“Eu pensava que as pessoas fazem isso porque são ruins em matemática, mas a verdade é porque são como jogadores. Deixam passar boas oportunidades que estão bem na sua frente em troca de outras imaginadas melhores e que quase nunca se materializam. É por isso que confio na matemática e não nas pessoas. A matemática produz melhores decisões.” (MILLER; STENYZ, 2014, pag. 103)
Adolescente metido a detetive investigando crimes no colégio. Onde eu já vi isso antes? Ah sim, em "Veronica Mars", cuja personagem título é uma das minhas favoritas das séries de TV. Não que as intrigas de colégio, os diálogos ágeis e espertos e o clima noir da série tenham alguma coisa a ver com “Colin Fischer”, mas foi sua mera lembrança, aliada ao potencial altamente carismático do protagonista do livro, que me fizeram acreditar que esta poderia ser uma leitura divertida.
Colin Fisher é um adolescente de 14 anos que vê o mundo de uma maneira um tanto diferente. Além de detestar ser tocado, ele não é capaz de reconhecer expressões faciais e por essa razão está sempre acompanhado de um caderno onde desenha e nomeia as expressões para consultá-las sempre que necessário. Aquele era um sorriso de que tipo? Irônico, feliz, surpreso? Colin prefere ficar sozinho do que na companhia dos colegas, já que não considera as pessoas tão interessantes assim - a não ser, é claro, como objeto de estudo - e prefere a certeza dos fatos às incertezas dos relacionamentos. Isso tudo porque Colin tem Síndrome de Asperger, um tipo de autismo. Quando uma arma dispara na cantiga no colégio e interrompe uma improvisada festa de aniversário, ele irá fazer de tudo para provar que Wayne, o principal suspeito de ter levado uma arma carregada para o colégio, é inocente. Porque, simplesmente, não faz sentido. A arma estava suja de bolo e Wayne come de maneira muito organizada para fazer aquela sujeira.
Antes de mais nada, gostaria de esclarecer que, mesmo tendo um protagonista com Asperger, “Colin Fischer” está longe de ser um sick-lit. Em segundo lugar, não, o livro nada tem a ver com a ótima série criada por Rob Thomas e protagonizada por Kristen Bell. Na verdade, se Colin me lembrasse algum personagem das séries de TV seria Max Braverman, de "Parenthood", que sofre do mesmo distúrbio.
Abusando do carisma de seu protagonista, o livro intercala narrativa em primeira e terceira pessoa. Uma permite ao leitor conhecer mais de Colin - aquilo que ele escolhe contar -, a outra, como é o mundo visto por seus olhos. Olhos estes que são de cientista. Para Colin, tudo tem uma explicação (e elas, frequentemente, encontram-se em notas de rodapé). O protagonista é o perfeito esquisito-adorável. Deslocado, mas incrivelmente observador e analítico. Cheio de manias, que incluem só comer alimentos crocantes (coisas macias são estranhas) e detestar a cor azul. Além de levar tudo ao pé da letra, o personagem anota o que lhe chama atenção ou causa estranheza em seu inseparável caderno, registrando tudo como um verdadeiro detetive faria (em especial aquele de quem é fã, o lendário Sherlock Holmes).
"De repente, ocorreu a Colin que informar seu nome verdadeiro poderia ser um erro estratégico. Aquela era uma investigação secreta que exigia classicamente um pseudônimo. Decidiu fornecer um.” (pag. 106)
Talvez a visão objetiva que Colin tem do mundo seja a responsável por os personagens coadjuvantes ficarem em segundo plano e não brilharem como o protagonista (o que faz sentido já que para ele as pessoas estão mesmo em segundo plano e o que importa são os fatos). Dentre estes personagens, o que mais chamou a minha atenção foi o irmão mais novo de Colin, em especial pelo impacto que ter um irmão tão peculiar e que, de um jeito ou de outro, sempre recebe uma atenção diferenciada dos pais, pode ter na outra criança.
Como se trata de um adolescente, e não de um detetive profissional, o caso não é levado tão a sério, nem desenvolvido a ponto de ser o cerne da história. Portanto, não pense que por ter um crime estamos em meio a um romance policial. Na verdade, acho até que o caso poderia ter sido mais compatível com os corredores escolares e não envolver armas disparando, já que a abordagem me pareceu destoar um pouco do tom do livro. De qualquer forma, o mais importante que o caso traz para a trama é o posicionamento de Colin que apenas quer descobrir a verdade. Não importa se o acusado seja justamente o menino que o infernizou a vida inteira. O que importa é que não foi aquilo que aconteceu e Colin irá provar.
Várias informações curiosas sobre a natureza (como os tubarões e suas “mordidas de teste” nos “deselegantes mamíferos terrestres bípedes” que estão tentando nadar no oceano e, por isso mesmo se tornam um fato “estranho e desconhecido” para os “grandes brancos”) e citações de filmes que vão desde “Duro de Matar” a “Star Wars”, passando por “Rain Main” recheiam ainda “Colin Fischer” e arrancam – não se pode dizer gargalhadas, mas – sorrisos do leitor.
Não tendo a intenção de ser uma história profunda como outros YAs, a citar John Green e Niccolò Ammaniti, “Colin Fischer” é uma leitura descontraída para se fazer em um único dia. Sua intenção é ser leve e divertir seu leitor, e consegue.
Título: Colin Fischer (exemplar cedido pela Editora)
Autores: Ashley Edward Miller e Zack Stentz
Nº de páginas: 176
Editora: Novo Conceito
Adolescente metido a detetive investigando crimes no colégio. Onde eu já vi isso antes? Ah sim, em "Veronica Mars", cuja personagem título é uma das minhas favoritas das séries de TV. Não que as intrigas de colégio, os diálogos ágeis e espertos e o clima noir da série tenham alguma coisa a ver com “Colin Fischer”, mas foi sua mera lembrança, aliada ao potencial altamente carismático do protagonista do livro, que me fizeram acreditar que esta poderia ser uma leitura divertida.
Colin Fisher é um adolescente de 14 anos que vê o mundo de uma maneira um tanto diferente. Além de detestar ser tocado, ele não é capaz de reconhecer expressões faciais e por essa razão está sempre acompanhado de um caderno onde desenha e nomeia as expressões para consultá-las sempre que necessário. Aquele era um sorriso de que tipo? Irônico, feliz, surpreso? Colin prefere ficar sozinho do que na companhia dos colegas, já que não considera as pessoas tão interessantes assim - a não ser, é claro, como objeto de estudo - e prefere a certeza dos fatos às incertezas dos relacionamentos. Isso tudo porque Colin tem Síndrome de Asperger, um tipo de autismo. Quando uma arma dispara na cantiga no colégio e interrompe uma improvisada festa de aniversário, ele irá fazer de tudo para provar que Wayne, o principal suspeito de ter levado uma arma carregada para o colégio, é inocente. Porque, simplesmente, não faz sentido. A arma estava suja de bolo e Wayne come de maneira muito organizada para fazer aquela sujeira.
Antes de mais nada, gostaria de esclarecer que, mesmo tendo um protagonista com Asperger, “Colin Fischer” está longe de ser um sick-lit. Em segundo lugar, não, o livro nada tem a ver com a ótima série criada por Rob Thomas e protagonizada por Kristen Bell. Na verdade, se Colin me lembrasse algum personagem das séries de TV seria Max Braverman, de "Parenthood", que sofre do mesmo distúrbio.
Abusando do carisma de seu protagonista, o livro intercala narrativa em primeira e terceira pessoa. Uma permite ao leitor conhecer mais de Colin - aquilo que ele escolhe contar -, a outra, como é o mundo visto por seus olhos. Olhos estes que são de cientista. Para Colin, tudo tem uma explicação (e elas, frequentemente, encontram-se em notas de rodapé). O protagonista é o perfeito esquisito-adorável. Deslocado, mas incrivelmente observador e analítico. Cheio de manias, que incluem só comer alimentos crocantes (coisas macias são estranhas) e detestar a cor azul. Além de levar tudo ao pé da letra, o personagem anota o que lhe chama atenção ou causa estranheza em seu inseparável caderno, registrando tudo como um verdadeiro detetive faria (em especial aquele de quem é fã, o lendário Sherlock Holmes).
"De repente, ocorreu a Colin que informar seu nome verdadeiro poderia ser um erro estratégico. Aquela era uma investigação secreta que exigia classicamente um pseudônimo. Decidiu fornecer um.” (pag. 106)
Talvez a visão objetiva que Colin tem do mundo seja a responsável por os personagens coadjuvantes ficarem em segundo plano e não brilharem como o protagonista (o que faz sentido já que para ele as pessoas estão mesmo em segundo plano e o que importa são os fatos). Dentre estes personagens, o que mais chamou a minha atenção foi o irmão mais novo de Colin, em especial pelo impacto que ter um irmão tão peculiar e que, de um jeito ou de outro, sempre recebe uma atenção diferenciada dos pais, pode ter na outra criança.
Como se trata de um adolescente, e não de um detetive profissional, o caso não é levado tão a sério, nem desenvolvido a ponto de ser o cerne da história. Portanto, não pense que por ter um crime estamos em meio a um romance policial. Na verdade, acho até que o caso poderia ter sido mais compatível com os corredores escolares e não envolver armas disparando, já que a abordagem me pareceu destoar um pouco do tom do livro. De qualquer forma, o mais importante que o caso traz para a trama é o posicionamento de Colin que apenas quer descobrir a verdade. Não importa se o acusado seja justamente o menino que o infernizou a vida inteira. O que importa é que não foi aquilo que aconteceu e Colin irá provar.
Várias informações curiosas sobre a natureza (como os tubarões e suas “mordidas de teste” nos “deselegantes mamíferos terrestres bípedes” que estão tentando nadar no oceano e, por isso mesmo se tornam um fato “estranho e desconhecido” para os “grandes brancos”) e citações de filmes que vão desde “Duro de Matar” a “Star Wars”, passando por “Rain Main” recheiam ainda “Colin Fischer” e arrancam – não se pode dizer gargalhadas, mas – sorrisos do leitor.
Não tendo a intenção de ser uma história profunda como outros YAs, a citar John Green e Niccolò Ammaniti, “Colin Fischer” é uma leitura descontraída para se fazer em um único dia. Sua intenção é ser leve e divertir seu leitor, e consegue.
Título: Colin Fischer (exemplar cedido pela Editora)
Autores: Ashley Edward Miller e Zack Stentz
Nº de páginas: 176
Editora: Novo Conceito
18 comentários:
Oi flor,
Fiquei bem curiosa para ler esse livro, pois o personagem Colin parece ser genial de um modo diferente.
A investigação parece que será algo bem interessante e surpreendente para se acompanhar.
Considerando a quantidade de paginas parece ser um livro sem muita enrolação. Algo mais direto.
Com certeza, já está na minha lista de desejados.
Bjokas
P.S. Livros com citações são os melhores <3
Com certeza será uma das minhas próximas leituras, estou mega precisando de um livro leve assim!!
xoxo
http://amigadaleitora.blogspot.com.br
Confesso que logo quando ouvir falar sobre esse livro fiquei meio em dúvida se valia a pena lê-lo ou não, mas ao ler a sua visão sobre o livro, fez com que eu mudasse a minha. O livro me parece ser muito bom e divertido de se ler. E sim, não tenho mais dúvidas, irei ler com certeza.
Eu achei sensacional o fato de os autores colocarem um personagem autista como principal neste livro. E colocá-lo como um investigador foi ainda mais interessante. Gostei bastante, mesmo tendo ficado incomodada com as notas de rodapé.
Beijos.
Oi Mari, só tenho lido coisas sensacionais sobre este livro. Estou muito curiosa para o ler. E sua empolgação na resenha me embalou.
Beijos, http://porredelivros.blogspot.com.br/
Curti bastante a premissa. Antes de ler a resenha, estava com a impressão de que era só mais um livro bobinho.
Gostei de saber sobre a personalidade do personagem. Talvez até por ele ter Asperger, sua forma de ver o mundo seja tão interessante e peculiar. A investigação parece mais um bônus mesmo.
Pretendo ler o livro se tiver a chance!
bjs
Ontem estava comentando sobre este livro com a minha irmã e inclusive já tinha baixado pra ler. Gostei muito dos comentários que vi a respeito deste livro, estou louca pra ler e saber mais a respeito do personagem principal.
Essa semana mesmo li uma resenha super positiva desse livro, e agora fiquei com mais vontade ainda de ler. Um livro leve e divertido com um protagonista peculiar é bem o que preciso. Ótima resenha.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Li algumas resenhas sobre o livro e fiquei com vontade de ler! Já li alguns livros com personagens autistas e tenho interesse em entender um pouco mais da personalidade do personagem!
http://poraodaliesel.blogspot.com.br
Depois de tantas leituras complexas e densas, tô querendo muito um livro leve, rápido de ser lido, e esse livro é tão fininho e a premissa dele me encantou de uma forma... Adicionado já.
Olá Mari, tudo bem??Quando este livro foi lançado realmente não me interessei muito por ele, mas tenho lido tantas resenhas positivas que estou bastante animada para realizar a leitura dele.E a sua somente me deixou mais animada pois realmente parecer uma historia leve!!
Gente, não é possível que só eu tenha uma impressão estranha em relação a esse livro?! Sei lá acho que pela capa que eu não consegui gostar. To adiando a leitura, mas com todo mundo comentando bem dele é capaz que eu leia logo. Como você disse, ele é curtinho e dá pra ler em um dia. Vamos arriscar. =)
Bjs, @dnisin
www.seja-cult.com
Esse livro parece ser muito bom, nunca li nada onde o personagem principal tem esta síndrome e fiquei curiosa para conhecê-lo melhor. Gostei muito da resenha, o enredo é muito interessante e parece ser uma estória muito bem construída e com um personagem principal cativante. :)
beijos!
Confesso que, no início, esse livro não me chamou a atenção. Depois, comecei a ler algumas resenhas sobre ele, e não é que ele me agradou. Gosto bastante de protagonistas como esses. Foge do comum, e acho que isso contribui para o carisma que ele tem. Me parece ser leve, descontraído, e o melhor de tudo, é bem curtinho.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Essa resenha me esclareceu bastante sobre o livro
Pensava que era uma história triste e tals
Mais não me parece,gostei bastante do protagonista
Acho que vou ler
Gostei bastante da historia e fico bem feliz que apesar do protagonista ter sindrome de Aspeger o livro não é um sick lit, não que eu não goste, pelo contrario, adoro esse estilo, mas gostaria muito de uma leitura em que a doença do personagem não fosse o foco principal da historia...com certeza vou gostar bastante! :)
Pela sinopse parece ser uma história interessante e a resenha meio que confirmou isso. Mas desde que vi esse livro pela primeira vez não consigo me interessar por ele. Acho que não gostei muito da capa...
Beijos!!
Eu até gosto de livros assim, mas ultimamente tenho preferido os mais profundos. Até o leria, mas acho que não conseguiria aproveitar a sua leveza de forma correta. Então, por enquanto, eu passo. =)
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