"Quem vem para o jantar?" é a coluna do Além da Contracapa em que um jantar fictício se torna a ocasião em que personagens e autores interagem em encontros inusitados.
Para o aniversário desse ano, tínhamos o desafio de preparar uma festa que estivesse à altura das que fizemos nos anos anteriores. Logo percebemos que só havia um jeito de nos superarmos: ao invés de uma festa tradicional faríamos um tour por diversos cenários. Felizmente, tivemos ajuda de alguns amigos porque organizar recepções para nossos convidados em vários lugares não foi tão fácil como imaginamos. Quem sugeriu um ponto de partida para nosso tour foi Michael Crichton:
— Que tal o Jurassic Park? — perguntou ele e, vendo nossa hesitação, logo acrescentou: — Fiquem tranquilos, os incidentes que aconteceram lá fazem parte do passado. O local está mais seguro do nunca.
Apesar de não estarmos completamente confiantes, imaginamos que nossos convidados iriam adorar a atração e aceitamos a oferta de Crichton. Assim, enviamos os convites, mas resolvemos não informar que aquela não seria uma festa tradicional, pois queríamos surpreender a todos.
Chegamos a Isla Nublar com antecedência para conhecer o Jurassic Park e fomos recepcionados pelo professor Grant.
— Michael pediu que eu os acompanhasse durante todo o percurso para garantir que vocês estariam em boas mãos — disse ele sorrindo.
Aliviados com a presença do professor, retornamos para o portão de entrada no horário combinado e aguardamos pela chegada do helicóptero. Assim que pousou, o primeiro a desembarcar foi Auggie, acompanhado de Scout e Cosette, os quais vieram correndo nos abraçar. Alvo Severo também desceu depressa e logo percebemos que ele não tinha se adaptado ao meio de transporte dos trouxas. Logo depois vieram Abilene Tucker e Jake Chambers — os quais nos entregaram os novos livros de seus pais como presente de aniversário — seguidos por Prim Everdeen, Rhoda Peenmark e Sarah Nelson.
Depois de todos terem desembarcado, explicamos que faríamos um tour pelo parque e as crianças correram em disparada para entrar na van e sentar na janela, afinal, o parque era lindo e havia muita coisa para ser vista. Assim que nos sentamos, a van começou a se mover, sendo guiada automaticamente. Então, o sistema de som fez um pequeno barulho e ouvimos a voz amplificada de Grant.
— Bom dia, pessoal. Estão preparados para o passeio de hoje?
— SIMMMM — gritaram as crianças em uníssono.
— Ótimo. Para começar, vocês podem olhar para a minha esquerda, onde podemos ver um bando de Velociraptors. Os ancestrais deles tinham penas e voavam.
Todos nós viramos e imediatamente ouvimos os “ohhh” e “ahhh” que as crianças emitiam, fascinadas por contemplarem um animal daqueles tão de perto. Durante o tempo em que estivemos na van, as exclamações continuaram. As crianças nem conseguiam ficar sentadas. Algumas estavam em pé em cima dos bancos, outras com os rostinhos colados às janelas.
— E agora — anunciou Grant — o dinossauro que todos vocês estavam esperando. Sejam bem vindos à casa do Tiranossauro Rex!
E como se Grant tivesse ensaiado o roteiro com o animal, ouvimos o rugido gutural do dinossauro assim que ele pronunciou seu nome. As crianças se apinharam nas janelas, para conseguir uma visão melhor daquela criatura monstruosa.
— Esta é a nossa primeira parada! Podem descer — falou ele e as crianças desembarcaram animadas.
— Temos uma surpresinha para vocês: nesse ano iremos levá-los para mais três lugares — anunciamos, e as crianças vibraram de empolgação. — Nosso piquenique está programado para acontecer em quinze minutos.
— Onde? Onde? — elas perguntaram ansiosas.
— Em Santa Fé — revelamos. — E para chegar lá temos que encontrar uma chave de portal, que deve estar escondida por aqui.
— Uma chave o quê? — perguntou Auggie confuso.
— Uma chave de portal. É um objeto qualquer, pode até parecer lixo, mas que está encantada para nos transportar para o Sobrado dos Terra Cambará. E agora temos catorze minutos para encontrá-la.
Nos separamos e começamos a vasculhar a área em busca da chave que Arthur Wesley tinha nos emprestado. Foi Cosette quem encontrou uma bota velha e logo reconhecemos o artefato. Mas no mesmo instante ouvimos um grito agudo de animação vindo em nossa direção.
— Achei! Achei a chave!
Era Abilene, que segurava um objeto redondo em suas mãos. Olhamos um para o outro, sem saber o que era aquilo e foi só quando ela chegou mais perto que reconhecemos. Nosso estômago congelou.
Um ovo.
Sentimos o chão começar a tremer e ouvimos o rugido ainda mais alto de um animal desesperado.
— Largue o ovo! Largue o ovo! — falamos, mas era tarde demais. O Tiranossauro Rex já tinha nos visto e corria ensandecido em nossa direção.
Olhamos para o relógio e constatamos que faltava apenas um minuto para a chave de portal ser ativada.
— Venham — gritamos. — Todo mundo precisa tocar na chave.
Todos se reuniram a nossa volta enquanto Abilene chegava afobada. O dinossauro continuava a rugir e correr em nossa direção, mas então sentimos um forte puxão, como se fosse um anzol no umbigo. Tivemos a sensação de cair no vazio e girar, até que atingimos o chão com um baque surdo.
— Sejam bem-vindos a Santa Fé — disse Maria Valéria logo em seguida, sem conseguir conter o sorriso de nos ver todos estatelados no chão. — Venham logo que o piquenique já está pronto.
Ela nos conduziu ao fundo do quintal do Sobrado e lá havia um lençol estendido a sombra de uma árvore, onde encontramos diversos quitutes, doces e sucos gelados. As crianças correram e começaram a se servir afoitas, fazendo Maria Valéria rir com gosto. Quando todos pareciam satisfeitos, perguntamos:
— Prontos para a próxima parada?
— SIM!!!!
— Mas antes disso, nós queremos saber qual livro é seu melhor amigo. Só assim levaremos vocês a um passeio inesquecível.
— Eu começo! Eu começo! — disse Scout. — Para mim foram os livros da série Vaga-Lume.
— Os meus foram Os Contos de Beedle, o Bardo — falou Alvo
— Os meus foram as aventuras do seu pai, Alvo. Ele é o melhor — disse Prim.
— Atticus Finch é o melhor — confessou Sarah, olhando encabulada para Scout, que sorriu orgulhosa.
Encerrada a discussão, finalmente revelamos o próximo destino:
— Nós iremos encontrar Daniel Sempere em Barcelona e visitar o Cemitério dos Livros Esquecidos — falamos com empolgação, fazendo as crianças exclamarem de alegria.
Imediatamente começamos a procurar uma chave de portal e dessa vez foi Auggie quem encontrou uma lata velha. Nos reunimos ao redor do objeto, aguardamos alguns instantes e sentimos o já familiar puxão no umbigo.
Imediatamente começamos a procurar uma chave de portal e dessa vez foi Auggie quem encontrou uma lata velha. Nos reunimos ao redor do objeto, aguardamos alguns instantes e sentimos o já familiar puxão no umbigo.
— Sejam bem-vindos ao Cemitério dos Livros Esquecidos — nos saudou Daniel.
— UAU! — disseram as crianças.
Nada havia nos preparado para testemunhar o brilho naqueles olhinhos ao estar diante de um lugar tão maravilhoso. Até mesmo Alvo Severo, acostumado a lidar com magia, percebeu que o lugar onde estávamos tinha uma magia própria. Não tinha a ver com feitiços, mas era mágico mesmo assim.
— Foi meu pai quem me trouxe aqui quando eu completei 11 anos, então, vocês não precisam ter medo. O lugar é um tanto labiríntico, mas vocês não irão se perder. Só nos seus corações.
— Como assim? — perguntou Scout, receosa.
— Acredite em mim. Algum livro, dentre todos esses milhares de exemplares empoeirados, vai ganhar o coração de vocês para sempre e vocês irão se perder em suas páginas e seus encantos.
Sorrimos para Daniel, reconhecendo nele os vestígios daquele menino que pisou ali pela primeira vez tão jovem. Quando as crianças voltaram, cada uma trazia um livro na mão.
— Podemos levar? Depois a gente devolve — perguntou Jake
— Podem levar sim e não precisam se preocupar. Tudo o que vocês precisam me prometer é que vão tratar esses livros como eles merecem. Então, todos prometem? — perguntou Daniel, ao que todos responderam com um retumbante SIM.
— Já está anoitecendo, crianças. Precisamos ir para chegar a tempo no próximo destino — anunciamos.
— Mas já? — retrucou Abilene — Não queremos ir ainda.
— Vocês tem certeza? Porque nós estamos com fome dos itens da Dedosdemel. Quem nos acompanha?
— Mas nós não temos dinheiro — falaram elas decepcionadas.
— Tem certeza? Por que vocês não dão uma sacudida nos livros de vocês?
Todos eles começaram a balançar os livros e moedas de ouro caíram no chão, deixando as crianças impressionadas.
— Como vocês fizeram isso? — quis saber Alvo.
— Hermione nos ensinou um truque — respondemos sorrindo. — E então? Ainda querem esperar?
— Não! Queremos ir agora.
— Então se despeçam do Daniel, por que temos uma última chave para procurar.
— Chave coisa nenhuma — disse Hagrid, de repente irrompendo no Cemitério dos Livros Esquecidos. — Vamos lá para fora que tenho uma última surpresa para vocês.
Quando chegamos lá, vimos selas que flutuavam no ar e logo entendemos a surpresa que Hagrid havia preparado. Trocamos um olhar preocupado, pensando no problema que ele teria com o Ministério da Magia. Mas ele, ao perceber nossa preocupação, apenas balançou a mão, como se aquilo não fosse nada sério. Como não havia o que fazer, restou-nos torcer para que desse tudo certo.
— Venham, crianças. Montem aqui — orientou Hagrid.
— Aqui onde? Não tem nada aqui — disse Cosette.
— Tem sim — retrucou Rhoda. — Você não está vendo esse animal embaixo da sela?
— Esses são testrálios — explicou Hagrid. — Criaturas mágicas usadas para viagens de longa distância. Elas são muito eficientes.
— Mas eu não estou enxergando nada — disse Sarah,
— Vocês não enxergam porque nunca tiveram....
— Hagrid — interrompemos — tem coisas que as crianças não precisam saber hoje, você não acha?
— É verdade. É verdade. Desculpa. E então, prontos?
— PRONTOS!
Um a um eles se aproximaram de Hagrid esperando ajuda para montar nos seus testrálios. Nós nunca vamos esquecer aquela imagem: as crianças que pareciam flutuar no ar, mas que se balançavam de acordo com o movimento das criaturas mágicas.
No final, nós também montamos e seguimos para o último destino da nossa festa. A expressão no rosto das crianças quando os animais deram o impulso para voar nos fez ter a certeza de que todo o planejamento tinha valido a pena. Estávamos exaustos e mal podíamos esperar para encerrar o dia no Três Vassouras, mas sentindo o vento nos nossos rostos e ao som dos gritinhos empolgados das crianças, tínhamos a convicção de que elas jamais esqueceriam aquele dia. Nem nós.
— UAU! — disseram as crianças.
Nada havia nos preparado para testemunhar o brilho naqueles olhinhos ao estar diante de um lugar tão maravilhoso. Até mesmo Alvo Severo, acostumado a lidar com magia, percebeu que o lugar onde estávamos tinha uma magia própria. Não tinha a ver com feitiços, mas era mágico mesmo assim.
— Foi meu pai quem me trouxe aqui quando eu completei 11 anos, então, vocês não precisam ter medo. O lugar é um tanto labiríntico, mas vocês não irão se perder. Só nos seus corações.
— Como assim? — perguntou Scout, receosa.
— Acredite em mim. Algum livro, dentre todos esses milhares de exemplares empoeirados, vai ganhar o coração de vocês para sempre e vocês irão se perder em suas páginas e seus encantos.
Sorrimos para Daniel, reconhecendo nele os vestígios daquele menino que pisou ali pela primeira vez tão jovem. Quando as crianças voltaram, cada uma trazia um livro na mão.
— Podemos levar? Depois a gente devolve — perguntou Jake
— Podem levar sim e não precisam se preocupar. Tudo o que vocês precisam me prometer é que vão tratar esses livros como eles merecem. Então, todos prometem? — perguntou Daniel, ao que todos responderam com um retumbante SIM.
— Já está anoitecendo, crianças. Precisamos ir para chegar a tempo no próximo destino — anunciamos.
— Mas já? — retrucou Abilene — Não queremos ir ainda.
— Vocês tem certeza? Porque nós estamos com fome dos itens da Dedosdemel. Quem nos acompanha?
— Mas nós não temos dinheiro — falaram elas decepcionadas.
— Tem certeza? Por que vocês não dão uma sacudida nos livros de vocês?
Todos eles começaram a balançar os livros e moedas de ouro caíram no chão, deixando as crianças impressionadas.
— Como vocês fizeram isso? — quis saber Alvo.
— Hermione nos ensinou um truque — respondemos sorrindo. — E então? Ainda querem esperar?
— Não! Queremos ir agora.
— Então se despeçam do Daniel, por que temos uma última chave para procurar.
— Chave coisa nenhuma — disse Hagrid, de repente irrompendo no Cemitério dos Livros Esquecidos. — Vamos lá para fora que tenho uma última surpresa para vocês.
Quando chegamos lá, vimos selas que flutuavam no ar e logo entendemos a surpresa que Hagrid havia preparado. Trocamos um olhar preocupado, pensando no problema que ele teria com o Ministério da Magia. Mas ele, ao perceber nossa preocupação, apenas balançou a mão, como se aquilo não fosse nada sério. Como não havia o que fazer, restou-nos torcer para que desse tudo certo.
— Venham, crianças. Montem aqui — orientou Hagrid.
— Aqui onde? Não tem nada aqui — disse Cosette.
— Tem sim — retrucou Rhoda. — Você não está vendo esse animal embaixo da sela?
— Esses são testrálios — explicou Hagrid. — Criaturas mágicas usadas para viagens de longa distância. Elas são muito eficientes.
— Mas eu não estou enxergando nada — disse Sarah,
— Vocês não enxergam porque nunca tiveram....
— Hagrid — interrompemos — tem coisas que as crianças não precisam saber hoje, você não acha?
— É verdade. É verdade. Desculpa. E então, prontos?
— PRONTOS!
Um a um eles se aproximaram de Hagrid esperando ajuda para montar nos seus testrálios. Nós nunca vamos esquecer aquela imagem: as crianças que pareciam flutuar no ar, mas que se balançavam de acordo com o movimento das criaturas mágicas.
No final, nós também montamos e seguimos para o último destino da nossa festa. A expressão no rosto das crianças quando os animais deram o impulso para voar nos fez ter a certeza de que todo o planejamento tinha valido a pena. Estávamos exaustos e mal podíamos esperar para encerrar o dia no Três Vassouras, mas sentindo o vento nos nossos rostos e ao som dos gritinhos empolgados das crianças, tínhamos a convicção de que elas jamais esqueceriam aquele dia. Nem nós.
16 comentários:
Oi Meninas.
Adorei o texto.
Bem inusitada essa coluna de uma maneira muito positivo deve dizer, nunca li nada parecido e estou encantada, adorei os diálogos, espero que tenha mais desses por aqui.
Bjs.
Oi, Alê e Mari!!
Adorei a coluna de Quem vem para o jantar?!! Foi uma mistura bem interessante de Jurassic Park com o mundo de Harry Potter!!! Achei bem bacana e divertido e que criatividade!! Amei!!
Bjoss
Adorei o texto, ainda não visto nada parecido em nenhum outro blog, gostei bastante de como vocês misturaram todos esses mundos e eles só ficaram melhor.
Beijos!
Oi Alê e Mari ;)
Adorei o texto de vocês, até porque adoro Jurassic Park e Harry Potter S2
Sempre quando vocês se juntam sai coisa boa, e confesso que li o texto tão rápido... já sou fã da escrita de vocês!
Bjos
Adoreeei o texto, e a ideia do post!
Bem inédito esse tipo de post.
Eu sooou apaixonada por Jurassic Park e adorei toda essa mistura com Harry Potter.
Parabéns pela criatividade!
beijos
Que coisa linda, Mari e Alê! Adorei a escolha dessas crianças tão especiais e lugares memoráveis. Sempre me surpreendo com a criatividade de vocês. Amei! Ótimo texto.
Beijos!
Nossa que diferente rsrs eu não tinha lido algo assim. Gostei de ver uns personagens que gostava muito ai, como por exemplo a Prim! Parabéns pelo texto!
Aiiii que lindooooo!
E com Harry Potter, aiiii gente, vocês são demais!
Cada texto melhor que o outro!
Vocês TÊM que escrever um livro, ou mais kkkkk
beijocas
Adorei o post não tenho nem palavras para dizer o quanto vocês foram criativos.
Nunca vi nenhum blog fazendo algo parecido.
Olá, que texto mais criativo, adorei o passeio desde Jurassic Park a encontrar com Harry! Viajei junto nessa aventura, que alegria! Obrigada pelo passeio!!
Um beijo
Paulinha S
Hahahah adorei o texto e as referências! <3 De Jurassic Park não conheço muito, mas Harry Potter é amor antigo. E que passeio incrível hein? Beijos!
Alê e Mari!
Ontem passei aqui no final do dia e estranhei não ver a postagem sobre o jantar e pensei: será que esse ano não teremos jantar?
E eis que me deparo com essa maravilhosa festa sendo comemorada em vários ambientes diferentes e ainda com as crianças, claro que amei a viagem toda.
Parabéns para vocês!
Que outubro venha carregado de boas energias!
“O tempo é teu capital; tens de o saber utilizar. Perder tempo é estragar a vida.” (Franz Kafka)
Cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA DE OUTUBRO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
Oie
Uauu, vocês são muito criativos, adorei o passeio pelo Jurassic Park, que demais.
Beijinhos
https://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/
Que bacana! Adorei! Obrigada pela experiencia! Vocês podem escrever um livro, hein!
Bjox ♥
Que demais esta postagem...Simplesmente fantástico =)
Criatividade nota 1.000!!
Uaaaau,
primeira vez que estou vendo essa postagem.
E preciso dizer que adorei!!
Vocês estão de parabéns!
Beijos :*
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