfechos chocantes, pelo contrário, em geral eles tendem a me agradar (mesmo que me façam lamentar por eles, como algumas das mortes em “Harry Potter e as Relíquias da Morte” – em especial de Severo Snape – “O Tempo e o Vento”, “Garota Exemplar”, “Síndrome E”, apenas para citar alguns exemplos), mas isso apenas se justifica se o impacto que causam contribui para a história que precisa ser contada, não quando são inseridos nela apenas para causar impacto, o que, infelizmente é o que acontece em “Convergente”.
Não há como negar a minha decepção com o final da trilogia “Divergente”. O que mais lamento é ver uma história com potencial ter sido esticada de forma não condizente com o que tinha para contar e tentar usar recursos e estratégias que funcionaram em outras histórias ao invés de identificar os que melhor contariam a sua.
Título: Convergente (exemplar cedido pela Editora)
Autora: Veronica Roth
Tradutor: Lucas Peterson
Nº de páginas: 526
Editora: Rocco
8 comentários:
Mari, não li a sua resenha porque não quero pegar nenhum spoiler. Tenho a trilogia aqui mas ainda não peguei para ler. Mas li suas considerações finais e vi que você também não ficou tão empolgada com o final assim como vários blogueiros que eu vi. Espero que quando eu ler, eu goste, porque como você disse, potencial tem.
kkk Também pulei a resenha... Não consegui ficar interessada nessa triologia. Ela ia para a minha lista de "vou ler para saber pq todo mundo gosta", mas aí lembrei da decepção que foi ler Jogos Vorazes e tirei de vez essa idéia da cabeça... :D
Beijos,
http://smellingbooksallday.blogspot.com.br/
ahhh Não li nem o primeiro volume... Tenho que ler! RSrs
Bjs
http://eternamente-princesa.blogspot.com.br/
Não é a primeira crítica que vejo ao final mas a primeira à trilogia como um todo. Isso me deixa bastante preocupada pois queria muito ler, e por outro lado pode ser um incentivo a mais para ler e tirar minhas próprias conclusões. Ótima resenha.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
amo o livro, com certeza é o meu preferido entre os três apesar da morte da tris, acho que foi uma morte necessária, porque se ela não morresse pelo irmão ela estaria sendo egoísta, já que desde o começo em todas as ações dela ela pensa na família e tudo mais.
Como essa resenha contém spoilers, pulei para os dois últimos parágrafos dela. Realmente uma pena que a autora não aproveitou todo o potencial que essa trilogia poderia proporcionar. E pior ainda, não conseguiu finalizar a história de maneira como deveria. Mesmo assim, pretendo ler em breve.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Como eu já disse nas outras resenhas do meu nível de desânimo, e ele foi tanto que resolvi vender o livro Divergente, e saber que o último livro é previsível e não explorado positivamente me deixou com ainda mais certeza de que minha decisão foi correta. =)
Oi Mari
Peguei um spoilerzinho de Harry Potter mas não tem problema (Sim, eu ainda estou no terceiro livro e não vi nenhum filme até hoje).
Eu comecei a ler Convergente, mas não gostei não e acabei abandonando porque recebi vários spoilers sobre o que ia acontecer.
Achei totalmente desnecessário a autora querer colocar aquele final.
Beijos!!
umlugarparaleresonhar.blogspot.com
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