“Quando se tem vinte e um anos, a vida é um mapa rodoviário. Só quando se chega aos vinte e cinco, mais ou menos, é que se começa a desconfiar que estávamos olhando para o mapa de cabeça para baixo, e apenas aos quarenta temos certeza absoluta disso. Quando se chega aos sessenta, vai por mim, já se está completamente perdido.” (KING, 2015, p. 20)
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Quem acompanha o blog sabe que considero Stephen King o tipo de autor que dispensa sinopse. Não preciso saber sobre o que se trata o livro para ter vontade de lê-lo, pois ver seu nome na capa já é o suficiente. E foi assim que comecei a leitura de Joyland, sem saber para onde o autor pretendia me levar.
Devin Jones é um estudante de letras que, durante as férias de verão de 1973, decide trabalhar no parque de diversões Joyland. Ainda lidando com uma decepção amorosa, Dev faz bons amigos e descobre um episódio sinistro do parque: um serial killer matou a jovem Linda Grey no trem fantasma, e diz a lenda que seu espírito ainda vaga pelo brinquedo. Além de investigar o caso, Dev também irá conhecer Mike, um garoto de saúde frágil e que tem um dom especial.
Joyland me fez perceber como nas mãos de Stephen King uma estória que tinha tudo para ser banal ou corriqueira se torna algo monumental. Mesmo em um cenário quase idílico como um parque de diversões à beira-mar, mesmo com eventos que se desenrolam basicamente em virtude do trabalho em Joyland, King encontra uma fonte quase que inesgotável para falar sobre temas como amor, amizade, dor e morte.
Já mencionei por aqui o quanto me impressiono com a habilidade do King em construir personagens complexos, com diversas facetas, que não são bons ou ruins, mas apenas seres humanos, com qualidades e defeitos. Mais uma vez o autor consegue criar um protagonista fantástico e que logo conquista a empatia do leitor. Também não posso deixar de expressar minha incredulidade com o fato de que King conseguiu transformar até mesmo um parque de diversões em personagem.
O que me surpreende é que mesmo após ter escrito mais de cinquenta livros, King continua achando vozes diferentes para contar suas estórias. O estilo do autor é inconfundível, mas a voz do narrador é diferente de tudo o que já vi em suas obras. Devin narra os episódios vivenciados em Joyland anos depois, e o leitor rapidamente percebe o amadurecimento e até mesmo a nostalgia do personagem, sem deixar de entender quem era o Devin apaixonado, de coração quebrado e ingênuo de vinte e um anos.
Embora a investigação sobre o assassinato de Linda Grey seja uma parte importante do livro, não classificaria Joyland como um livro policial. A obra conta com drama, romance, sobrenatural, suspense e também policial e apesar desta mistura um tanto exótica, King sabe como explorar os elementos de cada gênero, sempre flertando com o verdadeiro cerne da estória: a evolução de Devin e o impacto dos acontecimentos do verão de 73 em sua vida.
Apesar da investigação ser empolgante, não posso dizer que me surpreendi com a resolução do mistério, e até acho que esta era a intenção do autor, que não queria tirar a atenção do real foco da estória. Mas, ainda assim, preciso parabenizar King pelo desfecho do livro, literalmente de tirar o fôlego e fazer o coração acelerar.
Creio que apenas não gostei mais de Joyland por que meu tempo de leitura era exíguo e demorei mais tempo do que planejava para encerrá-la. Tenho certeza que se tivesse lido mais rápido, teria me envolvido mais com a estória e com seus personagens, motivo pelo qual já estou planejando uma releitura.
Joyland é a prova cabal de que Stephen King não é apenas um autor de terror, mas sim um escritor que consegue transitar entre diversos gêneros com facilidade e ser bem sucedido. Com personagens memoráveis, uma narrativa sensível e uma trama despretensiosamente arrebatadora, Joyland é o livro ideal para apresentar o autor àqueles que ainda não tiveram nenhum contato com sua obra, mas que também irá encantar aqueles que já são fãs.
Autor: Stephen King
N.º de páginas: 239
Editora: Suma de Letras
25 comentários:
Eu teria gostando ainda mais do livro se fosse mais explorado os crimes cometidos e o teor sobrenatural, mas mesmo assim achei um ótimo livro.
bomlivro1811.blogspot.com.br
Olá, Alê.
Concordo com você: King é um autor que dispensa sinopses.
A premissa do livro é diferente e me chama a atenção por se afastar do gênero terror, o que consagrou o autor. Essa mistura de gêneros me agrada e forma que o livro parece ter sido conduzido também.
Vou querer conferir a obra.
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Oi Alê!
Eu sou MUITO medrosa, então evito ler livros do gênero... Com o pouco contato que tive com os livros do King posso dizer que realmente, ele é um autor incrível que consegue tornar qualquer história fenomenal. Acho que o livro chamaria bem mais a minha atenção se o foco fosse a resolução do mistério, mas ainda assim achei a trama instigante.
Beijo!
http://www.roendolivros.com/
Alê!! Você me mata!
Eu estou louca para ler esse livro, também sou fã incondicional do King (concordo que ele dispensa sinopse, achei sua definição bárbara).
Já o comprei pelo Kindle (meu queridinho), mas estava em dúvida entre uns 60 que tenho para ler.
King é King, claro, e depois da sua resenha, será minha próxima leitura.
Beijos
Meu Meio Devaneio
Olá ...
Fico super ansiosa para ler algo desse autor .
A maneira como você fala dele é impressionante !!!
Beijos
http://coisasdediane.blogspot.com.br/
Olá,
Ainda não li nada do King, mas tenho vontade.
Joyland, me chamou bastante atenção e sinceramente gostei de sua resenha. Me pareceu o tipo de livro que de fato surpreende e prende.
Até mais. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/
Li Joyland de madrugada, de um vez só, sinceramente, eu considero a pegada dele mais Policial do que o Suspense propriamente dito, na verdade, eu esperava ter uns sustos, um suspense maior, igual no Iluminado e A Hora do Vampiro, mas assim mesmo Joyland é um livro ótimo, com uma boa pegada, envolvente e bem construido, somente achei uma pena que o suspense ficou apagado e que Linda ficou em segundo plano, esperava encontrar aquela adrenalina de terror e suspense, mas Joyland foi brando demais.
http://www.daimaginacaoaescrita.com/
Já vi muitas pessoas falando bem desse livro do Stephen King, fazendo com que eu me interessasse mais ainda em lê-lo. A narrativa da história aparenta ser bem envolvente, algo que eu adoro. Já vi ÓTIMAS promoções do livro, só não comprei porque tive que comprar outros. Mas, espero lê-lo em breve!
Oi Alê!
Esse foi o primeiro livro que li do King, e simplesmente adorei.
O livro é muito mais do que um suspense, ele tem uma pegada mais de drama e isso me encantou. Sem falar que os personagens foram muito bem trabalhados. Já quero ler outros livros dele, me tornei fã. Isso que, pelo o que eu vi, esse nem é o melhor livro dele.
Beijos!
www.booksandmovies.com.br/
Oi, Alê!
Nossa, fiquei sem fôlego e com a imaginação a mil só de ler sua resenha. Imagine lendo o livro! Gostei de saber que, mesmo com a mistura de gêneros, King elaborou um enredo único, complexo e surpreendente.
Quero ler em breve!
Beijocas.
http://artesaliteraria.blogspot.com.br
Ah quero muito ler esse livro.
Adorei sua resenha e estou super ansiosa para ler algum livro do Stephen King, ainda não li nenhum livro dele, mas tenho vários em minha lista de leitura, inclusive Joyland.
Quando li a sinopse já me interessei de cara e seu comentários me deixaram ainda mais curiosa, Alê. Ressalto que li a sinopse antes de ler Carrie, pois agora me encontro na mesma situação que você. [rs] Apenas uma obra de King foi suficiente para me maravilhar com sua capacidade criativa, e agora quero mais, mais e mais. Ótima resenha.
Abraços!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Oi, Alê.
Acho que já disse aqui que leio muito o autor, mas dificilmente acabo amando os livros. À espera de um milagre e A metade negra são dois que lembro que adorei, mas a maioria acho meio maçante, principalmente os começos. Mas esse fiquei muito interessada em ler. Parque de diversões já é meio que um pesadelo, então acho que irei gostar.
Blog Prefácio
Heey!
Eu sou muito fã dos livros do Stephen King e estou louco para ler Joyland, ele chegou essa semana e mal vejo a hora de começar haha.
Pelo visto o King escreveu com maestria novamente, tem como não amar esse cara?!
Abraços!!
Blog - Desbravando o Infinito
Sempre comento em outros blogs que King não me chama muito a atenção. E esse livro foi a mesma coisa, achei uma sinopse um pouco "parada" e uma capa muito tediosa.
Oi, Alê! Tudo bem? Tudo que tiver o nome do Stephen King, seja ele assinando ou indicando, eu confio também! Já faz algum tempo que não leio nada do autor e estou com saudades das histórias dele, acho que "Joyland" tem tudo para me agradar e é muito legal saber que o final consegue ser empolgante, uma vez que a investigação não é foco principal. Estou empolgada! Bjs
Jéssica - http://lereincrivel.blogspot.com.br/
Oi!
Ainda não li nada do Stephen King mas essa e uma leitura que pretendo fazer ainda esse ano sempre vejo muitas criticas positivas para seus livros e sua escrita e com certeza seus livros dispensação sinopses e essa capa já consegue passar uma ideia do que vamos encontrar !!!
Ouço falar muito de Stephen King e eu nunca li um livro dele! Creio eu q preciso mudar essa realidade, né??? Rs.
Sua resenha só reforçou a imagem que eu tenho de Stephen: ele é genial. Pretendo começar a ler um livro do autor em breve e urgentemente. Adorei Joyland e estou pensando seriamente em conhecer o autor por essa obra, já que a história vai para o lado policial que também é um gênero que eu nunca li. Então, "matava" dois coelhos "numa" tacada só!
Adorei sua resenha! Posso dizer que você consegue se expressar muito bem com as palavras.
Bjs
Alê!
Ganhei esse livro e ando ansiosa pela leitura.
Realmente King tem diversificado de estilo, acho que cansou de ser apenas o mestre do terror, agora quer abranger o título para outros estilos e gostei de saber que aqui tem uma mistura de vários.
Mistério, suspense, policial deve ser um livro eletrizante.
Desejo uma ótima semana, cheia de luz e paz!
“A alegria evita mil males e prolonga a vida.”(William Shakespeare)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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To loooouca por esse, eu preciso!!
Amei a capa, e a história parece ser fantástica, de um jeito simples e ao mesmo tempo incrível!
Embora tenha medo de livros/filmes de terror, quero muito ler váriooooos do Stephen!
bjs
Oi Alê!
UAU! o King já escreveu mais de 50 livros?!
Eu nunca li nada dele, porque não sou muito fã de thrilers. Mas, desde quando eu vi o lançamento aqui no Brasil com todas as divulgações que a Suma estava fazendo, confesso que me animei um pouco.
Como no livro é explorado outros gêneros - entre eles o romance que é meu preferido - acho que vale a pena dar uma chance para o livro e ver o que ele me aguarda.
Provavelmente eu vá ler Carrie primeiro, porque fiquei bastante curiosa.
Beijos!!
umlugarparaleresonhar.blogspot.com
Olá! Estou lendo meu primeiro livro do King (Sob A Redoma) e amando, então já tenho procurado outras obras dele. Joyland tem uma proposta muito interessante e que me deixou super curiosa. Os comentários que eu tenho visto sobre ele só aumentam a minha curiosidade. Espero compra-lo e lê-lo em breve. Beijos!
http://frases-perdidas.blogspot.com.br/
Oie
Só li alguns livros do King mas acho ele um escritor incrível.Estava com um pé atrás com esse livro já que li alguns comentários falando mal dele.Mas que bom que tu gostou e mesmo não sendo terror o livro deve conter um ótimo suspense além de outros temas.E essa capa está linda,chama muita atenção.
Eu tenho uma admiração monumental pelo King, pela sua capacidade de produzir obras de arte com qualquer elemento. Esse livro é dos que mais desejo ultimamente, e depois da tua resenha, fico me roendo para conseguir lê-lo de uma vez por todas. Os personagens do King, preciso dizer, sempre me conquistam por esse lado real e humano, que tu tão bem destacou. Além disso, os temas que ele insere como pano de fundo em suas obras só enriquecem ainda mais a trama, fazendo-nos refletir enquanto acompanhamos a saga de mais um de seus memoráveis protagonistas.
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