domingo, 13 de janeiro de 2019

RESENHA: O Físico

o físico noah gordon
Aos onze anos de idade, Rob perdeu ambos os pais e agora se vê órfão, sem a possibilidade de ajudar seus irmãos. Sem outra alternativa, ele acaba virando aprendiz de um barbeiro-cirurgião e acaba descobrindo um dom. Ao longo dos anos Rob fica cada vez mais interessado pela medicina e quando houve falar sobre uma escola na Pérsia onde a medicina é uma ciência muito mais avançada do que na Inglaterra, ele não pensa duas vezes antes de partir. 

O Físico é o típico livro em que acompanhamos uma trajetória de vida. Conhecemos Rob ainda criança, vemos sua adolescência e a conturbada entrada na vida adulta. Assim, sabemos quais são seus medos e cicatrizes, entendemos o que o motiva e, principalmente, compreendemos as razões de suas atitudes e pensamentos. 

Além disso, O Físico conta com um elenco de coadjuvantes muito bem desenvolvidos, com destaque para os mentores de Rob: primeiro Barber, depois Ibn Sina. Fica claro que Gordon fez questão de criar personagens multifacetados, mesmo aqueles não tinham muita importância para o desenvolvimento da estória. 

Entretanto, o fato é que o livro é extremamente longo, sendo que alguns trechos me pareceram completamente desnecessários, como a longa viagem da Inglaterra à Pérsia, que foi minuciosamente detalhada em cerca de oitenta páginas. Dessa forma, ao focar em eventos que pouco interessavam ao leitor, Gordon apenas quebrou o ritmo da narrativa e deixou o leitor com a sensação de ler e não sair do lugar. 

O ponto alto do livro — e fator que chamou minha atenção na sinopse e que motivou minha leitura — é o início da educação de Rob na Pérsia, o que só tem início na página 303, ou seja, mais da metade do livro. Apesar de entender a opção do autor em mostrar todo o desenvolvimento do personagem, começando por sua infância, creio que ele demorou demais para entregar aquilo que o leitor estava esperando. E confesso: este aspecto certamente desmotivou minha leitura. 

“— Já pensou — perguntou Rob — como cada religião reivindica a posse do coração e dos ouvidos de Deus? Nós, vocês e o islã, cada um diz que sua religião é a verdadeira. Será que nós todos estamos errados?— Talvez estejamos todos certos — respondeu Mirdin”. (GORDON, p. 429, 2018)

Um aspecto que merece destaque é o choque cultural vivenciado pelo protagonista, que sai de um país cristão, se passa por judeu e começa a estudar em uma escola muçulmana. Ainda assim, o autor conseguir mostrar que, apesar das diferenças das religiões e de cultura, o ser humano ainda é igual em sua essência, tanto nas qualidades quanto nos defeitos

Preciso confessar que estou muito acostumado com livros que se passam no ocidente e achei uma experiência positiva ir para um canto do mundo desconhecido por mim e que conseguiu mostrar uma cultura que muitas vezes é ignorada nas artes. 

Cabe registrar que não entendi a opção de tradução do título, visto que a primeira definição para “physician” no dicionário Oxford é médico. E considerando que a saga de Rob diz respeito a sua busca para se tornar médico, a tradução de “O Físico” ficou um pouco estranha. 

Apesar das minhas ressalvas, encerro reconhecendo que gostei da estória de O Físico e simpatizei com o protagonista. Mas creio que a leitura teria sido mais marcante e impactante se o autor não tivesse pecado pelo excesso. 

Título: O Físico
Autor: Noah Gordon
N.º de páginas: 590 
Editora: Rocco
Exemplar cedido pela editora

Compre: Amazon

10 comentários:

Rubro Rosa disse...

Apesar de gostar muito de saber sobre outras culturas, outros jeitos, fico meio apreensiva com enredos muito arrastados e parece que este livro é bem assim.
Sou detalhista demais e gosto de detalhes, mas desde que eles não saiam dos limites. Talvez tenha sido necessário sim, para mostrar toda a jornada do personagem,mas...
Não digo que não lerei, mas não é muito minha praia não!
Beijo

Unknown disse...

Olá, Alê.
Também fiquei tentando entender o que o título tinha a ver com o que eu estava lendo na sua resenha rsrsrs
Não sei se eu gostaria de ler o livro, pois a sinopse não me chamou atenção, e o fato de o autor enrolar um pouco para desenvolver a estória me deixou mais desanimada.
Beijos

Espiral de Livros disse...

Oi Alê, tudo bem? Adoro histórias que se passam no Oriente, no ano passado li dois romances com a ambientação em países do Oriente e simplesmente adorei, a parte descritiva desses lugares é muito envolvente e agrega muito à leitura. A história desse livro tem muito potencial, mas é uma pena o autor ter se demorado tanto em partes que poderiam ser abreviadas, isso tende a desmotivar o leitor (eu, no caso), então vou deixar a dica anotada, mas com essas ressalvas. Um livro para ler sem pressa então!
Beijos, Adri
Espiral de Livros

Gabriela CZ disse...

Estou interessada nesse livro há um bom tempo pois tem uma amiga que fala muito dele, Alê. Até mesmo antes da Rocco lançar essa nova edição. Vi algumas partes do filme, mas ela disse que prefere o livro pois "o filme cortou muitas partes". Agora, se o livro é tão arrastado em algumas partes os cortes são mais que naturais. E também sempre me perguntei sobre o título. Enfim, ótima resenha.

Beijos!

Monique Fonseca. disse...

Quero ler esse livro tem um tempo,estava meio que fugindo de livros muito extensos,até que na semana passada li um romance do Gabriel Garcia Márquez que tem umas trezentas páginas e é bem denso justamente por ser um romance então acho que vou encarar esse livro agora rsrs.ótima resenha!

RUDYNALVA disse...

Alê!
Bom poder ver as divergências culturais, embora achei que o início do livro tenha sido um tanto desnecessário e maçante, ver a traajetória da educação do protagonista deve valer a pena.
cheirinhos
Rudy

Ycaro Santana disse...

O que me impressionou, ao longo do livro, foi a profusão de cores, sabores, cheiros. As receitas do Barber são fantásticas, as comidas durante a viagem, o banquete. O som dos sinos dos camelos que ele diz que lembram anjos, as canções dos judeus, colegas de viagem para levantar o astral no deserto. Muito incrível!

Luana Martins disse...

Oi, Alê
Vi e li algumas resenhas do livro e estou muito interessada em ler.
Também a tradução do título não ajuda muito e não tem relação com o enredo.
Apesar de ter todo esse detalhe sobre a viagem da Inglaterra à Pérsia, estou bem instigada a querer conhecer mais sobre esse Rob, que lutou muito.
Beijos

Ana I. J. Mercury disse...

Achei legal a ideia do autor, essa questão de culturas diferentes sempre me atraem bastante.
Mas achei simples, nada de muito novo.
Anotado aqui.
bjs

Carolina Santos disse...

Eu fiquei muito empolgada quando eu vi que finalmente chegaram no Brasil o livro dessa história maravilhosa eu já tinha assistido por ele várias vezes ao filme e com certeza quero garantir o meu exemplar deste livro

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