terça-feira, 26 de junho de 2018

RESENHA: Justiça Ancilar

justiça ancilar ann leckie
A Justiça de Toren era uma nave comandada por uma complexa inteligência artificial, que controlava inúmeros corpos humanos para servir aos propósitos do Império Radch. Mas a nave se vê presa em um intricando jogo político e acaba sendo destruída, restando-lhe apenas um fragmento: Breq. Sozinha, ela passa os anos tramando a sua vingança contra o império, até chegar a hora de colocar o plano em ação. 

A narrativa, feita em primeira pessoa, divide-se em duas linhas temporais: o passado, mostrando os eventos que culminaram com a destruição da Justiça de Toren; e o presente, onde vemos Breq perseguindo sua vingança. A meu ver, a estória ganhou folego quando ambas as linhas temporais se encontram, de forma que entendemos como as peças do quebra-cabeça se encaixam. 

A estória é absurdamente original. Contamos com uma protagonista que é uma inteligência artificial, extremamente evoluída e, curiosamente, humana. Além disso, vemos que a autora soube aproveitar as oportunidades que essa premissa oferecia, explorando-a de forma muito criativa. 

Outro fator que chama atenção é a relação linguística com os aspectos de gênero. No Império Radch e em seu idioma, os pronomes não têm distinção de gênero, pois tal diferenciação não é relevante para seu povo. A autora utilizou o pronome “ela” como uma convenção de tradução do idioma radchaai e confesso, que inicialmente, senti um certo estranhamento. Entretanto, com o avançar da estória, fica nítido como a diferenciação de gêneros é irrelevante para o desenvolver da trama. 

“Informação é poder. Informação é segurança. Planos feitos com informações imperfeitas têm falhas fatais, fracassarão ou darão certo com o lançar de uma moeda.” (LECKIE, 2018, p. 143)

Entretanto, preciso reconhecer que achei o livro confuso. Creio que um dos maiores erros que um autor de fantasia e ficção-científica pode cometer é despejar informações do universo da estória sobre o leitor. E, infelizmente, foi essa a impressão que tive durante boa parte da leitura de Justiça Ancilar. O problema é que o universo da obra é extremamente complexo e as informações dadas não eram de fácil assimilação, de modo que a sensação de estar um pouco perdido me acompanhou durante boa parte da leitura. 

Por isso mesmo, minha experiência de leitura acabou sendo um pouco arrastada e monótona, sendo que não consegui me conectar com os personagens, nem me envolver com a estória, o que atribuo principalmente a essa tonelada de informações que recebi sem compreender totalmente. Foi apenas na reta final do livro que meu interesse pela estória aumentou e que fiquei realmente intrigado para ver o desenrolar dos eventos. 

No fim das contas, fiquei com a sensação de que a autora partiu de uma premissa incrível e extremamente original, mas que pecou no desenvolvimento da estória. Apesar das minhas ressalvas, ressalto que Justiça Ancilar ganhou os principais prêmios da ficção científica e talvez agrade aqueles que já são fãs do gênero. 

Justiça Ancilar é o primeiro livro da trilogia Império Radch. 

Título: Justiça Ancilar
Autora: Ann Leckie
N.º de páginas: 381
Editora: Aleph
Exempar cedido pela editora

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9 comentários:

Daiane Araújo disse...

Oi, Alê.

O enredo é, sem dúvidas, característico por toda a inovação apontada.

Um ponto favorável, é a complexidade do livro em não obter rótulos em seus personagens, e nem se centralizar nos mesmos. Isso diferencia a obra um pouco mais dos demais livros.

Acho que o leria, pois gosto quando um livro chama a atenção por seu potencial e diferencial. Dá méritos ao livro.

Gabriela CZ disse...

A premissa me interessou, Alê. Só tenho ressalvas quanto à chuva de informações. Mas acho que leria. Ótima resenha.

Beijos!

Carolina Santos disse...

A premissa é interessante mas eu também odeio quando a autora propõe algo maravilhoso e acaba desandando no decorrer da história isso é simplesmente frustrante tanto para própria escritora quanto para o leitor

Ludyanne Carvalho disse...

Concordo que essas informações precisam sem bem explicadas senão ficamos confusos, tem muita coisa desconhecida nessas histórias.
No mais, não é uma história que me chame atenção.

Beijos

Luana Martins disse...

Oi, Alê
Uma pena um livro com um enredo magnifico ter uma chuva de informações que só consegue entender no fim do livro. Como é uma série nos demais livros vai estar acostumado como é a escrita da autora.
Bem interessante que no livro os pronomes não possua gêneros.
Fiquei curiosa para ler o livro.
Beijos.

RUDYNALVA disse...

Alê!
Gosto demais de ficção científica e fique toda empolgada lendo o início da sua resenha, pensei: aí vem um livro inédito, com plot fantástico e carregado de aventura, mas depois, fique triste por saber que a história não é tão bem desenvolvida, através da carga excessiva de informações incompreensíveis.
“Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. “ (Clarice Lispector)
cheirinhos
Rudy

Vitória Pantielly disse...

Oi Alê,
Mesmo não sendo meu gênero favorito, percebi desde o início que é uma história muito original, mas vejo muito disso em ficção científica, esse monte de informação sem sentido, no caso a autora ainda pode melhorar isso nos próximos livros da trilogia, mas não me convence tanto a ler, uma pena.
Beijos

Ana I. J. Mercury disse...

Oi Alê,
gostei da resenha, parece--me ser um livro bem diferente e original. Fiquei mais curiosa pra lê-lo.
Mas tenho um pouco de medo de ler ficção científica kkk li só uns 3 livros do gênero, e me perdi muito, como você também achou um pouco confuso, acho que lerei mais do gênero pra ir pegando o ritmo e só depois tento Justiça ancilar.
Abraço

Marta Izabel disse...

Oi, Alê!!
Esse foi o primeiro contando que tive com essa trilogia Império Radch. Achei a história bem interessante por que gosto muito de livros ficção científica. E espero que o próximo livro seja melhor.
Bjos

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