“Lendas e mentiras, tolos e bêbados, velhos amigos e anjos. Todos têm o seu lugar neste livro. (...) Muitas pessoas foram importantes em minha vida.” (CASH, pag. 86, 2013).
Johnny Cash é um dos maiores nomes da música country norte-americana. Nesta autobiografia, o cantor relata com surpreendente fluidez episódios de sua trajetória pessoal e profissional de forma a agradar até mesmo quem não se considera seu fã. Digo por experiência própria.
Tive receio que “Cash” se tornasse uma leitura enfadonha. Isso porque sou da opinião que para uma biografia ser boa a personalidade cuja vida ela conta deve ser muito interessante e Johnny Cash não era alguém que me despertava muita curiosidade. Para a confissão ser completa, meu conhecimento sobre o cantor se resumia ao que vi no filme “Johnny e June” (informações sobre o filme ao final da resenha) e não posso ao menos dizer que conheço muitas de suas músicas. Mas “Cash” me surpreendeu positivamente e acabou sendo uma leitura que gostei de fazer.
Normalmente biógrafos fazem uma pesquisa extensa que inclui conversas com pessoas próximas a personalidade sobre quem irão escrever - ou até mesmo ela própria – para que se possa ter o panorama mais completo e retratar a pessoa com o máximo de fidedignidade (como é o caso da biografia de Steve Jobs). No caso de uma autobiografia é evidente que isso não se faz necessário, afinal, o autor tem como tema sua própria vida de forma que os eventos que relata são conhecidos por ele melhor do que por qualquer outra pessoa. Justamente por isso, há sempre o risco (ou devo dizer a probabilidade) de autobiografias serem um relato parcial, mas por incrível que pareça, foi isso que eu gostei em “Cash”. Para mim, ficou claro que a pretensão do cantor não era contar em detalhes sua vida, ano após ano, evento após evento e sim relatar alguns episódios significativos, compartilhando com seus fãs e leitores histórias que viveu com pessoas que lhe foram importantes. O cantor nem mesmo se atém a sequência cronológica desses acontecimentos, dando a impressão que escreve conforme as lembranças lhe ocorrem, tudo soando muito natural e sem esforço.
“Não há escapatória à dor e à perda: você pode evitá-las tanto quanto quiser, porém mais cedo ou mais tarde vai ter de encará-las, atravessá-las e, com sorte, chegar ao outro lado. O mundo que encontrará nunca vai ser o mesmo que deixou”. (Pag. 27 – Sobre o trauma de ter perdido o irmão tragicamente quando criança.)
Da sua casa na Jamaica ou no seu ônibus, Johnny Cash conta sobre o início e auge de sua carreira; histórias com amigos e personalidades importantes do mundo da música que fizeram parte de sua trajetória (como o lendário produtor musical Sam Phillips); seu relacionamento pouco próximo com o pai; sua infância nos campos de algodão; seu vício em anfetaminas; suas crenças religiosas; a essência de seus problemas com Vivian - sua primeira esposa; e, claro, seu amor e relacionamento com a cantora June Carter com quem foi casado por 35 anos até a morte de June em 2003, quatro meses antes da morte de Jhonny.
“June disse que me conhecia – conhecia a minha essência profundamente, debaixo de todas as drogas, o engano, o desespero, a raiva e o egoísmo, e que conhecia a minha solidão. Disse que podia me ajudar. Disse que éramos almas gêmeas e que lutaria por mim com todas as suas forças, como conseguisse. Ela o fez sendo minha companheira, amiga e amante, e rezando por mim (...), mas também declarando guerra total ao meu vício.” (Pag. 135)
“Eu estava cheio de vergonha e ego, cansado de decepcionar as pessoas”. (Pag. 75 – Sobre o auge do seu vício em anfetaminas)
Por mais que “Cash” não tenha sido um livro que me marcou profundamente, foi uma leitura interessante que fiz rápida e mais prazerosamente do que esperava. Gostei do livro, não aponto defeitos e, na verdade, acho que a única razão que me impediu de gostar mais foi o fato de, como disse no início da resenha, Johnny Cash não ser uma personalidade pela qual eu tenha tanto interesse (tenho certeza que se o tema desta biografia fosse, por exemplo, Elvis Presley eu teria adorado).
“Ninguém poderia ter se tornado o astro que Elvis era. Não havia ninguém como Elvis. Nunca houve.” (Pag. 80)
Em 2006 o diretor James Mangold levou a história de Johnny Cash e June Carter para as telas de cinema com o filme “Jhonny e June” que teve Joaquin Phoenix (no papel que lhe rendeu o Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar de Melhor Ator) e Reese Witherspoon (no papel que lhe rendeu diversos prêmios, entre eles o Globo de Ouro, o SAG, o BAFTA e o Oscar de Melhor Atriz) dando vida aos cantores. Como assisti o filme na época de seu lançamento, já não lembro dos detalhes, mas pelo que recordo, os episódios relados foram bastante fiéis aos mencionados no livro, que serviu de inspiração para o roteiro.
“Cash” foi escrita seis anos antes da morte do cantor em co-autoria com o jornalista Patrick Carr.
Título: Cash: A autobiografia de Johnny Cash (e-book cedido pela Editora Leya)
Johnny Cash é um dos maiores nomes da música country norte-americana. Nesta autobiografia, o cantor relata com surpreendente fluidez episódios de sua trajetória pessoal e profissional de forma a agradar até mesmo quem não se considera seu fã. Digo por experiência própria.
Tive receio que “Cash” se tornasse uma leitura enfadonha. Isso porque sou da opinião que para uma biografia ser boa a personalidade cuja vida ela conta deve ser muito interessante e Johnny Cash não era alguém que me despertava muita curiosidade. Para a confissão ser completa, meu conhecimento sobre o cantor se resumia ao que vi no filme “Johnny e June” (informações sobre o filme ao final da resenha) e não posso ao menos dizer que conheço muitas de suas músicas. Mas “Cash” me surpreendeu positivamente e acabou sendo uma leitura que gostei de fazer.
Normalmente biógrafos fazem uma pesquisa extensa que inclui conversas com pessoas próximas a personalidade sobre quem irão escrever - ou até mesmo ela própria – para que se possa ter o panorama mais completo e retratar a pessoa com o máximo de fidedignidade (como é o caso da biografia de Steve Jobs). No caso de uma autobiografia é evidente que isso não se faz necessário, afinal, o autor tem como tema sua própria vida de forma que os eventos que relata são conhecidos por ele melhor do que por qualquer outra pessoa. Justamente por isso, há sempre o risco (ou devo dizer a probabilidade) de autobiografias serem um relato parcial, mas por incrível que pareça, foi isso que eu gostei em “Cash”. Para mim, ficou claro que a pretensão do cantor não era contar em detalhes sua vida, ano após ano, evento após evento e sim relatar alguns episódios significativos, compartilhando com seus fãs e leitores histórias que viveu com pessoas que lhe foram importantes. O cantor nem mesmo se atém a sequência cronológica desses acontecimentos, dando a impressão que escreve conforme as lembranças lhe ocorrem, tudo soando muito natural e sem esforço.
“Não há escapatória à dor e à perda: você pode evitá-las tanto quanto quiser, porém mais cedo ou mais tarde vai ter de encará-las, atravessá-las e, com sorte, chegar ao outro lado. O mundo que encontrará nunca vai ser o mesmo que deixou”. (Pag. 27 – Sobre o trauma de ter perdido o irmão tragicamente quando criança.)
Da sua casa na Jamaica ou no seu ônibus, Johnny Cash conta sobre o início e auge de sua carreira; histórias com amigos e personalidades importantes do mundo da música que fizeram parte de sua trajetória (como o lendário produtor musical Sam Phillips); seu relacionamento pouco próximo com o pai; sua infância nos campos de algodão; seu vício em anfetaminas; suas crenças religiosas; a essência de seus problemas com Vivian - sua primeira esposa; e, claro, seu amor e relacionamento com a cantora June Carter com quem foi casado por 35 anos até a morte de June em 2003, quatro meses antes da morte de Jhonny.
“June disse que me conhecia – conhecia a minha essência profundamente, debaixo de todas as drogas, o engano, o desespero, a raiva e o egoísmo, e que conhecia a minha solidão. Disse que podia me ajudar. Disse que éramos almas gêmeas e que lutaria por mim com todas as suas forças, como conseguisse. Ela o fez sendo minha companheira, amiga e amante, e rezando por mim (...), mas também declarando guerra total ao meu vício.” (Pag. 135)
“Eu estava cheio de vergonha e ego, cansado de decepcionar as pessoas”. (Pag. 75 – Sobre o auge do seu vício em anfetaminas)
Por mais que “Cash” não tenha sido um livro que me marcou profundamente, foi uma leitura interessante que fiz rápida e mais prazerosamente do que esperava. Gostei do livro, não aponto defeitos e, na verdade, acho que a única razão que me impediu de gostar mais foi o fato de, como disse no início da resenha, Johnny Cash não ser uma personalidade pela qual eu tenha tanto interesse (tenho certeza que se o tema desta biografia fosse, por exemplo, Elvis Presley eu teria adorado).
“Ninguém poderia ter se tornado o astro que Elvis era. Não havia ninguém como Elvis. Nunca houve.” (Pag. 80)
Em 2006 o diretor James Mangold levou a história de Johnny Cash e June Carter para as telas de cinema com o filme “Jhonny e June” que teve Joaquin Phoenix (no papel que lhe rendeu o Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar de Melhor Ator) e Reese Witherspoon (no papel que lhe rendeu diversos prêmios, entre eles o Globo de Ouro, o SAG, o BAFTA e o Oscar de Melhor Atriz) dando vida aos cantores. Como assisti o filme na época de seu lançamento, já não lembro dos detalhes, mas pelo que recordo, os episódios relados foram bastante fiéis aos mencionados no livro, que serviu de inspiração para o roteiro.
“Cash” foi escrita seis anos antes da morte do cantor em co-autoria com o jornalista Patrick Carr.
Título: Cash: A autobiografia de Johnny Cash (e-book cedido pela Editora Leya)
Autores: Johnny Cash, Patrick Carr
Nº de páginas: 246
Editora: Leya
Nº de páginas: 246
Editora: Leya
11 comentários:
Nem o filme eu vi, acredita? Não conheço nada além do nome do cantos. Talvez por este motivo não tenha ficado interessada na biografia. O que achei bacana, entretanto, foi a forma como sua história foi contada. Geralmente fica muito parcial mesmo (no caso de autobiografias), mas aparentemente não foi o que aconteceu nesta. Deve ser bacana para a própria pessoa relembrar os fatos marcantes, as pessoas importantes, etc.
bjs
GFC: Ana Paula Barreto
Já tinha lido anteriormente a respeito desse livro, porém mesmo essa resenha sendo ótima, biografia ou autobiografia é um gênero que não leio. Não gosto muito, prefiro livros de fantasias. Confesso que essa resenha instigou minha curiosidade, mas tenho medo de comprar e depois me arrepender.
Eu fiquei tão fascinada quando soube dessa biografia... Adoraria ler e a sua resenha me animou bastante! Johnny Cash tem uma história que me deixa bem tocada e ainda mais interessada, hahhaha.
Boa semana!
http://literallypitseleh.blogspot.com.br/
Parece ser bem legal!! Não sou da de biografias, mas uma eu quero muito ler é a do Kurt Cobain, parece muito boa!!!
Mari, assim como você não sou fã de Cash e não sei muito sobre sua vida nem conheço muitas músicas. Nem mesmo vi o filme inteiro. Mas fiquei muito interessada pela autobiografia. Sua descrição e os trechos que você copiou me despertaram muita curiosidade. Parece bem intenso. Ótima resenha!
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
GFC: Gabriela Cerutti Zimmermann
Também nao sou uma conhecedora de Cash. Antes de ver Johnny e June eu só conhecia algumas músicas. Acho as letras dele muito significativas e muitas vezes bonitas. Tem uma música q ele fez pra June depois de ela morrer q dá vontade de chorar com ele (tem video no youtube com a interpretação do Johnny mesmo). Achei o filme lindo e acho q a biografia deve valer a pena ser lida, pq a história dele é muito legal e serve de lição =)
Acho que sou o único à postar aqui como fã dele. Em uma época em que vestir uma roupa de carne ou cometer "transgressão" é mais importante que a música em si, é legal conhecer um cara que influenciou o ídolo do ídolo do ídolo da molecada de hoje. A história do rock, contada do seu nascimento até os dias de hoje.
Confesso que não sou fã de autobiografias, e se for de alguém que também não sou fã, o meu interesse diminui mais ainda. Rsrsrs
Que bom que esse livro te surpreendeu positivamente. Mas não é para mim. Esse eu passo!
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Nossa não sabia que existia! Eu gosto bastante do Cash desde que eu vi o filme sobre a vida dele. Escutei muito as suas músicas mesmo não gostando muito do estilo, mas as dele eu curto. Adoro o romance dele com a June os duetos, enfim, ótima recomendação.
beijos
Esqueci de assinar.
gfc Ana de Cassia Oliveira.
Um dos melhores cantores dos EUA e do mundo, junto com Elvis.
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