quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

RESENHA: Eu, Robô

“— Agora veja, vamos começar com as três Leis da Robótica, as três regras fundamentais que estão mais profundamente arraigadas no cérebro positrônico de um robô. [...]. Temos o seguinte. A primeira: um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano venha a ser ferido. 
— Certo!
— A segunda — continuou Powell —: um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto no caso em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
— E a terceira: um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou com a Segunda Lei.” (ASIMOV, 2014, p. 63/64). 

***

Quem acompanha o blog há algum tempo já deve ter notado que não tenho o costume de ler livros de contos, pois estórias neste formato dificilmente caem no meu agrado. A exceção à regra é Eu, Robô, livro de Isaac Asimov que li pela terceira vez e que continua me impressionando. E mais: ouso afirmar que esta não terá sido a última leitura que fiz deste livro. 

Eu, Robô é uma coletânea de nove contos interligados que acompanham a evolução da robótica ocorrida entre os anos de 1996 e 2052, e que compõem a história da empresa U.S. Robots & Mechanical Men. Inicialmente, conhecemos os robôs sem voz, utilizados como babás, passando por aqueles utilizados nas minas de Marte, até os mais tecnológicos, capazes de não só falar, mas também de pensar e de conduzir os trabalhos em uma estação espacial por conta própria. 

Como os contos cobrem um período de história de cinquenta e seis anos, não há personagens fixos, mas alguns deles aparecem com certa frequência, como a psicóloga roboticista Susan Calvin e os especialistas de campo Mike Donovan e Gregory Powell, todos funcionários da U.S. Robots e que participaram ativamente no desenvolvimento de novos robôs, o que geralmente os colocava em sérios problemas.  

A melhor palavra para descrever cada um dos contos é genial. A criatividade de Asimov é impressionante, sobretudo naqueles contos em que o autor cria intricados dilemas a partir das Três Leis da Robótica, deixando o leitor em estado permanente de curiosidade até descobrir a resolução do problema. Embora todas as estórias sejam ótimas, destaco as minhas preferidas: “Razão”, “Mentiroso!”, “Evasão!” e “O conflito evitável”.

Mesmo escrevendo livros de um gênero que, muitas vezes, é desprezado pela crítica e até mesmo pelo público, Asimov tem um dom natural para fazer o leitor refletir sobre os mais variados assuntos, desde o impacto da evolução tecnológica, ainda mais evidente nos dias de hoje, até temas como dominação e religião. 

Os contos que compõe o livro foram escritos e publicados separadamente, e apenas em 1950 foram reunidos em ordem cronológica e publicados na forma que hoje se encontram. Mas mesmo sendo uma obra com mais de sessenta anos, Asimov surpreende com uma narrativa fluída e com diálogos ágeis e dinâmicos. 

Eu, Robô é um livro curioso, pois é, ao mesmo tempo, um ótimo livro para introduzir os novatos que nunca leram ficção científica, mas também pode ser considerado leitura obrigatória para aqueles que já são fãs do gênero.

"— [...]. Houve um tempo em que o homem enfrentou o universo sozinho e sem amigos. Agora ele tem criaturas para ajudá-lo; criaturas mais fortes que ele próprio, mais fiéis, mais úteis e totalmente devotadas a ele. A humanidade não está mais sozinha." (ASIMOV, 2014, p. 15). 

Título: Eu, Robô (exemplar cedido pela editora)
Autor: Isaac Asimov
N.º de páginas: 315
Editora: Aleph

20 comentários:

DESBRAVADORES DE LIVROS disse...

Se tivesse que descrever sua resenha em apenas uma palavra seria GENIAL, Alê.
Fantástica a maneira que você aborda sobre o livro e fiquei ansiosa para ler só pela sede de vontade em que você conta sobre ele.
Embora será o Marcos que resenhará o livro, confesso que necessito lê-lo, rs. Nunca li nada do autor e saber que esse livro você devorou três vezes é algo surreal e incrível.
Também não sou fã de livros de contos, mas, às vezes, acabamos abrindo uma grande exceção, né? rs.
Adorei a resenha!

Desbrava(dores) de livros

Unknown disse...

Oi Alê,
Não conhecia o livro Eu robô.
Concordo com você que a critica e o publico não dá muito atenção a esses gêneros. É um Pré- conceito bobo por que as vezes você pode se surpreender.
Eu mesmo achei sua resenha muito boa, e fiquei com a maior curiosidade pra saber mais sobre os robôs. Nem imagino como seria ter um robô como babá. (Deve ser um máximo) rsr
Bj

Camila Monteiro disse...

Ai, esse foi o livro escolhido do mês no meu grupo de leitura e não estou nem um pouco empolgada para embarcar na leitura! Tua resenha ficou ótima, mas ainda não me senti engajada hahahahaha

Vou tentar, ficção científica não é comigo!

Anônimo disse...

Oi, Alexandre!

Já conhecia esse livro, mas não sabia que eram contos. :O
Que incrível, adoro contos - apesar de preferir romances. Acho que irei gostar bastante dessa leitura!

Beijocas.
http://artesaliteraria.blogspot.com.br

Unknown disse...

Olá, Alê.

Eu não conhecia esse livro. Ainda não tive nenhuma experiência com livros de contos. Mas como você já leu esse três vezes e acha que irá ler mais eu fiquei pensando no que esse livro tem pra tu gostar tanto dele. O máximo que reli um livro foi duas vezes. Agora bem intrigada com seu conteúdo.

Beijos.
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Anônimo disse...

Nossa, mas mal saiu lançamento e já tem resenha! Que fast! Achei bem legal, que há diversos, e que cada um dos contos, tem personagens diferentes. Não sou muito de ler livros do gênero, mas sempre quis ler Eu robô.
Abraços Alexandre,
ThayQ.

Nessa disse...

Oie
Eu estou louca para ler este livro, tem um tema bem interessante. Eu não sabia que era em contos, adorei.

Beijos
http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/

Ana Clara Magalhães disse...

Oi Alê!

Nossa, eu li esse livro quando eu tinha uns 14 anos! Lembro que peguei da biblioteca do meu antigo colégio e tinha uma capa maravilhosa, meio brilhante. Sou fã de ficção científica, apesar de eu ter lido poucos que realmente gostei até hoje. Um deles foi o "Eu, Robô". Asimov é aquele tipo de autor que sabe como prender o leitor.

Beijo!
http://www.roendolivros.com/

Gabriela CZ disse...

Desde que descobri o nome de Asimov tenho curiosidade de ler suas obras, em especial essa. E se já é a terceira vez que você lê é porque realmente deve ser ótimo, Alê. Quero ver se não demoro a conferir, especialmente porque amo ficção científica. Ótima resenha.

Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

Rafaela Hübner disse...

Oi, td bom?

Eu também não sou uma leitora voraz de contos, mas por vezes aparece uma compilação boa para ler. Eu estou iniciando na ficção científica e fiquei feliz que vc recomenda este livro para iniciantes. Essa capa linda me chamou a atenção, definitivamente hehe

Beijos!
Arrastando as Alpargatas

Unknown disse...

Eu li ano passado e gostei muito da escrita do autor e dos contos, mas confesso que não faz nem um pouco meu estilo o próprio tema. Então, falar de robôs me é um pouco desestimulante.
O que me prendia na leitura era justamente a contestação em cima das 3 leis da robótica.

:)

liliescreve.blogspot.com

Pedro disse...

Asimov é o cara, ai eu aprendi a amar os livros dele no meu curso de robótica.
Parabéns pela resenha

http://penelopeetelemaco.blogspot.com.br/

Unknown disse...

Também adorei esse livro! Na verdade foi o "menos bom" do autor que eu já li, mas mesmo assim é genial. De fato, é muito gostosa a curiosidade que cada história desperta no leitor. O meu conto favorito é aquele em que um robô sem a primeira lei está perdido em meio aos outros (não era exatamente isso, mas enfim, não lembro o nome do conto).
www.blogsemserifa.com

Dan disse...

Estou lendo o livro e tô adorando muito... Ainda estou no 'Razão', mas já dá pra ver que os contos são ótimos. Espero que o Cutie apareça em outros contos, amei ele hahahahah

Isabelle Vitorino disse...

Estou lendo o livro no momento (estou quase terminando o sexto conto) e posso dizer que concordo com tudo o que você escreveu sobre o livro. Asimov tem uma habilidade inacreditável de abordar a robótica através de vários ângulos e inserir o leitor dentro da história sem que elr se sinta perdido com um número grande de termos técnicos que por vezes, os autores de ficção científica acabam usando e abusando. Apesar de ser apenas o segundo livro que leio do autor, tenho certeza que não será o último. Estou apaixonado por Asimov.
Beijos,
Isabelle | http://www.mundodoslivros.com/

Aymée Meira disse...

Momento de vergonha, ainda não li nenhum livro do Asimov. Pelo que li da resenha é um ótimo livro pra se começar né? Ao contrário de você, adoro livros de contos, principalmente quando são interligados ou abordam o mesmo universo.

Beijos,

Amy - Macchiato

Mariana disse...

eu ainda não li nenhum livro do Asimov, apesar de isso ser uma vergonha para mim, pois eu adoro robôs.
e o mais engraçado é que a primeira vez que eu ouvi falar do asimov foi em livro de engenharia, acho que praticamente toda introdução de livros de automação/robótica cita as leis dele...
eu adoro livro de contos e achei genial a sua resenha, se já não estivesse na minha lista de leituras definitivamente iria entrar

Nardonio disse...

Não sabia que esse livro era uma coletânea de contos. Jurava que era uma trama corrida. Mas para mim tanto faz, pois gosto de contos também. O que gostei de saber é que, mesmo sendo uma obra escrita há mais de 60 anos, ele continua com uma narrativa atual. Tomando as devidas proporções, faço um link com o Willian Shakespeare, que também tem uma narrativa super atual. Enfim, anotei a dica.

Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom

Vitória Pantielly disse...

Oi Alê :D

Não conhecia o livro, e mesmo que talvez tenha me deparado com ele eu não iria me importar muito, porque a principio ela não me chama nenhuma atenção! E foi exatamente com esse pensamento que iniciei a leitura da resenha. Incrível como minha opinião mudou rapidamente, principalmente depois de conhecer as três leis da robótica.
Ao contrário de você eu gosto de contos, mas nunca me dei bem com ficção científica, acho que esse seria um bom livro pra começar, tenho a impressão de que a curiosidade não me deixara parar antes de chegar ao fim!
Bjs

Unknown disse...

Oi!
Este livro me lembra muito Os Jetsons (não sei se é da sua época, mas eu assisti muito). Acho que por ter uma robô que faz as vezes de empregada, só pode ser.
Eu também não tenho o costume de ler contos, mas já comprei alguns livros deste tipo para ir me acostumando.
Beijos.

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