Meus instintos foram contra a leitura de “As Viúvas”. Mas ao ver que o livro já havia sido uma série de TV dos anos oitenta e tantos anos depois estava ganhando uma adaptação cinematográfica (roteirizada por Gillian Flynn e protagonizada por Viola Davis) achei que o livro merecia uma chance, afinal, devia ser uma história icônica de alguma forma para voltar a vida tantos anos depois.
Harry Rawlins sempre detalhou todos os seus planos e atividades em seus livros contábeis. Quando ele e mais dois colegas morrem em um assalto, sua esposa decide contatar as outras duas viúvas e usar os planos do marido para executar o assalto mal sucedido.
O livro é narrado em terceira pessoa, o que nos permite acompanhar as três viúvas (Dolly, Shirley e Linda), os inimigos de seus maridos e os policiais que estão no caso. Embora dê amplitude à trama, o recurso não funciona bem como poderia porque a primeira metade do livro se dedica excessivamente a explorar o entrosamento entre as mulheres, deixando o assalto para muitas páginas adiante. Além disso, a obsessão do policial é bastante irritante.
Não ajuda também o fato de as três protagonistas serem bastante caricatas (diferente do que eu esperava de um livro que atraiu Gillian Flynn a roteirizar uma história protagonizada por mulheres, já que a característica principal da autora são personagens femininas fortes). Dolly é a mais velha e esposa do chefão. Automaticamente isso a torna a chefona das mulheres. Linda é a fogosa que dias após a morte do marido se atira em cima de outro homem porque não consegue ficar sem sexo. E Shirley é a mais jovem do grupo. A bobinha linda que entra na jogada porque não sabe exatamente o que fazer da vida agora que o marido morreu.
Mas o mais difícil de engolir é a premissa principal do livro (aquela que os meus instintos me alertaram a não dedicar meu tempo): em que mundo três mulheres que nunca cometeram um crime na vida vão executar um mega assalto apenas porque encontraram os planos detalhados de seus falecidos maridos? Elas nunca manusearam armas, nunca se envolveram com as atividades dos maridos e de repente decidem levar adiante uma super operação? Não consigo acreditar. E como se não bastasse, a reta final ainda guarda reviravoltas que descartam boa parte do que a trama vinha construindo. Tudo inverossímil demais.
“As Viúvas” poderia ser um livro sobre um empolgante assalto (daqueles que a gente adora torcer para o bandido). Poderia ser sobre mulheres de luto. Poderia ser sobre mulheres fortes, redescobrindo quem são e o que querem fazer de suas vidas. Poderia ser sobre amizade. Mas ao tentar ser de tudo um pouco, acabou não sendo sobre nada. Meus primeiros instintos, infelizmente, estavam certos.
Título: As Viúvas
Autora: Lynda La Plante
N° de páginas: 400
Editora: Intrínseca
Exemplar cedido pela editora
Compre: Amazon
Gostou da resenha? Então compre o livro pelos links acima. Assim você ajuda o Além da Contracapa com uma pequena comissão.
O livro é narrado em terceira pessoa, o que nos permite acompanhar as três viúvas (Dolly, Shirley e Linda), os inimigos de seus maridos e os policiais que estão no caso. Embora dê amplitude à trama, o recurso não funciona bem como poderia porque a primeira metade do livro se dedica excessivamente a explorar o entrosamento entre as mulheres, deixando o assalto para muitas páginas adiante. Além disso, a obsessão do policial é bastante irritante.
Não ajuda também o fato de as três protagonistas serem bastante caricatas (diferente do que eu esperava de um livro que atraiu Gillian Flynn a roteirizar uma história protagonizada por mulheres, já que a característica principal da autora são personagens femininas fortes). Dolly é a mais velha e esposa do chefão. Automaticamente isso a torna a chefona das mulheres. Linda é a fogosa que dias após a morte do marido se atira em cima de outro homem porque não consegue ficar sem sexo. E Shirley é a mais jovem do grupo. A bobinha linda que entra na jogada porque não sabe exatamente o que fazer da vida agora que o marido morreu.
“ - Vocês acham que Terry e Joe deixaram vocês sem nada? Não, isso não é verdade. Eles deixaram vocês comigo. Eu, os livros contábeis e o próximo trabalho. Nós nunca fomos de ficar sentadas em casa. Sabíamos o que eles faziam. E sabíamos por que faziam. Harry fez com que eu encontrasse seus livros contábeis por um motivo. E esse motivo somos nós. Ele não queria que ficássemos sozinhas nem que passássemos por dificuldades. Nós merecemos isso, senhoras.” (LA PLANTE, 2018, p. 61)
Mas o mais difícil de engolir é a premissa principal do livro (aquela que os meus instintos me alertaram a não dedicar meu tempo): em que mundo três mulheres que nunca cometeram um crime na vida vão executar um mega assalto apenas porque encontraram os planos detalhados de seus falecidos maridos? Elas nunca manusearam armas, nunca se envolveram com as atividades dos maridos e de repente decidem levar adiante uma super operação? Não consigo acreditar. E como se não bastasse, a reta final ainda guarda reviravoltas que descartam boa parte do que a trama vinha construindo. Tudo inverossímil demais.
“As Viúvas” poderia ser um livro sobre um empolgante assalto (daqueles que a gente adora torcer para o bandido). Poderia ser sobre mulheres de luto. Poderia ser sobre mulheres fortes, redescobrindo quem são e o que querem fazer de suas vidas. Poderia ser sobre amizade. Mas ao tentar ser de tudo um pouco, acabou não sendo sobre nada. Meus primeiros instintos, infelizmente, estavam certos.
Título: As Viúvas
Autora: Lynda La Plante
N° de páginas: 400
Editora: Intrínseca
Exemplar cedido pela editora
Compre: Amazon
Gostou da resenha? Então compre o livro pelos links acima. Assim você ajuda o Além da Contracapa com uma pequena comissão.
8 comentários:
Puxa ;( Este é com certeza um dos livros e também, um dos filmes, que mais quero ver ainda este ano!
O livro, por ter sido tão bem indicado antes e o filme por trazer Viola, que amo o trabalho dela de paixão!
Não sei o que dizer..rs só que é realmente questão de gosto,somente isso!
Beijo
Oi Mari! Que pena que a leitura foi decepcionante, é péssimo quando isso acontece, mas inevitável também.. qual leitor não se dedicou a uma leitura que não foi boa. Enfim, eu não sabia que era um livro, só vi o trailer do filme, mas confesso que não me interessei muito. Analisando sob a perspectiva que tu apontou, realmente é pouquíssimo provável que essa situação viesse a acontecer na vida real e um pouquinho de factibilidade é importante na construção de uma trama assim.
Beijos, Adri
Espiral de Livros
Vishi, mas não desceu mesmo heim! Chamou minha atenção por ter uma adaptação agora mas nossa, se acabar indo ler vou com menos fogo mesmo. Parece ter muita coisa errada. Achei interessante isso das 3 mulheres se unindo pelo esquema todo la, mas é mesmo um tanto quanto demais esperar que quem nunca fez nada do tipo, nem pegou numa arma nem nada assim, consiga pôr em prática esses planos. Mas sei lá, teria que ver todo o contexto das três e da história pra entender essa ideia. No geral pareceu interessante. Mas já vi que muito podia ter sido melhor.
Ah, que pena!
Acho que se tivesse um motivo consistente, ficaria mais fácil cair nas graças das viúvas. De fato, fica um tanto sem sentido.
Mas acho que pode funcionar nas telonas.
Beijos
Eu nem sabia que o livro teve edições anteriores, Mari. Também não tinha me interessado num primeiro momento, fiquei um pouco curiosa só quando soube que viraria filme. Mas uma situação inverossímil dessa com mulheres caricatas realmente não dá. Só espero que deem uma melhorada para o filme. Ótima resenha.
Beijos!
Quero ler esse livro, apesar de a história ser tão inverossímil, rs. Fazer o quê, é meu tipo de livro: coisas malucas acontecendo. Parabéns pela criticidade da resenha, mesmo sendo uma obra publicada por uma editora parceira.
Nossa, achei bem chato e sem graça!
Parece tudo tão mal colocado na trama, bem estranho.
Não lerei.
bjs
Oi, Mari
Ainda não assisti o filme, mas tenho expectativas sobre o livro.
Vi umas opiniões de quem leu e gostou, quero ler para ter minhas conclusões a respeito, se vou gostar ou não.
Beijos
Postar um comentário