quarta-feira, 20 de junho de 2018

RESENHA: Dias de Despedida

dias de despedida jeff zentner
Em Dias de Despedida conhecemos Carver, que perdeu seus três melhores amigos em um acidente de trânsito. Além do luto, ele também precisa lidar com a culpa: afinal, se não tivesse enviado uma mensagem de texto, talvez seus amigos ainda estivessem vivos. E para completar, ainda é possível que ele seja alvo de uma investigação criminal. 

Dias de Despedida é narrado em primeira pessoa por Carver, o que coloca o leitor em contato direto com os medos e aflições do protagonista. Apesar da narrativa ser fluida, a temática abordada pelo autor é pesada, de modo que em alguns momentos a leitura se torna mais densa. 

Carver é um ótimo personagem, a quem o leitor rapidamente se apega, sendo que conseguimos entender suas motivações e atitudes desde a primeira página. Entretanto, o mesmo não pode ser dito sobre os amigos de Carver. Por boa parte da estória, tive a sensação de que os amigos que morreram no acidente eram apenas nomes, e não personagens palpáveis. Apenas da metade para o final que me pareceu que eles ganharam contornos mais definidos. 

O livro conta com diversos flashbacks, mostrando eventos na vida dos quatro amigos antes do acidente. E admito que por diversas vezes fiquei com a impressão de que estas cenas soaram um tanto artificiais, além de não me parecerem muito significativas para o desenvolvimento da trama

“— Nossa mente busca causa e efeito porque isso sugere uma ordem no universo que talvez não exista, mesmo se você acreditar em algum poder superior. Muita gente prefere aceitar uma parcela indevida da culpa por alguma tragédia do que aceitar que não existe ordem nas coisas. O caos é assustador. É assustadora uma existência inconstante em que coisas ruins acontecem a pessoas boas sem nenhum motivo lógico.” (ZENTNER, 2017, p. 229)

Outro aspecto que não gostei foi a questão judicial. Carver acaba sendo investigado por que, supostamente, sua mensagem teria causado o acidente. Para quem não sabe, atuei por alguns anos como advogado criminalista e nunca vi uma tese jurídica mais estapafúrdia do que essa. É claro que há diferenças enormes entre o direito brasileiro e o americano, mas ainda assim achei que o autor forçou a barra neste aspecto. 

A meu ver, o ápice do livro é a própria jornada de Carver. Uma perda como esta é insuperável e o que o autor faz muito bem é mostrar que a vida pode seguir em frente, mesmo que este vazio criado pela ausência sempre esteja presente. Assim, vemos como o protagonista se apoia na família, nas amizades e inclusive na terapia para enfrentar a dor. 

Dias de Despedidas foi uma boa experiência de leitura, que abordou temas pesados com sensibilidade, e que provocou ótimas reflexões. Entretanto, confesso que estava esperando por um livro mais impactante e emocionante.

Título: Dias de Despedida
Autor: Jeff Zentner
N.º de páginas: 385
Editora: Seguinte
Exemplar cedido pela editora

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13 comentários:

Daiane Araújo disse...

Oi, Alê.

Vemos aqui, que o autor tem muito a oferecer ao abordar assuntos tão sensíveis e também comoventes. Afinal, questões como o luto, a dor da perda e da culpa e a força para recomeçar, não é fácil de lidar.

Vejo que o autor soube criar um bom enredo tocante, dotado de uma carga emocional entre os personagens apresentados. Até porque, todos foram afetados por essa tragédia.

E, realmente, vendo por todos os ângulos plausível, tal alegação jurídica não faz o menor sentido.

Acredito que, quando eu lê-lo, eu vou curtir muitíssimo a leitura, pois recentemente li um livro semelhante a esse e gostei bastante.



Gabriela CZ disse...

Me parece que o autor errou a mão, Alê. Mas gostaria de conferir a jornada do protagonista. Ótima resenha.

Beijos!

Luiza disse...

Primeira resenha que leio pois nem conhecia o livro. Gostei da resenha pois dá para sentir o que esperar desta leitura.
Bjs
http://febredelivro.blogspot.com.br/

Alice Duarte disse...

Oiii Alê

O problema é que a pemissa deixa o leitor na expectativa mesmo de um livro bem emocionante e deve ser frustrante sentir que faltou mais disso, pois o autor tinha uma história legal em mãos. Eu até acho o livro legalzinho, mas te confesso que não sei ainda se vou ler ou não... ainda não tenho certeza de se é um livro pra mim

Beijos

www.derepentenoultimolivro.com

Miriã Mikaely disse...

Oi, Ale
Eu recebi esse livro da editora mas não li ainda, acho que fiquei com medo por causa do quão denso o livro seria. Vou tentar ler e tirar minhas conclusões.
Beijos
http://www.suddenlythings.com/

RUDYNALVA disse...

Alê!
Importante ver assuntos como luto, preconceito e homofobia serem tratados em um livro. São sentimentos que devem ser discutidos de forma mais aberta mesmo.
Confesso que fiquei com um tantinho de pena do Carver que além de estar só na jornada de superação, se vê angustiado.
Gosto quando o autor usa os flashbacks, porém se não fazem tanto sentido, para que, né?
E tem as questões jurídicas estapafúrdias que falou..
Deve ser boa leitura, proém sem grande empolgação.
“Nunca sei se quero descansar porque estou realmente cansada, ou se quero descansar para desistir. “ (Clarice Lispector)
cheirinhos
Rudy
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Ludyanne Carvalho disse...

Não é um livro que me chame atenção, mas acho bacana abordar esse tema. A menor distração pode ser fatal no trânsito.
E também mostrar que apesar de tudo, podemos superar.

Beijos

Marta Izabel disse...

Oi, Alê!!
Ainda não li nada sobre esse livro mas devo confessar que não fiquei tão empolgada para fazer essa leitura. Não sei, acho que a história é boa até interessante, mas de algum modo não é atraente o suficiente par chamar minha atenção.
Bjos

Helena Carvalho disse...

Oi Alê!

Adorei a resenha, pelo jeito que você comentou sobre o livro tenho certeza que vou curtir, é um tipo de leitura que eu gosto bastante.
Imagina que legal uma daquelas séries mais curtinhas da Netflix tipo “The Sinner” ou “Alias Grace” baseada nesse livro?! Acho que combina bastante, com certeza ia dar pra se identificar melhor com os amigos do protagonista que como você disse no livro parecem ser apenas nomes.

Carolina Santos disse...

Fiquei bem apaixonada com a sinopse desse livro já passei por uma situação parecida e aquela sensação de auto culpa que não é verdade domina a pessoa de uma forma incrível Achei bem interessante a proposta do livro

Luana Martins disse...

Olá, Alê
Gostei da sinopse do livro, pelas resenhas que li sobre o livro foram de certa forma positivas. Mas todos dizem para não criar expectativas, é um livro que pretendo ler e já sei um pouco do que esperar do mesmo.
Beijos.

Vitória Pantielly disse...

Olá Alê,
Desde e primeira resenha que lido livro tive a impressão de que esse processo judicial era meio fora do comum, tanto que fiquei morrendo de dó do personagem mesmo sem ler a história, além do luto de perder os amigos, ter que passar por isso como se fosse culpado?
É mesmo um livro "pesado", mas eu gosto da temática e pretendo ler, pena que ele não te conquistou totalmente.
Beijos

Ana I. J. Mercury disse...

Nossa, que processo estranho. O autor forçou a barra mesmo kk
Eu não conhecia o livro, mas fiquei com vontade de ler, pois parece ser bem reflexivo sobre luto, culpa, recomeçar a vida, etc.
Parece bom. Embora seja pesado.
bjs

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