"Mas não se iluda. Não sou nada especial; disso estou certo. Sou um homem comum, com pensamentos comuns, e vivi uma vida comum. Não há monumentos dedicados a mim e o meu nome em breve será esquecido, mas amei outra pessoa com toda a minha alma e coração e, para mim, isto sempre bastou. Os românticos chamariam isto de uma história de amor, os cínicos diriam que é uma tragédia. Na minha cabeça, é um pouquinho de ambas [...].” (SPARKS, 2010, p. 02).
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Ninguém duvida que no gênero romance Nicholas Sparks seja o autor da vez. Esta fama deve-se, sobretudo, as inúmeras adaptações de seus livros para as telas do cinema, como “Querido John”, “A última música”, “Noites de tormenta”, “Um amor para recordar” e “Diário de uma paixão”.
Para aqueles que me conhecem, sabem que não sou adepto de livros de romances, mas considerando o sucesso estrondoso que o autor estava fazendo decidi que deveria ler pelo menos um de seus livros, e acabei escolhendo “Diário de uma paixão”. Opção está que se mostrou um prato cheio para aqueles que gostam de livros românticos. Todavia, não me incluo neste grupo.
Correndo o risco de ser linchado em praça pública, devo dizer que não gostei do início. Sparks escreve bem, mas em alguns momentos ele foi muito exagerado nas descrições, e acaba chegando uma hora que enche o saco: “Ele olhou para ela”, “Ela sorriu”, “Ele pensou o quanto ela era bonita”, “Ela se perguntava o que fazia ali”, “Ele imaginou se aquilo era verdade”. E só para deixar claro: tudo isso em um parágrafo. Não conseguia parar de pensar: “Ahhh, para de enrolar e conta a estória logo de uma vez”. Felizmente, depois que termina a parte do diário — que conta o como os protagonistas se conheceram, separaram e reencontram — o autor abandona essa descrição excessiva.
Agora correndo o risco de ser chamado de cético pelos românticos, achei a estória muito forçada. Um amor de adolescência — que por sinal durou apenas três semanas — nunca vai passar disso: um amor de adolescência. Fala sério: eles ficaram catorze anos separados, nunca se esqueceram e sempre se amaram? Poupe-me.
Digo sem medo de errar: catorze anos depois, tudo (ou quase tudo) mudou. Utópico imaginar que este relacionamento daria certo, pois a verdade é que eles sequer se conhecem. Conheceram um ao outro — por exíguas três semanas, frise-se — no período em que mais experimentamos transformações. Catorze anos depois, tudo o que eles conhecem um do outro é uma mera lembrança contaminada pela nostalgia.
Não digo que seja impossível, mas é bem improvável. E se algum romântico quiser provar que estou errado, terei o maior prazer em ouvir uma estória de amor como essa, desde que verdadeira, e escrever um livro para relatá-la ao mundo e me redimir desta falácia.
Mas vamos ao elogio (sim, ele existe). Quando acaba a parte do “diário”, a narrativa se volta para o presente, quando encontramos os personagens com aproximadamente oitenta anos. Nesta parte a leitura se torna muito mais interessante e melhor escrita. Confesso que é impossível não se comover com o amor deles e a luta que enfrentam. Assim, para esta parte do livro tiro o chapéu, pois a premissa é fantástica e a trama cativante.
Entendo que a proposta do autor seja escrever estórias de amor e, para aqueles que gostam do gênero, o livro será muito apreciado. Ou seja, explicado o motivo de tanto sucesso. Mas, se algum dia me perguntarem sobre o livro, vou dizer, sem titubear, que se trata de uma ficção bem melosa. No futuro, quem sabe, eu leia outro livro do Sparks somente para ter certeza que não estou perdendo nada (ou então para apagar a primeira impressão).
Por fim, é certo que li o livro com muita expectativa. E se a expectativa é alta, a decepção, quando vem, também é. Então acho que deveria assistir ao filme. Assim, talvez, poderei dizer que o livro é melhor. E aí, quem sabe, o livro subiria no meu conceito.
Título: Diário de uma paixão.
Autor: Nicolas Sparks
N.º de páginas: 196
Editora: Novo Conceito
6 comentários:
Eu sou fã das obras do Sparks, os livros são sim melosos, e concordo que em alguns pontos a narrativa é exageradamente descritiva, mas isso é justamente o que gosto dos livros, adoro coisas bem descritas (mesmo que em demasia). Os livros do autor é aqueles em que você pode viajar na leitura e imaginar que isso pode ser possível (mesmo sendo improvável). Acho válido quando um livro transmite uma mensagem como essa.
Enfim, eu particularmente gostei mais do filme do que do livro, uma das melhores adaptações já feitas, grande parte dessa preferencia se dá justamente por deixar de lado esse romance adolescente, n ofilme, desde aquela época já era algo mais adulto. Recomendo assistir.
Junior Nascimento
www.CooltureNews.com.br
Junior,
Creio que irei me redimir com os fãs de Nicolas Sparks com a resenha de Uma amor para recordar... Daqui alguns dias eu posto.
E dica anotada: assim que der um tempinho assistirei ao filme.
Abraço.
Já li a última música agora pretendo ler este e com certeza vou chorar!
Eu já li este livro e gostei. Para mim, só fica atrás de Querido John, do mesmo autor.
Gostei da sua resenha. Opinião bem sincera. Abraço!
http://ymaia.blogspot.com.br/
Li este livro já um tempinho,
Li e recomendo a todos apaixonados, gosto do amor a química que eles têm e quando envelhecem, ele continua lá, lhe amando, fazendo com que ela se apaixone por ele todo o dia.
Na realidade li este livro muito devagar porque não queria que esse amor acabasse rápido então me desiludi um pouco com o final, não quis acreditar, passei quase 1 semana sem querer ver a verdade, teve que minha professora me dizer que tinha terminado da forma que eu não queria.
Mas gostei, leria outra vez.
http://santasnosalto.blogspot.com.br/
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