terça-feira, 29 de maio de 2018

RESENHA: Todas as Coisas Belas

Todas as Coisas Belas Matthew Quick
Foi com a leitura de Perdão, Leonardo Peacock que Matthew Quick entrou na lista de autores que eu confiava cegamente. Porém, quando li Quase Uma Rockstar, minha confiança no autor despencou. Foi por causa deste livro que mantive distância dos últimos lançamentos do autor, mas fiquei intrigado quando li a sinopse de Todas as Coisas Belas e resolvi dar mais uma chance para o autor.

Nanette é uma aluna exemplar e filha comportada. Mas tudo muda quando seu professor preferido lhe presenteia com um exemplar do livro "O Ceifador de Chicletes". Nanette logo se identifica com a estória e acaba se tornando amiga de seu recluso autor, Nigel Booker. É através dele que Nanette conhece Alex, e encontra neles dois a força que precisava para ser quem realmente é. 

Todas as Coisas Belas é narrado em primeira pessoa por Nanette. A narrativa de Quick é extremamente envolvente e o leitor se apega a protagonista rapidamente. Fazia tempo que eu não sentia uma identificação tão forte com um personagem e creio que isso se explique por que Nanette está em uma fase da vida pela qual todos já passamos ou passaremos. 

A jornada da protagonista é inspiradora. Vemos que ela, em um primeiro momento, não sabe quem realmente é e não tem o controle sobre a própria vida. É no seu relacionamento com Booker e Alex que ela começa a descobrir suas verdadeiras aspirações e para de tentar satisfazer as expectativas alheias. Outro aspecto interessante e original é que Nanette, nessa busca intensa por si mesma, acaba se perdendo (por mais paradoxal que isso possa soar).

“Eu soube que tinha chegado ao fim da infância quando percebi que os adultos na minha vida não conheciam mais do que eu sobre a vida — então, como um flash, entendi que tudo o que havia se passado até aquele exato momento era uma espécie de jogo organizado pelos supostos adultos, que piscavam uns paro os outros quando ninguém estava olhando...” (QUICK, 2018, p. 123)

Alex também é um personagem interessantíssimo. Ele não é apenas alguém insatisfeito com a injustiça do mundo, mas também está decidido a agir e a fazer a diferença. O mais interessante é perceber que esta sua paixão por mudar as coisas, por mais bem intencionada que seja, revela traços de egoísmo. A relação entre os dois adolescentes é muito complexa e vital para a jornada de autodescobrimento e amadurecimento de Nanette. 

Em determinado momento, a narrativa muda de primeira pessoa para terceira pessoa. E apesar de haver um motivo incrível para esta alteração, preciso reconhecer que na prática está não foi uma boa opção. Não sei explicar exatamente o porquê, mas a narrativa em terceira pessoa me soou estranho e, para mim, não funcionou. De certa forma, fiquei com a impressão de que a estória perdeu força com essa mudança. 

Ainda assim, Todas as Coisas Belas foi uma leitura incrível, que conta com personagens bem desenvolvidos, uma trama bem amarrada e uma estória com a qual todos os leitores irão se conectar. Encerrei a leitura com um sorriso no rosto e feliz por ter dado uma nova chance ao autor. Felizmente, fizemos as pazes e mal posso esperar para ler outros livros de sua autoria. 

Título: Todas as Coisas Belas
Autor: Matthew Quick
Editora: Intrínseca
N.º de páginas: 270
Exemplar cedido pela editora

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13 comentários:

Daiane Araújo disse...

Oi, Alê.

O enredo proposto, é bom, principalmente por levantar questões acerca da personagem em sua busca, através do livro, de respostas... E, no que ele refletiu em sua vida.

Às vezes, precisamos de algo que nos impulsione a mudar nossa forma de ser.

O livro parece trazer uma mensagem importante, e por isso, eu o leria.

Ludyanne Carvalho disse...

Só li o 1° parágrafo da resenha, pois vou ler esse livro em breve e quero me surpreender.
O lado bom da vida também foi o meu primeiro contato com a escrita do Matthew e gostei bastante, mas eu amei Quase uma rock star.
Nossa, Amber é uma personagem inspiradora.
Quero mais não quero ler os outros títulos dele, mas Todas as coisas belas me chamou atenção.
Só não gostei da capa.

Beijos

Gabriela CZ disse...

Também gosto da narrativa do Quick, Alê. Agora fiquei mais curiosa por esse livro, já gostei da protagonista. Ótima resenha.

Beijos!

Luana Souza disse...

Adorei essa resenha, já fiquei apaixonada na protagonista só com a resenha kkk. Eu acho que esse livro retrata assuntos bem importantes, que legal ver que a Nanette conseguiu se encontrar neles dois e saber quem ela era de verdade deixando de viver parar os outros e começando a viver para si mesma. É uma premissa muito bacana que me deixou com vontade de ler

Lex Macêdo disse...

Oi! Desse autor eu só li o mais famoso dele, O lado bom da vida, e confesso que o livro não me conquistou tanto quanto eu esperava. Eu já tinha visto a capa desse por aí, mas nunca li sinopse nem resenha. Vendo as suas opiniões, eu fiquei bastante interessada, mesmo tendo um certo receio com o autor, rs. Os Delírios Literários de Lex

Nicole Longhi disse...

Esses dias li a sorte do agora, e confirmei que eu realmente gosto muito da escrita do autor.
Quase uma rock star está na minha estante mas ainda não li.
Não conhecia esse do autor, mas já me encantei completamente com ele através da sua resenha. Gosto bastante como Quick consegue nos envolver com a trama e os personagens.

beijinhos
She is a Bookaholic

Ana I. J. Mercury disse...

Adorei sua resenha, Alê.
Deu pra ver o quanto você gostou do livro e o quanto ele te tocou.
Fiquei interessada, a Nanette parece ser aquele tipo de jovem que está passando por inúmeros problemas e transformações e que ao decorrer da trama não só nos identificamos, como também, aprendemos muito.
Vou querer ler também.
bjs

Marta Izabel disse...

Oi, Alê!!
Ainda não li nada do Matthew Quick, e já tem um tempo que não leio nada do gênero young adult, então vou aproveitar a indicação e ler algo do autor.
Bjoss

Giovanna Talamini disse...

An-nyong-se-ha-yo!
Do Matthew Quick eu só li O Lado Bom da Vida e achei legalzinho. Eu voltaria a ler suas obras, e esta, por ser rapidinha, considero como um bom reinício.

RUDYNALVA disse...

Alê!
Não li nada do autor ainda.
Gosto de leituras que trazem essa abordagem mais pessoal sobre a busca do que fazer, ou de quais perspectivas de vida teremos.
Fico feliz que tenha se identificado, tem fases que são assim em nossa vida.
E essa mudança de primeira para terceira pessoa, também não entendi.
Bom feriado!
“O meu objetivo é colocar no papel aquilo que vejo e aquilo que sinto da mais simples e melhor maneira.. “(Ernest Hemingway)
cheirinhos
Rudy

Maah disse...

Oi Alê.
Eu ainda não tive a oportunidade de conhecer a escrita desse autor, mas já faz tempo que o livro Perdão, Leonardo Peacock, está na minha lista.
Fico feliz em saber que você conseguiu se apegar as personagens, eu adoro quando isso acontece. Uma pena que a alteração em narrativas não funcionou muito bem para você, já li alguns livros que para mim funcionaram essa alternância, por isso, não ficarei receosa em relação a isso, mas enfim, gostei bastante da premissa, ele vai para minha lista com certeza.
Bjs.

Blog Livros e Ideias da Drica disse...

Oi, Alê!

Eu já tinha visto esse livro em alguns canais que acompanho. Não gostei muito do desenho da capa, mas o rosa me chama atenção. Gostei de sua resenha e no início até pensei que o enredo girasse em torno de um romance que iniciei a leitura em maio, mas eu vi que ele pega uma outra rota! Anotei para conhecer a história depois!
Grande abraço!
Drica.

Lary Zorzenone disse...

Olá
Sério que não curtir a mudança pra terceira pessoa? Eu achei incrível e que foi feito com maestria.

Vidas em Preto e Branco

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