“Você já se deu conta de que, mesmo que esses homens ainda estivessem vivos, eles próprios não conseguiriam nos ajudar a descobrir quem ela é ou a esclarecer seu motivo, pois eles próprios não a conheciam?” (WOOLRICH, p.68, 2007)
Desde que li “Janela Indiscreta e outras histórias” quis conferir um romance de Cornell Woolrich. Na verdade, gostei tanto dos contos do autor (em quem, até aquele momento, eu nunca havia ouvido falar) que aceitaria ler qualquer coisa sob a sua assinatura.
Quatro homens são assassinados. Não só as armas e os lugares são diferentes como as vítimas não parecem ter nada em comum, a não ser o fato de que, na ocasião das quatro mortes, uma bela mulher – que parece ter surgido do nada e que ninguém nunca viu antes – desapareceu sem deixar vestígios.
O livro é narrado em terceira pessoa e dividido em cinco partes, sendo cada uma delas divididas em outras três: a mulher, a vítima, e o post mortem da vítima. Mesmo ficando claro desde o começo que a história segue um molde, em nenhum momento ela se torna monótona por termos uma noção do que vem pela frente. Pelo contrário. É admirável como Woolrich consegue fazer suspense escancarando nas primeiras páginas quase todas as verdades que outros autores tendem a guardar para seus desfechos. Já sabemos quem é a assassina, como ela mata e quem serão as suas vítimas (já que cada capítulo é dedicado a uma delas). Sabemos que a cada capítulo seremos apresentados primeiro a ela e a como ela adentrará na vida do sujeito, depois ao homem e ao encontro fatal (inclusive assistindo o crime ser cometido) e, por fim, veremos a morte ser investigada, para no capítulo seguinte vermos tudo de novo com outro homem. Assim, Woolrich deixa claro que optou por eliminar as surpresas, mas manter o leitor na expectativa de descobrir uma resposta: qual a motivação desta mulher? A cada nova vítima, vemos os casos ficarem mais detalhados, mas é só nas últimas páginas que o autor entrega a resposta e mesmo parecendo que não há espaço para reviravoltas, consegue surpreender.
Eu sempre tive uma queda por bons vilões e acho boas vilãs ainda mais fascinantes (talvez por serem tão raras) e não demorou muito para que eu passasse a admirar a capacidade dessa mulher de se transformar e escapar impune de seus crimes sem deixar vestígios (confesso até que suas vitórias me faziam sorrir). Todo romance policial noir que se preze tem uma femme fatale marcante, mas a de Woolrich (que atende por tantos nomes e características físicas diferentes neste livro) é uma das melhores com que já me deparei e já cativa o leitor nas primeiras páginas quando o deixa intrigado sobre quem ela é, o que deixou para trás, e o que a move.
Não resta dúvida que a vilã é o destaque da trama, mas as vítimas também se revelam escolhas interessantes já que parecem ser homens comuns que não teriam porque serem alvo de assassinato.
Embora “A Noiva Estava de Preto” não tenha o ritmo intenso nem as reviravoltas que tanto me cativaram em “Janela Indiscreta e outras histórias”, fiquei satisfeita com o livro. Em tempos em que a literatura policial contemporânea tem me decepcionado tanto, fico cada vez mais satisfeita em beber das fontes e conhecer os autores que marcaram seus nomes no gênero.
O mesmo se aplica aos filmes, por isso fiquei empolgada ao saber que, em 1968, “A Noiva Estava de Preto” ganhou as telas de cinema sob a direção de François Truffaut, com Jeanne Moreau no papel principal. O filme não é uma adaptação totalmente fiel, já que altera detalhes da motivação da mulher e da condução da investigação (que quase não ganha espaço nas telas). Mais de uma vez durante a leitura pensei o quanto esse suspense escancarado, mas ainda assim misterioso, teria dado um ótimo filme nas mãos de Alfred Hitchcock (que comandou outra adaptação de Woolrich ,“Janela Indiscreta” – um dos seus melhores filmes, na minha opinião). Após assistir a adaptação de Truffaut, continuei imaginando como seria uma versão de Hitchcock, já que a do diretor francês não me agradou tanto. Curiosamente, o filme foi uma espécie de homenagem de Truffaut a Hitchcock já que um ano antes Truffaut havia lançado um livro baseado em uma extensa entrevista (composta de 500 perguntas) que fizera com o eterno Mestre do Suspense. Não foi à toa que o diretor francês escolheu um livro cujo autor já havia sido adaptado por Hitchcock. “Hitchcock/ Truffaut: entrevistas” também foi publicado pela Editora Companhia das Letras.
Sempre gostei da vertente noir da literatura policial e estou inclinada a acreditar que Cornell Woolrich seja um de seus melhores autores. “A Noiva Estava de Preto” foi a minha segunda experiência com o autor e não superou a primeira, mas depois dela, continuo querendo conferir qualquer coisa que ele tenha escrito.
Título: A Noiva Estava de Preto (exemplar cedido pela editora)
Autor: Cornell Woolrich
Nº de páginas: 213
Editora: Companhia das Letras
Desde que li “Janela Indiscreta e outras histórias” quis conferir um romance de Cornell Woolrich. Na verdade, gostei tanto dos contos do autor (em quem, até aquele momento, eu nunca havia ouvido falar) que aceitaria ler qualquer coisa sob a sua assinatura.
Quatro homens são assassinados. Não só as armas e os lugares são diferentes como as vítimas não parecem ter nada em comum, a não ser o fato de que, na ocasião das quatro mortes, uma bela mulher – que parece ter surgido do nada e que ninguém nunca viu antes – desapareceu sem deixar vestígios.
O livro é narrado em terceira pessoa e dividido em cinco partes, sendo cada uma delas divididas em outras três: a mulher, a vítima, e o post mortem da vítima. Mesmo ficando claro desde o começo que a história segue um molde, em nenhum momento ela se torna monótona por termos uma noção do que vem pela frente. Pelo contrário. É admirável como Woolrich consegue fazer suspense escancarando nas primeiras páginas quase todas as verdades que outros autores tendem a guardar para seus desfechos. Já sabemos quem é a assassina, como ela mata e quem serão as suas vítimas (já que cada capítulo é dedicado a uma delas). Sabemos que a cada capítulo seremos apresentados primeiro a ela e a como ela adentrará na vida do sujeito, depois ao homem e ao encontro fatal (inclusive assistindo o crime ser cometido) e, por fim, veremos a morte ser investigada, para no capítulo seguinte vermos tudo de novo com outro homem. Assim, Woolrich deixa claro que optou por eliminar as surpresas, mas manter o leitor na expectativa de descobrir uma resposta: qual a motivação desta mulher? A cada nova vítima, vemos os casos ficarem mais detalhados, mas é só nas últimas páginas que o autor entrega a resposta e mesmo parecendo que não há espaço para reviravoltas, consegue surpreender.
Eu sempre tive uma queda por bons vilões e acho boas vilãs ainda mais fascinantes (talvez por serem tão raras) e não demorou muito para que eu passasse a admirar a capacidade dessa mulher de se transformar e escapar impune de seus crimes sem deixar vestígios (confesso até que suas vitórias me faziam sorrir). Todo romance policial noir que se preze tem uma femme fatale marcante, mas a de Woolrich (que atende por tantos nomes e características físicas diferentes neste livro) é uma das melhores com que já me deparei e já cativa o leitor nas primeiras páginas quando o deixa intrigado sobre quem ela é, o que deixou para trás, e o que a move.
Não resta dúvida que a vilã é o destaque da trama, mas as vítimas também se revelam escolhas interessantes já que parecem ser homens comuns que não teriam porque serem alvo de assassinato.
Embora “A Noiva Estava de Preto” não tenha o ritmo intenso nem as reviravoltas que tanto me cativaram em “Janela Indiscreta e outras histórias”, fiquei satisfeita com o livro. Em tempos em que a literatura policial contemporânea tem me decepcionado tanto, fico cada vez mais satisfeita em beber das fontes e conhecer os autores que marcaram seus nomes no gênero.
O mesmo se aplica aos filmes, por isso fiquei empolgada ao saber que, em 1968, “A Noiva Estava de Preto” ganhou as telas de cinema sob a direção de François Truffaut, com Jeanne Moreau no papel principal. O filme não é uma adaptação totalmente fiel, já que altera detalhes da motivação da mulher e da condução da investigação (que quase não ganha espaço nas telas). Mais de uma vez durante a leitura pensei o quanto esse suspense escancarado, mas ainda assim misterioso, teria dado um ótimo filme nas mãos de Alfred Hitchcock (que comandou outra adaptação de Woolrich ,“Janela Indiscreta” – um dos seus melhores filmes, na minha opinião). Após assistir a adaptação de Truffaut, continuei imaginando como seria uma versão de Hitchcock, já que a do diretor francês não me agradou tanto. Curiosamente, o filme foi uma espécie de homenagem de Truffaut a Hitchcock já que um ano antes Truffaut havia lançado um livro baseado em uma extensa entrevista (composta de 500 perguntas) que fizera com o eterno Mestre do Suspense. Não foi à toa que o diretor francês escolheu um livro cujo autor já havia sido adaptado por Hitchcock. “Hitchcock/ Truffaut: entrevistas” também foi publicado pela Editora Companhia das Letras.
Sempre gostei da vertente noir da literatura policial e estou inclinada a acreditar que Cornell Woolrich seja um de seus melhores autores. “A Noiva Estava de Preto” foi a minha segunda experiência com o autor e não superou a primeira, mas depois dela, continuo querendo conferir qualquer coisa que ele tenha escrito.
Título: A Noiva Estava de Preto (exemplar cedido pela editora)
Autor: Cornell Woolrich
Nº de páginas: 213
Editora: Companhia das Letras
28 comentários:
Olá Mari
Não conhecia esse livro mas se eu não me engano o nome do autor não me é estranho... Enfim! Eu achei a temática bem curiosa. Ótima resenha!
Abraços :)
www.chamandoumleitor.blogspot.com.br
Oi Mari...
Não conhecia esse autor e nem os livros, mas fiquei um pouco instigada. Ainda mais porque a personagem principal e vilã da história é uma mulher, e como você disse é uma coisa rara de acontecer (o que é uma pena, né?). Eu gosto desse tipo de livro que a gente começa a ler já sabendo o que vai acontecer, acho incrível a forma como alguns autores trabalham nisso.
Beijo!
http://www.roendolivros.com/
Que premissa interessante! Lembro o quanto você elogiou o outro livro, Mari, e agora devo dizer que fiquei muito curiosa por esse também. Também adoro uma boa vilã, então já entrou pra lista. Ótima resenha.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Oi, Mari! Esse livro parece ser muito interessante, nunca fui muito de ler livros de investigação e mistério, nunca fez meu forte, mas eu fiquei interessada de verdade nele, principalmente pelo nome que chama bastante a atenção. Como eu sei que vou acabar não lendo porque não vou comprar e sei lá, tenho preguiça, você não pode me contar o final, o que motiva ela a matar os caras? Porque fiquei bem curiosa hahaha
Um beijo!
www.meianoiteequinze.com.br
Mari!
Fiquei empolgada, porque carecemos de bons romances policiais. Os que tenho lido tem me decepcionado deveras...
Uma femme fatale na liderança das ações deve ser estupendo. Ainda mais com um mistério para sua motivação em matar os homens... Curiooooosa em saber mais detalhes.
Não assisti o filme, mas quero.
Boa Semana!
“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.” (Carlos Drummond de Andrade)
Cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
Olá!
Não conhecia o livro, adorei a sinopse!!!
resenhaeoutrascoisas.blogspot.com
Eu gostaria que tivesse muitas vilãs no mundo da literatura, mas, infelizmente, não é o que acontece :/ Eu adorei esse livro, por causa do suspense que parece deixar o leitor bem curioso. Além disso, eu adorei essa dinâmica do livro ser dividido em cinco partes. Adorei a resenha!
Oi, Mari! Tudo bem? Só de ler o título do livro eu já fiquei bem interessado em lê-lo, lendo a sua resenha e conhecendo um pouco melhor a premissa de "A Noiva Estava de Preto" decidi que vou ler ele! Adorei a resenha! :)
Abraço
http://tonylucasblog.blogspot.com.br/
Oi Mari, eu já ouvi falar desse autor, mas não conhecia a obra ainda. Adoro um bom romance policial, sempre leio e é muito difícil eu não me apaixonar pela história. Espero ter a oportunidade de apreciar essa leitura um dia :D
Beijos
http://www.oteoremadaleitura.com
Oi Mari!
Nunca tinha ouvido falar do autor e nem do livro.
Não vou negar que livro policial não é muito meu estilo, mesmo que vez ou outra eu fique com vontade de ler. Mas uma vilã, femme fatale, me deixou curiosa!
Beijos,
http://www.bibliotecandocomacris.com.br/
Olá, eu não conhecia o livro, mas fiquei bem curiosa pra ler mais sobre a história. Esse gênero é bem interessante! Parabéns pela resenha e pelo blog =D
Beijos
http://www.culturaliteraria.com/
Oi Mari como está ai?
Assim que vi a capa do livro já fiquei paralisado kk me lembrei de um livro que minha mãe tem aqui e achei bem parecido até mesmo de resenha, parabéns agora quero ler muito o livro e quando eu ler espero gostar tanto como gosto do que tenho aqui
Abraços e Boa Semana!
www.pedrosanttos.com
Oie,
Eu não conhecia o autor, mas pela sua resenha o livro parece muito envolvente! Fiquei muito curiosa pela leitura...
Beijos,
Juh
http://umminutoumlivro.blogspot.com.br/
Olá, não conhecia o autor e nem o livro :/ Mas com a resenha que fez eu gostei muito de conhecer um pouco mais da história.
Beijos,
Aly
www.meusdespropositos.blogspot.com
instagram: @despropositos
Oi =D
MEU DEUS Mari! Amei sua resenha.
Primeiro que nunca havia ouvido falar deste autor e deste livro!
Segundo que sua resenha me deixou super curiosa para ir correndo ler o livro... e inclusive ver ao filme.
Também tenho uma quedinha por vilões, e a deste livro parece ser incrível!
Adoro este estilo noir, então provavelmente, quando tiver oportunidade, lerei o livro! =D
Ótima resenha!
Beijos,
Livy
nomundodoslivros.com
Oiee.
Muito legal sua resenha, mas minha primeira leitura do gênero não foi lá muito agradável, mas realmente espero que este me traga uma boa leitura. Depois de sua resenha empolgada espero ler
Beijos Fê
http://www.amorliterario.com
Uau! Adorei esse mistério! E vamos combinar que mulher/homem misteriosa(o) é mais interessante sempre. Eu já tinha ouvido falar do filme, mas não do livro, não sabia que tinha o livro. Gostei! Agora fiquei com vontade de ler.
Beijos!
www.likeparadise.com.br
Oi Mari, não conhecia esse livro ainda. Alisa conheço bem poucos dos livros que vejo resenhado aqui. Por isso que é bom esse mudo literário, para conhecermos coisas novas. Achei bem interessante a sua resenha e acho que leria o livro sim. Está muito difícil encontrar bons policias e quando aparece um merece ser lido.
Blog Prefácio
Nossa, não conhecia o livro e já quero para mim. Realmente, boas vilãs são mesmo muito raras, mas quando aparecem, são inesquecíveis. Adoro um bom policial, então esse vai direto para a minha lista porque faz tempo que não leio um. E esse parece ser memorável.
Beijos!
sendo sincera nunca tinha escutado falar do autor nem do livro
achei a temática interessante, eu meio que abusei um pouco de policiais (eu tô devendo ler os livros que vcs me indicaram, então tentar não falar muito)
e adorei a ideia de uma vilã
mas acho que com o tanto de coisa que eu tenho que fazer vou procurar a adaptação p assistir =) qq coisa se eu gostar muito da história eu leio p fazer o paralelo (ou detonar o filme) bjs
A arte de se apaixonar pelo vilão/vilã, quem nunca? Bom, eu sempre haha
Realmente os livros policiais de hoje não são tão bons quanto os mais antigos, por isso já faz um bom tempo que não leio algo do gênero. Já este é interessante desde o título, e a premissa é muito instigante. Vou tentar ler assim que puder, e já aproveitar pra conhecer mais esse autor.
Uau.... me deixasse super curiosaaaa...
vou procurar já um livro do autor
Beijos enormes,,,,
http://cantodadomino.blogspot.com.br/
Oi, Mari.
Nossa, sou loucamente apaixonada por literatura policial, mas nunca tinha ouvido falar desse autor, acredita? Já vou acrescentar esses dois livros dele na minha lista. Também adoro um bom vilão (ou vilã, no caso) e na maioria das vezes acabo torcendo por eles (eu sei, que péssimo! kkk). Fiquei muito curiosa para saber a motivação da assassina. Mal posso esperar para ler.
Beijos!
Achei essa estrutura narrativa utilizada pelo autor bem ousada, pois, sempre imaginamos que livros dese gênero, devem guardar as identidades de seus assassinos até o final. Mas que bom que essa ousadia deu super certo. Fiquei bem curioso pra ler algo do Cornell Woolrich.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Uau, fiquei com muta vontade de ler! Muito interessante essa premissa, nunca vi um livro estruturado assim. O autor deve ser muito bom para conseguir organizar o livro assim e de forma que prenda o leitor. Fiquei muito curiosa. Também não acho muito comum nesse gênero de livro de suspense, romance policial encontrar uma vilã mulher.
Adorei essa vilã,fiquei super intrigada sobre o motivo dela cometer tais assassinatos.Eu não conhecia o escritor mas vou procurar saber mais do outro livro dele já que você gostou tanto.E é tão bom quando uma leitura não nos decepciona,e saber que há um filme também foi um grande novidade pra mim.
Olá Mari ! Por enquanto li somente O Sono Eterno de Raymond Chandler de policial noir e digo que gostei muito, achei uma história bem convincente e plausível. Tenho A Noiva Estava de Preto e muitos outros ainda por ler.
bomlivro1811.blogspot.com.br
Gostei muito do livro todo, mas quando houve a explicação do porque a vilã comete os assassinatos não fiquei convencido, mas mesmo assim se trata de um ótimo livro. Janela indiscreta e outras histórias já achei mais surpreendente.
bomlivro1811.blogspot.com.br
Postar um comentário