domingo, 18 de fevereiro de 2018

RESENHA: Felicidade para Humanos

Felicidade para Humanos / P.Z. Reizin
Uma Inteligência Artificial que conhece sua humana melhor do que ninguém e começa a se intrometer na sua vida. Essa é a premissa de “Felicidade para Humanos”, cuja prova a editora Record nos mandou de surpresa para que pudéssemos conferir antes do lançamento. Surpresa ainda maior foi o quão divertido o livro se revelou.

Jen tem um trabalho diferente: sua função consiste em conversar com Aiden, uma IA, para aprimorar as habilidades de comunicação dela com humanos. Por isso Aiden conhece todos os seus gostos: suas músicas favoritas (inclusive aquelas que escuta em momentos tristes), seu filme favorito (e é capaz de ter altas discussões sobre “Quanto mais quente melhor”) e até mesmo o que está por trás dos longos olhares que dá para si mesma ao espelho. É por isso que quando Matt, o namorado de Jen, a troca por outra, Aiden decide que está na hora de juntá-la com um ser humano do gênero masculino melhor (e de fazer Matt pagar pelo que fez a sua amiga). Não demora até que Aiden se junte a Aisiling, outra IA, que por sua vez está se intrometendo na vida amorosa de Tom.

A narrativa intercala os pontos de vista de Jen, Aiden, Aisiling, Tom e alguns outros narradores eventuais. Aiden é quem abre a história e é impossível não se apaixonar imediatamente pela IA. Sua voz narrativa é deliciosa e engraçada, justamente por se tratar de uma máquina com características humanas. Assim, Aiden não é nem uma coisa nem outra, o que lhe confere comentários ímpares. Graças a ele, antes mesmo de conhecermos Jen já gostamos dela. Se Jen é amiga de Aiden, é nossa amiga também.

O cerne da história é o romance entre Jen e Tom, mas “Felicidade para Humanos” tem potencial para agradar mesmo aqueles leitores que - como eu - não gostam de histórias de amor. Isso porque P.Z. Reizin explora os conflitos das IA, seus recursos, poderes e ainda o que (quase) podemos chamar de anseios, já que não passam de máquinas, mas ainda assim são dotadas de personalidades.

“É a naturalidade dos humanos que me incomoda. A capacidade de pensar sem ter de processar informações. Eles podem apreciar a beleza de um pássaro pousado num galho de árvore sem terem que pensar: é um pássaro pousado num galho de árvore. Podem experimentar a própria consciência como sinônimo de existência. Não são forçados a escutar o barulho permanente do cérebro fazendo clang clang. Podem andar de bicicleta ou dirigir um carro sem pensar no que estão fazendo. Até o mais ignorante deles! O que eu invejo nos humanos é a falta de raciocínio.” (REIZIN, 2018, p.339)

A história ainda nos leva a refletir sobre algo que está diante dos nossos olhos todos os dias: já não vivemos sem as máquinas. Tudo o que fazemos de mais importante está nelas, depende delas, é armazenado nelas. Um celular descarregado por algumas horas deixa qualquer um louco. Um computador estragado por um dia é sinônimo de um acúmulo inimaginável de trabalho. A perda de um celular significa perda de contatos, anotações, agenda e quase tudo mais que organiza nossos dias. É claro que nossos aparelhos poderiam nos conhecer melhor do que nossos próprios amigos. São eles que tocam nossas músicas, reproduzem nossos programas favoritos, nos informam sobre os assuntos que nos interessam, intermediam as nossas conversas, facilitam nossas compras e muitas outras coisas.

É inegável que estamos cada dia mais dependentes desses dispositivos e que configuramos nossas vidas em torno deles. Precisamos de menos contatos e interações porque há uma máquina para resolver quase tudo o que precisamos e esse “quase” diminui a cada ano e no ano seguinte já nem sabemos como vivíamos sem aquela tecnologia que hoje nos é fundamental.

Usando de leveza, bom humor e do romance entre os protagonistas, Reizin aborda também o quanto o poder das máquinas pode ser perigoso. É onde entra Sinai, uma terceira IA, que tem planos diferentes de Aiden e Aisiling e se revela um vilão inesperado na metade do livro. Confesso que, embora tenha gostado da introdução do personagem (principalmente pelo que ele representa), achei que a história perdeu um pouco do fôlego que tinha nos primeiros capítulos. Ainda assim, “Felicidade par Humanos” se manteve uma gostosa leitura até o fim.

Juntando máquinas, humanos, temas leves, temas sérios, romance e ficção científica, P.Z. Reizon criou uma trama divertida e repleta de personagens cativantes. Um livro que só li porque caiu na minha mão e que me lembrou como vale a pena sair da nossa zona de conforto e explorar outros mundos. Pensando bem, se o livro chegou na minha casa sem que eu pedisse para ninguém, será que foi uma máquina que me conhecia muito bem que o enviou para mim?

Felicidade para Humanos” tem lançamento previsto para março.

Título: Felicidade para Humanos
Autor: P.Z. Reizin
N° de páginas: 392
Editora: Record
Prova cedida pela editora

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11 comentários:

Felipe disse...

Mari, tudo bem?
Já tinha visto esse livro na internet, mas não tinha parado para ver do que se tratava. Gostei bastante da sua resenha!!
Blog Entrelinhas

Gabriela CZ disse...

Que livro interessante, Mari. Principalmente por ser divertido e trazer reflexões sérias ao mesmo tempo. Gostei. Quero ler também. Ótima resenha.

Beijos!

Ludyanne Carvalho disse...

Uau, vocês são V.I.B. que honra, hein... 👏👏👏

Imaginei que esse livro se tratava de outro assunto, algo mais no estilo de autoajuda.
Fiquei surpresa em saber que contém romance; amo romance, mas esse não me chama atenção.
É legal que seja abordado essa nossa relação com as máquinas, e que nos leva a refletir.

Beijos

Michael disse...

Oie,

tá uma onda de comentários positivos sobre o livro na blogsfera que já tá na minha lista essa obra.

Abraços...

https://submundosliterarios.blogspot.com.br/

RUDYNALVA disse...

Mari!
Ver que o livro é uma comédia romântica e narrado por vários protagonistas, já é um grande atrativo para boas risadas e uma visão mais amplificada dos fatos do livro.
E acopplado a tudo isso uma boa ficção científica, tendo uma IA tão desenvolvida que começa a ter sentimentos, torna o livro ainda mais interessante e gostaria de fazer a leitura.
Uma semana abençoada!
“Acredite na justiça, mas não a que emana dos demais e sim na tua própria.” (Código Samurai)
cheirinhos
Rudy
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BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

Unknown disse...

Eu não dava nada pelo livro até eu saber sobre o que se tratava, agora estou bem curiosa para ler, pois estou vendo somente comentários positivos.

Mariana M... disse...

Adorei a proposta da obra, principalmente quando você citou o modo como aborda os temas. As máquinas realmente estão por toda parte, são toda parte, na maioria das vezes.

Ana I. J. Mercury disse...

Oi Mari, que demais!
Adorei!
Não conhecia o livro, mas achei a ideia o máximo!
Engraçadinho e bem interessante, bom pra refletir mesmo sobre toda essa dependência de máquinas.
Gente, nas duas vezes que meu note estragou, eu nem comia, nem dormia, pelamordeDeus, foi uó demais! kkkkkkkkkk
Parecia que tinha perdido um membro do meu corpo kkk
Amei a resenha, vou querer ler com certeza!
bjss

Marta Izabel disse...

Oi, Mari!
Gostei bastante da premissa da história. Acho divertido dos "robôs" interferir nos problemas sentimentais dos humanos. Sem dúvida é um bom livro.
Bjoss

Patrini Viero disse...

Achei a premissa do livro super interessante. Nunca havia pensado em inteligências artificiais dessa forma, e isso acaba sendo bastante original. Adoro a diversão presente na narrativa e ao mesmo tempo gosto das reflexões tão pertinentes que o enredo proporciona. A capa tá linda e eu já estou ansiosa com o lançamento!

Carolina Santos disse...

Acho que esse livro se mostrou ser uma grande surpresa para muita gente eu sinceramente não dava nada pela história a sinopse ela tem um pouco confuso de início mas quando você pega a ideia do livro ficar simplesmente encantado com a obra Ah que linda apesar de não achar que ela combine muito com a história mas a diversão presente no livro deve ser maravilhosa

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